I Am Watching You escrita por laah-way


Capítulo 6
Você pertence à mim




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/47066/chapter/6

O final de semana passou devagar. Vi minha família, matei um pouco a saudade, alguns amigos, foi bom. Mas minha mente não estava lá. Nem quando meus pais deram aquele discurso que já sei decorado para que eu voltasse para casa, não prestei atenção. Mas, foi excepcionalmente bom rever minha família. Sempre que podia, olhava meu e-mail, mas nunca tinha nada demais, apenas recados como “Está tudo bem por aí?”.

Encontrei Henry na segunda, como planejado. Não pude evitar o sorriso gigantesco que se abriu em meu rosto ao vê-lo. Ele também parecia estar muito feliz. A primeira coisa que ele me disse foi “Senti sua falta”, o que me fez perder o ar.

Tivemos um almoço relativamente normal, ele perguntou como foi o final de semana, e conversamos sobre mim. Toda vez que o assunto caía nele, ele mudava de assunto, e eu comecei a achar estranho. Meu horário de almoço já estava terminando, e percebi que ele apenas sabia mais coisas sobre mim, e eu permanecia sem saber nada sobre ele. Estava meio chateada, não por causa disso. Mas porque ele era tão perfeito, eu adorava estar com ele e... só podia vê-lo duas horas por dia, e tinha certeza que dentro de alguns dias, ele falaria a mesma coisa que meu ex-namorado disse. Estava sem tempo pra ele, que ele adorava estar comigo, mas restringir esse tempo a meus horários de almoço, não dava. Até que uma pergunta tirou-me de meus pensamentos:

- O que está te deixando preocupada?

Então, ele percebia muito bem as coisas. Resolvi ser sincera. Suspirei. Mudei de idéia. Era muito cedo -era nosso segundo encontro ainda- pra dizer que não queria que acabasse.

-Nada, está tudo bem. – Sorri.

-Se você está dizendo...

Eu não o tinha convencido, tinha certeza. Resolvi parar de pensar nisso, e fingir está tudo bem até o final do almoço, e até que consegui. Mas em menos de dez minutos, tinha que ir embora. Tentei dar uma olhada discreta para o celular, pra ver a hora. Mas ele percebeu, e eu mordi o lábio.

- Hora de ir, certo?

- Henry, eu sinto muito...

- Era isso que estava te preocupando mais cedo?

Suspirei, assentindo com a cabeça.

- Olha, desde o primeiro dia que resolvi sair com você, sabia que sua vida era assim. Você é assim, Amanda. Não vou te mudar nem cobrar mais tempo. Não se preocupe, eu entendo perfeitamente. Lógico que seria perfeito passar mais tempo com você, mas é o seu trabalho, não se preocupe mesmo.

Como alguém conseguia ser tão perfeito?

-Obrigada. – Sorria de orelha à orelha.

Ele se levantou, e eu também.

- Por nada. – E me deu um beijo no rosto. Não do tipo “amigos”, mas daquele tipo que fica um clima, aquele que causa duas coisas: 1 – vontade de dar um beijo de verdade. 2 – constrangimento. O encarei e sabia que estava vermelha como um tomate. Sorri, e fui embora.

Eu não podia estar apaixonada por ele.

-x-

Mal tinha chegado em casa, quando a campainha tocou. Pensei que eram outras contas – falando nelas, tinha esquecido de pagar a anterior, nota mental de pagá-la no outro dia – mas quão foi minha surpresa ao ver, Mark, meu ex-namorado do outro lado da porta.

- Mark? – Falei, confusa e surpresa.

- Amanda, quero conversar com você.

- Hum... Claro. – Abri a porta totalmente e o deixei entrar. – Pode sentar. Quer beber alguma coisa?

- Não, obrigado. Prefiro ser direto. – Ele disse e sentou no sofá.

Uma característica de Mark era essa. Ele sempre era direto, sem rodeios. Ele era tão diferente de Henry. Ele era mais esquentado, um pouco estressado, se é que posso dizer assim. Era um amor, claro, apenas “não pise no calo dele”, como dizem. Ele era forte, musculoso, cabelo curto e ruivo, olhos claros. E eu não sabia porque estava comparando Mark à Henry.

- Pode falar então. - Sentei de frente para ele, séria, esperando.

- Mandy... Esses últimos dias têm sido terríveis para mim. – E aí ficou claro. Ele queria reatar. – Só serviram pra me fazer perceber que não consigo ficar sem você. Eu sinto sua falta, demais. Eu fui um idiota, completamente retardado em acabar tudo e...

- Mas já está feito. – Interrompi – Não vamos voltar Mark, sinto muito, acabou.

- Por quê? – Ele parecia profundamente magoado.

- Por que... Por que eu já segui em frente, Mark, porque foi doloroso pra mim também, mas eu superei. E cabe a você superar também. Não adianta voltar atrás.

Ele se levantou e começou a andar pela sala, como se tivesse recebido uma notícia terrível.

- Você já tem outra pessoa? Amanda, não faz nem uma semana que terminamos! - Ele estava indignado, e gritava.

- Não! Pelo amor de Deus, Mark, não tem ninguém. – Eu o encarei, séria. Sem perceber, estava gritando também.

- Quem é ele?

- Mark, para com isso! – Pus as duas mãos na cabeça, é, o cara estava completamente louco. – Já disse que não tem ninguém.

Em parte era verdade. Eu poderia estar saindo com uma pessoa, e ter um sentimento diferente em relação à ela, mas tecnicamente, eu não estava com ele, se é que pode me entender. Ele chegou perto de mim e me segurou com as duas mãos, bem forte.

- Você pertence a mim, Amanda, e a mais ninguém.

- Para com isso Mark, você tá me machucando.

Ele tentou me beijar. O empurrei com toda a minha força. Ele era muito forte, sabia que não ia causar efeito nenhum, mas por livre e espontânea vontade, ele me soltou e se afastou. Fui direto para a porta e a abri totalmente.

- Mark, pela última vez. Eu não sou de sua propriedade – falava bem devagar, ofegando. -, eu não estou saindo com ninguém, e nós não vamos reatar. Agora, por favor, vá embora.

- Mandy... – Ele não se mexeu, mas falava com olhos suplicantes.

- Vá. Embora. Mark. Antes que eu chame a polícia.

Por sorte, o vizinho que eu quase nunca via, um senhor com seus 40 anos, estava passando no exato momento, em direção ao seu apartamento e com as chaves na mão. Parou em frente à porta e disse:

- Algum problema?

Olhei para Mark.

- Não, obrigada senhor Miller, ele já estava de saída. Não era, Mark?

Ele me olhou, visivelmente irritado, e se dirigiu à porta. Quando passou por mim, chegou bem perto e disse:

- Isso não vai ficar assim. Vou descobrir quem ele é, Amanda, e vou mostrar a ele que...

-Tchau. Mark.

Ele ainda me encarou por alguns segundos, mas foi embora. Fiz um leve gesto com a cabeça para o meu vizinho, que ainda permanecia ali.

- Boa noite, senhor Miller.

- Boa noite, Amanda.

Fechei a porta e fui direto para o quarto. Vi que tinha um e-mail novo, e sabia que era de Henry, mas não estava com cabeça agora. Só o que eu pensava era: dormir, dormir, dormir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

------------------------------------------------------------
Dois capítulos no mesmo dia! Haha, é que ele já estava pronto, e eu tinha reviews, então pensei "porque não?" Gente, muuito obrigada pelas reviews, e olha, tem algumas reviews que não tô conseguindo responder, tá dando um "erro fatal", mas garanto que assim que eu puder, responderei certo?
Obrigada por lerem, e reviews! :D