I Am Watching You escrita por laah-way


Capítulo 7
Polícia? O quê?




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Acordei cedo e fui ver o e-mail de Henry.

Iwy.ch:

Vou te ver amanhã?

Amanhã? Não entendi. Ah, ele tinha mandado o e-mail ontem à noite.

Mandy-06:

Não dá, tenho que pagar umas contas, não vai dar tempo.

Iwy.ch:

Ok, então.

Será possível que ele ficava 24h na frente de um computador? Sempre que eu mandava um e-mail, a resposta vinha instantaneamente. Tanto faz. Eu só queria tomar um banho e tinha que ir para o trabalho.

-x-

De volta pra casa, finalmente. O dia foi chato, o almoço foi chato, o trabalho foi chato. Não vi Henry. Mas que droga de dia. Mal tinha chegado em casa, quando a campainha tocou. Seria Mark de novo? Olhei pelo olho mágico. Polícia? O quê? Abri a porta, confusa.

- Amanda Carter?

- Sim? – Pisquei, sem entender.

- Se incomoda se entrarmos?

Sim, eu me incomodava. Mas era a polícia, o que eu podia fazer?

- Não.

Abri a porta e uns quatro homens entraram mexendo nas minhas coisas.

- Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui?

O que tinha falado da primeira vez, um moreno alto, disse:

- Desculpe. Eu sou o chefe de polícia Taylor Moore. Reconhece esse homem? – Disse isso e colocou uma foto na minha frente. Claro que conhecia. Era Mark.

- Sim. – continuava sem entender nada. O senhor Moore continuou olhando para mim, como se esperasse uma continuação. Suspirei. – Ele é meu... ex-namorado.

- Bom, seu “ex-namorado” – sim, ele fez as aspas com a mão. – Foi encontrado morto ontem à noite.

Fiquei estática. Emudeci. Empalideci. Tremi.

- O.. O quê?

- Assassinado. - Ele falava friamente, como se dissesse que o dia estava bonito. Quando percebeu que eu não estava bem, finalmente resolveu se preocupar - A senhora está bem?

Tive que me segurar em algum lugar para não cair. Mark? Assassinado? Não, não, me recusava a aceitar. Sentei-me no sofá, e pus a mão no peito. Porque doía... tanto? Ok, eu estava chorando. Droga. O senhor Moore sentou ao meu lado.

- A senhora é nossa principal suspeita.

Olhei para ele, indignada. Ele não via o quanto eu estava sofrendo? Eu tinha acabado de saber que meu ex-namorado tinha sido assassinado, droga! Como eu poderia tê-lo matado?

- Como é?

- Sabemos que ele veio aqui ontem à noite. Sabemos que vocês discutiram. Uma hora depois, ele foi assassinado. O que quer que pensemos?

- Não... – Fechei os olhos, não parava de chorar. – Quero dizer... não. Como... Eu não poderia... Eu... Meu Deus!

- O que aconteceu ontem à noite?

- Ele veio aqui.. – Minha voz falhava – Queria que reatássemos, eu disse que não... ele foi embora transtornado e eu fui dormir, apenas.

- A senhora não saiu com ele?

- Não.

- Não foi atrás dele em nenhum momento?

- Não, pode perguntar ao porteiro, ele saiu sozinho.

- Alguém além do porteiro, pode comprovar que você ficou em casa?

- O senhor Miller. Ele estava passando no exato momento que Mark saiu e eu fechei a porta. – Estava quase recomposta agora, esqueci de chorar por Mark, tinha que provar minha inocência.

- Ok. Por quanto tempo vocês namoraram?

- Oito meses.

- Nesse meio tempo, sabe de alguém que gostaria de fazer algum mal a ele? Algum inimigo... - Ele falava e ia anotando em um bloco.

- Não. Mark era muito esquentado, às vezes. Mas não sabia de ninguém capaz de fazer isso.

- Como assim “muito esquentado”?

- Ah... De arrumar brigas no trânsito, de partir para cima de qualquer pessoa que olhasse pra mim, essas coisas.

- Entendo. A senhora está.. saindo com alguém?

- Não. Quer dizer, sim. – Apertei os olhos, tentando me concentrar. – Não.

O senhor Moore levantou as sobrancelhas como se esperasse uma explicação.

- Eu tenho um.. amigo. Fomos almoçar juntos duas vezes, mas só. Nada aconteceu, e não quer dizer nada, certo?

- Mark sabia da existência desse “amigo”?

- Bom, ele saiu daqui transtornado porque jurava que eu tinha outra pessoa, por mais que eu negasse. Então saiu dizendo que ia encontrá-lo e...

- Isso muda tudo. Alguma chance de Mark ter encontrado esse seu amigo?

- Não. Ninguém sabe dele. Quer dizer, minha amiga sabe, mas duvido que...

- Qual o nome dela?

- Natalie Parker.

- Supondo que Mark saiu daqui ontem a noite, foi à casa de Natalie, que acabou contando sobre a existência desse... qual o nome dele?

- Henry Adams.

- Sobre a existência de Henry. Mark foi ao encontro dele, brigaram e Henry o matou.

- Nenhuma possibilidade. – Minha resposta foi quase instantânea.

- Tem certeza?

- Claro. Henry nem ao menos sabia sobre Mark. E ele é só meu amigo, além de não ter motivos pra matar ninguém, ele não seria capaz.

O policial suspirou. Olhei em volta pela primeira vez, os outros tinham parado de mexer nas minhas coisas, graças à Deus. Eles não precisavam de um mandado? Ok, deixa pra lá.

- Ok, obrigada pelas informações senhora Carter, desculpe pelo incômodo. Entraremos em contato assim que soubermos de alguma coisa.

Quando ele virou de costas, e depois de muito tempo de relutância, sem saber se queria ou não, resolvi perguntar:

- Senhor Moore?

- Sim.

- Como ele foi... você sabe, assassinado?

- Facadas. Não muito longe daqui.

Afundei o rosto nas mãos.

- Obrigada.

- Achamos que, ou a pessoa que o matou tem experiência, ou contrataram alguém. Porque o assassino foi completamente profissional, não deixou nenhum rastro.

Não respondi, e ele se retirou. A única coisa que eu tinha certeza era que nas últimas semanas, meu mundo tinha virado de cabeça pra baixo.

-x-

Fui para a privacidade do meu quarto. Embora morasse sozinha, me sentia melhor lá. Chorei até ficar com os olhos inchados, quando recebi um e-mail.

Iwy.ch:

Oi. Tudo bem?

Bem conveniente essa pergunta agora. Mas tudo bem, vamos lá.

Mandy-06:

Não.

Iwy.ch:

O que houve?

Mandy-06:

A polícia esteve aqui. Meu – passei um tempo para escolher a palavra apropriada – amigo foi assassinado.

Iwy.ch:

Oh, Amanda, sinto muito. Quer sair?

Ok, ele estava fazendo pouco caso da minha perda ou o quê? Estou sofrendo e ele me chama pra sair?

Iwy.ch:

Assim, você precisa de um ombro amigo pra chorar, você sabe.

Ah tá. Ele se explicou. Que fofo. Eu não iria em circunstâncias normais. Mas...

Mandy-06:

Sim. Onde?

Iwy.ch:

Você escolhe.

Mandy-06:

Tem uma praça um pouco perto daqui.  Na Times Square, sabe qual é?

Iwy.ch:

Sei sim. Estou indo pra lá.

-x-

Ele já estava lá. Assim que me viu, abriu os braços e não pensei duas vezes. O abracei, passando os braços em volta de seu pescoço e chorei. Chorei muito. Ele fazia carinho na minha cabeça, pacientemente. Quando finalmente me recompus, soltei ele e disse:

- Sinto muito..

- Não, tá tudo bem. – Ele colocou a mão em meu rosto e sorriu.

Coloquei as mãos dentro do bolsos do casaco e sentamos num banco perto dali.

- Eu sei como é perder alguém, é muito ruim mesmo.

- O pior é que sinto como se fosse minha culpa.

Ele me olhou, sem entender, mas não perguntou:

- Não é sua culpa.

- Antes de ele ser... assassinado, ele estava na minha casa, pedindo uma coisa. Talvez se eu tivesse dito sim, hoje ele não estaria...

- Teria acontecido do mesmo jeito. – Ele estava muito sério, levemente irritado.

- Eu...

- Pare de se culpar, Mandy. – Ele ficou calmo outra vez, e me chamou pelo apelido. Sim, ele já tinha me chamado de “Mandy” por e-mail, mas pela primeira vez ele tinha verbalizado isso e soou tão... fofo.

Abaixei a cabeça. A próxima coisa que eu senti foi a mão dele levantando meu queixo e seus lábios tocando os meus.


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Notas finais do capítulo

Gente! Demorei, não foi? A culpa não foi minha, o capítulo já tava pronto aqui, é que não tive tempo pra entrar nesse fim de semana, e quando entrava, não conseguia entrar no nyah! :/ E ainda com o problema das reviews, maas, espero que tenham gostado e MUITO obrigada MESMO a todos que leram e comentaram, mas acho que a partir desse capítulo vai tudo se normalizar. Beijinhos!