{ Connor}

Vou começar contando do começo. O começo da minha vida? Minha vida começou quando eu conheci John. John Walther. Um nome bem legal para um garoto como ele não? É, eu sei.. As vezes parece que eu tenho raiva de John, mas não, é apenas um amor acumulado.

Desde que eu conheci John, eu me sentia bem perto dele, ele me trazia uma paz que eu jamais tive desde pequeno. Minha mãe? Olha, eu nem sei quem é ela de verdade. Tenho pais adotivos, nunca falei deles porque de fato nunca tive a oportunidade, e John nunca quis saber da minha vida de qualquer forma. Descobri que tinha transado com a minha mãe. Tia do John. Ou seja, de uma forma ou de outra "éramos irmãos-primos?" Não sei, sei que meu pai era o pai de John. Éramos realmente "irmãos-primos". Isso me doeu demais, eu precisava ter John só pra mim, eu acabei me afastando abruptamente, causando dor em mim e nele. Fiz duas meninas que ele mais amou na sua vida, me desejaram da mesma forma,intensa, e amei com todas as minhas forças a pessoa errada. O John. As pessoas incluindo ele, sempre me julgaram , e sempre me fizeram fazer coisas para agradar as pessoas, incluindo fingir a minha sexualidade.

Não sei porque, mas, declarando isso, ainda me sinto incompleto. Acho que porque mesmo declarando isso, estou admitindo somente pra mim. Não estou preparado pra declarar ao mundo. Minha única vontade no momento era visitar John, beijá-lo e ver que tudo isso não se passou de um engano.

E sim, eu sempre fingi o "garanhão". Tive que deitar com várias garotas que eu nunca gostei, algumas que eu sentia nojo, para mostrar pro John o quão homem eu era, juro que eu não sei porque fazia isso, ele nunca cobrou nada disso de mim, mas eu tinha a necessidade. Eu amava mais a John do que a mim mesmo.

Fiquei pensando nessas coisas sozinho, deitado no meu quarto até que a minha mãe entra.

– Oi filho. Bom, eu passei na casa do John, ele tá muito debilitado, tá muito mal e.. acho que você deveria ir lá - Ela diz.

– Claro que não.. - Eu disse. É óbvio que ela sabia que eu gostava dele, e também sabia quanta falta eu sentia dele, e da sua risada, mas eu sou tão orgulhoso.. Além do mais a última vez que fui com a Megan não deu muito certo.

– Ah meu filho, acho que todo mundo já sabe o seu amor pro ele, e eu apoio completamente. - Ela disse. Eu sempre gostei desse jeito da minha mãe..

– Não mãe, estou bem aqui e ele lá. Vou ligar pra Megan. - Resmunguei exausto. Eu juro que não sabia porque não me assumia de uma vez ,e terminava esse namoro de farsas. Acho que porque eu sempre tive essa mania e fraqueza de agradar as pessoas.

– Você sabe que eu nunca vou gostar dessa menina né? Se for pra preferir você sozinho, com um defunto ou com ela? Eu prefiro você com um defunto né? - Ela disse rindo. Essa minha mãe..

– Com um defunto mãe? - Falei rindo.

– Sim, porque aí você não estará sozinho. Antes acompanhado do que sozinho. - Ela diz com aquela piscadela.

– Mãe, você sabe que é " Antes sozinho do que mal acompanhado" né? - Falei rindo.

– Xiu, eu falo do jeito que quero. - Falou com aquela piscadela.

– Okay mãe, vou sair acompanhado da minha namorada. - falei tentando explicar que eu e John somos ex-amigos e irmãos de qualquer forma.

– Ah é verdade, vocês são irmãos... Mas aí ainda sim prefiro você com ele ou defunto a ser essa Megan. Garota ridícula - Ela resmungava com um ódio da Megan.. Nunca entendi mas

Subi pro meu quarto e resolvi não ligar pra Megan. Fiquei um tempo pensando, até que meu coração não aguento e mandou eu me arrumar e ir visitar John..

Cheguei na casa do John, aquele frio na barriga de bater na porta, mas o impulso já tinha levantado minha mão. Ele abriu a porta, mas meu deus, aquele não era o John, estava muito debilitado, muito mesmo.. Meu coração se despedaçou ainda mais quando ele falou..

– Tá fazendo o que aqui idiota? E sem a Megan? Aconteceu alguma coisa entre vocês? - Resmungou cruzando os braços. Ao mesmo tempo que ele fazia isso, ele tossia. Tossia sangue...

– John? Você tá bem? - Falei preocupado.

– E você se importa? - Ele me olhava com ódio.

Em qualquer impulso por menor que seja, eu o empurrei pra dentro da sua casa e o beijei. Beijei com toda a minha vontade de anos, não importa o que ele iria pensar, só queria sentir o seu cheiro, somente isso. Ele parecia querer se afastar no começo, mas depois ele se deixou levar. Quando finalmente nos afastamos , ele me olhava com cara de nojo , desejo e ansiedade ao mesmo tempo.

– Qual será o seu problema?? Tenho princípios que eu acho que você deveria ter também!! - disse John.

– Por favor, vai me dizer que você é preconceituoso? - falei nervoso.

– Não, claro que não. Mas não quero isso pra mim, e não aceito que meu ex- amigo chegue me beijando do nada, querendo que eu entenda tudo!!! - John resmungou nervoso.

– Tudo bem, desculpa.. - falei com remorso. Porque eu pensei, realmente havia pegado pesado com ele.

– Você acha que é fácil seu amigo vir, te beijar com desejo, sendo gay e nunca ter te contado? Ou melhor parecer gostar de você? Se você tivesse me contado talvez tudo seria diferente. - disse John. Eu fiquei pensando no " tudo seria diferente".. Diferente como?

– Tudo bem tá John..Calma , me desculpa eu também não entendi muito bem porque eu fiz isso.. Durante anos eu segurei esse sentimento , e entendo que é difícil pra você ainda mais a última vez que conversamos a sós foi a alguns anos atrás, quando eu falei que estava com a Megan e muita coisa aconteceu entre a gente.. Eu quis me afastar de você e tentar ficar com a Cameron, Megan pra esquecer esse sentimento esquisito que tava crescendo dentro de mim sobre você, mas foi ficando inevitável até eu explodir.. Eu precisava ver você, te pedir perdão, e desculpas por tudo, eu sei que vai ser muito difícil pra você não te obrigo a nada. - disse tudo que estava preso dentro de mim anos. Me senti tão bem..

– Fico muito feliz que você pediu desculpas.. Fico mesmo. Sinto que vou morrer a qualquer momento e essa é uma sensação horrível, porque seu coração não para.. Só fica dando susto. - John dizia sem um brilho nos olhos..

A última coisa que eu fiz antes de sair de sua casa, foi lhe dar um beijo na testa. Eu sentia que o fim de John estava realmente próximo e eu não queria estar próximo pra sentir isso.. Fui pra casa, me deitei e acordei no dia seguinte. Minha mãe estava parada enfrente a cama me olhando preocupada.

– Filho, você tá bem ? - perguntou preocupada.

– Sim mãe, só dormi.. - falei tão preocupado quanto ela. Sua cara me assustava as vezes.

– Filho, você dormiu por 4 dias seguidos.. - falou encarando a parede.

Minha vida foi se resumindo em comer, ver tv, tomar banho e dormir.. Só fiz isso durante quatro meses. Descobri que o John tinha feito um livro, comprei-o e fiquei lendo algumas frases que me citavam, assim como Megan e Cameron.. As vezes me lembrar dele parecia um sofrimento sem fim. Resolvi ligar para Megan, mas não tinha ninguém em casa. Resolvi ir em sua casa, fazer uma visita surpresa. A porta estava entreaberta, e seus pais não estavam em casa. A casa estava empoeirada, velha e muito suja muito mesmo.. Tinha um bilhete sobre o livro que tinha os dizeres:

" Megan, te odiamos, vamos embora. Até nunca mais.

Com carinho, de seus pais ♥"

Eu não queria entender aquilo, tava tudo muito esquisito, subir as escadas chamando seu nome, quando entrei no seu quarto, vi uma poça de sangue enorme.. Megan estava jogada no chão com um cigarro meio aceso ainda e a cabeça sangrando muito. Olhei pra sua cama, ela estava arrumada porém tinha um outro bilhete. Um texto na verdade.

" Quem quer que esteja lendo agora, não chame a ambulância. Chame Connor e mande ele chamar a ambulância. Se for John, quero que saiba que eu sempre vou te amar, quero muito que você esteja bem e se recupere do seu câncer. Connor, se for você, você é o menino mais especial que eu já conheci e fiquei em toda a minha vida. Obrigada por todos os momentos perfeitos.."

Eu precisava entregar aquela carta pro John, chamei a ambulância e sai da casa. Fui até a casa do John, mas acho que era tarde demais também.. Ele estava jogado no chão se contorcendo de dor, vomitando sangue , eu chamei uma ambulância mas antes eu disse:

– John, você sabe que eu tento me fazer de durão então não vou chorar, por mais que esse momento peça isso. Quero que você saiba que fui na Megan, e ela se matou pelo o que parece. De overdose, pelo o que eu percebi.. Ela deixou essa carta pra você.. Espero que você consiga ler pelo menos. Eu adorei o seu livro, e cara.. Você é muito... - falei nervoso. Mas sai da casa, não conseguia dizer que o amava e ele parecia não me escutar mais..

Voltei pra casa super mal, eu não queria mais viver. Eu amava o John, mas a Megan foi importante pra mim.. Não sei porque , mas parecia que todos a minha volta estavam indo, e eu precisava ser mais durão que nunca pra aceitar isso de cabeça erguida, mas .. não aguentei. Fiquei 1 mês olhando pela janela do meu quarto, lembrando dos meus momentos com meus pais adotivos que sumiram no mundo, com a Cameron, com a Megan e o principal, o John... Eu não tinha mais motivos pra viver, mas eu juro.. Que iria arranjar.

Fiquei pensando e resolvi por uma música. A primeira que saiu foi You're beautiful de James Blunt. Eu amava esse cara e justamente essa música. Fiquei pensando no amor e em quão droga, ele era... Pensei se alguém no mundo era feliz com esse sentimento que demonstrava felicidade mas era só ilusão. Fiquei pensando em criar um antídoto, que nos fizesse não amar, ou então amar e ser amado. O antídoto teria o nome de O amor da droga? Ou não, A droga do amor?

Sim, acho que encontrei o nome perfeito. A droga do amor. Percebi que eu penso muito, e penso agora mais depois que quase todos que eu amava se foram, e o quão difícil seria a minha vida daqui a frente. Se eu seria duro como pedra, ou mole como um sonho de uma padaria qualquer..Na última parte da música, tinha uma frase que eu quis guardar pra sempre e até escrevi no meu armário.

" But it's time to face the truth

I will never be with you"