Quando percebi, eu e Mau-Mau já estávamos nos beijando de forma lenta e confortante.

–Pára de brigar comigo, por favor. – pediu com calma.

–Eu te amo! – foi tudo o que conseguir dizer antes de beijá-lo novamente.

Aquela semana passou muito rápido, fizemos várias coisas juntos, as quais eu sentia muita saudade. Nos assumimos na frente de todos na república, e Mau-Mau foi um verdadeiro príncipe ao me pedir em namoro aos meus pais.

Meu irmão, meu melhor amigo, meu namorado...

Nunca pensei que pudesse amar Mau-Mau te tal forma. As noites que dormi ao seu lado, em seus braços, dinheiro nenhum no mundo poderia pagar. A história sobre a volta de Mau-Mau a Inglaterra, ficou á tona durante alguns dias, quando tocávamos no assunto, um sempre acabava se exaltando. Porém, eu acabei concordando.

Sim! Eu concordei com a absurda ideia de Mau-Mau voltar para lá e me deixar aqui. Apenas com a promessa que, quando ele estivesse melhor financeiramente, voltaria a cada duas semanas para cá. Uma história meio confusa, mas o que posso fazer se o amor que sinto é maior que tudo isso?

Sentiria muita falta dele, seria difícil e pensar naquilo me trazia muita insegurança e medo.

A gente fez muitos planos, depois dos 5 anos, Mau-Mau e eu nos casaríamos e moraríamos juntos na nossa própria casa. Não seria muito fácil deixar o pessoal da república, mas a gente compraria uma casa pertinho dali. Pelo menos era nossos planos.

Aproveitamos muito bem a última semana de Mau-Mau no Brasil. Cada minuto como se fosse o único. Fizemos muitas promessas, planos e desejos. É claro que quando desse, eu iria para a Inglaterra para conhecer tudo, o lugar onde o meu amor morava, onde estava trabalhando e onde estava estudando. Conheceria seus amigos, e lugares com certeza incríveis.

Era domingo a noitezinha. 17:15 marcava o relógio. Estávamos todos no aeroporto, o pessoal da república, os pais de Mau-Mau, e até meu irmão. Eu não conseguia desgrudar de Mau-Mau sabendo que logo ele teria de embarcar. Já estavamos a duas horas esperando, por sorte, o vôo havia se atrasado. Nos sentamos num dos bancos que tinha por lá e ficamos conversando com a galera. Encostei minha cabeça ao ombro de Mau-Mau e fiquei aspirando o cheiro bom que vinha dele. Ele segurava minha mão, e fazia carícias nela enquanto ria das piadas de Ricardo.

Fiquei observando as malas de Mau-Mau, estava tudo tão organizado. De repente me bateu uma vontade de ir junto com ele. Ou de não deixá-lo ir. Fiquei imaginando como seria nossa lua-de-mel após nosso casamento. Será que nossas malas estariam tão organizadas também?

Eu estava praticamente dormindo acordada. Não estava prestando atenção no que eles estavam conversando. Apenas ouvia risadas aos fundos. A mais linda delas era de Mau-Mau.

Bruna, Samira e Ricardo se afastaram de repente, então tirei meus olhos das malas, para os acompanhar. Foram até o grande painel e consataram que o avião de Mau-Mau acabara de chegar. Assim que anunciaram no inter-fone, um frio percorrei minha espinha, ainda mais quando Mau-Mau começou a se remexer, dando a entender que levantaria da poltrona.

Então, levantei minha cabeça de seu ombro e o fitei, sem dizer nada, ele apenas beijou de leve meus lábios e sorrindo levantou. Me levantei depressa e grudei novamente em seus braços, já temendo a solidão e o medo de deixá-lo ir.

Sua mãe se aproximou e deu a ele uma latinha de coca-cola, assim que deu alguns goles, me ofereceu. Estava tudo muito queto, pelo menos na minha mente. Eles estavam conversando e eu não estava nem aí pra isso. Me afastei de Mau-Mau e do pessoal, e fui até o grande painel, só pra comprovar a que horas o avião partiria.

Dali a 30 minutos.

Senti alguém tocar meu braço, era meu irmão.

– está tudo bem? – perguntou de forma doce.

– está. – menti.

Ele abraçou minha cintura e sussurou algo.

– o que você disse? – quis saber.

– nada, não.

– diga! – insisti.

– vai me deixar também.

Foi a única coisa que eu ouvi, e na verdade que ele disse, me assustei por não ser uma pergunta, e sim um afirmação.

– não vou te deixar, eu prometo.

– você quer ir com ele, eu sei. – disse de forma triste.- está escrito na sua cara.

Me abaixei para ficar na mesma altura que ele, peguei em suas mãos de forma calma e serena.

– já disse que não irei, mesmo que eu queira ir, não poderia te deixar. Pois sentiria muito a sua falta. Vou sentir falta de Mau-Mau, assim como todos nós, mas é uma escolha dele e não minha.

Ele pareceu entender, então me abraçou. Eu achei estranho essa situação, e foi muito confuso na verdade. Além do mas, eu não moro mais em casa, ele sente minha falta, e eu gostaria de passar mais tempo com o meu irmão.

Vi ao longe, Mau-Mau se aproximar. Então, meu irmão correu ate ele, que o pegou no colo e veio em minha direção. Com lágrimas nos olhos eu apenas sorri.

– está quase na hora. – disse Mau-Mau.

– eu sei. – respondi de forma triste.

– vamos sentir sua falta Mau-Mau! – disse meu irmão em seu colo.

– eu também, pode ter certeza.

Assim que minha sogra chamou a atenção do meu irmão ele saiu correndo em direção dela, deixando eu e Mau-Mau sozinhos. Então ele me abraçou sem dizer nada, cheirou meu pescoço e depositou um beijo calmo nele. Fechei meus olhos e respirei seu perfume delicioso. Eu sabia o que aquilo significava. A despedida.

– me ligue todas as noites. – praticamente implorou.

– eu ligarei. – disse sem me afastar de seu abraço.

– promete que irá se cuidar, e que ficará bem.

– vai ficar tudo bem. – disse aos soluços. – prometa que se cuidará também, por favor.

Então, ele se afastou lentamente e me beijou. Um beijo demorado, longo e calmo. Enquanto me beijava, deslizava sua mão em meu rosto, apreciando cada melímetro da minha pele.

Como eu sentiria falta desses toques!

– Eu te amo, meu amor. – disse entre o beijo.

– eu amo você muito mais.

Depois de alguns segundos, resolvemos nos aproximar do pessoal, vi Ricardo ajudando Mau-Mau com as malas. Ele realmente tinha levado tudo o que era dele e havia deixado quando viajou pela primeira vez. Então as chamadas de embarque começaram.

Ver Mau-Mau se despedir de sua familia não foi fácil. Vi seus olhos vermelhos, e uma vontade de se derramar em lágrimas. Abraçou sua mãe e disse várias coisas em seu ouvido. Assim também o fez com o restante do pessoal.

Veio até mim, e pegou minha mão. Fomos até o limite, então MaU-Mau já entregava o passaporte e jé iam levando suas malas. O restante do pessoal ficou ao fundo, mas eu quis ir até onde dava, só pra ficar mais um tempo com ele.

– Boa viajem. – disse a moça.

Então, começei a chorar, mesmo sem querer. Mau-Mau me abraçou e disse.

– não chore. Quero você forte como sempre foi, nos veremos em breve, vá pensando e planejando nosso casamento, eu amo você com todas as minhas forças minha pequena.

Depois de seu beijo, senti alguém me abraçando, era Samira. Vi Mau-Mau acenar para todos enquanto sumia entre os passageiros.

Me fitou, mesmo de longe. E mandou um beijo e uma piscadela para mim.

Mesmo triste, ele sorria.

Então, sumiu.