Emmett

A dor passou e abri os olhos. No início minha visão estava escura, mas logo clareou e vi o teto branco acima de mim. Onde afinal eu estaria? Tudo tinha acontecido da maneira mais estranha possível.

Eu tinha apenas ido caçar, nem me lembrava mais de quando eu tinha perdido a consciência. Mas me lembrava do ataque do urso e de começar a sentir uma dor insuportável.

Me coloquei sentado e vi que estava sem camisa. Levantei os olhos e vi uma mulher. Ela estava parada, encostada na parede. Era linda. A mulher mais linda que já tinha visto. Tinha cabelos loiros que caiam como uma cascata sob seus ombros. Seu rosto parecia de boneca e seu olhar era... Penetrante.

— Como se sente? — ela perguntou com uma voz suave, se aproximando.

— Estranho... — minha voz era ainda mais suave.

— É... Normal.

— Quem é você? — perguntei, tentando esconder meu interesse.

— Me chamo Rosalie.

— Sou Emmett. — ela sorriu um pouco.

— Você deve estar muito confuso Emmett. — assenti. Então um homem entrou no quarto.

Era loiro e alto. Parecia estar preocupado... E se fosse o marido dela? Eu não gostava dessa ideia, mesmo que tivesse sido a primeira vez que eu a tinha visto. Mas era claro que uma mulher como ela não ficaria solteira por muito tempo.

— Sou Carlisle. — ele disse, se aproximando.

— Meu... Pai. — ela falou e o olhou, ele sorriu.

— Pai?! — era impossível esconder o espanto. — mas ele não deve ter nem 30 anos.

— Pai adotivo. — ela completou.

— Acho que sabe o que fazer Rose. — Carlisle falou, saindo do quarto.

— Emmett... Primeiro acho que podíamos descer. Para você conhecer os outros.

— Mas o que aconteceu comigo? — ela suspirou.

— Você se lembra de alguma coisa?

— Me lembro de ser atacado por um urso, mas não sei como parei aqui.

— Pois bem. Eu te trouxe depois que você foi atacado pelo urso, porque você estava... Morrendo.

— Você que me trouxe?

Rosalie com certeza sabia que tinha me deixado ainda mais confuso. O que ela fazia na floresta? E como teria me levado até aquele lugar? Era claro que ela sabia de algo que eu não.

— Carlisle é médico e ele te salvou da forma... Que só ele pode salvar.

— O quê?

— Vou te mostrar. Mas primeiro, vamos descer?

— Vamos... — me levantei. Rosalie acidentalmente olhou meu peito e desviou o olhar envergonhada, me deixando envergonhado também. — Minha camisa...?

— Foi rasgada. Mas vou pegar uma camisa do Carlisle para você, tudo bem?

— Tudo bem. — ela assentiu e saiu.

Aproveitei para analisar o quarto. Era grande e branco. Tinha uma penteadeira trabalhada e cortina floridas. Tinha também uma janela grande, por onde raios de Sol entraram e bateram na minha pele, que brilhou como um diamante. Era até divertido, mas era muito, muito estranho.

— Oh... — alguém murmurou atrás de mim. Me virei e vi Rosalie, com a camisa nas mãos.

— Por que isso está acontecendo?

— Você nunca iria acreditar. Prefiro provar. — ela estendeu a camisa e a peguei. — estou te esperando lá fora. — ela acrescentou, olhando para baixo, saindo em seguida.

Vesti a camisa rápido. Tinha se encaixado bem. Saí do quarto e me senti perdido. Rosalie não estava lá.

— Emmett? — ela chamou e fiquei mais atento apenas por ouvir sua voz. — aqui na escada. — me virei e vi a escada, onde ela estava. Fui até ela cuidadosamente.

— Vai me explicar o que está acontecendo agora?

— Sim. Vamos para a floresta. — ela terminou de descer e desci junto.

Rosalie me guiou e me levou para a floresta pelos fundos da casa, mansão, na verdade. Gostei de saber que estávamos sozinhos.

— Desculpe, mas eu realmente quero saber... — comecei, mas parei quando o vento carregando um aroma diferente passou por mim.

Minha garganta queimou e quase que imediatamente, corri em direção ao cheiro. Era algo involuntário e descontrolado. Tão descontrolado que, sem querer, passei muito perto de Rosalie quando corri e ela acabou caindo.

Aquele cheiro me deixou tão estranho que nem parei para ajudá-la. Segui direto, numa velocidade que nunca atingi, nem mesmo num carro. Eu agia de uma forma inumana.

Estranhei quando vi que o cheiro vinha de uma gazela, mas eu estava tão diferente naquele momento que não pensei, apenas fiz o que meu corpo mandou. E aos poucos minha garganta diminui com a ardência e eu me sentia mais calmo.

Só então olhei o que tinha feito. Eu tinha estrangulado o animal e tinha bebido seu sangue... Eu tinha bebido o sangue de um animal?! E era... Gostoso?!

Virei-me para Rosalie que me olhava com normalidade.

— Então...

— Você bebeu sangue e se sente melhor, não é? — assenti. — isso é porque agora você é um vampiro, Emmett.

— Eu... Então você... — ela assentiu positivamente. — e por isso eu corri tão rápido?

— Eu, o Carlisle, a Esme e o Edward que você vai conhecer... Somos vampiros. E você também.

— Eu tenho que estar sonhando. — falei, a fazendo rir.

— Vem cá! — ela chamou e me levantei rápido, aproveitando para correr e chegar perto dela em segundos. Era incrível!

Fomos até uma árvore. Rosalie deu-lhe um soco no seu tronco e a árvore rangeu. A marca da sua mão ficou gravada na madeira.

— Faz você agora.

Obedeci e não senti qualquer dor em fazer aquilo. Então soquei com mais força e a árvore pendeu para trás, caindo em seguida. Sorri comigo mesmo.

— Viu só? — ela comentou, com um sorriso vencedor nos lábios.

— É a coisa mais legal que já aconteceu comigo! — Rosalie me olhou confusa, me deixando confuso também.

Tinha algo errado em gostar de correr em alta velocidade, ser extremamente forte e não sentir dor?

— Acho melhor procurar algo a mais para caçar. Recém-criados não se satisfazem com uma presa só.

— Recém-criados? Vampiros novos... Como eu?

— Sim. Você é um recém-criado, por isso é o mais forte da casa. — sorri animado com a ideia. — mas depois que isso passar, seus olhos deixaram de ser vermelhos e passaram a ser dourados. Como os meus. — ela me olhou e olhou para o lado. — a menos que resolva beber sangue humano. Então seus olhos serão sempre vermelhos.

Não tinha pensado nisso. Estava tão distraído com meu novo mundo que não consegui assimilar tudo ao mesmo tempo.

— Então vocês não bebem sangue humano?

— Bebemos sangue de animais. O Carlisle é médico, então é o melhor estilo de vida para ele. E sinceramente, o admiro por conseguir viver assim.

— E você? Gosta de ser vampira? — ela me olhou e desviou.

— Não é a melhor condição para se viver... — seus olhos perderam o brilho.

Senti-me triste por ela. Havia algo por trás daquela beleza única, algo misterioso, que me deixou ainda mais interessado em conhecê-la.