Almas Acorrentadas escrita por Camila


Capítulo 9
Nunca conhecemos realmente uma pessoa, pois não somos ela...




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“Vai demorar mais quanto, garota? Estamos com pressa, esta lembrada?”, dizia minha mãe parada na porta.

Eu estava nervosa, não dormia fazia dias, desde que Elliot, foi internado. Era triste saber o que faziam com as pessoas naquele lugar. E sei que ele não estava em condições de sair dali, mas mesmo assim, eu fui egoísta e quis ir vê-lo preferia um momento a sós com ele. Mas não deixaram. ‘Falaram que ele era uma pessoa “problemática, e imprevisível” demais, para eu lhe visitar sozinha’. Realmente não o conheciam, e isso me deixava nervosa. Minha mãe teve que entrar, e acho que ela nunca ficou com tanto nojo de mim, por me ver chorando. Ela me achava fraca por isso.

Eu estava arrasada, não queria mais ir a baile nenhum, queria saber como ele estava...

“Estou quase pronta, mãe...”.

“Acho bom, o trabalho que deu, para me desculpar e pegar seu vestido de volta... Acho que nem seria preciso não é mesmo?”, disse minha mãe rispidamente.

“Talvez”, disse olhando de cara feia, para minha imagem no espelho, refletida com o vestido com babados e rosas gigantes, rosa Pink.

...

Entrei dentro do carro, não estava falando uma palavra para minha mãe, ela sabia que eu não queria ir, muito menos com aquilo. Não era só porque eu achava o vestido feio, era muito mais que isso, ele não mostrava quem eu era, criava uma falsa imagem que não me agradava, eu não queria ser uma boneca, eu não era.

Comecei a pensar em Elliot, e não conseguia colocar na cabeça que Sonia, havia feito aquilo com ele, acho que só fizeram o, interagir comigo, porque se não ele ia morrer de fome, que ele estava vomitado, mesmo quando eles o obrigavam a comer. E logo morreria de fome.

O falso conforto, tudo. Foi apenas para ele abrir a boca, para saberem mais dele, para pesquisarem mais. Aquele local, era horrível. Um eterno pesadelo, e ele estava preso lá. Eu não gostava disso nem um pouco. Mas às vezes eu gostava. Pois se ele não tivesse sido preso, eu não teria o conhecido. Ou teria?

Chegamos ao baile. E saímos e íamos entrando no salão, onde seria realizado a festa, quando minha mãe pegou no meu braço e falou:

“Melhore essa cara, se não quer sorrir, pelo menos finja, ou terá que explicar para todos o que aconteceu. O que você prefere?”, ela não disse isso, brigando comigo, como o de costume, ela disse com um sorriso materno no rosto, e eu sorri para ela em agradecimento.

“Obrigado, mãe...”

“Okay, agora me diga, quem vai ser seu parceiro do baile? Sendo que a senhorita, dispensou todos?”

“Bom, agora que tocou no assunto, eu não havia pensado nisso... mas eles eram todos idiotas, eu não iria com nenhum deles, de qualquer jeito...”

“Todos são iguais quando existe apenas dois homens no mundo, o seu maluquinho do manicômio e os outros”

“Talvez...”, disse sorrindo mais, eu não sabia o que tinha acontecido com minha mãe, nem que aliens haviam pegado ela, mas não precisavam devolver, eu gostei dela assim...

“Desculpa nunca te entender, eu pensava que te entendia. Eu senti certa culpa quando vi de quem você gostava, realmente me desapontou, mas acho que você já esta bem grandinha para saber o que é melhor para você, e se não sabe, eu tenho que deixar você seguir os próprios passos para conseguir ver o que é certo ou errado...”, eu a interrompi a abraçando, e ela assustou, mas me abraçou de volta.

“Aliens não devolvam a antiga, eu prefiro essa...”.

Ela riu e me abraçou mais apertado.

“Que cena capenga, de novela mexicana”.

Eu e ela olhamos para o lado. Dando de cara, com os olhos azuis claros, fortes, que guardavam segredos que eu já conhecia. E com um enorme sorriso irônico nos lábios. Ele usava uma roupa branca, uma camiseta larga e uma calça, descalço.

Minha mãe me soltou e piscou para mim.

Eu fui a seu encontro e o beijei. E ele me abraçou.

“Você veio...” disse sem acreditar.

“Claro que eu viria, acha que eu ia deixar a minha garota, dançando com um babaca”.

“Sua garota?”, perguntou minha mãe erguendo a sobrancelha.

“Desculpe senhora. Eu quis dizer nossa”, disse ele piscando.

“Posso saber o que esta acontecendo aqui?”, perguntei sem entender.

Elliot ria sem parar, ele parecia menos pálido, do que eu havia visto ele há algumas horas atrás.

“Você fica lindinha com essa cara de confusa”, disse ele limpando as lagrimas que escoriam dos próprios olhos. “Oh, não faça essa carinha brava, que fofa”, disse ele apertando meu rosto com as mãos e me beijando.

Suas mãos estavam todas enfaixadas. E apesar de ele estar todo de branco, com as roupas largas, e descalço. E parecer que havia emagrecido uns 5 quilos, que ele não precisava. Ele estava muito limpo, e cheirava a erva doce. O cabelo estava molhado, e pingos d’ água molharam minha testa. Apesar de limpo, ele estava totalmente desarrumado.

Os olhos fundos e cansados, e triste muitas das vezes. Sorriam para mim, pareciam aliviados. E ele não parava de sorrir. Um sorriso que eu só havia visto quando ele olhou para o sol, depois de tanto tempo.

“Elliot, o que aconteceu?”, disse passando a ponta do dedo em seus lábios, enquanto ele franzindo a testa e abrindo a boca, parecendo que iria morder.

“Eu sou seu agora, só seu. Digamos que eu estava lá sozinho, vendo que faria de minha vida, depois que você havia saído. Ate que eu resolvi que não ia morrer ali, mesmo que me arrependesse depois, eu tinha que ir atrás de você, mesmo não sabendo como ia fazer isso...”.

“Espere um pouco, como assim, ‘você decidiu que não ia morrer ali’ ??” disse, interrompendo ele.

“Ora, achou que eu ia conseguir sair de lá? Achou mesmo que eu era tão confiável? Já pedi para me esquecer varias vezes, porque diabos eu desistiria da ideia de que não sou a pessoa mais indicada para você?”

“Achei que me amava”, disse fazendo bico, sem perceber.

“E te amo, por isso acho que não sou a pessoa certa para você...”.

“Espere!! O que você disse???!!”, não consegui conter a empolgação em minha voz.

“Ah, não sei...” disse ele, começando a ficar vermelho, e passando a mão na nuca.

Fiquei vermelha também e o abracei. Sorrindo, não conseguia parar de sorrir.

“O importante é que agora esta comigo, aqui. Agora acabe de me contar”.

Beijos Elisabeth.


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