Wild Child escrita por Kiri Huo Ziv


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma história em cinco partes que espero postar em uma semana. Sem ships, apenas uma história a respeito de família.

Ela está sendo escrita para a semana Ugly Duckling do "Fanfictions OUAT".



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No day, no night, no moment,
Can hold me back from trying.
I'll flag, I'll fall, I'll falter,
I'll find my day may be, far and away.
(Book of Days – Enya)*

Desde que se lembrava, ela apenas possuía duas coisas que lhe foram dadas por sua família: seu primeiro nome, Emma, e o cobertor no qual fora encontrada quando ainda era um bebê recém-nascido.

Emma sabia que não era uma criança fácil, embora também tivesse conhecimento de que ninguém era realmente fácil no orfanato onde vivia. Algumas das crianças – como ela própria – ressentiam dos pais que as abandonaram e outras ressentiam do destino que as deixou sem parentes que as acolhessem.

Às vezes, adultos surgir buscando uma criança para adotar e todos faziam o possível para aparecer, gritando e chamando os visitantes. Por alguns anos, Emma não se junto a eles: ela ainda acreditava que sua presença ali era resultado de um erro e que, um dia, seus pais apareceriam para buscá-la.

Quando Emma fez onze anos de idade, entretanto, ela percebeu que aquele dia nunca chegaria. Ela não vivia em um orfanato vítima de um engano, mas vítima de pais relapsos que a haviam abandonado na beira de uma estrada sem sequer se importar se ela seria encontrada e cuidada.

Ela ainda fez doze e, depois, treze anos no orfanato, e perdeu todas as suas esperanças de que um dia seria capaz de encontrar uma família que cuidaria dela como seus pais biológicos nunca haviam feito. Foi algo que a entristeceu e separou das demais crianças, que eram incapazes de compreender como ela eracapazdedesistir da única esperança que pessoas como eles podiam ter.

Então, em meados de seu décimo quarto ano de vida, um casal apareceu no orfanato e a viu afastada das demais crianças, lendo um livro de contos de fadas para um trabalho da escola enquanto se perguntava porque as pessoas aindaliamaquele tipo de bobagem que nada tinha a ver com a realidade.

Algo do desgosto em seu rosto jovem atraiu a mulher que visitava o orfanato, e ela se sentou ao lado da Emma e começou aconversarcom ela. Na maior parte do tempo, a menina ficou embasbacada demais para esboçar qualquer reação, mas a mulher – que se apresentou como Lisa Swan – foi paciente e cordial, esperando até que Emma finalmente começasse a responder suas perguntas a respeito do livro que ela estava lendo e do trabalho que precisaria fazer.

“Você sabe,” disse a mulher, com um sorriso sem qualquer resquício de pena e muito sincero, quando Emma demonstrou sua descrença a respeito dos contos de fada. “Vocês são crianças que crescem rápido demais, e isso é cruel. Os contos de fada servem para nos lembrar que devemos ter esperança, apesar das adversidades. Nunca se esqueça disso.”

A mulher, então, bagunçou os cabelos de Emma e se afastou, e o sorriso não abandonou seu rosto em nenhum momento até que ela e o marido foram embora, cerca de duas horas depois. Enquanto se revirava na cama naquela noite, a menina repentinamente percebeu, o medo a preenchendo, que gostara de Mrs.Swan.

Emma achou que nunca mais veria aquela mulher, o que a entristeceu mais profundamente do que teria sido saudável, mas, nos dias que se seguiram, a menina acabou por se encontrar muitas vezes com Mrs.Swan e seu marido. Os dois retornaram dois dias após a sua primeira visita e conversou com Miss Wilson, a mulher que administrava o orfanato, e a mulher sorriu e piscou para Emma quando estava deixando o lugar.

Miss Wilson chamou a menina algumas horas depois e lhe contou que o casal Swan expressara o desejo de conhecê-la melhor e marcara de encontrá-la no dia seguinte para uma conversa em particular. Emma achou que estava sonhando ou que o casal se enganara, mas no dia seguinte eles apareceram no horário combinado e tiveram uma longa e prazerosa conversa com ela.

Eles pediram que ela os chamasse por Brian e Lisa, algo que Emma achou um pouco difícil de lembrar, mas não os incomodou muito. Brian contou a Emma que Lisa havia sido criada em um orfanato também e sempre prometera adotar uma criança quando tivesse condições de dar uma boa casa a ela.

“Quando eu a vi em um canto, completamente sem esperanças de ser adotada, eu me lembrei de mim mesma,” disse Lisa com um sorriso triste nos lábios e lágrimas nos olhos. “Você parece ser esperta e madura para a sua idade, Emma, e realmente gostaríamos de lhe dar a esperança que você parece ter perdido.”

Emma achou estranho pensar na confiante Mrs. Swan – Lisa, ela se forçou a lembrar –, que se aproximara dela pedindo que ela tivesse esperanças, houvesse estado um dia na mesma situação que ela, mas não conseguiu duvidar diante do sorriso sincero.

Nos dias que se seguiram, as visitas do casal foram muito freqüentes e, logo, Emma já conseguia se lembrar de chamá-los de Lisa e Brian. Na maior parte das vezes, eles conversavam em uma sala privada dentro do orfanato ou saíam para tomar um sorvete, mas, certa vez, Lisa apareceu sozinha e a levou para fazer compras com ela e Emma retornou com dois conjuntos de roupas novas.

O casal finalmente obteve permissão para levar Emma para casa cerca de dois meses após o seu primeiro encontro, e a menina não soube como se sentir ao se despedir das crianças com quem vivera a maior parte de sua vida – ou mesmo toda ela – e do único ambiente ao qual estava acostumada.

Enquanto ela se sentava no banco traseiro do carro do casal, Lisa se voltou para trás e lhe entregou um embrulho com um sorriso.

“Você pode me contar qualquer coisa,” disse Lisa. “Mas sei que nem sempre é fácil confiar nos outros de cara; então, espero que possa usar isso quando não estiver bem enquanto ainda não se sentir confortável para me dizer.”

Emma assentiu e abriu o pacote, que revelou ser um pequeno caderno com o escrito “diário” na capa. Ela sorriu e assentiu novamente, esperando que o caderno não fosse muito usado e que sua vida, enfim, estivesse tendo uma reviravolta positiva.

______

*Nenhum dia, nenhuma noite, nenhum momento,/Me impedirá de tentar./Eu voarei, eu cairei, eu hesitarei/Eu acharei o meu dia talvez, muito distante.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não deixem de comentar! :)