Oi, o meu nome é Uzumaki Naruto, sou um garotinho feliz de Tokyo. Tá bom, não sou exatamente um garotinho, já que tenho uma boa idade nas costas, mas também não sou velho. Aqui vai um relato sobre a minha história e as coisas que ela causou, as consequências, digo. Posso dizer que hoje vivo feliz graças à duas pessoas, principalmente, mas na verdade devo à várias. Pra começar, eu tinha dezesseis anos e estava saindo correndo de casa, estava atrasado demais para a escola. Sim, eu ia à escola, como qualquer adolescente normal.

Estava tudo pronto: o meu uniforme escolar, a minha mochila e a torrada com geleia na minha boca, assim como Sasuke me esperando na calçada da rua. Ah, é, vou dizer... Sasuke era o meu único amigo, isso desde os meus quatro anos de idade, se eu me lembro bem, era com ele que eu dividia os meus gostos e desgostos, ele era praticamente meu irmão, já que sempre dormia na minha casa e já era da família. Ele tinha uma pele bem clara e um cabelo negro estranhamente arrepiado para trás e olhos da mesma cor do cabelo. Também vestia o uniforme da escola. Uchiha Sasuke, seu nome completo, era o garoto ideal para qualquer garota e professor, visto que tinha as melhores notas nacionais, era bonito e tinha muito talento com esportes e redação. Já eu era um aluno regular, com beleza regular e notas regulares.

Eu estava abrindo a porta de casa correndo, sequer me despedi da minha mãe, visto que ela estava trabalhando. Fui para a rua e para o outro lado dela, onde estava Sasuke, encostado num poste. Tirei a torrada da boca e comecei a comê-la.

- Dobe, se você continuar demorando assim, eu vou enfiar essa torrada em você de um jeito nada agradável - Sasuke disse.

- Ah, cala a boca, teme - eu disse, terminando a torrada às pressas.

- Bem, teremos um longo dia, vamos logo - ele dizia. Com certeza estava mal humorado naquela manhã.

Além do Sasuke, eu conhecia a minha vizinha, Hyuuga Hinata e a namorada de Sasuke, Haruno Sakura. Sakura estudava na mesma escola que nós e Hinata numa escola particular, já que o pai dela tinha um bom dinheiro por trabalhar bastante. Uma coisa chata no Sasuke era que ele sempre foi perfeitinho em tudo e queria essa perfeição em mim também. Como ele queria isso? Insistindo para eu criar mangás junto com ele. Isso mesmo, mangás!

Tudo isso começou quando tínhamos sete anos e líamos a nova edição da Shounen Jump, a maior revista de mangás japonesa, do gênero Shounen. Creio eu que estávamos com os olhos brilhando, lendo na calçada da rua, e então Sasuke se virou para mim. Eu me lembro até hoje de suas palavras:"Naruto, é isso! Você desenha bem, um dia podemos fazer mangás!". Eu, como estava entusiasmado, disse que aquilo era uma promessa. Ele me cobra até hoje.

- Dobe, eu sei que falamos disso todo o dia, mas... o que você pretende fazer para o futuro? - Sasuke perguntou, enquanto caminhávamos.

- Você sabe, vou apenas me formar e me tornar um assalariado e viver a minha vida. E eu sei que é agora que você vai dizer que isso é besteira e que devemos fazer mangás - eu falei, suspirando.

Dois garotos adolescentes andando, um muito bonito e o outro nem tanto. O "outro" tinha uma pele bronzeada, olhos azuis e três marquinhas em cada bochecha, lembrando ao bigode de um gato, assim como um cabelo loiro e arrepiado. Ele deveria ser bonito e com aparência de bad boy, mas não era o caso. Ele era eu. Isso, eu sou um garoto magro e franzino sem nenhum atrativo.

- Dobe, ponha essa cabeça para funcionar! - Sasuke exclamou. - Você quer mesmo viver os seus dias um atrás dos outros e desperdiçar o seu dom? - Sasuke tentava me convencer todo o santo dia. - Lembre-se que fizemos uma promessa.

- É, eu sei, mas... suponhamos que comecemos a fazer mangás - eu disse, dando uma pausa longa. Vendo que ele me esperava continuar, eu de fato continuei. - O que vem depois? Vamos nos esforçar, mas nesse mundo, há dois tipos de pessoas que fazem mangás: os mangakás, que conseguem viver de mangá, e os apostadores. Fazer mangá é uma aposta e só isso, ter sucesso é como ganhar na loteria.

- Isso não importa, Naruto! - opa, era raro ele me chamar pelo o nome. - Não temos como saber sem tentar. Por que não fazemos assim? Eu crio uma boa história e você vê se quer desenhar e desenha se for bom? - ele dizia, já se animando com a possibilidade de eu dizer sim. Decidi acabar com o conto de fadas pessoal dele.

- Não - eu disse -, pois sei que você com certeza criará uma boa história e eu serei forçado a desenhar. Esqueça - foi tudo que eu disse, até notar que finalmente chegamos na escola, que não era muito longe da minha casa, por sinal. Estávamos de frente a ela, sequer haviam pessoas do lado de fora, de tão atrasados que estávamos.

- Eu desisto - Sasuke suspirou. - Não vou mais te encher com esse lance dos mangás.

- É melhor assim, teme. Você certamente encontrará um desenhista melhor e mais motivado que eu para fazer mangá - eu respondi, enquanto caminhávamos.