The Walking Dead - Rio de Janeiro escrita por HershelGreene
Notas iniciais do capítulo
Finalmente terminou esta pausa que a história deu!!! Uhuuuuu!!!
Espero que Gostem!!!
Acordei na manhã seguinte, dentro de um Cherokee abandonado em São Christovão. Do lado de fora do carro, o céu já havia se colorido de azul frio como se estivesse entre a noite e o amanhecer. Tudo estava silencioso, exceto pelo som da respiração cortante de Gabriel e Clara. Os dois haviam se encolhido no banco de trás e se enrolado em cobertores puídos. Ontem de manhã, eu e os outros havíamos saído do hotel em uma busca rigorosa por suprimentos. As dispensas já estavam vazias e os frigobares só duraram por uma semana. Júlia se desesperou e ordenou uma repentina missão de busca. Os outros e ela permaneceram no hotel cuidando da segurança e se alimentando, por enquanto, dos cocos próximos à praia. Bruno estava fazendo seu turno do lado de fora. Sentado no capô frio, ele desfrutava da brisa cortante que balançava as árvores próximas. Abri a porta com cuidado para não acordar os outros e me sentei ao seu lado. Seus olhos estavam fechados e ele sorria ao sentir o vento despentear os cabelos:
– Isso é muito estranho, não é? – perguntou ele de repente.
Fitei seu rosto com dúvida:
– O quê?
– Mesmo que o mundo tenha acabado – sorriu ele – ainda sobra algo bom para sentir.
Revirei os olhos. Pessoas filosóficas não eram o meu forte.
– Está falando do vento? – perguntei.
Ele sorriu de novo e encarou o asfalto. - Não só o vento – disse ele – As árvores, os animais, o Sol. Estes poucos elementos tão insignificantes mostram, no fundo, que o mundo não é apenas morte e tripas. É algo bom.
Bruno parecia muito mais velho depois daquela frase. Pelo que tudo indicava, a morte de Patrick amadureceu o irmão de uma forma um pouco dramática. Como se ele estivesse sempre em seu último dia de vida.
– Não tenho certeza se o que o mundo é hoje em dia pode ser considerado algo bom – falei.
Houve uma movimentação no interior do carro e as duas portas traseiras se abriram. Juntos, Gabriel e Clara se acomodaram ao lado do capô com o rosto ainda zonzo de sono.
– Aonde vamos hoje? – perguntou Gabriel, massageando o pescoço.
Bruno deu de ombros. - Ainda temos muitas casas por aqui – respondi gesticulando em volta – Podemos dar mais uma olhada antes de sairmos.
Clara ofereceu uma barrinha de cereais.
– Acho que já olhamos o suficiente – respondeu Bruno, pensativo – Não tem mais nada aqui.
Alguns mordedores saíram de uma loja no fim da rua e avançaram lentamente para o carro. Possivelmente, o cheiro do grupo estava convocando os mortos por todo o bairro. Já era possível ouvir o som de outros mordedores avançando em bando.
– Temos que ir! – observou Clara – Agora!
Bruno entrou no carro e girou a chave. O motor rugiu sobre meus pés.
– Aonde vamos?! – perguntou, em pânico.
Gabriel bateu a porta traseira.
– Vila Isabel – respondeu, olhando a multidão que começava a ser formar – Há um condomínio de luxo perto do shopping. Podemos explorar o lugar e passar a noite ali.
Bruno concordou com a cabeça e tentou tirar o carro.
Infelizmente, os mordedores haviam chegado primeiro e se amontoavam ao redor do carro, impedindo a passagem. Ele soltou um palavrão bem alto e olhou desesperado para mim. Devolvi o olhar de pânico sem saber o que fazer. Os vidros não iam durar muito tempo.
– O que vamos fazer?! – gritou a voz de Clara.
O vidro dos fundos estourou e uma chuva de cacos jorrou sobre Gabriel e Clara. Dezenas de mãos forçaram a abertura tentando inutilmente agarrar um dos dois. Bruno pisou outra vez no pedal e o carro avançou um pouco.
– Temos que tentar! – falei para ele.
Ele me encarou com seriedade.
– Não dá para passar – disse – Nossa única opção e abandonar o carro! Houve um grito abafado no banco traseiro.
– Temos três segundos de vantagem – gritei para os outros – Abram a porta da esquerda e corram o mais rápido que puder!
Três segundos de silêncio se abateram. Depois houve a correria. Disparei como um foguete pela multidão sentindo o hálito podre arrepiar a nuca. Clara gritou em algum ponto distinto. Não dava para salvar ninguém naquele momento. Felizmente, Bruno se mantinha a minha direita e corríamos na mesma direção. Meu único pensamento naquele momento era correr para longe.
– Entra na casa branca! – gritou Bruno apontando para o fim da rua – Aquela com grades!
Aumentei a adrenalina e saltei sobre as barras pontiagudas. Bruno seguiu o meu exemplo e juntos, caímos estatelados no chão junto à porta de entrada. Os mordedores que nos seguiam formaram uma aglomeração ao redor da casa. Infelizmente, as grades estavam enferrujadas e começaram a envergar.
– Filhos da Mãe! – xingou Bruno – Vão para o inferno seus sacos de bosta ambulante!
“Sacos de bosta ambulante” ele só podia estar de sacanagem. As barras de ferro se desprenderam e a multidão avançou pela mureta. Puxei a pistola do cinto e disparei um tiro certeiro contra um dos mordedores, fazendo voar sangue e cérebro pelas paredes. Bruno também apontou seu revólver para a multidão e fez voar mais miolos pelo ar.
– Temos que correr! – gritou ele, disparando mais vezes – Não tenho munição para isso tudo!
Acenei em concordância e voltei a correr, disparando por uma passagem estreita ao lado da casa. Bruno ofegava atrás de mim e de vez em quando, parava para explodir o mordedor mais próximo. Felizmente, o quintal dos fundos ficava na frente de um matagal extenso e verde. Bruno parou derrapando ao meu lado e disparou mais duas vezes contra os mordedores. - Não temos outra saída! – disse ele em pânico
– Vamos ter que entrar no mato! Não havia outro jeito.
A multidão avançava pela passagem e chegaria ao quintal em pouco tempo. Disparei uma última vez contra eles e entrei no matagal. A visibilidade era ruim e me impedia de ver onde estava indo. Alguns galhos se agarravam nas minhas roupas e arranhavam fundo meu rosto. Bruno não estava há vista, mas sua respiração era audível em algum ponto mais ao Sul. Os gemidos estavam fracos, como se a multidão estivesse a quilômetros de distância. Parei por um momento e me recostei em um tronco nodoso. Gostaria de saber o que havia acontecido com Gabriel e Clara. Os dois não podiam estar mortos. Tinham família. Tinham alguém que se importasse por eles. Possivelmente, conseguiram sair do carro ilesos e se refugiaram em alguma casa próxima. Tinha que ser verdade. Os dois não podiam estar...
– Acho que os despistamos! – disse Bruno chegando à clareira – Não ouço nada!
Sua respiração estava fraca e ofegante. Seu rosto estava todo arranhado e seu lábio superior estava cortado. Percebi que eu não estava muito diferente pelo olhar dele.
– Onde será que os outros... – começou Bruno.
O resto da frase se perdeu. Alguma coisa havia se mexido do outro lado. Alguém estava nos observando. Repentinamente, uma voz fria e sombria soou em algum ponto no Norte:
– Entreguem as armas agora ou eu atiro! – gritou a voz – Temos dez armas apontadas para cada um e não temos remorso de matar crianças!
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Gostaram do episódio 16?!?!