Lembranças - Hayffie escrita por F Lovett


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Alou alou, amorecos da Lovett!

Bom, tenho primeiramente que agradecer a todos vocês que acompanharam a fic, que pediram pra dar aquela esticadinha básica, que se revoltaram com todas as idiotices do Haymitch, que disseram pra não terminar a fic, mas como todos sabem, toda história precisa ter um fim e aqui vai o final de Lembranças (todos choram, inclusive eu).

Tenho que confessar a vocês que escrever Lembranças foi muito legal e eu AMEI! Queria dedicar a dona Sincere Tears, que é minha abiga das tretas e me deu um mega apoio, ao Nicolarie Mason também, que foi o primeiro a recomendar a história, a Ruby que me faz vomitar arco-íris sempre que leio os comentários dela... Bom, a todos vocês que me deixam feliz quando vejo aquele número ali do lado crescendo...

GENTE COMO EU TO SENTIMENTAL HOJE AI SOCORRO!

Eu disse que o final ia ficar grandinho, né? Então, terminei de escrevê-lo agorinha mesmo e logo corri pra postar aqui pra vocês!

Espero que tenham gostado, espero que gostem desse final e, bom, como vocês já sabem, logo mais tem mais Hayffie pra vocês!

Boa leitura!



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Os dias se passam como segundos. Mal notei minha barriga crescer ao longo desses quase nove meses. Eu e Haymitch decidimos deixar o sexo da criança como surpresa e ficamos conversando sempre sobre que nomes colocaríamos, e quase nunca chegávamos a um acordo. Haymitch queria um garoto, já eu queria uma menina.

Estou sentada no sofá. Uma camisola cobre o meu corpo agora totalmente redondo. Minhas pernas estão abertas porque mal consigo fechá-las. Começo a imaginar que esse bebê poderá vir a qualquer momento. Ponho uma mão na barriga e começo a alisá-la, parando de vez em quando para sentir os chutes. Para ser sincera, não vejo a hora de ter essa criança.

– Haymitch– sussurrei para ele no meio da noite. Haymitch dormia de bruços. Comecei a cutucá-lo com um dedo até acordá-lo. Na minha boca eu sentia o sabor de doce de goiaba. Eu precisava de doce de goiaba ou morreria. - Haymitch, acorda!

– O que foi? - resmungou, virando-se para mim. Eu não fazia ideia de que horas eram, mas aquilo não importava quando se tratava do meu desejo.

– Haymitch, eu quero doce de goiaba - disse subitamente. Haymitch franziu o cenho, ainda tentando processar a informação. - Ou qualquer coisa que tenha doce de goiaba no meio, por favor, por favor - continuei repetindo. O sabor ainda tomava conta da minha boca e isso estava começando a me incomodar.

Haymitch me encarou por um ou dois minutos até finalmente perceber que eu não estava brincando.

– Precisa ser agora? - perguntou, sentando-se na cama. Estiquei meu braço até alcançar sua perna e dei dois tapinhas nela, sorrindo docemente para Haymitch, que revirou os olhos, impaciente. - Eu já volto - disse sem vontade. Por um momento me senti culpada por tê-lo acordado no meio da noite, mas eu precisava.

Me virei de um lado para o outro na cama, tentando encontrar alguma posição que me favorecesse, mas nada me veio. Minha barriga mal começara a crescer o suficiente. Bufei ao perceber que ao menos um cochilo eu não iria conseguir tirar e me levantei da cama, rumando até a janela entreaberta. O vento frio me fez sentir meu corpo inteiro se arrepiar e meus cabelos balançaram à medida que eu me aproximava da janela com os braços cruzados. Fechei os olhos e respirei fundo e, por alguns milésimos de segundo, senti falta da agitação que era a Capital. Mas logo voltei a mim e me senti grata por estar ali.

Não faço ideia de quanto tempo se passou, mas finalmente vi um vulto correndo de volta para a Aldeia dos Vitoriosos acompanhado de outro. Haymitch vinha com Peeta no seu encalço, já que ele era padeiro, provavelmente sabia onde encontrar - mesmo aquela hora da madrugada.

Corri até a porta da frente, abrindo-a para deixar entrar um Haymitch demasiado molhado de suor e com uma expressão nem um pouco simpática no rosto. Ele me trouxe um pote que, ao abri-lo, meus olhos brilharam e minha boca encheu-se de água. Levei o pote cheio de doce de goiaba a cozinha e o pousei na mesa, indo à procura de uma colher. Comecei a comê-lo puro e instantes depois peguei um pão entre os que haviam na mesa e o enchi de doce, comendo em seguida. Haymitch, pouco tempo depois, estava em pé me observando, mas agora com um olhar divertido. Encontrei o olhar de Haymitch e sorri enquanto ainda devorava o doce, mas não durou por muito tempo. Estava na metade do segundo pão quando senti uma vontade incontrolável de vomitar e corri em direção ao banheiro, deixando tudo sair, derramando no vaso. Me apoiei na borda e tossi um pouco antes de limpar a boca. Fui até a pia e lavei o rosto.

– Ai que nojo!

– Eu não acredito que corri no meio da madrugada pra te trazer uma coisa pra vomitar! - disse Haymitch, incrédulo. Enxuguei o rosto na toalha e vi seu reflexo bravo olhando para mim. Bravura essa que se esvaiu depois que sorri para ele em agradecimento.

– Desejo de grávida, queridinho - retruquei e aproximei meu rosto do dele, pronta para beijá-lo, porém ele se afastou a tempo.

– Você está com hálito de vômito! - ele disse, levantando as mãos.

– Ah é? Então espera eu comer um pouquinho mais de doce que você não me escapa hoje! - pisquei e ele fez o mesmo, entendendo o meu recado.

Prometi a Haymitch que não iria mexer no meu cabelo enquanto grávida e agora ele está como uma cachoeira nas minhas costas. Ele sequer me deixou cortá-los, como eu sempre gostava de deixar, mesmo quando usava as perucas. Sempre preferi usá-los num corte curto, para evitar o trabalho de mantê-los quietos. Mas agora eu os deixei num coque por causa do calor.

– Haymitch! - o chamo com a voz um pouco fraca devido aos meus devaneios. Ele aparece na porta da cozinha e eu faço um sinal para que venha até mim. Sem se opor, ele caminha em minha direção e se senta ao meu lado.

– O que foi? - pergunta e em seguida lança um olhar em direção ao meu cabelo. - Por que você fez isso? - e então se adianta até mim e solta o meu coque, deixando os meus cabelos caírem sobre os meus ombros. Protesto, mas ele finge que não me ouve e bagunça os meus cabelos com a mão, fazendo-me rir.

– Para, Haymitch! - protesto novamente, mas ele se aproveita da situação e continua bagunçando. - Para! - digo um pouco mais alto e seguro suas mãos. Balanço a cabeça freneticamente, tentando afastar as madeixas que caíram para frente, prejudicando a minha visão. Haymitch ri da cena e de repente me vejo rindo também. Mas ele se adianta e me beija, segurando meu rosto.

Interrompo o beijo e passo a descansar minha cabeça em seu peito, abraçando-o. Haymitch passa a mão no meu cabelo, movimentando-a lentamente de cima para baixo, afagando-os. Fecho os olhos, lembrando-me de como isso sempre me acalmou.

– Você é muito magra, Effie– comentou Haymitch. Estávamos abraçados na cama após mais um dos famosos pesadelos de Haymitch. Depois de um tempo aquilo começou a acontecer com frequência. - Você precisa de carne, aqui e ali. É bom, sabe?

– Eu me sinto bem assim, Haymitch. Obrigada - retruquei. Tentei tomar um pouco de distância, mas Haymitch permaneceu me segurando.

– Mas só tem pele e osso aí, olha só - ele passou a mão pelas minhas costelas e eu fechei a cara para o seu lado.

– Se estiver insatisfeito, é só arrumar outra, Haymitch– dessa vez o empurrei com força e me virei para o outro lado, puxando o cobertor comigo. O que sempre me intrigava era ter que aturá-lo sabendo que ele sempre insistia em ser ridículo.

Ouvi sua risada baixa atrás de mim e fechei ainda mais a cara. Senti, então, suas mãos contornando minha cintura por baixo do cobertor e me arrepiei com o toque.

– E se eu não quiser outra? - sinto Haymitch grudar seu corpo no meu. Ele afasta os meus cabelos para sussurrar no meu ouvido: - E se eu quiser você?

E era sempre assim que ele acabava me derretendo novamente. "Eu adoro quando você se irrita", ele dizia e eu deixava levar. O prazer de Haymitch era me irritar e, mesmo sabendo disso, ainda ficava sem paciência às vezes, mesmo sabendo como tudo terminaria depois.

– Ai! - deixo escapar um grito de dor quando sinto contrações fortes. Ponho a mão na barriga e fecho os olhos, até que sinto um líquido escorrendo pelas minhas pernas e molhando o sofá. Olho para baixo e não tenho mais dúvidas. - Ah não - olho para Haymitch que me fita apreensivo. - A bolsa estourou!

Haymitch arregala os olhos como quem está vendo um fantasma e por alguns instantes parece desconcertado.

– Ah não! O que vamos fazer? - sua voz sai com um pouco de desespero. Olho para ele indignada, esperando ter ouvido errado.

A parteira! - explodo, e Haymitch dá um salto no sofá. - Vai chamar a parteira, seu imbecil!

Ta bom, ta bom– ele diz e sai correndo para fora de casa. Afundo no sofá e tento controlar minha respiração. Não sei quanto tempo se passou, mas Katniss logo entra pela porta e vem até mim, chamando pelo meu nome. Sinto-a segurar a minha mão e é então que abro os olhos.

– Haymitch e Peeta foram chamá-la - ela diz antes mesmo que eu pergunte. Assinto com a cabeça e volto a recostá-la no sofá, tentando diminuir a dor que está começando a se formar. - Respira, Effie– ela diz, sem largar a minha mão. - Vai ficar tudo bem.

– Se eles chegarem a tempo, vai - retruco e percebo o quanto quero que tudo isso termine logo. Sabe aquela parte que dizem que a gravidez é linda e mágica? Pode esquecer. Seu corpo incha, você sente dores, você vomita, fica tonta, come de tudo e mais um pouco e parece que vai explodir. Até agora não vi nada de mágico nisso (talvez só a parte de não explodir).

Começo a me sentir um pouco tonta, mas depois de um bom tempo, o que pareceram ser horas de espera, Haymitch e Peeta chegam com a mulher que, ao me ver, se adianta logo e faz sinal para que os dois homens me ajudem a deitar no tapete. Haymitch põe travesseiros embaixo na minha cabeça e eu lhe lanço um olhar de agradecimento. Ao encontrar seus olhos preocupados, deixei de sentir a dor por alguns instantes e me senti segura. Sua mão encontrou a minha e instantes depois vi Haymitch fazer uma careta, foi quando percebi que eu estava apertando forte demais. A dor voltara.

A tal parteira, que atendia pelo nome de Clarisse, forra uma toalha embaixo das minhas pernas e as afasta, segurando os meus joelhos. Tento levantar a cabeça para ver alguma coisa, mas só tenho tempo de ouvi-la dizer para fazer força, até afundar a cabeça nos travesseiros novamente e começar a gritar. Fecho os olhos e coloco toda a força que tenho para fora, até que sinto outra mão me dando força. Abro um pouco os olhos e vejo uma Katniss nervosa do meu lado, olhando para mim e tentando desviar o olhar. Uma vez ouvi dizer que ela não tinha estômago suficiente para ver muito sangue, então achei melhor não tentar ver também.

– O bebê está começando a sair - diz Clarisse e isso me incentiva a pôr mais força.

– Estou vendo a cabeça dele! - diz Peeta, animadamente. Ele se ajoelha no chão, acompanhando.

O que você está olhando aí? - indaga Haymitch, deixando Peeta um pouco confuso. - Tira o olho!

Não consigo deixar de rir da situação, mas logo a dor volta e sou obrigada a colocar mais força, apertando as mãos de Haymitch e Katniss, que parecem protestar por causa do aperto, mas mesmo depois que folgo, eles não me largam. Clarisse continua me incentivando a fazer força e por mais que eu consiga, sinto que uma hora vai acabar e eu não vou conseguir mais. Estou suando como um porco e ainda não terminamos. "Está quase todo fora" diz Clarisse e eu percebo que estamos quase terminando. "Faça força só mais uma vez, coloque toda a força que tiver, só mais uma vez!" e eu a obedeço. Coloco todas as forças que me restam para fora, gritando, até que o silêncio domina o ambiente por dois segundos, interrompido por um choro de bebê.

Afrouxo o aperto nas mãos e fecho os olhos, me concentrando em apenas respirar, até que volto a mim quando sinto Haymitch depositar um beijo na minha mão. Ele me olha e diz um "eu te amo" em silêncio e eu sorrio em seguida. Aquele choro se transforma em música para os meus ouvidos. É a prova de que meu esforço valeu a pena.

Haymitch se estica até a parteira, que envolvera o bebê numa fralda branca, que logo estava com sangue, e o segurou em seus braços. Eu nunca vira Haymitch tão feliz, nem quando o estoque de bebida era reposto no trem. Ele traz um sorriso estampado no rosto e minha curiosidade começa a gritar. Ele encontra os meus olhos e, antes mesmo que eu pergunte, ele já tem a resposta.

– É uma menina!

~ ♥ ~

Quase um ano se passou desde o nascimento da Dayse e Haymitch brinca com ela no quintal, segurando suas mãozinhas pequenas e ajudando-a a andar. Uma linda garotinha de cabelos louros e olhos azuis. Eu poderia ficar admirando essa imagem o dia todo.

– Dayse, chama a mamãe para brincar - diz Haymitch, ajoelhado ao lado dela, apontando para mim. Ela faz um gesto com a mão me chamando e não resisto em ir até eles, mas Haymitch me pede para parar quando estou a um pouco mais de um metro de distância deles. - Fica aí - ele diz. - Temos uma surpresa para você.

Haymitch segura Deyse pela cintura por alguns segundos e em seguida olha para mim.

– Vai para a mamãe, Dayse - murmura Haymitch, largando-a. Imediatamente, ela põe força nas suas perninhas curtas e abre os braços, andando e quase cambaleando em minha direção. Sinto meu nariz formigar e então minha visão fica um pouco embaçada. É quando percebo meus olhos úmidos quando a seguro em meus braços, boquiaberta.

Começo a brincar com ela em meus braços, girando-a no ar, e Haymitch vem até nós, sorrindo.

– Gostou da surpresa? - ele indaga.

– Você ainda pergunta? É claro que eu gostei!

Ele se adianta até mim e passa uma mão pela minha cintura, beijando-me de leve.

Nos afastamos a tempo de ver Deyse dar um beijo no ar e rimos juntos. Ela fica um pouco tímida e esconde o rosto no meu ombro, mas ainda continuamos rindo.

Minha vida virou de cabeça para baixo desde o momento em que decidi embarcar naquele trem para o Distrito 12. Mas virou da melhor forma possível, deixando-me sem ao menos querer saber como seria se eu não tivesse feito essa escolha. Ninguém pode viver apenas de sonhos ou lembranças.

Haymitch não é mais só uma lembrança.

Ele foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

FIM


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Notas finais do capítulo

Entããããããããão seus lindos, eu achei que o final precisava focar apenas neles mesmo (porque eu tava pensando em colocar Katniss e Peeta e tal), mas eu quis enfocar em detalhes simples que fazem a diferença...

Nicolarie, nem deu pra ser Joaquim, poxa :( eu só pensava em colocar uma menina quando eu escrevi esse capítulo, aí saiu a Dayse linda e fofa e socorro eu quero apertar essa criança!

Pois é, gente... deixem aqui o último comentário de vocês nessa fic (ai que drama, Lovett!) e me deixem feliz, muito feliz, felizona xD

Até a próxima, amores!