Lovely, dark and deep escrita por SchubertSerenade


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Vamos aproveitar enquanto o bloqueio criativo não vem.



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Era apenas mais um dia normal, um sábado normal, ou um sábado muito entediante dependendo do ponto de vista. Eu estava em casa assistindo televisão com minha esposa e o programa foi, obviamente, escolhido por Mary. Participando daquela cena tão entediante eu pude perceber mais uma vez que a vida de casado não era para mim. Tudo era tão sem adrenalina, sem emoção e muitas vezes eu sentia uma estranha angustia que me fazia quase rezar para que Sherlock aparecesse de repente derrubando a porta e me puxando para mas uma aventura que colocaria a minha vida e a dele em perigo. Pois é, imaginar seu melhor amigo como meu herói salvador é uma das coisas que a vida de casado me proporcionou.

Mary me pediu pipocas e sem falar nada eu fui. Na hora eu pensei que aquela provavelmente iria ser a coisa mais animada do meu dia, mas não, Sherlock apareceu para uma visita surpresa. Ele parecia bem, muito melhor do que eu na verdade, todo sorridente e superior que aquilo chegou a me irritar. Ele, Mary e eu conversamos e tomamos chá juntos, e o fato de Sherlock ter ficado tanto tempo conosco sem reclamar nenhuma vez me surpreendeu, pois Mary só sabia falar sobre o bebê e até mesmo eu não estava mais aquentando aquela conversa, mas Sherlock permaneceu sereno e calmo durante a tarde toda. E eu repito: a tarde toda. Durante a estadia de Sherlock eu fiquei me perguntando o que ele realmente queria, não era muito da personalidade do detetive querer fazer um visita sem motivos maiores, mas logo quando ele estava indo embora eu descobri.

“Enfim,” Sherlock falou enquanto se levanta da mesa da cozinha “acho que já está na minha hora.”

“Mas já, Sherlock?” Mary perguntou. “Não quer ficar para o jantar?”

“Sinto muito, minha cara. Quem sabe outro dia, não?” Ele olhou para mim. “Não gostaria de me acompanhar até lá fora, John?”

Meu coração disparou. Seria um caso?

“Ah... Claro, por que não?” Eu o segui depois de plantar um pequeno e rápido beijo nos lábios de minha esposa. “Já volto.” Disse a ela que se levantou com um sorriso e começou a limpar a mesa.

Eu segui Sherlock até a porta de casa. A noite caia devagar, e as primeiras estrelas apareciam no céu limpo. O clima estava ótimo e uma brisa preguiçosa soprava sobre o lugar, mas Sherlock não parecia tão feliz como antes, ele estava serio, incrivelmente sério, e aquilo na podia significar boa coisa.

“Vocês já escolheram o nome do bebê?” Ele questionou em um tom sóbrio. Eu sabia que não era aquilo que ele realmente queria perguntar.

“Já.” Respondi. “Vai ser Sophie... Embora eu ainda queira Lilian”

“Entendo.” Ele hesitou. Aquilo estava ficando muito suspeito. “John, eu não quero que fique preocupado, mas quando foi a ultima vez que Mary foi ao hospital?”

“O que? Por que?”

“Apenas responda.”

“Umas duas semanas.”

“Tem certeza?”

“Absoluta. Mas por que você quer saber disso? O que está acontecendo?”

“Não há motivos para preocupação, eu acho... Mas é melhor você levá-la ao hospital e pedir um exame detalhado da saúde dela e do bebê.”

“Se não há motivos para preocupação, então por que você está falando isso?”

“Eu não sou um médico, John, mas eu tenho algumas suspeitas de que algo pode estar errado.”

“Que suspeitas são essas que você tem e eu que sou um maldito médico não, Sherlock?”

Ele pareceu hesitar mais ainda. Por que ele não queria me falar? As vezes eu o odiava por tentar esconder coisas importantes de mim. Moramos juntos por anos, e por que agora ele hesitava em falar algo que não só tinha a ver com minha mulher, mas com a minha filha?

“Não é nada de mais... Mas alguns exames confirmariam se tenho certeza ou não.” Ele abaixou a cabeça. “E eu realmente espero não estar certo dessa vez...”

A noite tinha caído de vez, apenas alguns resquícios da claridade do sol restavam ao longínquo horizonte de Londres, repleto de prédios e casas e as luzes dos postes eram as únicas que me permitiam ver Sherlock. Por que o detetive insistia em me deixar tão preocupado? Muitas das vezes eu não entendia o que ele fazia e talvez eu nunca entenda, mas aquilo era sério, era sobre a saúde de minha mulher e da minha filha, por que ele não queria que eu soubesse?

“Sherlock, por favor...” Tentei insistir, mas ele me interrompeu.

“Não deve ser nada, John, não se preocupe, só faça o que eu disse.” Ele me lançou um daqueles olhares penetrantes que pareciam poder ver o fundo da minha alma, até hoje não sei como ele consegue fazer isso. “Até mais.”

Ele saiu andando sem dizer mais nada com seu casaco se mexendo na brisa suave do inicio da noite. Ele nem se quer olhou para trás, apenas continuou andando e eu fiquei observando até não poder mais vê-lo. Ele me deixou mais preocupado do que nunca, mas se ele falou que eu deveria levar Mary ao medico para exames detalhados eu o faria, e se ele desejava estar errado... Era algo realmente ruim.

Entrei em casa novamente e fiquei uns cinco minutos parado no meio a sala, pensando no que Sherlock poderia ter deduzido, mas é claro que eu nunca adivinharia, a cabeça de Sherlock era um quebra-cabeça insolvível, tentar pensar como ele era tão inútil quanto contar as estrelas no céu, o os grãos de areia em uma praia. Mas eu rapidamente fui tirado de meus devaneios por um grito, um grito de Mary.

Durante um milissegundo eu senti que Sherlock estava certo, mesmo não sabendo o que ele havia pensado.

“MARY!” Gritei correndo até a cozinha. “MARY!”

Chegando a cozinha vi Mary no chão e meu coração apertado se acalmou um pouco, ela só havia escorregado. A ajudei a levantar e ela me lançou um sorriso dolorido.

“Foi só mais uma daquelas tonturas” Ela falou enquanto eu a ajudava a se sentar. “Só fiquei um pouquinho desorientada e acabei escorregando...”

“Você quase me matou do coração.” Eu a abracei apertado. “Por Deus, não faça isso novamente.”

Ela riu e concordou em tomar mais cuidado me dando um beijo na testa. Concordamos que seria melhor pedir uma pizza para o jantar, eu não poderia deixá-la cozinhar com aquelas tonturas, e eu realmente não estava afim de fazer comida. E assim passamos a noite, assistindo televisão e comendo pizza. Tudo parecia estar bem, mas eu já tinha planos. No dia seguinte eu marcaria todos os exames possíveis e levaria Mary ao médico assim que fosse possível.


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Notas finais do capítulo

ah não ficou bom como eu esperava, mas ai está.



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