Rosalie

— Esme e Edward. Entendi. — Emmett disse sorrindo.

— Agora só precisa decidir onde vai ficar. — Carlisle falou, se aproximando de Esme. — pode ficar conosco se quiser.

— Quero sim. — ele me olhou e sorriu. Minhas bochechas queimaram e sorri de volta, olhando para o chão.

— Então vamos precisar nos mudar. — anunciou Edward.

— Por que?

— Você morreu, Emmett. — disse eu. — para as pessoas, você está morto. Não pode ser visto por ninguém.

— Então... Eu nunca mais poderei ver meus pais? Ou meus irmãos? — um nó se formou em minha garganta. Emmett ficaria chateado comigo por isso?

— Sinto muito, mas não. — olhei em seus olhos envergonhada.

— Mas somos como uma família, querido. — Esme interveio quando não consegui falar. — eu e o Carlisle cuidamos da Rose e do Ed como se fossem nossos filhos.

— E agora você é como se fosse nosso filho também. — completou Carlisle.

— É... Posso me acostumar. — ele me olhou de novo e sorri calorosa.

(...)

Carlisle e Esme tinham ido à cidade pesquisar os possíveis lugares para onde iríamos. Edward aproveitara para pegar carona e ir à biblioteca comprar mais livros. Só restava Emmett e eu em casa.

Estávamos na sala e acabamos por conversar sobre várias banalidades. Até que Emmett perguntou porque eu havia sido transformada.

— É complicado. — eu tinha dito. — é difícil falar disso.

— Eu não quero que fique desconfortável, mas... Você sabe o que aconteceu comigo, acho que posso saber o que aconteceu com você, não? — olhei para ele.

— É que... Eu... — não havia justificativa para aquele pedido. Abaixei a cabeça e contei tudo.

Não deixei nem Emmett falar alguma coisa. Desabafei como não havia desabafado com ninguém, nem mesmo com Esme. E “chorei”. As lágrimas não saiam, mas eram totalmente dispensáveis.

Emmett pegou minhas mãos na mesma hora e sua voz perto do meu rosto foi o que me sustentou.

— Rosalie... — ele começou, controlado. — eu não sabia que era isso... Me sinto péssimo por ter te obrigado a falar...

— Você não me obrigou a nada. — falei, tomando coragem para olhar em seus olhos.

— Minha vontade é matar cada um deles da forma mais cruel possível.

— Eu me vinguei. Matei todos. Deixei o Royce por último para que visse os amiguinhos morrer e saber que logo seria a vez dele.

— Eu queria estar lá apenas para te ajudar a acabar com aquele monstro.

— Mas existe uma coisa que nem a morte deles vai vingar. — apertei sua mão. — minha vida.

— Rose... — uma de suas mãos foi para minhas costas. Tive a sensação de me arrepiar. — eu realmente sinto muito. — assenti positivamente. — e quer saber? Vamos dar um passeio pela floresta! — o olhei confusa. — não vou deixar que seu dia termine assim.

— Mas Emmett... — ele me puxou do sofá pela mão.

— Eu te fiz lembrar-se disso e agora vou te fazer esquecer, loirinha. — rimos.

Não protestei mais. Fomos correndo pela mata. Começamos a nos ultrapassar, numa competição amistosa. Emmett virou para esquerda e o segui, pois não queria perde-lo de vista. Ele parecia conhecer o caminho e estava na minha frente por causa disso.

Começamos a subir uma colina. Não me sentia cansada, mas queria parar de correr logo.

— Para onde está indo?! — perguntei quase gritando, esperando que ele ouvisse há uns bons quilômetros de distância de mim.

— Você vai ver! — ele respondeu ao longe.

Então, o perdi. Não parei de correr um minuto sequer, mas fiquei preocupada. Cheguei ao topo da colina, achando que ele podia estar lá. Procurei ao redor e nada.

— Me procurando? — ele indagou atrás de mim. Me virei sorrindo.

— Não sabia que conhecia aqui. — olhei em volta.

— Só vim uma vez, mas sempre quis voltar. — ele olhou para o céu.

Ele brilhava quando acompanhei seu olhar. Não havia nuvens à aquela altura e o Sol batia diretamente em nós. Eu adorava sentir o calor em minha pele e fiquei encarando o Sol que logo sumiria do céu.

Só notei que Emmett me olhava quando ele falou:

— Você... Está... Brilhando... Rosalie. — ele parecia hipnotizado por algo em meu rosto.

— Você também, Emmett... — me sentia nervosa.

Nunca me intimidei com elogios. Por que com Emmett era diferente?

— Todo vampiro brilha assim?

— Todos.

Ele se sentou no chão relaxado. Fiquei receosa em imitar o gesto. Ele me acharia vulgar? Desleixada? Ou ele não notaria? Eu tinha medo do que ele iria pensar de mim ou do meu jeito. Eu só queria dar uma boa impressão, nada demais.

— Não quer sentar?

— Não sei se é uma boa.

— Vamos, não há problema nenhum. — desisti de questionar. Era ele que tinha dito que não tinha problema.

Me sentei ao seu lado calada. Ele também se calou. Eu queria puxar assunto, mas ao mesmo tempo queria apenas ficar quieta, vendo o pôr do Sol, sem precisar me preocupar com mais nada.

Não foi totalmente confortável ficar quieta daquele jeito, principalmente ao lado de Emmett. Senti os olhos dele em mim e também o olhei pelo canto do olho em alguns momentos.

Vi anoitecer, mas minha mente estava bem longe dali. Eu pensava em Emmett. Como seria a vida dele como vampiro? Sua adaptação à nossa dieta? E se ele não conseguisse? E se resolvesse ir embora? Ele encontraria alguém? Se encontrasse, seria uma mulher de sorte.

— Rose. — ele chamou. Olhei para ele, agora deitado, com as mãos embaixo da cabeça.

— Oi.

— Já está tarde... Vamos voltar? — deitei também e suspirei.

— Vamos.

Ele se levantou e estendeu a mão para mim. Segurei sua mão e ele me puxou para cima. Quando já estava de pé, ele não soltou a minha mão. Soltei sua mão delicadamente.

— Não gosta que eu segure sua mão? — ele perguntou.

— Não estou acostumada a andar de mãos dadas com alguém... — ele sorriu e estendeu o braço para mim. Revirei os olhos sorrindo e entrelacei meu braço no dele.

Descemos a colina sem pressa. A floresta estava escura e ter Emmett tão perto de mim me fez sentir segura. Ele sabia exatamente o caminho para casa e me guiou como um cavalheiro.

Chegamos em casa ainda de braços dados. Os três estavam na sala.

— Ficamos preocupados com vocês. — falou Carlisle.

— Estávamos no topo da colina... — Emmett falou. — perdemos o horário.

— É... — Edward começou, se sentando em frente ao seu piano. — foi assim que o Carlisle e a Esme começaram.

— Nada disso Edward. — falei nervosa. — Emmett precisa conhecer nossa família, essa nova vida e... Vocês estavam fora, então eu o fiz.

— Nós sabemos disso querida. — Carlisle disse, para minha sorte.

— Não liguem para as brincadeiras do Ed. Ele não acredita em amizade de homem e mulher. — Esme completou.

— Vocês não podem falar isso. Afinal vale lembrar que eu tive um papel importante nesse casamento.

— É Edward você teve. — Carlisle concordou rindo e Edward o olhou rindo também, mas claro que não era do que ele tinha dito. Era uma das piadas mentais que aconteciam entre eles.

Meu braço ainda estava entrelaçado ao de Emmett e o tirei delicadamente. Esme começou a folear uma revista e Carlisle ficou ao seu lado, ambos no sofá. Edward começou a tocar.

— Vou subir. — Emmett disse.

— Emmett, tem algumas roupas do Carlisle no seu quarto, caso queira tomar banho. — Esme falou.

— Obrigado Esme. Boa noite.

— Boa noite. — falamos juntos.

Ele subiu e percebi que senti sua falta nos primeiros momentos sem ele. Passamos o dia inteiro praticamente juntos, afinal. Fiquei na sala.

— Rose, acho que devemos ir à cidade comprar algumas roupas para o Emmett.

— Tem certeza Carlisle? — Esme perguntou. — Não tem como ir.

— Não tem como ele ir. Mas você e a Rose podem ir. As mulheres tem mais noção de tamanho. E ele vai querer ter as próprias roupas.

— Pode ser. — falei.

Quando ficou tarde, todos subimos para nossos quartos. Mesmo que não dormisse, gostava de colocar minha camisola e ficar deitada na cama. Pela primeira vez eu tinha algo para pensar de verdade. Eu havia salvo o Emmett e faria de tudo para que ele se sentisse bem com sua nova vida.