Me perdoa - Dramione escrita por Grind


Capítulo 8
Capítulo 8 - Penso em você, tento esquecer




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Me Perdoa – Dramione /  Capítulo 8 – Penso em você, tento esquecer

— Isso tudo é tão errado – Draco bagunçou os cabelos em quanto se sentava atordoado  - Toda a culpa pela qual você me fez passar, todo o remorso de ter feito as escolhas erradas. Quando você mesma escolheu se afastar, você escolheu esse caminho sabendo que eu me condenaria.

— Eu não esperava que se magoasse – Ela prendeu os olhos aos dedos sujos da fruta – Se nunca soubesse, nunca aconteceria, então tudo ficaria bem. Eu consegui me virar, é só isso que importa.

— É só isso que importa? – Malfoy apoiou um dos braços sobre a mesa, incrédulo – É só isso que importa? Eu me tornei um pai ausente sem consciência. Você afastou parte de mim sem minha permissão, a única herdeira que tenho porque você fez o que “achava melhor”, por Merlin Granger, quando você deixou de pesquisar as coisas para “acha-las”?

— É disso que se trata pra você? – Ela piscou em sua direção pois era incapaz de manter o contato visual – Alguém pra assumir sua herança?

— Você sabe perfeitamente que não – Draco fez uma cara de horror antes de endurecer o corpo – Está num ponto aonde vai me fazer acusações sem sentido? Eu posso escolher parar de trabalhar, e isso ainda não interferiria na herança da minha família. Eu posso trabalhar até morrer, e todo o dinheiro apenas se acumularia no banco. Sou o dono de tudo aquilo apenas no papel – Apoiou o outro braço sobre a mesa – Mesmo que eu quisesse gastar até a última moeda eu não poderia. Existe um controle, existem regras, existem contratos.

— Se podia ter desistido do trabalho, por que não o fez antes? Por que não largou tudo nas vezes em que te pedi? Qual era o seu problema?

Draco revirou os olhos, parte de si não querendo crer que a inocência de Hermione Granger sobre seus negócios fosse tamanha, ele sempre explicara tudo não? Ou teria sido assim, tão ausente, que diálogos que carregava como lembranças eram apenas sonhos?

— Largar a empresa nas mãos de outro e dar a essa pessoa tudo o que tenho. Ela pode negociar e renegociar tudo o que achar que for melhor, ela pode sacar e depositar o quanto quiser em nome da empresa. Eu me rebaixaria a conselheiro para que alguém assumisse meu lugar, e perderia controle sobre muitas, e muitas coisas. Em épocas de crise, eu jamais poderia atuar diretamente, não poderia usar minhas influencias de família, não seria eu a estar correndo atrás da faca que cortaria a corta em meu pescoço, mas outra pessoa – Fez uma pausa enquanto suspirava – Concorda comigo que quando é outra pessoa, alheia a seu sofrimento atrás dessa faca, ela não se empenharia tanto quanto você?

— Você tem amigos de confiança – Os olhos dela encheram quando ergueu o rosto.

— Granger – Sua expressão era seria – A única pessoa em quem confiei foi você.

— Pronta pra escola! – Emily carregava a mochila nas costas, uma lancheira nas mãos, e um sorriso largo no rosto.

— Santo Merlin, nós vamos nos atrasar – Hermione se ergueu as pressas, lavando os dedos com rapidez na pia antes de correr descalça pelo carpete da sala atrás das próprias coisas.

Malfoy afogou o rosto entre os dedos, desejando desesperadamente que o conflito de sentimentos no peito não existisse.

— Vou tirar o carro da garagem, quando descerem, já estou pronto – Malfoy se ergueu desanimado, calçando os tênis e descendo o elevador de moletom e camisa preta, sem dar chances a respostas.

Fechou os olhos, jogando a cabeça para trás e sentindo-a pesar o dobro do comum, e então se arrastou até o próprio carro no estacionamento e com o corpo entrando no piloto automático, o carro saiu e parou na calçada como em qualquer outro dia vazio de sua existência.

Não conseguia entender o porquê de Granger se afastar, de levar tudo dele com ela e ter a crença de que daria certo. A desculpa de que sua presença inconstante atrapalhava não era consistente suficiente para seus ouvidos.

As duas mulheres que mais amava na vida passaram pelo portão de entrada as pressas, mãos dadas e pés acelerados, bolsas em excesso atrapalhando a correria. Destravou as portas, e as abriu para facilitar a situação toda.

Com Emily acomodada no banco traseiro, Granger passou o cinto de segurança pelo peito e citou o endereço da escola, fazendo Malfoy meter o pé no acelerador. Tomou atalhos que evitaram os trânsitos matinais, e o carro estacionou em cima da hora frente a escola.

— Tchau – Emily se esticou no banco de trás, estalando um beijo no rosto de Draco que salvou um pouco sua alma da escuridão que lhe tomava conta, e fazendo o mesmo com Hermione, desceu as pressas para passar pelo portão antes que se fechasse poucos minutos depois.

Apenas depois que o porteiro passou o cadeado e se afastou que Herms desprendeu o olhar do lugar.

— Onde quer que eu a deixe?

Estava certo que não queria ter de deixa-la em lugar algum, não queria que ela trabalhasse quando podia sustenta-la e deixa-la fazer coisas que realmente quisesse, mas Hermione Granger era uma mulher independente que não escolhia caminhos como os que tinha em mente.

— Eu estou de folga – Murmurou em resposta, unindo as mãos no colo e se distraindo com as unhas.

— Quer almoçar? Conheço um lugar bom aqui perto. – O convite era simples, encarando a rua a frente, sentiu as orbes castanhas pesarem em seu rosto, a procura de verdades, como se ele estivesse fazendo isso por educação, ou talvez por interesse, ou talvez para suprir todos os almoços cancelados no passado.

Quando não conseguiu extrair nada da expressão fria do loiro concordou com outro murmúrio que colocou o carro em movimento. O silêncio permaneceu durante o percurso e Granger se arriscou a ligar o radio para cortar o clima ruim, e sem objeções de Malfoy por começar a xeretar as rádios, passou uma por uma até encontrar uma que a agradasse. Um programa de músicas antigas começou, e depois de alguns anúncios, o interlocutor anunciou trinta minutos de musica sem interrupções.

Uma musica conhecida demais pelo casal do carro insistiu em tocar, e Malfoy bufou desligando o aparelho de vez.

— Eu estava ouvindo.

— Então troque a radio, não vou escutar baladas românticas antigas pra reviver lembranças a essa hora.

— Mas eu quero escutar essa.

— Mas eu não quero – O semáforo fechou e se encararam pela primeira vez.

Preferiam mil vezes discutir sobre estações de rádios do que os problemas pelas quais passavam.


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