It's just another night
And I'm staring at the moon
I saw a shooting star
And thought of you

– Ed Sheeran

– Estou atrasada! Meu Deus, estou muito atrasada! – levantei da cama e corri até onde estavam minhas roupas. Retirei meu pijama quase rasgando-o e coloquei as pressas a roupa que havia separado no dia anterior.

– O que está fazendo? – Juliet disse sonolenta se sentando em sua cama. Estava terminando de abotoar minha calça quando consegui responder ela.

– Me trocando ué, Zach vai estar aqui em menos de trinta minutos e eu ainda nem estou pronta! – disse correndo até o banheiro me penteando ao mesmo tempo em que escovava os dentes.

Ouvi Juliet grunhir e quando voltei para o quarto a vi deitada novamente com os olhos fechados e o rosto direcionado ao teto.

Peguei a mala de viagem, que tinha algumas roupas de frio dentro e disse um tchau rápido para as garotas, que ainda estavam dormindo, mesmo sabendo que iria ser ignorada.

Sai do quarto e desci pelo elevador até o térreo, ficando sentada no hall do hotel esperando meu namorado chegar.

“Onde está?” Enviei um SMS para ele, ficando a cada minuto mais ansiosa para que ele chegasse e fossemos rapidamente para sua cidade natal.

“Na sua frente” ao ler a mensagem olhei para frente e vi Zach parado na entrada do hotel com um lindo sorriso no rosto. Me levantei e arrastei a mala comigo até Zach, que abriu os braços receptivo.

– Olá pequena – ele disse me abraçando e beijando minha testa como cumprimento.

Sorri largamente e soltei minha mala no chão correspondendo finalmente aquele delicioso abraço.

– Vamos? – ele pegou a mala do chão com uma das mãos e com a outra segurou a minha me puxando para fora do hotel.

Na passagem de carros havia um lindo carro preto grande que eu não desconfiava nem ao menos seu nome. Zach colocou minha mala no porta malas e entrou naquele carro, que estava logo a minha frente.

Fiquei em choque por alguns segundos, esquecendo de que Zach não era um simples cantor, mas sim um cantor extremamente conhecido, que ganhava muito bem obrigada.

Entrei no veiculo e senti o ar quente bater no meu rosto, diferente do de lá fora, que estava congelante.

– Podemos ir, ou quer passar em algum lugar antes? – perguntou e eu senti minha barriga reclamar por não ter comido nada.

– Aceitaria algo para comer – disse mordiscando o lábio.

Zach me levou em uma lanchonete que servia panquecas e um café muito bom e logo depois disso pegamos a estrada diretamente para Bradford, sua cidade natal.

Eu estava inquieta, sem saber onde colocar as mãos e os pés, mordiscando a todo o momento o lábio, pois ficava imaginando como seriam seus parentes.

Acabei dormindo durante as três horas que ficamos no carro, pois mesmo que eu tenha dormido rapidamente noite anterior, eu acabei não dormindo muito bem por estar ansiosa.

Acordei apenas quando Zach tocou minhas pernas com uma das mãos. Cocei os olhos com as costas das mãos, dolorida por ter dormido sentada e de mal jeito.

– Já chegamos pequena – ele disse me olhando de soslaio. Bocejei algumas vezes e me arrumei no carro, esticando os braços para frente, tocando o para-brisa.

– Estou com medo – assumi me sentindo boba por aquilo. Olhei para Zach e ele esta rindo.

Arregalei os olhos e me encolhi, sentindo-me ainda mais boba.

– Medo do que? De minha mãe? Pare com isso Valerie, eles vão adorar você – ele disse colocando a mão sobre a minha e alisando-a. Me senti melhor com o seu toque e tentei relaxar com seu comentário.

Minutos depois, andando por ruas muito bonitinhas, na minha humilde opinião, chegamos na rua de Zach.

Zach estacionou o carro na frente de uma casa era grande, de dois andares, com as paredes todas brancas e um portão pequeno que separava a rua do pequeno canteiro de flores. Olhei ao redor, esperando alguma coisa que eu ainda não sabia o que era, mas notei que ali era só mais um bairro familiar, onde Zach seria só mais uma pessoa comum.

Desci do carro e ajudei Zach a tirar as coisas do porta malas. Uma mala minha, duas dele, mais algumas sacolas com presentes para sua família, que ele havia comprado ontem.

Segurei sua mão, enquanto o mesmo tocava campainha e segurava as duas malas.

Ouvi uma movimentação diferente vinda de dentro da casa e Zach riu baixo, segurando fortemente minha mão.

A porta branca se abriu e a imagem de uma mulher muito bonita apareceu para os meus olhos.

Alta, pelo menos mais alta que eu, deveria estar com quarenta e dois anos, cabelos castanhos, longos até abaixo dos ombros, olhos castanhos, não tão escuros quanto os de Zach, pele clara, e um lindo sorriso branco estampado no rosto por estar vendo o filho.

Ela abriu o portão e se afastou, dando passagem para nós.

– Como é bom te ver, sunshine – disse ela abraçando logo em seguida Zach, que soltou todas as malas para poder abraça-la.

– É muito bom te ver também, mamãe – ele disse beijando o rosto da mulher e recolhendo as malas mais uma vez.

Ela me olhou, ainda com o sorriso no rosto, e abriu os braços. Sorri de volta, me sentindo finalmente calma por ser recebida por ela, e a abracei fortemente.

– Olá senhora Melck – disse ainda sentindo minhas mãos tremerem.

– Senhora não – ela interrompeu o abraço, me segurando pelos braços, olhando-me severamente – Trisha!

Ri, sentindo meus joelhos amolecerem. Estava muito nervosa.

– É muito bom te conhecer... Trisha – disse rindo sem graça, sentindo a mão de Zach em minhas costas, com medo de que eu caísse para trás, coisa que até eu mesma, estava achando que iria acontecer.

– Vamos entrar! Vamos – ela disse fechando o portão e caminhando de volta para a porta de onde saiu. Seguimo-la para dentro da casa e eu fiquei de boca aberta com a beleza do lugar.

As paredes eram brancas, mas tudo a não ser elas, era colorido. Uma alegria invadiu o meu peito, simplesmente pelo fato do ar naquele local ser leve, feliz...

Uma garotinha por volta dos onze anos, gorduchinha e de olhos verdes se aproximou de nós, primeiramente abraçando Zach.

– Safaa, quanta saudade – ele disse se abaixando e abraçando a irmã mais nova. Sabia que Zach tinha três irmãs, e aquilo me deixava ainda mais nervosa – Saf, essa aqui é a Valerie, minha namorada – Zach me apresentou à menina, e eu sorri para ela, me abaixando igualmente. Eu não precisava fazer isso, pois ela não era tão baixa.

– Oi – a menina disse ficando com as bochechas vermelhas. Mordisquei o lábio e abri os braços, fazendo o gesto de abraça-la, e ela rapidamente compreendeu, me abraçando de volta.

Levantei-me ao soltar a irmã mais nova dele e olhei para os outros rostos. Trisha estava ainda parada no mesmo lugar, de quando nós entramos na casa, uma garota que aparentava ter quinze ou dezesseis anos, cabelos pretos, como todos naquele recinto, olhos castanhos e pele da cor da do Zach. Ela notou que eu a encarava e corou levemente, afastando do sofá, onde estava sentada a segundos atrás e vindo em nossa direção.

– Oi Zach – disse ela abraçando brevemente o irmão mais velho e beijando sua bochecha, mesmo falando com o irmão, ela não desgrudava os olhos de mim, o que me deixava extremamente sem graça. Olhei para meus pés por alguns segundos e quando notei que ela estava na minha frente levantei o rosto.

– Oi – disse estendendo a mão, tímida.

– Sou Waliyha, prazer em conhecê-la Valerie – ela disse segurando minha mão e abrindo um sorriso confiante – Zach me falou sobre você por SMS.

Arqueei as sobrancelhas surpresa por saber que Zach falava de mim para alguém, que não fossem qualquer um dos outros quatro garotos da banda. Sorri dessa vez menos tímida e apertei fortemente a mão da adolescente, que riu com a cara feia que Zach havia lhe enviado.

– Sou Doniya, a mais velha desses três doidos – uma garota, muito bonita, com o rosto mais arredondado, os cabelos castanhos, os olhos esverdeados, quase como os meus, e um pouco acima do peso, se posicionou atrás de Waliyha. Ela era pouco mais alta do que a outra, sendo do meu tamanho.

Doniya estava toda maquiada, em seu pescoço um lindo tecido rosa e azul. Havia me esquecido completamente que toda a família de Zach, incluindo ele, era mulçumana.

– Olá Doniya, sou Valerie – disse estendendo minha mão para a mais velha, que sorriu simpática e segurou-a firmemente, logo me puxando em seguida para um abraço. Ri com a atitude dela e a abracei de volta, me sentindo mais confortável com tudo aquilo.

Depois daquilo, Yaser, o pai de Zach, nos ajudou a levar as malas para cima e mostrou onde seria nosso quarto. Nós teríamos que dormir juntos, pois o quarto de vizitas estava sendo usado por um primo de Zach, que aparentemente não estava na casa no momento. Onde estávamos dormindo seria o quarto de Zach, sempre que ele voltasse para casa, mesmo que lá não fosse a casa onde eles cresceram.

Fiquei arrumando nossas roupas, enquanto Zach e Yaser desceram para ter uma conversa de pai e filho. Coloquei algumas roupas no armário que estava lá, para ficar mais fácil para nós, e depois fiquei olhando o quarto.

As paredes azuis, quase brancas, passavam um ar calmo, sereno, para quem estivesse ali dentro. Uma prateleira pequena com poucos livros encima, uma escrivaninha inteiramente pichada pelo Zach, uma cama de casal coberta por um lençol branco, uma prateleira encima da cama, com alguns porta-retratos de familiares e amigos.

Sorri de lado e cocei o queixo, me incomodando por não ter uma foto nossa ali, mas claro que não teria, pois desde que começamos a namorar Zach não voltou para casa dos pais.

Fechei as malas e alisei o cabelo, tentando arrumar a franja, pois de todo o meu cabelo, o único lugar que ultrapassava minhas orelhas era minha franja. Suspirei, ainda sentindo o nervosismo por estar conhecendo os pais dele, e sai do quarto, fechando a porta atrás de mim e descendo para o primeiro andar da casa.

Vi Zach parado, de costas para mim, apoiando os braços na cadeira da mesa de jantar, olhando alguma coisa sobre a mesa. Sorri ao vê-lo e me aproximei dele abraçando-o por trás, sem pedir permissão.

Senti seu corpo endurecer e seus braços ficarem gelados. Franzi o cenho, mas não o soltei.

Olhei para o lado e vi Waliyha e Safaa sentadas no sofá da sala de estar, me encarando com o cenho franzido, confusas. E então só notei que Zach estava parado na entrada da cozinha, com os braços cruzados na frente do peito, sério.

Soltei quem quer que fosse e me afastei. Engolindo em seco, desviei os olhos de Zach, que ainda me encarava sério, e olhei para a pessoa, que agora se virava para me encarar.

Um rapaz muito parecido com meu namorado estava parado na minha frente. Apenas alguns traços em seu rosto eram diferentes, mas até mesmo o corte do cabelo era igual.

– Me perdoe, eu pensei... – comecei a falar, colocando a mão sobre a boca. O rapaz riu e assentiu, dando de ombros.

– Tudo bem, você não fez por mal – ele disse estendendo a mão para segurar a minha – Sou Jawaad, primo de Zach.

– Prazer – disse ainda não acreditando o quão eles eram parecidos. Vi de soslaio Zach se aproximar e parar ao meu lado, apertando também a mão do primo.

– É normal nos confundirem na rua – o rapaz disse rindo e olhando para meu namorado, que sorriu, tentando parecer animado com a conversa – Bem eu vou ajudar a tia na cozinha, foi um prazer conhecer você – Jawaad disse sorridente dando de costas para nós e seguindo rumo à cozinha.

Olhei para Zach, que tinha uma das sobrancelhas arqueadas e engoli em seco.

– Pensei que era você – disse baixo, suspirando em seguida.

– Tudo bem – disse analisando meu rosto. Zach então retirou minha franja de trás da orelha e a jogou para o lado, fazendo-a ficar sobre meus olhos – Você fica mais sexy assim.

Ao dizer isso virou as costas, ainda emburrado, e voltou para a cozinha. Franzi o cenho e fiquei paralisada ali onde estava, como se meus pés estivessem grudados no chão.

O restante do dia foi incrível, com Trisha e Yaser me falando sobre coisas que seus filhos faziam quando eram menores, me mostrando álbuns de fotos e contando histórias da família toda. Na hora do jantar, todos se sentaram à mesa e alguns assuntos apareciam repentinamente, e morriam igualmente.

– Zach – Safaa disse chamando a atenção do irmão. Zach estava sentado na minha frente e a menor ao meu lado esquerdo – Como está Perrie? Não a vejo faz muito tempo...

Ao ouvir o nome de Perrie senti meus músculos se endurecerem e meu maxilar trincar, mesmo mastigando o pouco de arroz que estava comendo.

Vi de soslaio Zach me olhar por alguns segundos antes de responder. Apertei o garfo em minha mão e continuei mastigando, encarando com raiva o fundo do prato.

Então ele já havia apresentado-a para a família antes de mim, ela já havia estado ali antes de mim!

Respirei fundo, tentando me controlar e olhei para Zach, esperando sua resposta, igual Safaa esperava.

– Está bem sim, Saf, está muito bem – respondeu voltando sua atenção para sua comida incomodado com meu olhar sobre ele. Eu estava desejando explodir a cabeça loira de Perrie, junto com a de Zach.

O restante do jantar se estendeu com mais perguntas dirigidas à Zach, mas elas eram focadas em trabalho ou qualquer coisa do tipo. Quando alguma coisa se direcionava para mim eu respondia o mais rápido possível e voltava a comer, tentando ao máximo não manifestar nenhum tipo de emoção à mesa, principalmente ódio, ou ciúmes.

Doniya e eu retiramos a mesa e Waliyha lavou a louça. Safaa, Trisha, Jawaad, Zach e Yaser ficaram na sala conversando.

– Não veja Safaa com maus olhos, ela não perguntou por mal – Doniya disse colocando dois copos sobre a bancada de mármore da cozinha.

– Está tudo bem – sorri colocando a franja atrás da orelha e relaxando os músculos. A culpa não era de Safaa, mas sim de Zach! Ele havia me dito que eles eram amigos!

– Mesmo? – a mais velha perguntou franzindo o cenho. Suas sobrancelhas em muito bem desenhadas que me deixavam hipnotizada.

– Sim, sim – disse pausadamente, tentando acreditar naquelas minhas palavras – Vou tomar banho... Amanhã teremos um o dia todo não é mesmo? – ri baixo e suspirei ao sair da cozinha.

Senti o olhar de Zach sobre mim enquanto eu sobia as escadas. Não queria tomar banho, queria ficar sozinha por um tempo, mas aproveitei para realmente fazer o que havia dito.