POV´s Percy

Acordo ainda zonzo, me visto e saio de lá o mais rápido possível.

Eu realmente não sabia o que fazer.

Tinha que lembrar como era minha vida antes da Srta. Chase aparecer nela.

Entro no galpão que por sinal estava uma bagunça completa.

Me jogo no sofá e fico olhando para o teto.

Tantas lembranças doces vinham a minha mente.

Lembranças que me faziam querer voltar no tempo.

Talvez ter deixado Annie ir embora com seus amigos.

Ou não ter me aproximado dela novamente depois que a trai com Rachel.

Melhor, não ter ido atrás dela quando brigamos, ter deixado ela seguir sua vida.

Mas eu queria mesmo era não ter a ajudado naquele dia.

Não ter bancado o protetor.

Era claro que Luke não iria tratar bem ela, mas era melhor isso do que ela ter se metido comigo.

Queria ter sido morto por Gabe naquele dia.

Assim não me tornaria essa maldita sombra do mundo, essa mancha da sociedade.

Não prejudicaria ninguém.

Mas já que isso não aconteceu tenho que aceitar o que me tornei e seguir em frente.

Também tenho que esquecer a existência da garota que realmente mexeu comigo. Por mais que difícil tinha que esquecer de vez Annabeth.

POV´s Annabeth

Meu celular desperta cedo.

Abro meus olhos para minha nova realidade.

Levanto-me e a garota continua dormindo feito uma pedra.

Faço minha higiene matinal e começo a me preparar. Maquiagem, cabelos perfeitos, visto meu uniforme e substituo as sapatilhas que tinha escolhido no dia anterior por um sapato vermelho de salto agulha.

Olho-me novamente do espelho, retoco o batom vermelho e aplumo os cachos definidos.

Pego minha mochila e agora que Kelly ia acordando.

Saio deixando tudo preparado para quando ela acordasse.

Junto comigo algumas coisas que ela precisaria, incluindo sua chave.

Demora um pouco, mas acho onde seria a sala de aula, algumas alunas já estava lá, conversando animadas.

Quando entro todos olham para mim. Isso era ótimo, ser o centro de tudo novamente.

Algumas me olham com raiva, outra com espanto.

Sento-me em uma cadeira vazia e pego um livro para ler.

Logo a professora entra e começa a aula.

Quando já tinha passado uns 10 minutos alguém bate na porta e logo ela entra.

Usava pijama, os cabelos embaraçados e o braço direito estava vermelho.

– Srta. Lenn! – Fala a professora, Sra. Rose.

Um sorrisinho perverso se forma em meus lábios.

– Sra. Rose eu...

– Não fale nada, vá para seu quarto e só apareça aqui quando estiver apresentável. – Fala a professora brava.

Ela sai e todo a sala explode em risadas.

– Quietas! – Fala a professora que se vira e volta a escrever no quadro negro.

Logo todas estão viradas umas para as outras cochichando sobre o ocorrido.

A amanhã passa rápido e me viro bem, consigo achar as salas sozinha.

E finalmente o almoço.

Sigo a massa de alunas que se dirige ao refeitório.

Pego uma bandeja e observo as opções.

Não tinha mesas vazias, mas avisto em um canto escondida de todos uma garota.

Ando até, e sinto o olhar de todo o refeitório em mim.

– Posso me sentar aqui? – Pergunto para ela.

Ela apenas concorda com a cabeça, então largo minha mochila no chão e sento ao seu lado.

Respiro fundo.

Ela provavelmente não era popular, mas eu tinha que me desapegar da minha antiga vida e personalidade de antes, eu precisava de amigos nesse lugar, só assim eu iria conseguir sair mais cedo daqui.

– Olá, sou Annabeth Chase. – Falo sorrindo para ela, que me olha intrigada, talvez um pouco assustada.

– Sou Hellen Wilg. – Responde ela com um sussurro.

O que mais eu poderia perguntar?

Mas não preciso me preocupar com isso.

Quatro garotas vinham em direção de nossa mesa.

Agora todos, mas todos menos estão olhando para cá.

– Olá, Annie Chase. – Fala uma delas parada em frente à mesa.

Primeiro, não fui com a cara dela, ela era ruiva, isso já me trazia lembranças demais, e parecia que tinha comprado uma blusa 3 números menores apenas para parecer que tem seios, não me leve a mal, adoro usar roupas extravagantes que valorizam meu corpo, mas isso era exagero.

Segundo, ela era provavelmente a patricinha da escola. Como... como eu era. Eu mesma disse que queria me livrar daquilo, afirmei isso no dia do baile. Aquelas garotas eram praticamente eu, Piper, Calipso e Silena versão internato.

Terceiro, se eu queria realmente mostrar que era alguém nesse fim de mundo tinha que começar agora. Essa escola veria a minha força.

– Deixe essa fracassada e venha se sentar com nós, vamos nos dar muito bem. – Fala outra, uma morena com olhos pretos e intensos.

Me levanto e encaro elas.

– Fracassadas são vocês, que para serem notadas tem de rebaixar os outros. – Realmente aquilo saiu da minha boca? Acho que sim.

O refeitório inteiro estava calado, todos me olhavam assustados, inclusive Hellen que continuava sentada encolhida.

– Quem você acha que é para falar assim conosco? – Pergunta irritada uma loira.

– Quem vocês acham que são para serem tão arrogantes?

– Nós somos seu pior pesadelo a partir de hoje! – Fala a garota que mais parecia um palito humano, a única que não tinha falado ainda.

Elas se viram como se estivessem em uma passarela e saem desfilando.

Sento-me novamente e todos ainda me olhavam assustados, mas aos poucos vão voltando ao normal.

– Obrigada. – Sussurra Hellen ao meu lado. – Qual o seu próximo horário?

– Biologia. – Respondo olhando o papel que eu tinha guardo no bolso da mochila.

– O meu também, vamos juntas.

Saímos de lá rapidamente e nos dirigimos pelos corredores um pouco vazios, considerando que o sinal ainda não tinha batido.

Entramos na sala que era dividida em carteiras de duplas.

– Quer ser minha parceira? – Pergunta ela olhando para o chão.

– Claro.

Pegamos uma mesa no fundo e nos sentamos, a sala ainda vazia.

– Por que mudou de escola quase no final do ano? – Pergunta ela.

Bem, se eu quisesse conseguir amigos tinha que me abrir.

– Me meti com as pessoas erradas, meu namorado... bem, ele não era o cara perfeito, mas quando minha mãe descobriu não pensou duas vezes. – Falo eu. – E você? Estuda aqui desde quando?

– A dois anos. – Ela fala, mas parece apreensiva em continuar. – Meus pais se separam quando eu era pequena, meu pai é empresário e minha mãe era modelo quando mais nova, agora ela não passa de uma bêbada que não sabe cuidar nem dela, meu pai me mandou para cá por não ter tempo de cuidar de mim.

– Pai... isso é um assunto complicado para mim. – Respiro fundo e começo. – Eu sei porque minha mãe não gosta de Percy, meu namorado, ele lembra meu pai, um adolescente rebelde, que não se encaixa em lugar nenhum, meu pai era assim. Ele largou minha mãe grávida, a traiu com sua melhor amiga, minha mãe descobriu isso em uma noite chuvosa, ela ia contar que estava grávida, ele quis ir atrás dela, estava bêbado... o carro capotou e explodiu, nunca o conheci a não ser fotos, mas o ódio que tenho dele é maior que tudo.

– Não temos histórias felizes. – Comenta Hellen.

– Eu poderia ter sido feliz, poderia ter desafiado Atena, mas fui fraca, não lutei pela minha própria felicidade. Percy deve estar com raiva de mim agora.

– Se ele a ama de verdade não sentiria raiva.

Estava tão envolvida em meus sentimentos que nem percebi que lágrimas estavam em meus olhos e que eu estava contando tudo isso para uma garota que não conhecia nem a uma hora, mas continuei, queria apenas desabafar com alguém que não estivesse no meio de toda a confusão, além disso não tinha ninguém por perto e demoraria para chegar alguém.

– Ele já me traiu, mas eu o perdoei. Sou inútil, não sei nem lidar com os meus sentimentos. – Abro a mochila e pego uma foto nossa que levava sempre comigo.

Na foto eram apenas dois adolescente felizes, eu estava arrumada como sempre, maquiagem e cabelo perfeito, ele uma camiseta preta e uma jaqueta de couro, os olhos verde-mar brilhavam, os cabelos negros despenteados e o sorriso cafajeste em seus lábios.

– Vocês formam um casal lindo. – Fala Hellen com um sorriso sincero.

– Espero que ainda sejamos um casal quando eu voltar.