Diana estava prestes a enfincar as adagas no garoto quando algo a interrompeu.

–- Diana! Pelos deuses, não o mate ! Ele é o rei Edmundo, o Justo !

Era Caspian, obviamente. Caspian estava correndo na direção dela junto com outras crianças.

Diana obviamente não acreditava que aquele garoto pudesse ser um rei. Ele era apenas um adolescente de 15 anos, não um rei. Nos livros que ela pegava emprestado dizia que o Rei Justo tinha 23 anos quando sumiu, obviamente aquele garoto era bem mais novo.

–- Edmundo ! –- Uma garotinha correu até ele e o abraçou.

A garota mais velha a encarou. Ela tinha gélidos olhos azuis e não parecia gostar muito dela e suspeito que o fato de Diana estar prestes a esfaquear Edmundo não ajudou Susana a ficar mais amigável. Tinha também um outro garoto, claramente mais velho. Ele tinha olhos azuis como o da irmã, só que não pareciam tão irritados e cabelos loiros. Ele estava encarando Diana, só que não com raiva, estava dando em cima dela e nem se preocupava em disfarçar.

–- Vocês são os reis antigos? Não parece –- disse Diana.

Caspian lançou um olhar repreensivo para a irmã . Ele percebeu que sua irmã não estava se dando bem com Susana. Mau sinal.

–- Não tem que parecer nada para você–- retrucou Susana.

Diana encarou Susana com desdém

–- Susana, a gentil –- disse sarcasticamente –- Você não parece tão gentil pessoalmente.

Susana lançou um olhar maligno para Diana. Suspeito que ela não tenha gostado muito do comentário da princesa.

–- Sou O Grande Rei Pedro –- O loiro deu ênfase no grande e apontou para Susana –- Essa é minha irmã Susana, como já deve ter percebido. A mais nova é Lúcia e o fracote que você acabou de derrotar é meu irmão Edmundo.

–- Eu não sou fracote ! –- O garoto de cabelos pretos protestou.

–- Não, apenas perdeu uma luta para uma garota

Diana revirou os olhos. Não suportava que as pessoas achassem que ela lutava mal somente por ser mulher.

–- Bem ...–- disse Caspian, interrompendo a possível briga de irmãos–- Como podem ver, essa garotinha é minha irmã, Diana. Fiquem longe dela, é o melhor conselho que eu lhes dou.

A princesa resolveu ignorar o comentário patético do seu irmão. Irmãos mais velhos ... Sempre se acham, mas no caso de Caspian ele se tem certeza .

–- Prazer em conhece-la, lady Diana –- Pedro disse enquanto se inclinava para beijar a mão da princesa.

Diana tirou a mão. Não deixaria aquele loiro oxigenado babar na sua mão.

–- Idiota –- sussurou Edmundo.

A princesa tinha que concordar com o garoto. Ela mal conhecia Pedro mas ele parecia ser mais idiota que Caspian, coisa que ela pensava que era impossível.

Então Diana percebeu os olhares de Caspian e Susana. Caspian estava quase babando no chão e Susana não estava melhor. Mais tarde ela iria atormentar seu irmão, ah se ia...

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–- Então, como eles são? –- Perguntou Caça- trufas para o anão.

–- Descontentes e resmungões. Teimosos feito mulas pela manhã.

Nikkkabit sorriu.

–- Então gostou deles. –-Nikkabit não perguntou, ele afirmou.

–- Bastante. –- confessou Trumpkin.

Ambos narnianos continuaram a andar sem falar nada.

–- E você Nekkabit, gostou do príncipe e da princesa ? –- perguntou Trumpkin.

–- E eu tenho escolha ? –- respondeu o anão sorrindo.

Diana sorriu. Quem não gostava dela ? Ok, ok talvez algumas pessoas ... Miraz, Susana, Edmundo...

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Depois de duas longas horas de viagem aguentando as cantadas patéticas de Pedro e as frases mal-humoradas de Susana, eles chegaram ao quartel general narniano.

O povo estava reunido em volta da entrada. Alguns estavam alegres e radiantes, outros pareciam estar curiosos.

Quando Lúcia, Edmundo, Pedro, Susana, Caspian e Diana passaram para entrar no quartel general, os centauros tiraram as espadas do cinto e as ergueram, formando um triângulo sobre a cabeça deles. Era impressionante e perigoso.

Diana andava do lado do seu irmão. Por um instantes ela teve medo que alguma espada caísse e ... Bem é melhor não comentar o que ela imaginou.

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O quartel general não era o lugar mais bonito do mundo na opinião de Diana. Era grande, obviamente, mas era muito úmido o que causou uma série de resfriados nos narnianos.

A aparência não era das melhores. Paredes de pedras grandes e mofadas não ajudavam a melhorar isso. Os irmãos Pevensie não pareciam gostar muito do local, provavelmente esperavam uma coisa melhor.

–- Pedro ! –- chamou Susana–- É melhor ver isso !

Pedro correu na direção da irmã, os outros não tiveram alternativa a não ser segui-lo.

Susana estava encarando uma imagem entalhada na pedra. A imagem estava tão mofada pelo tempo que demorou para Diana perceber o que era. Era a imagem de quatro crianças na frente de tronos. Era uma gravura do dia da coroação dos antigos reis. Devia ser por isso que Susana estava estranha, deve ser estranho ver uma imagem de você entalhada numa caverna mofada.

–- Somos nós... No dia da coroação –- sussurou Susana.

Os reis e as rainhas estavam um pouco confusos . Provavelmente não esperavam que 1.200 anos depois sua história ainda seria lembrada, nem que fosse numa caverna mofada.

–- Que lugar é esse? –-perguntou Lúcia, a garota parecia estar curiosa. -

–- Vocês não sabem? –-perguntou Caspian, um pouco surpreso.

Diana não sabia o que tinha mais para frente. Certa vez ela perguntara ao irmão e ele respondeu "Nada". Uma coisa que ela aprendeu na vida é quando os mais velhos dizem "nada" é tudo menos nada.

Caspian pegou uma tocha e foi na frente os guiando. Ele estava adorando aquilo, estava se sentindo importante.

Diana estava seguindo o irmão e de repente parou. Tinha uma gravura na parede, uma mais antiga. Aquela gravura chamou a atenção dela. Era uma imagem de um leão e uma mulher lutando, uma imagem simples, mas mesmo assim aquilo chamou a atenção dela.

–- Diana–- Lúcia chamou–- Vamos !

Diana tocou a gravura lentamente, redesenhando os traços. Ela não sabia por que mas aquilo era tão... familiar. Demorou uns instantes para ela ouvir Lúcia e perceber que tinha ficado para trás .

A sala que eles entraram era impressionante, ao contrário do quartel narniano. As paredes e o chão eram de mármore, adornados por lindas colunas brancas. Na frente havia um braseiro e encima dele tinha uma imagem. A imagem do leão que Diana viu na gravura. A princesa não sabia por que, mas aquele leão era importante.

–- É a Mesa de Pedra ! –- exclamou Pedro.

Diana mal escutou o que o loiro disse. O ar envolta dela começou a ficar prateado. Ela sabia o que aquilo significava e não gostava nada daquilo...