Love Story escrita por AnnieJoseph


Capítulo 3
Os idiotas da classe




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Passaram- se  2 meses desde o ocorrido, e agora eu me sinto muito realizada.
Começo a estudar as 8:30 da manhã e saio da aula de piano as 01:00 da tarde, direto pro meu trabalho.
Quer dizer, quase. Eu fico rondando o shopping até dar 1:40 da tarde, a hora em que começo a trabalhar na McFood.

Nesse 1 mês que passou, eu pude confirmar o que suspeitava. Os filinhos de papai que estudam aqui são realmente idiotas. A única que se salva dessa denominação é a Serena.
Serena é podre de rica, não dispensa certos luxos, mas é muito sincera, muito amiga e gosta de ajudar as pessoas. Não esnoba ninguém pelo o que tem.
Por isso que me identifiquei muito com ela. Em um mês nos tornamos muito amigas. E ela também gosta de Michael Jackson!

Quando a levei no meu quarto, no simples bairro de L.A ela nem se importou, e amou demais o meu quarto. Ela falou que preferia isso do que o quarto das irmãs dela, por exemplo.
Eu fiquei boba por ela ter gostado do meu quarto, ele é tão simples... Sua resposta foi os detalhes. Ele é lindamente simples. Agradeci mentalmente naquele dia por trabalhar na McFood e poder mante-lo.

Nesse mesmo dia  – que foi no sábado retrasado –, ela me convidou pra ir numa festa de sua mãe. Ela daria um jantar ao ar livre no jardim de sua casa, e ela não queria ficar naqueles eventos chatos  sozinha. Eu fui assim que saímos do meu quarto, vestindo um vestido simples, mas era o mais bonitinho que tinha pra uma festa de gala.

Eu confesso que a festa era chata mesmo. Como Serena podia agüentar aquelas formalidades ? Eu perguntei isso a ela e ela disse que mesmo com 18 anos disso tudo, ela nunca se acostumava, mas era obrigada a ser falsa e fazer carinha de felicidade, afinal, a festa era de sua mãe.
Deve ser duro pra ela. Muito.

Depois da festa, já era meio tarde e ela me trouxe aqui em casa com seu porsche vermelho. Uau, que carro ! Fiquei babando por ele, e isso pra mim era novidade já que pouco ligava pra motores. Ficamos conversando um pouquinho escoradas no carro falando sobre o Michael e sua calça dourada – prefiro não comentar os detalhes – e depois de uma hora ela foi embora.

Serena não namorava, mas tinha terminado um namoro recente e ficou perplexa quando soube que eu nunca tinha namorado nem beijado ninguém. Na verdade, eu já tinha tentado, mas na hora eu pensava no Michael e tudo ia de água a baixo. Eu sai correndo da ultima vez, e chorando por não conseguir fazer nada sem pensar no amor da minha vida. Que tola.

Naquela noite, eu fiquei pensando sobre isso, e novamente adormeci. Meu sonho era maravilhoso, eu sonhei que beijava o Michael com todas as minhas forças. Estávamos num lugar cheio de flores, só avistava morros e flores amarelas. O beijo era tão intenso que eu mal respirava. Os lábios perfeitos, carnudos faziam carinho em meus lábios, me arrepiando dos pés a cabeça. Eu amo lembrar daquilo, era como se eu realmente tivesse beijado ele, antes de escutar o despertador, o Michael cantando pra mim.

As semanas se passaram, já era dia 13 de setembro.

– Annie ? Tchau ? – Serena balançava sua mão no ar, próximo ao meu rosto. Eu parecia estar em outro mundo naquele momento

– Oh, O que Serena ? – Eu perguntei atordoada, agora olhando pra ela.

Nós estávamos na recepção, tínhamos acabado de passar o cartão e ela iria pra sua aula de balé e eu pra minha de piano.

– Estou indo pra minha aula. Vejo você daqui a pouco – Serena deu um beijo no meu rosto e caminhou pra escada que levava ela ao estúdio de balé, no segundo andar . Ela segurava uma mochila lilás nas costas, com vários bottons e duas letras como pirgentes. S and A . BFF.

Fofa .

Eu carregava uma mochila lilás também, ela tinha me dado de presente uma igualzinha com tudo igual. A minha estava mais pesada pelas apostilas roupa do trabalho e algumas coisinhas pessoais.
Caminhei em direção a minha aula, escutando as pattys falando sobre mim. Era constrangedor, algumas me chamavam de LadyFood. ARRGH !

A aula como sempre foi ótima.
Tocamos, escrevemos coisas importantes e estudamos a apostila.
Tudo foi como sempre, eu ainda não consegui deixar de parecer a menina do interior que vai pra cidade grande, e fica com os olhinhos brilhantes.

As piadinhas comigo sempre acontece,mas, eu tento ignora-las o máximo . E quase sempre consigo. Uma vez ou outra eu respondo os idiotas, fazendo o que eles queriam. Me ver irritada.
Parece que eles não aceitam o modo que eu consegui entrar na L.A Music Center. Parece que eles querem que eu ao menos fosse rica. Agora raciocine, isso tem lógica ? Esses riquinhos não sabem mesmo pensar. Que ódio !

Que idiotas !

Mas também pode ser por eu ser a mais quietinha – e ignorada – da sala, e só me sentar na frente, levantando a mão no ar quando a professora pergunta algo. Falando em professora, eu me simpatizei muito com a Sr. Gracinha. Ela é mesmo uma graça, baixinha, um pouco fofinha. Cabelos pretos na altura do ombro, liso. Ela adora roupas floridas, mas não pense que chega a ser brega. Todos os dias ela bagunça meu cabelo, num cafuné. Mesmo que não tenha aula dela, ela me encontra no corredor e me pega desprevenida.

A minha sorte é que meu cabelo não é cacheado, e não arma.
Ah, falando em cabelos, eu pintei o meu ontem. Nada contra as loiras, até por que é a minha cor natural, mas eu pintei de preto mesmo.
Como toda loira, eu tenho uma pele muito clara, e meus olhos negros se destacam muito em meu rosto pálido.

Então é bem melhor ele se esconder entre as madeixas pretas.

 – Cansou de ser loira Annie ? –  Um idiota loiro sentado ao meu lado direito, me perguntava com uma voz zombativa. Só não sei se ele não me chamou falou “Loira burra “ por que ele também Era loiro, ou por que ele sabia muito bem que o burro era ele. Eu honestamente era muito mais esperta que muitos em piano.

– Não. Não posso pintar o cabelo agora ? – Me virei pra encara-lo, falando friamente.

O professor de tons chamou a atenção da turma.

– Ai... – ele exclamou, se virando pra frente com os olhos arregalados.  Algumas pessoas a nossa volta riram do fora que ele tomou.

– De loiro pra preto é um grande impacto, só isso... – Ele murmurou olhando pro professor. É impressão minha ou esses riquinhos só se comportam quando tomam uma patada ?

– Ela gosta de causar. – Alguém afirmou atrás de mim. Estavam falando de mim ?! ARRGH !

O sangue me subiu, e eu virei furiosa pra trás.

– Senhorita Joseph ? – Antes que eu xingasse com todas as minhas forças a quem quisesse ouvir, uma voz um pouquinho alta me chamou. Era o professor David.

Eu me virei bruscamente, pensando que estava ferrada. Esse professor era rígido na questão do silêncio.

– Desculpe. – Falei num tom baixo, olhando meus dedos se entrelaçando.

– Mais uma e vou ser obrigado a te retirar. – Ele falou sério, voltando ao quadro.

Oh, que ótimo. Agora os idiotas já sabiam uma forma clara de me ferrar.
Já comecei  a ouvir burburinhos pela sala.

Eu juro que estou tentando me concentrar. Precisava lembrar do motivo pra eu estar aqui, lembra ? Piano !
Apertei meus braços contra mim, tentando me acalmar e logo escutei de novo uma voz muito irritante.

– Qual é, Annie. No piano você pode ser boa mas, aposto que em matemática é péssima. Foi por isso que pintou o cabelo, não é ? Ih, esqueça, a raiz você não esconde.  – Uma pessoa ao meu lado disse. Só poderia ser uma pessoa de cabelo escuro, ninguém se atreveria a falar algo comigo de igual pra igual. De loiro pra loiro.

Eu me virei, encarando com fúria todos do canto esquerdo. Uma garota toda de rosa, saia rodada de pregas, um sapato de grife que se bobeasse nem tinham lançado ainda, e uma blusa tomara que caia, num rosa mais escuro. Horrivelmente Patty.

Ela sorria pra mim com uma maldade, seus cabelos castanhos claro escondiam um pouco de seus olhos verdes.
Meus olhos começaram a coçar, o choro viria. Eu não estava chorando pelas piadas, e sim por não conseguir ter paz, sem poder estudar . Era o que eu realmente queria !

– Se enxerga garota ! Vá comprar as suas maquiagens que escondem a podridão do seu rosto e me esquece ! – Eu falei alto, tão alto que eu mal reconheci minha voz.Ela estava aguda, mas falha pelo choro acumulado. O professor parou de falar e TODOS me encararam.

– ANNIE ! – A voz do professor venceu a minha. Estava rápida, e muito, muito aguda.

Eu me virei depois de encarar um pouco a garota ridícula que já chorava. Fingimento. O professor apontava pra porta, com os olhos apertados de raiva. Ele parecia com os dentes trincados, e a outra mão fechada nos punhos. Muita raiva.

Eu estava definitivamente ferrada.

– Ela que começou, professor ! – A voz chorosa da Patty quase estouraram meu ouvido de tanta raiva. Eu me imaginei pulando em seu pescoçinho fino.

– Vocês duas ! Saiam agora direto pra sala do diretor ! – A voz dele não tinha mudado, ele ainda apontava pra porta e dizia entre os dentes.

Eu me levantei primeiro, arrumei meu material, o jogando na mochila lilás e me lembrei de Serena. Precisava de um ombro amigo pra chorar agora.

Caminhei até a porta, escutando os chorinhos da Patty atrás de mim. Fingida !

Depois que ela saiu pela porta, e checou umas vezes pra ver se não tinha ninguém no corredor ela começou a gargalhar. O choro já tinha desaparecido e ela fechava os olhos, colocando a mão na barriga. Eu parei, me virei pra trás e a encarei. Ela estava parada, rindo.

– Sua... ARRGH  ! – Eu fechei minhas mãos nos punhos e comecei a andar mais rápido que podia, quase correndo. Queria ficar longe dela, ou minha mão acabaria com suas lindas madeixas.

Podia ouvir seu riso entre suspiros quando virei o corredor. As lágrimas desciam, meu cabelo esvoaçava com o movimento do vento.  Passei correndo pela porta da diretoria, e voltei quando percebi isso. Meus olhos cheios de água não me deixavam enxergar direito, mas eu respirei fundo e virei a maçaneta.

 – Você recebe uma bolsa, e ainda fica de graça na aula ? – A diretora Lena gritava comigo com todo os ares que tinha no pulmão.

Eu estava sentada em uma cadeira em sua pequena sala, porém acomodava tudo ali.
A Patty estava ao meu lado, ela parecia segurar o riso com a mão, e prestava atenção em tudo que a diretora dizia ou fazia. Eu ainda acho que ela tem um gravador ali, e no dia seguinte colocaria isso pra todos verem na sala. Só o que me faltava.

– Você pensa que pode fazer o que quiser aqui ? Está muito enganada mocinha ! Essa é uma das maiores academia de musica de L.A , você sabe disso ? Acho melhor você se comportar ou terei que te tirar daqui. – Ela apontava o dedo pra mim, berrando feito um alto falante.

Eu encarava minhas mãos, respirando devagar. Até demais.
A porta da sala se abriu, e eu não me atrevi a olhar.

– Lena ? Liberem as meninas, você pode liberar a Annie agora. Quero falar com elas. – Apenas escutava, e suspirei assim que soube que viria outro sermão. Estava cansada de ouvir durante 30 minutos essa diretora falar, agora mais uma ?!

– Eu posso ir ? – A Patty perguntou. Eu levantei minha cabeça e encarei a situação.

A diretora Lena parecia querer deixar. Ela soltou um sorrisinho mas foi interrompida antes mesmo de falar.

– Não, você por acaso se explicou ? Pelo que pude ouvir, Lena, você só soube julgar Annie. Não quer saber o que aconteceu ? – A voz dela estava sarcástica, e agora eu podia ver que era Gabriela. A principal diretora da Music Center.

Lena murmurou alguma coisa, mas não conseguiu se explicar. Fechou o sorriso com raiva.

– Dispensadas. – A voz dela estava frustrada, ela caminhou pra sua pequena cadeira atrás de uma mesa branca cheia de papeis empilhados, e ao lado um Not Book cinza.

Eu me levantei meia apressada, me sentia salva. Gabriela era muito legal comigo desde que entrei aqui, ela sabia do preconceito que tinham contra mim. Mordi o lábio inferior reprimindo um sorriso.

Eu caminhei até a parede, me escorando dela assim que Gabriela entrou na sala. Ela estava falando com Lena, e pediu pra que agente esperasse. Patty parecia com raiva. Ela encarava o corredor de costas pra mim, de braços cruzados.
Após uns minutos, Gabriela saiu da sala.

– Patty, direto pra casa, você esta dispensada da aula. – A voz dela era calma, mas autoritária.

– Eu queria... Ir pra aula... – Ela se virou assim que escutou a porta abrir e fez uma cara de coitadinha.

Sinto muito baby, acho que Gabriela você não iria enganar.

– Pra casa Patty. – Viu ! Ela levantou a sobrancelha e apontou pro corredor a esquerda,  saída.

Patty suspirou, e caminhou me encarando por um longo momento. Seu rosto estava em chamas.

– Annie... – Gabriela falou num tom amigável, se pondo a minha frente.

– Eu juro que não fiz por mal. Eles me tiram do sério !

– O que aconteceu ?

– Começaram a implicar com meu cabelo. A cor especificamente. Aquelas piadas sabe ? Loira... – Eu suspirei, me sentindo uma idiota.

– Ah. E você não agüentou e revidou, isso ? – Ela sorriu um pouco, e parecia mais relaxada. Será que ela pensava que era algo mais grave ?

– Sim. – Disse envergonhada. – Eu não sou de ferro.


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