She Wolf escrita por Carol Howard Stark, Liran Rabbit


Capítulo 5
Memória ou Chamado?




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Rose

A casa no campo era uma das coisas que mais me deixava feliz naquela época, papai sempre levava a mim e a mamãe quando estava de férias no serviço. A casa no campo tinha um estilo rustico e fora deixado pelo meu avô, lembro-me de pouca coisa, mas ele era um bom velho e sempre que conseguia, ficava na varando me vendo brincar. Mas ele não estava mais ali, tinha partido para um lugar melhor.

Daquela vez em que tínhamos ido para lá, não era a mesma coisa de antes. O ar parecia mais pesado e as nuvens pareciam escuras, dando a aparência de que iria chover logo, mas não chovia. O vento batia contra as folhagens e a grama pinicava minha perna sem proteção da calça.

– Rose querida, temos que ir...! – Ouvia minha mãe me chamar, mas eu era apenas uma criança e queria brincar mais.

Olhava de relance para trás, tentando ver se mamãe ficará brava comigo por não obedece-la, mas surpreendi ao ver que a mesma não se encontrava lá. Tinha sumido e deixado à sensação de vazio, de que não tinha mais ninguém para ter e desfrutar da companhia.

O céu tornava-se mais sombrio e tempestuoso e o ar pesado. O vento ficava mais forte, e começava-me a ficar com medo. Um rugido vinha do bosque e parecia lamentar algo, familiar a um animal abatido.

– Rose? Você esta bem? – Acordei do devaneio ou cochilo, sentia uma mão pousada em meu ombro – Rose?

– Sim? – Fechava os olhos com força, demasiada cansada com minha situação – Aconteceu algo? – Perguntava, tentando não atrair atenção com o meu estado atual.

Ser demitida se não tomar-se cuidado com os cochilos fora de hora não era muito legal e já tinha passado por isso. Não é legal mesmo. Tenho que ter responsabilidade agora que eu não sustento apenas a mim e sim a minha irmã casula, tendo a herança pequena de nossos pais, não poderia depender apenas disso.

– Olhe... Eu posso cuidar das coisas por aqui, pode descansar um pouco – Seu olhar era atencioso e preocupado, tão familiar e distante em meio a minhas memorias.

– Certeza senhor Stilinski? Eu posso tomar um café e voltar... – Suspirei cansada, segurando o máximo para não bocejar.

– Certeza Rose, agora pode ir... – Riu nasalmente e acenou para que eu levanta-se.

Relutante, sai da sala do xerife e me dirigi à cafeteira da delegacia. Sentia-me incomodada com o local, mas não era por eu ter feito algo de errado que se envolve a justiça e sim em outros sentidos.

– Vocês ouviram falar do novo ataque de animal? – Um estagiário falou logo ao meu lado para outro colega dele.

Ataque de animal? Como assim?

A curiosidade era mais forte e discretamente voltei à cafeteira, ficando assim, mais próxima da conversa.

– Sempre dão essa desculpa, por que eu não me surpreendo? Antes era tão assustador, mas agora pode acontece qualquer coisa e é ataque de animal – E riu ao terminar a frase.

É ridículo como a ignorância levava as pessoas a começarem a pensar assim, se acostumaram com os ataques e isso chega a ser ridículo!

– Ei! Novata não é? – Essa não, um deles notou a minha presença, mas é claro que notaram Rose, isso é por você estar praticamente do lado deles – O xerife deu um descanso né? – E com uma piscadela, segurei para não soltar uma resposta cheia de ignorância.

Você é a novata Rose, não quer se demitida logo no terceiro dia não é? Então se enturme com os seus gentis colegas.

– Pois é... – Sorri forçadamente, mas não totalmente animada – Acordar cedo para preencher papelada não é fácil...

– É assim no começo, mas logo você se acostuma – Um deles falou risonho.

Devolvendo o sorriso, engoli o café quente de uma vez e lamentando por tê-lo feito. Essa droga realmente estava quente! Andei novamente para o a sala do xerife e notei que alguém estava sentado na cadeira do meu chefe e ainda por cima folheava arquivos que não era de sua autorização para ler!

– Com licença senhor, creio que não pode ficar aqui – Falei com o meu tom de voz mais polido e educado, aquilo ali na minha frente era puro descaramento!

– Senhorita Tyler! – Seu olhar mantinha-se ainda nos documentos a sua mão. Espera, aquela ali era a minha ficha! – Histórico interessante o seu... Parece gostar de bugigangas, ficou muito tempo no antigo emprego não é?

– Senhor, peço com educação que ainda me resta para que saia da sala... – Falei entre dentes, fechando os olhos e contando até três.

– Interessante... – Murmurou e quando abri os olhos, o mesmo tinha ficado de pé e olhava para onde eu estava e intrigado, cruzou os braços – Não lhe contaram nada ainda não é?

– Contar o que? – Falei cinicamente – Que o senhor é alguém de um cargo importante e eu não saiba?

Um pigarreio soou pela sala e comecei a me xingar mentalmente. Era o meu chefe...

– Dava para ouvir suas falas agressivas do outro lado da delegacia Rose. Aconteceu alguma coisa? – John perguntou.

– Ele estava lendo a minha ficha – Apontei sem delongas para o outro a minha frente, que ainda olhava com uma cara de quem esperava outra boa resposta minha – E ele acha que manda por aqui – Finalizei, apoiando as mãos em minha cintura e esperando uma resposta de ambas as partes.

– Eu devia ter deixado o documento com a foto de quem são os de cargo mais alto por aqui... – Ele suspirou longamente, massageando a têmpora – Rose... Esse é o pai de Scott e o nosso chefe temporário por aqui. Rafael McCall.

Espera... Esse é o pai do Scott? Pai do meu vizinho e que eu vejo antes de vir para o trabalho?

O olhar de ambos para mim não era um dos melhores, o clima ficou tenso e só veio um pensamento em minha cabeça e foi “vou ser demitida”.

– Estou encrencada... Não é? – Com cautela, perguntei em um tom de voz não tão alto.

– Dessa vez não, apenas... Não fiquei tão brava com a presença de alguém em minha sala... Pode ser alguém de importância... – Xerife suspirou, aproximando-se de mim sussurrando – Desculpa não ter mencionado sobre ele antes senhorita Tyler...

Pelos olhos de John, vi que ele parecia arrependido de não ter contado sobre o pai do Scott e possível chefe nosso. Concordei levemente e sai da sala a pedido do senhor McCall, o que deixou certo tipo de raiva em mim, não estava gostando de receber ordens vindas dele e muito menos ser a nova atração da delegacia e tema de fofoca por todos.

Alguém dê-me paciência, não vou aguentar uma pessoa como ele na minha rotina, mas só espero que a da Hanna esteja melhor que a minha.

Depois daquilo, fui liberada mais cedo e como eu não levaria trabalho ou documentação para casa, poderia relaxar até ser chamada novamente.

Dirigi indo para casa, o tempo parecia anunciar novamente uma chuva e dando aquele ar de depressão. Pensei que aquele tipo de coisa só acontecia em Londres...

Nunca parei para pensar em como a casa inteira ficava num silêncio enquanto Hanna não fazia a bagunça dela, sempre era o som no volume máximo ou gritando ao cômodo ao lado, pedindo alguma coisa. Mas agora ela iria ficar a maior parte do tempo dela na escola e sem fazer esses exageros ridículos.

Cansada, abri a porta de casa e quase que poderia cair no chão com um salto alto largado no meio do corredor. Tem que ser organizada para deixar aquilo ali...

Subi as escadas e entrei logo no meu quarto, abrindo a janelas e a cobrindo com a cortina. Larguei-me na cama e refleti que depois eu tomaria um longo banho. Acabei por fim entregando-me ao sono.

Rose? Querida... O que você fez?

Olhei para a voz que chamou meu nome, era firme e transmitia o sentimento para a pessoa que ouvia. Sentia-me culpada, como se tivesse feito algo errado e não conseguiria mudar.

Um homem com uma aparência de quem tinha parado no tempo, lembrava bem aquele olhar... Era o mesmo de Hanna e aquele na minha frente era meu pai...

Por que se afastou? Não devia ter fugido de nossa casa, largado o que já tinha...

Estava num cenário que já recordava, era o mesmo do cochilo que tive de manhã na delegacia, o campo da casa de campo do meus avôs. O mesmo tempo anunciando uma chuva e os ventos fazendo os galhos de árvores aparentarem não se aguentar.

Não sei... Apenas quero encontrar minha mãe...

Não torture a si mesma, minha filha... Apenas tome cuidado com as escolhas que já fez...

E com as ultimas palavras ditas, começava a sumir e ficar transparente. Gritava, chamando-o, mas a voz não saia de jeito nenhum.

Rose? Acorda sua preguiçosa... - Sentia meu corpo balançar e quando dei por mim, era Hanna chamando-me - Não sabia que falava dormindo.

– Nem eu sabia... - Falei meio grogue, sentando-me na cama - O que você faz aqui? Devia estar na escola...

– Acho que você dormiu um pouco demais... São sete da noite Rose... - Falou franzindo o cenho - Você 'tá bem?

Olhei bem para ela e vi preocupação em seu olhar, não queria deixar perguntas flutuando naquela cabecinha curiosa, e então com o sorriso forçado e uma voz falha, tentei ser a mesma de sempre.

– Ótima, não poderia estar melhor - Respondi.


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