Love Palace escrita por Johnlock Shipper


Capítulo 2
Almoço com o chef




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Tenho certeza de que Sherlock não quis dizer nada demais com aquilo, mas inconscientemente minha mente buscou significados nada inocentes para suas palavras. Sacudi a cabeça como que para expulsar estes pensamentos de minha mente e levantei-me para arrumar a mesa e lavar a louça.

Juntei tudo e coloquei na pia. Quando comecei a ensaboar a louça ouvi o som do violino. Fazia bastante tempo que Sherlock não tocava. Eu adorava ouvi-lo tocar. E assisti-lo também. A maneira como ele se entregava ao instrumento e se deixava levar pela música era única. Ele nunca se entregava a mais nada nem a ninguém.

Terminei tudo e fui para a sala. Peguei o jornal do dia que a Sra. Hudson já havia deixado na mesa de centro e sentei-me em minha poltrona para ler. Sherlock ainda tocava.

Não sei quanto tempo levei para ler todo o jornal. Assim que terminei dobrei-o e ia me levantar para deixar a sala, mas me contive. Sherlock estava próximo à janela e a luz da manhã que entrava iluminava seus cabelos ainda um pouco úmidos do banho. Ele estava meio de perfil, com os olhos fechados. Pude ver que ele sorria. Um sorriso pequeno, mas ainda assim um sorriso. Não era uma coisa muito comum Sherlock sorrir, mas eu adorava quando ele o fazia. Fiquei assim olhando para ele à medida que sua música ia chegando ao fim. Quando terminou abriu os olhos e olhou direto para mim. Não pareceu nada surpreso com o fato de eu o estar encarando.

– John, estou entediado. – disse simplesmente.

– Há! Claro que está! – eu respondi. – Não consegue ficar 24 horas sem um caso para resolver, não é?

– Por favor, me entretenha. – ele disse jogando-se em sua poltrona. – Antes que meu cérebro se atrofie.

– E o que eu, um ser com uma mente completamente ordinária, poderia fazer para te entreter? – perguntei sarcasticamente.

– Tenho certeza que você consegue pensar em alguma coisa. – ao dizer isso ele me olhava de modo muito sugestivo. Sherlock estava muito diferente e hoje estava sendo um dia muito estranho. Nunca antes me deixei levar por minha atração por ele. Por que hoje está sendo diferente? Claro que essa é uma pergunta estúpida. Eu sei por que era diferente. Por causa do que aconteceu noite passada. A marca no meu pescoço é prova suficiente de que aconteceu alguma coisa. Mas nenhum de nós se lembra, então não importa. Comporte-se, John. Isso já está ficando ridículo.

– Que tal uma partida de Cluedo? – perguntei.

Ele fez cara de desdém, mas respondeu:

– Que seja.

Levantei-me e fui procurar a caixa do jogo perdida em meio à bagunça da sala. Enquanto isso Sherlock levantou-se de sua poltrona, tirou os chinelos e sentou-se no chão próximo à mesa de centro, encostando-se no sofá.

– Sério? – perguntei. – Vamos jogar sentados no chão?

– Algum problema com isso? – ele perguntou, me encarando.

– Não. Problema nenhum. – disse. Encontrei o jogo e levei-o para a mesa. Preparei tudo e começamos a jogar. Foi um jogo rápido e claro que Sherlock venceu a partida, mas pelo menos não trapaceou desta vez. Resolvemos jogar de novo e ficamos imersos nisso feito dois garotos por umas quatro partidas. E consegui vencer uma!

– Ok, consegui vencer uma partida, então estou satisfeito. – disse. Peguei o celular para checar a hora. – Nossa, por quanto tempo jogamos? Já está na hora do almoço e eu estou faminto. Vou pedir alguma coisa. O que você prefere?

– Eu prefiro fazer nosso próprio almoço.

– Mesmo? Vai cozinhar de novo?

– Sim. Mas só se você me ajudar, John. É uma boa oportunidade para você aprender alguma coisa útil.

– Tudo bem... – eu respondi meio desconfiado. Sherlock não estava normal, disso eu tinha certeza. Mas ele estava sendo gentil ao invés de me atormentar para cuidar de tudo, então resolvi deixar pra lá e aproveitar esse lado dele enquanto durasse. – E o que vamos cozinhar?

– Gosta de comida italiana? Que tal lasanha a bolonhesa?

– Por mim pode ser, chef. Mas tenho certeza que não temos os ingredientes para isso.

– Temos sim, John. – ele disse se levantando e indo para a cozinha – Comprei enquanto você estava no banho.

– Ah! – foi só o que consegui responder. Levantei-me e o segui. – Bom, eu não tenho a menor ideia de como se faz lasanha, posso só observar então?

Ele estava com a geladeira aberta tirando os ingredientes. Fechou a porta colocou o que tinha nos braços em cima da mesa.

– Não, John. Você vai me ajudar. Vai fazer tudo o que eu disser. – ele disse olhando para mim intensamente. Virou-se para pegar duas panelas no armário. Entregou-me uma e foi até a pia lavar as mãos. – Eu vou preparar o molho a bolonhesa e você pode preparar o molho branco. Vamos lá, não é difícil e estou faminto.

– Sério, Sherlock. Não sei nada sobre cozinha. Vou acabar estragando tudo.

– Ah, pelo amor de Deus, John! Tudo bem, vou te ensinar então. Lave suas mãos.

Enquanto eu lavava minhas mãos Sherlock colocou a panela no fogão e acendeu o fogo.

– Primeiro vamos começar com o molho branco. – ele disse. – Passe-me a margarina, por favor.

Levei até ele e ele acrescentou o ingrediente à panela, mexendo.

– Agora deixamos derreter para dourar a farinha.

Eu o observava atentamente e seguia todas as suas instruções. Era estranho fazer uma coisa tão comum como cozinhar com Sherlock. Na maior parte do tempo estávamos desvendando um assassinato ou salvando a vida um do outro. Mas era bom estar longe de uma cena de crime para variar.

– Aqui, John. Sua vez. – ele disse me oferecendo a colher que usava para misturar o molho. – Já coloquei todos os ingredientes, agora é só misturar mais um pouco.

Ao pegar a colher minha mão esbarrou na sua e nossos olhares se cruzaram por um breve momento. Desviei o olhar e continuei a misturar. Virei-me um pouco de lado para ver o que ele estava fazendo. Estava picando cebola e alho, suas longas e habilidosas mãos concluindo a tarefa rapidamente. Ele veio para perto de mim, colocando outra panela no fogão e adicionando os ingredientes. Fiquei tão absorto em seus movimentos que quase me esqueci de continuar mexendo o molho. Ele parou por um momento o que estava fazendo e olhou dentro da minha panela. Pegou uma colher limpa e experimentou o molho.

– Já está bom, John. Pode apagar o fogo.

Obedeci e perguntei:

– E o que faço agora?

– Abra a embalagem da polpa de tomate e despeje aqui nesta panela, por favor.

Fiz como ele mandou, mas aparentemente existe alguma técnica sobre como esvaziar uma embalagem de poupa de tomate, pois ele me repreendeu.

– Sério, John? Espremendo a embalagem dessa maneira você acaba deixando muita coisa no fundo. Aqui. – ele disse pegando uma colher. – É assim que se faz. – Ele me entregou a colher e a segurou por cima da minha mão, como se faz com uma criança para guiar seus movimentos. Sua outra mão também estava sobre a minha, segurando a caixa. Meu Deus, ele estava muito perto agora! Senti meu rosto corar.

– Pronto! Assim é melhor, viu?

– Ah... Claro. – respondi ainda um pouco confuso com seu gesto. Aquilo não estava certo. Não que eu estivesse reclamando de Sherlock me tocar, Deus, não! Mas ele não fazia isso, ele não tocava as pessoas. Na verdade ele não gostava de contato físico de maneira nenhuma.

Sherlock terminou o molho e começou a montar nossa lasanha.

– Agora o segredo é colocar a quantidade certa de molho em cada camada para que não fique muito seca ou úmida demais. Quer tentar? – ele perguntou me oferecendo a colher.

– Não, estou bem, obrigado. – mas ele continuou me encarando. – Ok, me dê essa colher.

Fui despejando o molho ciente de que Sherlock me observava. Terminei a camada.

– Está bom o suficiente para você, ou acha que vai ter que pegar minha mão novamente para me ensinar?

Só percebi o que tinha dito depois que as palavras já tinham saído da minha boca e me arrependi imediatamente. Qual era o meu problema?

Sherlock simplesmente sorriu e disse, olhando para o refratário:

– Está bom.

Deixei que ele terminasse de montar a lasanha e a colocasse no forno. Tinha que admitir que estava com uma cara ótima e eu estava faminto. Fui para a sala para esperar e sentei-me em minha poltrona. Sherlock veio logo em seguida com uma garrafa de vinho em uma mão e duas taças na outra. Sem dizer nada me ofereceu uma das taças e serviu-me de vinho. Serviu também sua taça e sentou-se na sua poltrona. Alguns minutos depois ele se levantou e foi para a cozinha novamente. Retornou depois de alguns minutos e ficamos cada um sentado em sua poltrona, apreciando nosso vinho com Sherlock checando seu relógio em alguns momentos. Depois de algum tempo ele finalmente anunciou:

– Pronto! Podemos comer.

Fomos para a cozinha e novamente a mesa estava impecavelmente arrumada. Só faltava um arranjo para que parecesse uma mesa de restaurante. Eu não aguentava mais. Tinha quer perguntar por que diabos Sherlock estava fazendo tudo isso. Sentei-me e esperei que ele nos servisse. Depois que começamos a comer achei que era a oportunidade para perguntar.

– Sherlock, por que está fazendo tudo isso? O café da manhã, almoço, as compras, a mesa toda arrumada. Você está sendo prestativo demais. Por quê?

– Bom, digamos que é parte de um experimento.

Ótimo! Era só o que me faltava!

– Que tipo de experimento?

– Não seja apressado, John. Você saberá no momento apropriado.

– E quando vai ser isso?

– Quando eu tiver certeza de que minha teoria está certa.

– Ah, então provavelmente não vai demorar muito.

– É, John, imagino que não vá demorar mesmo.

– Ótimo. Uhm, tenho que admitir que você é um ótimo chef, Sherlock. Isso aqui está maravilhoso.

– Eu te disse que era, John.

– Nossa, por que está dizendo meu nome o tempo todo? – ele estava mesmo. Só agora tinha me dado conta de que quase todas as frases que ele disse hoje terminavam com meu nome.

– Qual o problema nisso?

– Não é um problema. Só achei, sei lá, estranho.

– Eu gosto do seu nome.

– Ah! – foi tudo que respondi.

Terminamos de comer, mas nenhum de nós se ofereceu para limpar tudo. Ah, que se dane, era sábado. Subi para meu quarto e deitei-me para tirar um cochilo. Adormeci imediatamente e sonhei com Sherlock, seus braços envolvendo meu corpo e sua boca beijando a minha.


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Notas finais do capítulo

E aí, pessoal? Gostaram?

Eu nunca tinha escrito uma fic com mais de um capítulo e estou gostando do resultado.

Reviews são muito bem-vindas ;)

E agora para deixar vocês mais curiosos, que tal uma espiadinha no próximo capítulo?

Capítulo 3
Me concede esta dança?

[...] Ele tinha acabado de tomar banho e à medida que chegava mais perto pude sentir seu perfume. Mas não foi isso que quase me fez pular da cadeira. Ele estava sem camisa. Seu peito branco feito mármore e surpreendentemente bem definido à mostra me fez soltar um gemido involuntário.
— John, você viu minha camisa roxa? – ele perguntou naturalmente.
Levei um segundo para recuperar-me do choque e consegui responder.
— Não! Por que ela estaria aqui na sala? Meu Deus! E você não devia ficar andando por aí sem camisa. Estamos no inverno, você pode pegar um resfriado.
— Tudo bem, vou procurar no meu quarto. – ele disse virando-se para deixar a sala.
[...]

Até semana que vem ;)



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