I Am Watching You escrita por laah-way


Capítulo 12
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Estava frio. Eu estava com meu blusão de urso panda, um short relativamente curto, um par de meias, e o cabelo preso em duas tranças, tomando chocolate quente e todas as janelas do apartamento estavam fechadas. Havia pensado na noite anterior o tempo inteiro, mas não tinha chegado à conclusão nenhuma.

A campainha tocou, e para minha não surpresa, era Henry. Não disse nada, apenas deixei a porta aberta e voltei para o sofá, onde eu estava, voltando a tomar o chocolate quente e olhando para um ponto qualquer. Henry também ficou em silêncio, apenas entrou e sentou-se ao meu lado e começou a mexer numa mecha de meu cabelo.

- Mandy...

Olhei para ele, ainda em silêncio, esperando que ele dissesse alguma coisa.

- Eu... Sinto muito. Por tudo. A última de minhas intenções foi te magoar. Você significa tanto pra mim, não quero te perder agora. Não posso te perder agora. Eu pensava que você soubesse, eu pensava que eu tinha dito. Eu sou tão esquecido às vezes, eu... Lamento, é só isso que posso dizer. Espero que você me perdoe. De verdade.

Não sabia o que sentir, não sabia o que dizer. Eu só o encarei, e o que seus olhos passavam era exatamente tudo o que ele dizia, ele estava arrependido de verdade. Eu não podia magoá-lo, porque eu também o queria.

- Eu... – Disse sem animação alguma.

- Não precisa dar uma resposta agora.

- Não, tá tudo bem. – Tentei sorrir, mas foi esforço inútil. Segurei a mão dele, entrelaçando nossos dedos – Eu te perdôo, Henry. Tá tudo bem. O que temos é tão ... lindo, não precisa acabar por causa de um nome. E a história da sua mãe... eu devo ter entendido errado mesmo. Você não teria motivos pra mentir sobre isso, não é? – Foi isso que eu pensei a noite inteira: motivos. Nenhum. Eu devo ter escutado errado.

Ele apenas sorriu e segurou meu rosto entre suas mãos. Vi seus olhos brilharem.

- Obrigada, meu amor. – Henry me beijou com uma intensidade que eu não sabia explicar, depois me abraçou forte e disse o que eu mais temia. – Você ficou me devendo uma resposta ontem.

Era esse o motivo de toda minha desanimação. Sabia que ele ia perguntar sobre isso, e eu ainda não tinha certeza. Como tomar uma decisão em menos de um minuto? Livrei-me de seu abraço e o encarei. Pensei por dois segundos.

- Eu te amo.

Ele olhou pra mim por um tempo. Um longo tempo. Tentou sorrir, mas parecia um sorriso... magoado.

- Você hesitou. – Ele se levantou e dirigiu-se a porta.

-  Henry, Henry, espera. – Agora era a minha vez de sair correndo atrás dele e segurar sua mão.

- Mandy, tá tudo bem. É cedo mesmo, eu fui bobo e precipitado. Você não é obrigada a me amar e...

Passei meus braços em volta de seu pescoço e o empurrei na parede. Era incrível como a gente percebia que amava alguém, quando por um ou dois segundos, passava na nossa cabeça a simples idéia de perdê-lo. E quando eu pensei em magoar Henry, quando pensei na possibilidade dele ir embora, tive a certeza. Beijei-o, e ele segurou minha cintura, olhei fixamente nos olhos dele e disse:

- Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Muito.

Ele apenas sorriu e me beijou.

-x-

Alguns dias depois, eu estava em casa, no telefone com minha mãe, quando alguém bateu na porta. Sabia que era Henry, a gente tinha combinado um jeito especial de bater na porta, assim eu já ia saber que era ele. Tapei o bocal do telefone e gritei: “Tá aberta!”. Henry entrou, desliguei o telefone (obviamente, depois de me despedir da minha mãe), me deu um selinho e sentou-se ao meu lado no sofá.

- Quem era?

- Mamãe.

- Huum.. Quando vou conhecer a dona Stephanie?

Olhei para ele e pisquei várias vezes. Eu nunca tinha falado pra ele o nome da minha mãe. Nunca, eu tenho certeza. Suspirei. Preferi ficar calada, só eu sabia o quanto essa história de “você nunca tinha me contado” ou “eu nunca te contei” já tinha dado confusão.

- Qualquer dia desses.

Olhei para frente, sem tentar disfarçar o clima estranho que ficou na sala.

- O que há?

Ele chegou perto, passou os braços em volta da minha cintura e começou a beijar meu pescoço.

- Nada.

- Eu te conheço, Mandy. – Ele foi subindo com os beijos e já estava na minha bochecha. – Há alguma coisa errada.

- Hum... – Olhei para ele. – É que você não tinha me avisado que viria, e eu combinei com Natalie de sairmos hoje. – Mentira descarada. Eu só precisava ver minha amiga, precisava de alguns conselhos.

Ele riu.

- Tudo bem, meu amor. Eu não me importo. Da próxima vez eu ligo.

- Não precisa ligar sempre que quiser vir. Eu que deveria ter avisado antes.

Ele me beijou mais uma vez e levantou-se. Acompanhei Henry até a porta. Liguei para Natalie correndo.

-x-

Sentei-me no sofá de Natalie e comecei a escolher um filme dentre vários que ela tinha em casa – e nunca assistira - enquanto ela estava na cozinha preparando a pipoca. Quando voltou, e eu já sabia que ela ia fazer isso, perguntou:

- E aí, como está seu namoro?

- Estranho.

Ela me encarou, assustada. Estava acostumada a eu sempre dizer “Ótimo!”, e foi uma grande surpresa pra ela ouvir essa resposta. Levantou as sobrancelhas, querendo uma explicação.

- Hum... Às vezes ele parece saber de coisas que eu não disse. Às vezes ele não me conta as coisas, mente. Acredita que eu vim descobrir um dia desses qual era o segundo nome dele?

- E qual é?

- Josh.

Depois de ouvir atentamente toda a história do jantar, e agora do fato de ele saber o nome da minha mãe sem eu ter contado, Natalie finalmente disse:

- Mandy, eu sempre achei esse cara muito estranho, e você sabe disso.

- Sei.

- Mas, em certos casos você tem culpa.

- Eu?

- É. Já passou pela sua cabeça que você nunca soube o segundo nome dele porque talvez você não tenha perguntado?

Fiquei calada. Natalie estava completamente certa.

- Eu nunca pergunto sobre a vida dele.

- E por quê?

- Porque ele não gosta! Porque ele não gosta de falar sobre a vida dele, e eu respeito isso. Não gosto de deixar ele bravo. E quando eu estou com ele... eu simplesmente esqueço disso tudo – Sorri. – Só quero curtir o momento, entende?

- Bom, então nessa sua onda de “esquecer tudo”, faz dois meses que você sai com um cara que diz amar, e olha, nem sabe o nome dele.

Fiquei calada.

- Mandy, está mais do que claro, todo mundo já percebeu que Henry esconde alguma coisa.

Olhei para o chão. Vinha negando isso para mim mesma há algum tempo. Odiava a verdade.

- Eu sei.

- E você vai ter que descobrir.

Olhei para ela, assustada.

- Não! Porque não posso deixá-lo com seus segredos? Cada um tem os seus, certo? Isso se chama privacidade, e eu gosto das coisas como estão.

- Gosta mesmo? Gosta do fato de ele saber coisas sobre você que você não contou?

- Mas...

- Sem “mas”, Mandy... Pode ser um segredo perigoso, pode ser alguma coisa importante. Se não for, tudo bem, eu estava errada. Mas faça isso. Por favor.

Ela estava suplicando, não acredito. Olhei para ela e suspirei, me dando por vencida.

- Tudo bem.

Ela sorriu.

- Mas não sei como fazer isso.

- Você disse que ele tinha um quarto secreto...

 

 

 


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Notas finais do capítulo

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Espero que tenham gostado *-* Obrigada a todos que leram, e mais uma vez : reviews?