O pulso ainda pulsa escrita por Gui Montfort


Capítulo 1
Capítulo 1 - Sala de reuniões


Notas iniciais do capítulo

Conrad está reunido com o Dr. Julio Botelho, presidente do Hospital e com a Madre Catarina, o assunto da pauta é a apresentação dos resultados preliminares das investigações de Conrad...mas algo vai mudar...



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O Pulso [ainda] pulsa.

Conrad aguardava a chegada do Dr. Julio Botelho no local reservado para o encontro. A sala de reuniões do Hospital São Rafael era aconchegante. A grande mesa retangular de mármore negro era reservada para doze pessoas. Em cada uma das duas laterais mais extensas da mesa, ficavam cinco cadeiras brancas, ergonômicas, modelo Java ski, - segundo notou Alexis Conrad. A cadeira presidencial ficava ao norte e a da vice-presidência ao Sul. Ambas eram giratórias, forradas com courino, hastes e braços de alumínio. Igualmente brancas. Nas paredes três quadros, lindas telas. A que mais chamou a atenção de Conrad fora réplica de a Lição de Anatomia do Dr. van der Meer. O quadro original era datado de 1617. Conrad ficou encantado com a semelhança primordial entre a cena retratada na tela, a dissecação de um cadáver feita pelo Dr. Van der Meer acompanhada por 16 pessoas e seu ofício. Conrad também trabalhava com os mortos, nem sempre tinha contato com seus corpos, mas possuía uma habilidade sublime, que faltava aos homens representados no quadro renascentista, ele lidava com o espírito e não com a carne. A maior semelhança entretanto, era a aprendizagem por meios empíricos. Por vezes, Conrad criava seus manuais, pois faltavam informações que guiassem o investigador por caminhos seguros.

Os devaneios de Conrad foram interrompidos com a chegada do Dr. Botelho e da Madre Catarina. Os ombros largos exigiam um jaleco feito sob medida. Não usava óculos, apesar de seus 48 anos, o cabelo castanho já contava com fios grisalhos aqui e acolá. O sorriso do Dr. Julio Botelho era largo e não escondia seus dentes brancos como mais fina neve. O sorriso da Madre Catarina era totalmente inverso. Tímido, não se via a cor de seus dentes, mas Conrad imaginava serem brancos, afinal ela era vice-presidente do hospital, tem um plano odontológico melhor que o meu – pensou enquanto recebia os cumprimentos do Dr. Botelho. Aliás, não tenho plano odontológico, - constatou enquanto recebia o aperto de mão suave da Madre. Ela podia ter um sorriso tímido, mas possuía um olhar forte, profundo, os olhos negros repetiam a cor de sua pele. Ela tomou como assento a cadeira que ficava em frente a Alexis Conrad, o Dr. Botelho optou pela sua cadeira presidencial.

- Imagino que o senhor já tenha alguma informação para nós. – O Dr. Botelho conseguia falar sorrindo. O que irritava Conrad. – Tem? Ou não tem?

- Para ser sincero, Dr. Botelho, eu pedi esse encontro para angariar mais algumas informações.

Conrad não sorria como o médico, mas entendia a facilidade dele, era candidato a deputado.

- Informações? – Indagou a Madre Catarina. – Pensei que estivesse tudo esclarecido, além disso o senhor recebeu carta branca para atuar no hospital, desde que não incomode os pacientes.

- Verdade. – Martelou o presidente do São Rafael. – Pensei o mesmo.

- Me deixa explicar uma coisa. – Conrad – Quando vocês me chamaram aqui, para averiguar se a morte de um de seus enfermeiros foi causada pelo espírito de um dos três funcionários mortos...

- Acidentalmente... – Frisou o médico.

- Acidentalmente, claro. Vi o laudo da perícia feita pelo DPT da cidade. – Conrad tirou de sua pasta alguns papeis e os entregou para o Dr. Botelho e à Madre. – Isso é o resumo de minhas investigações até aqui. Podem ler, mas em suma eu apresento as causas da morte dos três funcionários, ambos foram eletrocutados. Apresento também os relatos de pessoas que juram terem visto os funcionários caminhando pelo corredor em que ocorreu o acidente.

- E o que isso nos traz de concreto? – O médico era incisivo.

- Nada. Ainda não encontrei provas da existência desses ditos...

- Fantasmas do São Rafael. – Completou a Madre Catarina com um tom de reprovação. – Isso soa tão triste. Almas presas a esse mundo...

- Enfim, relatos não são suficientes. Pedi as gravações do circuito interno do hospital, principalmente do corredor 03 da ala de cirurgias. O senhor, Dr. Botelho, continua com seu consultório naquele corredor?

- Não. Tenho atendido na sala da presidência, no terceiro andar. Acumular funções é algo estressante.

- Imagino. Pensei em usar o Medidor de Campo Eletromagnético, a fim de detectar a presença desse ou desses espíritos, mas é impossível. Há bastante aparelhagem aqui no hospital que interfere nesse tipo de análise. Instalei um termômetro e por enquanto nada. E... – a porta foi aberta violentamente.

A secretária do Dr. Julio Botelho entrou na sala atordoada.

- Ma-mais um... mais um Dr. – Ela se apoiava na porta. – Mais um dos enfermeiros...f-foi atacado pelo fantasma. Eu vi! – Conrad não acreditou no que ouviu. O Dr. Botelho foi socorrer a moça que estava com um rosto pálido. A Madre rezava algo em sussurros.

Então você quer brincar... não é? – Conrad sorriu.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Comentem, favoritem e vamos juntos...ou tem medo de hospitais?