Passamos quase a noite toda trocando de turnos e pensando em como sair daquela ilha sem sermos mortos por uma criatura marinha. Parecia que não tinha nenhum para fazer isso. Era meio obvio que seriamos atacados por alguma coisa. O barco em que Uriah e os outros estavam havia sido destruído e o barco que tinha usado para chegar até ali não era assim tão bom e afundaria no primeiro impacto contra uma criatura como Jörmundgander ou pior ainda,o Kraken. Pelo menos ele não está fora da água,já que todas as profecias em que ele aparecer deixa bem claro de que quando essa criatura gigantesca sair da água e começar a rastejar pela terra firme será o fim do mundo.

–Você é muito calada.-comentou Uriah se aproximando. Em seus lábios havia um sorriso amigável. Ele estava sem seu moletom branco,pois tinha o deixado próximo a fogueira para secar e enrolado em seu pescoço,como se fosse um cachecol,estava seu minusculo e patético dragão,mas que não deixava de ser a criatura mais bela que já vira em toda minha vida. As escamas do pequeno dragão,dependendo da luz mudava de cor e agora de noite com apenas a luz da fogueira o iluminando ele tinha um tom negro,assim como suas garras. Seus olhos estavam fechados,sua boca era repleta de dentes pequenos e afiados. Algumas vezes aquela pequena criatura acordava caçava pulgas em suas asas e voltava a dormir.

–O que faz aqui?-perguntava enquanto me levantava.-Não deveria estar dormindo com os outros? Agora é minha vez de vigiar tudo aqui.

Uriah riu baixo e se sentou na grama e cruzou suas pernas e ficou acariciando seu dragão.

–Não estou com sono. Sabe,a morte está tão perto que não me deixar descansar. -falava o garoto.-Sabia que quando você dorme é um momento que você experimenta a morte?

Apenas ignorei a ultima parte e me sentei de novo na grama apenas olhando o fogo da fogueira que dançava de uma forma agitada por causa do vento que soprava com certa violência. Tremi um pouco de frio e cheguei mais perto do fogo para me esquentar,porem não ajudou muito pois o vento ficou mais forte.

Ia me levantar,mas senti algo em minhas costas. Era a camiseta que Uriah usava,não era muita coisa,mas servia como coberto. Me levantei e me virei na direção de Uriah e corei violentamente ao vê-lo sem camisa,na mesma hora virei o rosto e falei num tom baixo e tremulo:

–N-não pode ficar sem camisa...

–Quando você é bonito pode.-disse Uriah sorrindo,mas depois ele parou e pensou um pouco.-Que merda,a morte da me deixando maluco. Eu nunca falaria isso.-falava o garoto se afastando de mim.

Fui um pouco na direção dele e o chamei e ele apenas respondeu:

–Lynn,eu tenho um dragão ao redor do meu pescoço,acredite essa coisinha aqui esquenta demais já que enquanto ele dorme ele sobe sua temperatura para não morrer congelado.

–Eeer...Está bem então...-falei baixo e ficando de costas para Uriah.

Passei a noite de novo acordada,enrolada na camiseta de Uriah,até Bifrost me mandar dormir por ser a vez dela.

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De manha começamos a arrumar algumas coisas,como comida e água, para tentarmos voltar ao continente.

Acho que o caminho de volta deixou todos inquietos pelo simples fato de que a qualquer momento podíamos ser atacados,mesmo sendo de manhã,pelo menos não por sereias pelo simples fato delas essa hora estarem dormindo em seus ninhos em alguma montanha bem longe do mar. Por mais estranho que pareça foi calmo,sem nenhuma onda sem nenhum monstro ou qualquer coisa desse tipo. Pelo menos de dia tudo estava bem. A gente pensava assim até voltarmos para o continente.

Como de costume o céu estava nublado,o que não era nenhuma novidade,mas tudo estava quieto demais. Não havia o som de carros ou pessoas conversando e nem mesmo o som de pássaros,o que era bastante estranho. Unica coisa que podíamos escutar era o som do vento que estava uivando e balançando as árvores com certa violência. Hesitei bastante de sair do barco,mas não tinha muita escolha.

As ruas estavam totalmente desertas,era como todos que ali viviam tivessem simplesmente indo embora sem deixar nenhuma pista ou coisa do tipo. O silencio era enlouquecedor,mas ele foi quebrado pelo grito de Myah.

Fui correndo na direção que vinha o grito,imaginando que era alguma criatura,não fui a unica que pensou assim pois Bifrost também foi correndo ao local puxando seu punhal que ficava preso em sua perna. A albina chegou antes e ficou paralisada ao lado de Myah,ela deixou seu punhal cair no chão e reparei que tinha algo gravado na lamina,mas não prestei muita atenção. Apenas Parei ao lado de Myah colocando a mão nos seus ombros.

–O que houve?

–E-ela...-A voz de Myah tremia demais. Foi então que resolvi virar meu rosto para ver o que havia deixado as duas garotas naquele estado.

Assim que virei o rosto senti como se uma faca fosse cravado no meu peito,minhas pernas começaram a tremer me fazendo perder o equilíbrio,mas logo o recuperei. Na nossa frente havia simplesmente uma rua deserta,como todas as outras,mas a diferença dessa é que haviam milhares de pessoas,mas nenhum corpo. Digo,elas estavam ali,mas como pedras. Todas estavam petrificadas e presas a parede,era como se essas pessoa,que tinham seus rostos deformados,estivessem saindo das paredes,mas agora estavam simplesmente mortas. Além de que em uma parede havia apenas sombras de crianças como se elas tivessem sido carbonizadas naquele lugar.

Dei uns passos para trás e acabei batendo em alguém,tentei não gritar como o susto,mas não consegui. Pelo menos era apenas Matt. O garoto engoliu em seco e deu uns passos para trás.

–E-estão morto?-perguntou Myah.

–N-não sei...-respondia Henry que em suas costas estava Lena,que assim como os outros filhos de Loki e Hell,ainda estava desacordada gemendo de dor.

–Temos de achar Kerli,agora.-disse Bifrost.

–Ela não deve estar longe daqui-disse Alaska.

–Por que estaria longe se todos vocês estão aqui.-ao escutar a voz de Kerli vindo de trás de mim um enorme calafrio e meu corpo todo estremeceu,me virei e pude ver a jovem que agora estava com seu cabelo ruivo mais curto e de franja e uma parte do seu cabelo estava preso por uma cartola pequena e rosa com uma renda preta que caia cobrindo um pouco seu rosto. Seus olhos amarelos pareciam brilhar mais,ela usava um vestido com um estilo meio steampunk ou qualquer coisa desse tipo. -Não esperava vê-los todos junto...Na verdade esperava sim.-falava a garota rindo como se aquilo fosse um encontro de ex-amigos de faculdade.

Ao lado de Kerli estava Oliver,ele parecia diferente. Não havia o visto muitas vezes,mas havia algo de diferente em seus olhos.

–Oliver!-exclamou Drika,mas antes que ela pudesse se aproximar Matt a segurou.

–Ele vai mata-la se chegar perto. -advertiu o garoto.

–O que?

–Kerli fez algo com ele,Drika.-falava Bifrost.-Vai mata-la sem pensar duas pensar duas vezes.

Kerli olhou por uns segundos para suas unhas e depois se voltou para nós.

–Sabe,você demoraram demais,até cheguei a achar que meu querido Jörmundgander tivesse matado todos vocês. -dizia Kerli num tom infantil.-Pelo menos estão todos bens...Oh! Claro. Quase todos,meus meios irmãos não muito né. Isso é um pequeno efeito colateral,talvez passe logo ou eles vão ficar assim para sempre.

–Sua...-Henry se preparou para avançar contra Kerli,mas a filha de Loki lançou um olhar tão assustador que poderia fazer até um lobo colocar seu rabo entre as pernas e sair correndo e chorando.

–Não se apresse tanto,Henry. -fala a ruiva enquanto uma luz fazia o contorno de uma gadanha que se materializou em sua mão. A gadanha ou foice deveria ter a altura de Kerli, a lamina deveria ter uns 70 cm e brilhava quando alguma luz a tocava. O cabo era completamente feito de metal.

A ruiva abaixou sua cabeça por um momento,sua franja cobriu seu rosto e pude escutar seu riso que começou baixo e aos poucos foi ficando mais alto e quando a mesma levantou a cabeça em seu rosto havia um sorriso psicopático e seus olhos haviam mudado,sua pupila havia afinado ,como a de um gato, sua iris estava completamente amarela e brilhava demais e sua esclerótica estava completamente preta.

Não tinha reparado antes,mas abaixo de Kerli havia uns símbolos feitos de sangue e foi só a garota bater sua foice no chão uma fez que aquele mesmo simbolo ganhou um brilho macabro. As nuvens no céu ficaram mais negras e alguns raios caíram próximos demais de todos criando um abalo sísmico,não muito forte,mas o suficiente para derrubar algumas coisas,como prédios mais antigos. O som do estrondo foi ensurdecedor e a luz cegante.

–Kerli pare!-gritava Bifrost,mas a garota não escutava.-Por favor,eu sei que não é você que está fazendo isso!

Olhei na direção da filha de Loki,procurando alguma mudança e para minha surpresa aconteceu. A esclerótica da garota ficou um pouco branco e suas pupilas voltaram ao normal.

–Kerli...-chamou Bifrost.

–Está tudo bem,Frost.-falava Kerli com um sorriso amigável no rosto,mas aquele sorriso se contorceu e voltou a ser aquele sorriso maligno e sarcástico.-Só tem um problema.

Kerli voltou seu olhar na minha direção e em um piscar de olhos avançou. Seria impossível desviar daquilo. Fechei os olhos esperando pelo golpe,mas não aconteceu.

Escutei o som de carne sendo resgada e alguém vomitando sangue. Abri os olhos e percebi que Kerli estava ao meu lado,seu alvo era outro.

–Eu odeio ser traída!-exclamou Kerli que estava com sua mão atravessada no peito de Uriah.

O garoto estava com seus olhos arregalados e agora completamente sujos de sangue,assim como sua boca. Ele tremia demais e ainda estava vivo por causa de alguma coisa que Kerli havia feito,já que o coração dele ainda pulsava em sua mão. Ela puxou a mão de volta deixando o corpo do garoto cair no chão e em sua mão,que estava coberta de sangue estava o coração de Uriah. Ela olhou para mim sorriso e percebi seus olhos voltando aquele tom negro de antes.

–Agora ele é todo seu.-disse a ruiva que fazia o coração se incinerar aos poucos até restar apenas cinzas e seu ultimo ato foi soprar as cinzas no meu rosto e ri baixo.

Estava em estado de choque,o sangue de Uriah estava abaixo dos meus pés e o corpo dele estava ao meu lado.

Kerli andava lentamente de volta ao seu lugar e dizia num tom maligno:

–Oliver!

O ruivo ergueu sua cabeça e a olhou esperando alguma coisa.

–Pega,garoto!-ela falava como ele como se fosse um cachorro e naquele momento eu acho que era pois com um estalar de dedos dela,o vampiro mudou de forma e agora estava semelhante a Fenrir só que com seu pelo ruivo e dentes bem mais afiados.