The Walking Dead - Rio de Janeiro escrita por HershelGreene


Capítulo 5
Capítulo Cinco - Parede de Pedra




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Albert Housen era o mais novo general do exército brasileiro. Com seus quarenta e cinco anos, Albert era um importante figura dentro do quartel. Foi por este motivo que o governo nomeara-o como chefe de segurança do estado. Seu dever era monitorar todas as possíveis saídas da cidade do Rio de Janeiro, que estava sendo mantida em quarentena por causa de um raro vírus que se espalhava rapidamente. Albert nunca havia ouvido falar de mortos que andam e comem gente viva.

Mesmo assim, eles e seus novos homens organizaram uma barricada na ponte para impedir a passagem dos carros. Isso causou um enorme congestionamento e uma furiosa multidão que berrava insultos duvidosos.

...

A Ponte Rio-Niterói estava em uma situação caótica. Milhares de carros jaziam esparramados pelas ruas e seus motoristas gritavam para uma parede de concreto construída na chegada à Niterói. Um vento gelado vindo do oceano balançava levemente e inspirava certo medo nas crianças, que choravam pedindo socorro.

– Isso será um grande problema – disse Gabriel – Não há como passar!

Silas aumentou a velocidade do ônibus.

– Temos que tentar! – minha voz soou fraca.

Silas continuou pisando no acelerador. Gabriel gritou e tentou puxar o volante de suas mãos cheias de calos. O ônibus deu uma guinada para a direita e enfiou o capô na mureta de proteção. O diretor abriu as portas e seguiu correndo para a crescente multidão parada junto à muralha. Segurei Gabriel pelos braços e levantei seu rosto, ele havia batido com a cabeça e quebrado o nariz. Sangue escuro jorrava da narina esquerda.

– Quem ele acha que é – disse ele com a voz pastosa.

Tirei o cobertor do banco e ajudei a colocá-lo no nariz para estancar o sangue. Nós dois descemos do ônibus seguidos por mais alguns alunos. Bernardo havia acordado e desceu as esdadas atrás do irmão.

– O que está acontecendo? – perguntou ele – Porque não vamos para casa? Cadê a mamãe e o papai?

Gabriel olhou para minha cara procurando ajuda. Olhei para Bernardo.

– Estamos só esperando o moço deixar a gente passar! – menti – Seus pais foram visitar suas tias e pediram para nós cuidarmos de você!

Ele sorriu esperançoso. Senti-me mal por mentir.

Pessoas se aglomeravam abaixo da grande parede de pedras. Um oficial do exército falava alguma coisa para multidão, mas era quase impossível escutá-lo de longe. Seu rosto passava tranquilidade, mas seus olhos eram azuis e gelados. Ele tentou falar mais duas vezes e, sem sucesso, atirou para cima. Houve silêncio absoluto.

– Senhoras e Senhores – disse o militar – Peço que me escutem com atenção! O governo brasileiro pediu que os senhores mantivessem a calma e esperassem por socorro.

– Socorro uma ova! – berrou um gordo – Derrube esta barricada e deixe-nos passar!

O militar sorriu friamente.

– Senhor, recebemos ordens para manter os portões fechados até que a missão Resgate Alfa seja cumprida. Infelizmente não poderemos deixar ninguém passar.

– Vai-te catar! – berrou outro homem, com aspecto de bêbado.

Uma mulher avançou na multidão.

– O que seria esta maldita missão Resgate Alfa? – gritou – Porque ela seria mais importante que nós?

– Isso é informação sigilosa – respondeu o militar – Não posso respondê-la.

Outra mulher avançou. Reparei que em seu braço havia uma feia mordida de mordedor, Ela não tinha muito tempo de vida.

– E quem foi mordido? – perguntou ela, histérica – Onde está o posto para vacinação?

O sorriso do homem se desmanchou em segundos.

– Aqui está a sua vacina! – ele puxou a arma do cinto e disparou um tiro certeiro contra a mulher. Houve um baque surdo de corpo no asfalto.

A multidão investiu contra a muralha. Homens e mulheres batiam inutilmente contra as pedras sem causar efeito algum. O militar deu um risinho malicioso.

– Esta barreira tem três metros de largura – comentou – É impossível quebrá-la.

O silêncio se abateu sobre a ponte. Até o mar parou de bater contra a praia. O militar puxou um comunicador do bolso e murmurou algumas palavras. Depois prendeu-o de volta e se virou para todos:

– Eu realmente sinto muito – disse – O governo instalou bombas em pontos estratégicos da ponte para evitar esta confusão. Eu realmente sinto muito. Não há nada que eu possa fazer. Creio que vocês tem um pouco mais de dois minutos.

As palavras penetraram como um raio acelerando todas as moléculas do corpo. Olhei para Gabriel e ele entendeu o recado. Corre! Ele agarrou Bernardo e disparou na frente, enquanto a multidão ainda processava o que havia acabado de ouvir.

Houve apenas um segundo, e o caos reinou sobre a ponte. Pessoas se espalharam pelo labirinto de carros engavetados como formigas. Mulheres e homens subiam pelos veículos tentando conseguir uma dianteira na corrida. Gabriel, Bernardo e Eu estávamos na frente seguidos por vários alunos que haviam prestado atenção no homem. Como isso era possível. O governo nos manda brincar de pega-pega com os mortos e agora quer nos explodir em pedaços.

O barulho da explosão foi ouvido a quilômetros de distância. Primeiro veio a luz, um clarão intenso seguido de um ruído ensurdecedor. A Ponte Rio-Niterói rachou ao meio e começou a afundar lentamente da na baía. Pedaços de concretos do tamanho de casas despencaram junto com dezenas de carros. Metade das pessoas não conseguiram completar o trajeto e despencaram no enorme abismo que se formou entre o Rio de Janeiro e Niterói. Pude ver de longe o sorriso malicioso do militar, antes dele se virar e desaparecer por trás da parede.

Silas era um dos sobreviventes e reunia os alunos perto de si. Eu e Gabriel seguimos até ele junto com um Bernardo em estado de choque.

– Governo Desgraçado! – berrou Gabriel – Nos deixou para morrer duas vezes!

Não consegui responde-lo. Meu peito arfava demais.

– Vamos ter que sair daqui – disse Silas – O barulho com certeza atrairá os mortos. Vamos!

O grupo que segui Silas era formado por poucos alunos. Além de mim, Gabriel e Bernardo havia Junior, Clara, Júlia Pedro, Amanda e outros três que eu não sabia o nome. Metade dos sobreviventes da escola não havia chegado a tempo e despencara junto com a ponte. Aquele jogo de xadrez estava ficando sinistro demais.


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Notas finais do capítulo

Os personagens citados no fim do capítulo serão explorados no próximo



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