The Walking Dead - Rio de Janeiro escrita por HershelGreene


Capítulo 16
Capítulo Dezesseis - Herói Inflamado




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Os olimpianos logo se mostraram serem anfitriões cruéis e malignos. Logo após um tour rápido pelo prédio, fomos amarrados e colocados em uma sala de cinema que era usada de cadeia pelo grupo. Os dias que se seguiram foram se tornando piores e sombrios. Toda manhã, um capanga de Zeus depositava um copo d’água no chão e voltava à noite com outro. Era a única alimentação doada pelos olimpianos. Esfomeados, passávamos as tardes seguintes bolando planos para fugir do lugar sem chamar atenção.

Nossas únicas companhias eram os outros prisioneiros, Juliana, David e Oliver. Ela era secretária e nos distraia contando histórias sobre suas confusões. Seu marido, Oliver, era marinheiro do exército e estava na missão Resgate Alfa antes de ela ser cancelada. Seu melhor amigo e companheiro, David, era profissional em armas e havia sido colocado como tenente chefe da cidade após o início da quarentena. Ele contava que seus homens perceberam o perigo da situação e se uniram ao grupo de Zeus. Oliver e ele, corajosos e leais, foram contra o cancelamento da missão e se revoltaram contra os olimpianos. O resultado era aquele, todos presos em uma sala de cinema.

A segurança do shopping era feita da mesma maneira todos os dias. Após o nascer do Sol, o pessoal da manhã substituía o turno da noite na proteção das portas. Nossa única opção era pular pelas janelas. Infelizmente, as lojas com vistas para a rua estavam ocupadas pelos Olimpianos. Nossa chance era esperar o homem da água trazer o copo de noite, neutralizá-lo e passar em silêncio pelos corredores sem sermos vistos pelas patrulhas. Depois, chegaríamos a uma das lojas mais próximas e pularíamos as janelas sem acordar os outros.

O plano parecia perfeito e seria executado no próximo dia, no meio da noite. Infelizmente, outra coisa varreu as nossas esperanças de sair dali. Durante o anoitecer do quinto dia, Zeus pediu para que seus capangas nos levassem até seu escritório. Aquilo provocou um ataque nervoso em Clara. Provavelmente ele havia tomado uma decisão.

O escritório de Zeus se localizava em uma loja no andar térreo do shopping. Logo acima das vitrines via-se o letreiro amarelo “Saraiva” nos convidando para entrar. Dentro da loja, era possível avistar algumas estantes empurradas para o lado e uma mesa luxuosa, onde Zeus nos esperava sorrindo.

– Bem vindos ao meu escritório presidencial – disse Zeus – Creio que vocês já o conheçam por Saraiva, não é mesmo?!

Clara balançou a cabeça em silêncio e Zeus deu outro sorriso. Em seguida, desviou o olhar da menina e encarou os capangas.

– Oceano, Crio, Prometeu e Eos – disse Zeus se dirigindo a cada um – Seus serviços não são mais necessários. Obrigado!

Os homens formaram uma reverência silenciosa e saíram da sala. Zeus deu um suspiro longo e voltou para o seu lugar. Assim que se sentou, seu sorriso frio parecia prever as calamidades propostas para cada um deles.

– Meus queridos amigos! – começou – É uma lástima ter que por um fim nos doces sorrisos infantis que me apresentam! Infelizmente, o crime cometido por vocês não pode ser deixado impune. Todos vocês terão que pagar. Para começar, um de vocês terá que enfrentar o meu guerreiro em uma luta mortal e sem regras. Quem perder morre!

Clara se afastou da mesa. Lágrimas silenciosas escorriam pelo rosto machucado.

– A pergunta que não quer calar é – sorriu Zeus de um jeito infantil – Qual de vocês será o escolhido?!

Ninguém respondeu. Eu estava com medo de mais para falar.

– Que tal você, minha jovem – falou ele apontando para Clara – Você parece ser mais corajosa que os outros!

Bruno se mexeu no mesmo instante. Passou a mão pela cintura de Clara e a colocou por trás dele e de mim. Seus olhos faiscavam de ódio.

– Eu vou! – disse ele.

Clara olhou horrorizada para Bruno e abriu a boca para falar.

– Ótimo! – sorriu Zeus – Está fechado! Você e o meu guerreiro irão se enfrentar na praça de atrações!

Bruno assentiu com a cabeça.

– Quando? – perguntou Gabriel – Precisam dar um tempo para que ele...

– A humanidade não tem mais tempo! – respondeu Zeus – Nesta Nova Ordem, tudo é agora!

Bruno tentou argumentar, mas foi impedido pelos brutamontes de Zeus que o arrastaram para longe do escritório.

Logo depois que a porta bateu Zeus se virou para mim.

– Creio que vocês irão querer assistir a esse espetáculo, não? – sorriu ele – Meu herói Perseu vai ter uma bela vitória!

Clara me empurrou para o lado e encarou as feições duras de Zeus.

– Se Bruno não voltar vivo disso – disse ela com raiva – Eu te mato!

Zeus deu um sorriso feliz.

– Eu vou estar ansioso por esse encontro! –disse ele animado.

A praça de atrações havia se transformado em um completo ginásio de luta. No meio, uma estrutura de ferro quadrado simbolizava o palco onde aconteceria o show. Ao redor dele, arquibancadas gemiam com o peso de cem brutamontes idiotas gritando. Alguns uivavam e xingavam os lutadores, outros discutiam em voz alta sobre política e outros faziam apostas aos berros.

– Idiotas fortões – disse Zeus enquanto caminhávamos em direção à uma arquibancada especial – São ótimos em força bruta, porém em inteligência...

Ele nos conduziu para uma fileira de bancos no alto e sumiu entre a multidão de selvagens. Clara se sentou inquieta e começou a mordiscar as unhas. Gabriel tentou lhe acalmar, mas foi impedido por uma voz amplificada vinda do centro do palco. Zeus havia pego um microfone e agora se dirigia à plateia.

– Boa Noite, senhoras e senhores! – disse ele numa imitação perfeita de narrador – Como vocês já sabem, estamos aqui para presenciar o futuro da nossa sociedade! Infelizmente, nosso irmão Morfeu faleceu recentemente e o culpado ainda não levou o que merecia!

A multidão urrou em resposta.

– Sim, eu sei – sorriu Zeus – O mundo em que vivemos não permite infratores! Felizmente, assistiremos a seguir o cumprimento da lei!

Alguns capangas sorriram abobados.

– Deste lado – disse Zeus apontando – Temos o campeão dos Olimpianos! Aquele que honrará Morfeu e cumprirá com suas obrigações! Com vocês, Perseu!

A multidão veio abaixo quando o guerreiro gigante entrou no palco. Seu rosto estava encapuzado, mas já era possível ver sua força nos músculos que marcavam a camisa.

– Deste outro lado – continuou ele – Temos o infrator da lei! Aquele que assassinou Morfeu sem piedade! Bruno!

As quatro arquibancadas uivaram juntas quando Bruno entrou na praça. Juntos, levantamos as mãos para que ele pudesse nos ver de longe. Bruno nos encontrou com o olhar e levantou o polegar, estava bem!

– Muito bem, competidores! – sorriu Zeus – Comecem, agora!

O primeiro soco de Perseu atingiu Bruno no queixo e ele caiu para trás. Desesperada, Clara começou a gritar conselhos para ele que iam de “soque mais forte” para “puxe a orelha”. Os minutos seguintes se tornaram piores. Perseu aplicou mais dois golpes certeiros e expulsou todo o ar dos pulmões de Bruno. Em seguida, cotovelou o nariz do menino, quebrando-o na hora.

– Isso é ilegal! – gritou Clara para Zeus – Pare a luta!

– Você ouviu Zeus, é uma luta sem regras! – disse Gabriel – Não há como parar!

Bruno desviou do terceiro golpe de Perseu e correu para uma das arquibancadas. Em seguida, arrancou uma barra de ferro e tentou arremessá-la em Perseu. Ele desviou com facilidade e a barra se prendeu entre as ferragens do palco. Bruno deu um sorriso confiante e saltou sobre Perseu, correndo em zigue-zague para a barra. Perseu deu um grito de raiva e disparou atrás dele. No último instante, Bruno desviou de direção rápido demais para Perseu acompanhá-lo e o herói grego acabou caindo de cara na barra de ferro, morrendo instantaneamente.

Zeus olhou incrédulo para seu guerreiro derrotado. Em seguida, deu um sorriso falso para o vencedor e acenou com a cabeça para dois de seus capangas estrategicamente posicionados. Um deles segurava uma tocha nas mãos e outro carregava uma garrafa escura.

– Muito bem, meu jovem! – sorriu Zeus com azedume – Você venceu com sabedoria e inteligência! Agora receba seu prêmio.

No mesmo instante, um dos capangas virou a garrafa e despejou o líquido fedido sobre o corpo de Bruno. Logo depois, o outro abaixou a tocha e incendiou a gasolina.

– Arda no inferno! – sorriu Zeus para as chamas que se espalhavam pelo corpo do herói.


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Notas finais do capítulo

RIP Bruno

Menos um!!!! O_O



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