Himitsu no Ai escrita por Natsukiy0


Capítulo 2
Capítulo 2: Vergonha, muita vergonha!


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo contém bem pouca coisa de ecchi, se não gosta, saia.
Boa leitura! o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/470976/chapter/2

O sol havia ido embora, estava relativamente escuro, a não ser pelas estrelas que aos poucos iluminavam aquele céu sem nuvens naquele início de noite tão... Diferente.

Vesti uma blusa de frio, peguei minha mochila e segui em direção à saída da escola com Yui ao meu lado, ela parecia tão inquieta, porém o caminho inteiro ficamos quase que em silêncio, embora a japonesa perguntasse algo sobre o Brasil, e a conversa logo se encerrava ali. Peguei meu celular no bolso da mochila e disquei o número de minha mãe; eu parecia um peixe fora da água, não sabia para que raios de caminho eu deveria seguir para chegar em casa sã e salva. Comuniquei-a que havia saído da escola e que a esperaria em uma lanchonete ao lado do colégio, e Yui me seguiu.

– É... Você não vai para casa? - Perguntei me sentando em uma mesa da tal lanchonete.

– Meu trem sai só as seis. - Ela sorriu olhando o menu, parecia que iria pedir algo para comer.

– Ok. - A encarei passear com seu dedo pelo menu até gostar de algo e subitamente parar.

– Temos que começar com a aula de japonês, logo. - Sorriu Hayashi chamando a garçonete.

– Ah me dá um tempo, isso tudo é tão estranho. - Deitei minha cabeça sobre a mesa e a japonesa a minha frente riu de leve. - Quero me divertir.

Fiz cara de choro e Yui bagunçou meus cabelos sorrindo feito boba.

– Vou te levar para conhecer a cidade. Amanhã!

– Sério? Isso se eu não ficar de castigo de novo. - Por um instante eu havia sorrido feliz, porém, logo me lembrei que meu caderno ainda estava confinado.

– Não se preocupe, eu irei te salvar! - Fez pose de heroína e vendo que a garçonete vinha em nossa direção, logo se recompôs.

Estava entretida observando ela saborear seu café com bolinhos que me perdi em meus pensamentos. Senti alguém apertar meu ombro, voltei a realidade e quando levantei os olhos para ver quem era, me surpreendi com um sorriso malicioso de minha mãe.

– Vamos querida? - Ela me pegou pelo braço e me fez ficar de pé. - Que bom que tenha feito uma amiguinha.

– Ah. É... Mãe, essa é a Hayashi Yui, ela é a presidente do grêmio estudantil do colégio e minha colega de classe. - Sorri forçadamente.

– Como você está se comunicando com ela, filha? - Minha mãe sussurrou suando frio e sorrindo forçadamente como eu, talvez ela tenha pensado que ela não entende a nossa língua.

– É... Eu sei falar português. Mesmo que saia bem horrível. - A japonesa corou e coçou a nuca se levantando e fazendo reverência.

– Ai meu Deus, que ótimo! - Mamãe explodiu de felicidade. - Me chamo Isabela Sens.

– É um prazer conhecer a senhora. - Sorriu a japonesa deixando o dinheiro do café e dos bolinhos sobre a mesa, e indo em direção à saída. - Bom, eu irei para a estação, meu trem sai em poucos minutos.

– Foi um prazer Hayashi-san! - A velha acenou suando frio ainda, e me puxando para dentro do carro. - Ufa.

– Agora você viu o que eu tive que passar. - Sorri para ela debochadamente, apesar de tudo o que aconteceu hoje, até que foi legal conhecer outra cultura.

– Eu sei querida, foi pior ainda para mim no trabalho. - Ligou o carro e saiu do estacionamento. - Temos que procurar logo uma escola para aprender japonês né querida.

– Hayashi irá me ensinar. - Apertei o cinto. - Ela parece ser boa nas duas línguas.

– Você deu sorte mocinha. Então eu tenho que procurar uma escola, não vai ser fácil.

Em poucos minutos chegamos sã e salvas em casa, e a única coisa que pensei foi tomar um banho demorado e me jogar na cama, pretendo acordar só amanhã.

Ao entrar no banheiro, realmente senti um pouco de paz, apesar de não ser o meu banheiro, se apenas tivesse água quente, estaria mais aliviada. Deixei a água quente penetrar meus cabelos castanhos e percorrer o caminho por todo o meu corpo, desde a raiz dos cabelos até o dedo do pé. Ao mesmo tempo comecei a me lembrar de tudo o que aconteceu comigo hoje, estava tudo tão louco, porém de certa forma eu acabarei me acostumando, até que eu gostei... Não é o inferno.

Após o banho, me vesti com roupas leves e me joguei na cama; caí em um sono profundo.

Próximo das seis da manhã, ouvi meu celular berrar no criado mudo ao meu lado, provavelmente já era hora de me vestir e ir para o colégio novamente. Com um pouco de dificuldade consegui me levantar e fui em direção ao banheiro. Me encostei na parede do banheiro e por alguns segundos fiquei pensando no que aconteceu ontem, e me perguntei se aquilo era real.

Tomei um banho rápido, penteei meus cabelos ainda meio molhados e segui para o quarto enrolada na toalha. Abri uma mala jogada em um canto daquele pequeno quarto meio empoeirado ainda, e peguei algumas roupas; eu deveria ter pego o uniforme no colégio, ou acabarei encrencada.

Ao colocar minhas roupas íntimas ouço a porta do quarto se abrindo lentamente, ao me virar, vejo minha mãe sorrindo maliciosamente e segurando um cabide com um uniforme que vulgo ser o da minha escola.

– Surpresa! Quero te ver de uniforme colegial, anda querida vá vestir. - Mamãe jogou o cabide em cima de minha cama, e sentou-se na mesma esperando para que eu vista logo o tal uniforme para ela aplaudir e me fazer desfilar pelo quarto igual uma retardada.

Demorei alguns minutos para colocá-lo. Era estranho usar uma saia para ir para a escola. Mamãe me fez girar, desfilar e ajeitou um pouco o nó do laço que ficava no topo da camiseta branca de botões. A saia era um pouco longa, chegando bem próxima do joelho, onde então se situavam as longas meias pretas. Calcei um all star qualquer que achei na mala, e fui em direção a porta para comer algo.

Mamãe estava fascinada com a comida japonesa, após descobrir que os japoneses em sua maioria tomavam chá e comiam arroz ao amanhecer, ela tratou de logo experimentar isso tudo, preparando um café da manhã totalmente japonês.

– Mãe. - Reclamei me sentando sobre a mesa. - Porque a gente tem que comer essas coisas. Eu quero café.

– Olha só, a gente tem que entrar no clima japonês da coisa, querida. - Mamãe saltitou pela cozinha pegando arroz e alguns hashis. - Coma. É doce.

– Credo. - Reprovei me levantando e indo em direção à geladeira; teria que ter algo brasileiro lá dentro.

Sem sucesso.

Com má fé, comi o tal arroz, e até que não era tão ruim. Com mais má fé ainda tomei aquele chá improvisado da mamãe, e olhando o relógio, percebi que se não nos apressássemos iriamos nos atrasar.

– Vamos mulher! - Gritei dando um último gole no chá e seguindo para a porta de saída do apartamento.

Mamãe correu por todo o estacionamento até enfim achar o seu carro. Dirigiu rápido para a escola, eu deveria me apressar em saber usar os trens e metrôs se quisesse evitar que nós duas chegássemos atrasadas.

Ao chegar no colégio, percebi uma silhueta conhecida à frente do mesmo. Saí do carro, e aquela silhueta veio até mim, me cumprimentando; era Hayashi Yui.

– Ah Hayashi-chan. - Cumprimentei-a sorrindo e estendendo a mão para um aperto.

– Venha, hoje nós temos que nos apressar em terminar a limpeza cedo, para que eu possa te levar para conhecer a cidade. - Estava sorridente e alegre me puxando pelo pulso até o interior do colégio.

– É que... Sabe... - Abaixei a cabeça e tentei puxar a saia um pouco mais para baixo, estava me sentindo estranha, vestida daquele jeito. - Eu não estou acostumada com isso.

Corei ao ver que Yui estava rindo da minha cara.

– Eu tenho um short de ginástica no armário de educação física. - Ela me puxou novamente para a tal sala.

Me entregou o tal shorts e então fiquei mais aliviada ao vesti-lo.

– Agora pode parar de ficar com vergonha, baka [idiota]. - Yui cutucou minha bochecha e nos dirigimos para a sala de aula ao ouvir o sinal bater.

A aula se passou normalmente, com a autorização do professor, Yui pôde sentar ao meu lado e me ajudar com as lições. Ainda era tudo muito esquisito para mim , mas eu podia ver o jeito com que a japonesa ajudava e ensinava, tinha paixão nisto.

– Você é boa nisso. - Sussurrei enquanto ela terminava de traduzir o que estava na lousa para meu caderno de anotações.

– Vou ser professora, daqui alguns anos. - Sorriu calorosamente e voltou a me explicar algumas coisas.

Por um instante fiquei admirando a forma com que ela balançava o lápis entre os dedos e como mordia os lábios, concentrada tentando achar a palavra certa que expressasse o significado de cada kanji escrito na lousa. Fiquei paralisada, apenas a observando fazer aquilo tudo com amor, e então, por um impulso segurei sua mão que subitamente parou de balançar o lápis.

– Obrigada Hayashi, eu... Eu não sei como agradecer. - Sussurrei apertando sua mão.

– De nada. - Ela me observou de soslaio e sorriu calorosamente. - Me chame de Yui.

Acenei com a cabeça positivamente e em um pequeno espaço vazio do caderno de anotações que ela tanto escrevia, eu a desenhei, segurando um lápis gigante e sorrindo calorosamente. Ao final coloquei seu nome, e desenhei um pequeno coração. Um coração?

Yui sorriu e desenhou outro coração perto do desenho. "Isso significa um laço de amizade? Talvez..." Pensei rabiscando mais alguns desenhos, sem que o professor grisalho perceba.

A aula passou relativamente rápido com eu ouvindo as explicações de Yui e rabiscando alguns desenhos no caderno de anotações e também contando algumas piadas, apenas para ver ela sorrir calorosamente para mim novamente.

Na hora do almoço, Hayashi me puxou para fora da sala, e me levou até um lugar, atrás do colégio. Um lugar realmente muito bonito, onde havia grama verdinha, e uma vista das montanhas e do céu azul esplendido no alto.

– Que lindo! - Falei abrindo os braços e sentindo a brisa passear por todo o meu corpo.

– Esse lugar é o meu favorito. - A japonesa se sentou na grama. - Eu trouxe seu almoço.

– O que? - Eu corei ao vê-la abrindo uma espécie de potinho onde se encontravam vários tipos de comida com uma aparência muito boa. - Ah, é verdade, eu esqueci de trazer de novo.

Sorri coçando a nuca enquanto me ajeitava na grama.

– Pega. - Colocou o tal potinho sobre meu colo enquanto me dava hashis. - O omelete não morde.

Ela me observou ter dificuldades para comer com hashi e então começou a rir, colocou o seu potinho com almoço sobre a grama e chegou mais perto para me ensinar a comer com os tais hashis.

– Ei você não tem que me ensinar tudo. - Rejeitei fazendo cara de brava e enfincando o tal hashi no omelete com cara ótima.

– Boba, é assim. - Yui riu novamente e segurou minha mão, fazendo o jeito certo no qual se segurava os pauzinhos.

Mesmo com Yui se esforçando para me ensinar, eu não conseguia segurar o riso e fazia tudo errado. Ela então desistiu e foi comer o seu almoço enquanto eu passava trabalho ainda para comer o meu. Após alguns minutos terminamos de almoçar, e o sino soou significando que deveríamos voltar para a aula.

Tivemos aula de educação física, e para a minha falta de sorte, havia mais um uniforme; um maiô de natação azul com meu nome escrito no peito, um shorts verde de listras brancas e uma camiseta estilo basquete branca. Apesar de me sentir horrível dentro daquelas roupas, me soltei durante a aula.

Corremos por toda a quadra de esportes e jogamos uma partida de basquete e queimado, eu me senti uma nanica no meio de todos aqueles japoneses altos e bons no jogo. Yui ficou na arquibancada rindo de mim e principalmente torcendo, não sei porque ela não quis participar do jogo, mas fiquei feliz por ela me dar apoio mesmo eu sendo uma nanica gorda perto das outras garotas e garotos ali.

No vestuário, tinha uma parte com chuveiros, onde todos poderiam tomar um banho e colocar seus uniformes normais e limpinhos novamente. Havia um tempo estipulado para se ficar no banho, era algo apenas para relaxar e tirar o suor do corpo, que me deixava muito desconfortável.

Fiquei feliz por saber disso, mas minha felicidade estava para acabar quando entrei nesta ala e percebi que não havia divisórias entre os chuveiros, ou seja, eu teria que tomar banho com outras garotas. Isso me deixou mais desconfortável ainda, eu jamais havia tomado banho com outra garota em toda a minha vida e nem ao menos tomei banho com minha mãe, tinha vergonha do meu corpo, e vergonha de ver o corpo de outra pessoa nu, mesmo que fosse do mesmo sexo que eu.

– Eu não vou entrar. - Falei me virando e tampando os olhos, suando frio. - Vou me lavar na pia mesmo.

– Qual o problema? - Hayashi segurou meu pulso me impedindo de sair daquele "mini inferno".

– Garotas... - Travei, não conseguia nem ao menos falar aquilo, imagina ver ao vivo. - Tomando banho juntas... NUAS!

Enfatizei esta última palavra falando um pouco alto, e no mesmo instante coloquei a mão sobre a boca, com o rosto ardendo de vergonha.

– Não precisa ficar com vergonha. - Ela riu abafadamente e me puxou novamente para perto dos chuveiros. - Vamos, eu te ajudo, a gente fica bem no cantinho, ninguém vai te ver.

– Yui, por favor. - Meu rosto fervia, enquanto Yui já ia tirando seu uniforme levemente suado.

– Pare de moleza. - A japonesa ria alto, enquanto ao terminar de tirar seu uniforme tentou tirar minha camiseta. - Olhe.

Abri os olhos e os deixei meio entreabertos, vi não só Hayashi com roupas íntimas, mas também várias outras garotas, que faziam aquilo normalmente, como se nada estivesse errado.

– Porque elas estão agindo naturalmente? - Apontei para as garotas e fechei o olho novamente.

– Porque aqui isso é normal. Você vai se acostumar. - Yui tentou tirar minha camisa novamente e então eu cedi, levantando os braços.

Terminei de tirar minhas roupas, e então pensei no maiô, sem pensar duas vezes, corri para a parte de banheiros e coloquei o maiô. Hayashi ficou sem entender muito bem até me ver voltando com maiô e sorridente.

– Agora vamos para o banho. - Fiz sinal de positivo com o dedo sorrindo e a puxando para o chuveiro.

Yui tirou suas roupas íntimas e corou um pouco por notar que eu havia ficado vermelha ao vê-la nua. Eu realmente não havia reparado muito em seu corpo quando a vi de uniforme, mas sem ele, ela apresenta várias curvas, apesar de seios pequenos, nos quais ela escondia com os braços. Quando percebi no que estava pensando me virei de costas e peguei um sabonete. Comecei a me ensaboar sem pensar muito e apenas deixei a água cair sobre meu corpo.

Hayashi ficou quieta o tempo inteiro, suponho que ela havia terminado seu banho, quando a vi sair de perto do chuveiro. Passou-se alguns segundo e ela trouxe um shampoo, lavou seus cabelos, e logo depois veio para oferecer ajuda.

– Eu lavo seus cabelos. - Yui me fez sentar em uma espécie de banquinho debaixo do chuveiro e começou a espalhar o tal shampoo em meus fios castanhos. - Seu cabelo é tão macio.

– O-o-o-obrigado. - Eu corei ainda mais ao sentir sua mão encostar nos fios próximos a minha nuca, suas mãos eram quentinhas e macias.

Após alguns poucos minutos, se esgotou o tempo estabelecido, e então fomos nos secar. Colocamos nossos uniformes limpinhos novamente e então finalmente meu rosto voltou a temperatura e cor normal.

Passava das três e meia da tarde, estava na hora em que eu iria limpar a sala. Peguei alguns materiais de limpeza e coloquei a mão na massa. Yui novamente ofereceu ajuda, e eu resolvi aceitar, iria me distrair conversando sobre o Brasil ou sobre como tudo aqui é muito diferente.

Entre poeiras e vassouras, conversávamos sobre várias coisas, e descobrimos que tínhamos quase os mesmo gostos em relação a música, filmes e até mesmo animes.

Às quatro já havíamos terminado tudo, e Yui disse que ia me mostrar um lugar muito lindo e que era o segundo preferido dela. A japonesa me puxou pelo pulso e me arrastou entre as ruas e campos até chegar em um pequeno parque, onde a grama era ainda mais verde que a da escola, e os balanços estavam completamente vazios, parecia um parque abandonado, porém, era muito belo.

– A vista do pôr do sol é linda aqui. - Falou Hayashi ofegante e se sentou em um dos balanços, e eu fiz o mesmo.

Fiquei contemplando aquela vista maravilhosa e sentindo a brisa explorar meu corpo. Parei e pensei um pouco sobre tudo o que acontecera até eu chegar naquele país tão estranho; percebi então, que a melhor coisa que me aconteceu até agora na minha vida, foi ter me mudado para cá e conhecer essa garota estranhamente bonita e doce. Será que isso pode ser chamado de paraíso?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!
Se gostou deixe um comentário. Ciao!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Himitsu no Ai" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.