–olá, resolvi te ligar. você está ocupada agora?

– éé.... não lucas. pode falar.

–me desculpe te ligar agora, já está um pouco tarde. você não estava dormindo ou estava?

– não lucas, não estava.

– eu preciso da sua ajuda. na verdade te liguei por isso. Mari, será que eu posso passar a noite aí na república?

– como é?

– meus pais estão brigando muito. meu pai chegou bêbado mais uma vez, nem os vizinhos conseguem dormir direito quando isso acontece.

– mas... mas você não tem outro lugar para ir?

– tudo bem, já entendi! desculpa incomodar. boa noite.

– não... espera lucas não desligue. olha eu posso falar com a galera, se eles concordarem você pode passar sim a noite aqui.

– tem certeza?

– tenho.

– certo, eu ligo logo depois. tchau e obrigada.

sim, essa história me comoveu. eu não sabia que o pai do lucas bebia tanto e que ele passava por essas confusões. então, assim que desliguei acordei o povo que se reuniu na sala. era um assunto meio que urgente né?

na verdade, quem era responsável pela república era Ricardo, mas todos teriam que concordar.

mau-mau estava sentado na ponta do sofá ao lado de Tadeu, que estava com cara de sonolento. todos eles me olhavam com uma cara estranha de quem não estava entendendo nada.

– tudo bem galera, tirei vocês de suas camas para que vocês tomem uma decisão. lucas acabou de me ligar. -ao dizer isso, mau-mau cruzou os braços e bufou. - ele está passando por alguns problemas na sua casa, infelizmente, seu pai chegou completamente bêbado em casa e seus pais estão brigando muito. ele quis minha ajuda, na verdade, a ajuda de todos nós.

eles me olhavam seriamente, porém mau-mau era o único que estava encarando o chão, parecia que estava prevendo algo.

– se todos concordarem, ele virá até aqui, e passará a noite na república. amanhã ele volta pra casa dele e se deus quiser, as coisas por lá se resolvam... então, o que vocês acham?

um enorme silêncio ficou no ar. agora todos se olhavam e Ricardo resolveu se pronunciar depois de mais alguns segundos em silêncio absoluto.

– como vou saber se ele é de confiança? não posso pôr alguém desconhecido aqui dentro colocando nossas vidas em risco!

eu saquei que ele estava brincando, então rimos.

– gente! é só uma noite! - foi Bruna quem disse.

– por mim tudo bem. -Samira mostrou apoio.

– tanto faz. -disse Tadeu sonolento.

– diga a ele que,se não ha outra solução, a república estará o esperando. - disse Ricardo por fim.

eu sorri ao ouvir aquilo. o pessoal era muito gente boa, e além do mais, não custa nada ajudar alguém não é mesmo? desde que você possa ajudá-lo...

mau-mau nada disse, parecia pensativo. a galera, inclusive eu ficamos o olhando esperando para que ele desse sua opinião. mas ele permaneceu em silêncio.

– mau-mau...? - chamei sua atenção.

meio desconfiado, ele levantou o rosto e me fitou com os olhos.

– onde ele irá dormir? .... com você? -mau-mau perguntou com a voz fria.

– a gente dá um jeito mau-mau. -falei. - posso dormir com você,como sempre faço, então ele fica com a minha cama!

mau-mau nada disse. porém eu vi em seu rosto que ele não havia gostado da ideia.

– poxa mau-mau. você vai negar ajuda a alguém, mesmo sabendo que pode ajudar? -perguntei o encarando.

– fiquem à vontade. eu vou dormir! boa noite. - ao dizer isso, mau-mau subiu as escadas e sumiu.

todos nós ficamos nos olhando. apenas Samira sorria.

– coitadinho! está morrendo de ciúmes! -ela riu ainda mais.

– também, não é todo dia que se trás um ex-namorado em casa! -ironizou Bruna.

– ok gente. parem com isso! -falei. - vou esperar lucas me ligar, e vou dizer à ele que estamos o esperando.

– eu não estou esperando ninguém! - disse Tadeu levantando do sofá.

– ahhh gente mau-humorada! -disse rindo.

todos subiram para seus quartos. já estava tarde, e eu fiquei esperando que lucas ligasse logo. caminhei sobre a sala por alguns minutos, então subi as escadas e fui em direção ao quarto de mau-mau.

a porta não estava trancada, então entrei. mau-mau já estava deitado na cama com seu calção de malha típico.

– mau-mau, vou poder dormir aqui com você, ou você vai continuar com essa crise de ciúmes?

ao ouvir isso, mau-mau se virou para mim e sentou na cama cruzando as pernas.

– crise de ciúmes?

– é isso mesmo!

– qualé mariana? você vai trazer seu ex-namorado para dormir na sua cama!

– eu não vou estar nela. poxa! qual o problema com isso?... e se estivesse, qual o problema?

então, meu telefone tocou em minha mão, não me importei em sair do quarto e o atendi ali mesmo. era lucas do outro lado da linha.

–claro lucas. sem problemas, olha eu falei com o pessoal aqui, e TODOS concordaram. você será bem vindo!

enquanto eu falava com lucas, mau-mau fazia cara de nojo. nossa, mau-mau estava insuportável, se ele não fosse homem, diria que ele estava de TPM das bravas.

assim que desliguei o celular, voltei a encarar mau-mau. o que nos fez voltar a discutir como antes, porém, agora estávamos com os tons de vozes mais alterados.

– qual o problema de lucas dormir na minha cama, com ou sem mim?

– você está louca pra ir dormir com ele não é?!

– não seja ridículo mau-mau!

– você não terá problema com o escuro se vocês estiverem bem abraçados! -ele gritou.

– quer saber? não terei mesmo!!

– então, vá dormir com ele!

– é isso que eu vou fazer!

então, o silêncio voltou a reinar no quarto. eu estava bufando de raiva, e mau-mau voltou a se deitar. poxa vida! eu não estava reconhecendo mau-mau.

– vá embora! está esperando o que pra sumir daqui? -ele gritou.

– quero que você morra mau-mau!! morra!!

era brincadeira, mas eu falei mesmo assim.

me virei de costas e fui em direção à porta de saída de seu quarto. parei quando mau-mau voltou a falar.

– vai negar também que estava louca para me beijar?

não sei o que foi pior, o grito que ele deu ao dizer aquilo, ou o fato dele ter dito aquilo!

– eu?... louca pra te beijar...? só pode estar ficando maluco! que eu saiba, quem está doido por um beijo aqui é você! -gritei no mesmo tom de voz dele.

– você quis me beijar também Mariana! o que foi...? não tem coragem para admitir??

– cala a boca mau-mau! -gritei.

– não vou calar! não aguenta a verdade é?!

gritei de raiva, corri em direção dele. o bateria com força! queria socar a sua cara.

– eu vou matar você!! -gritei ao subir na cama também.

ele se levantou na cama, e me esperou em pé. assim que subi, elevei minha mão para bater com força em seu rosto.

sabendo que eu o bateria, mau-mau foi mais rápido e segurou minha mão impedindo que eu o acertasse.

então, eu estava pronta para gritar mais uma besteira quando fui surpreendida.

meu lábios foram calados.

calados por um beijo de mau-mau...