Cease Fire - Hayffie escrita por District 8


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

MAS VOCÊS GOSTAM DE UMA TRETA HEIN?Nos comentários do outro capítulo eu só lia TRETA QUERO TRETA!
POV Haymitch nesse capítulo,finalmente!
Decidi enfiar um capítulo extra esse este e o outro então agora eu vou ter que mudar muita coisa na história,mas enfim...
Esse capítulo vai ser engraçado no começo e no final vai ter o draminha básico que vocês já devem estar acostumadas. Não sei quando eu vou poder postar,até porque o Carnaval tá aí povo,então aproveitem =)



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POV Haymitch

É a ressaca que me acorda.Como sempre.Puta que pariu,essa é das brabas.Abro os olhos e vejo a luz do sol entrando no meu quarto.Merda,que horas são?Essa ressaca não me deixa pensar.Sem problemas,deixa eu só arranjar um copo de aguardente que essa ressaca acaba rapidinho e...quem diabos é essa do outro lado da cama?

Quando dou por mim,já estou segurando a minha faca.Ao meu lado,encostada na parede,uma mulher(tomara que seja uma mulher)está deitada de bruços.A única coisa que eu consigo ver são os seus cachos loiros espalhados e um pouco das costas que não foram cobertas pelo lençol.Dou um cutucão nela com o cabo da faca e ela nem liga,cutuco outra vez e ela resmunga alguma coisa e volta a dormir. Eu hein.

Consigo me levantar da cama,meio andando meio me arrastado,e chego até o banheiro.E lá estou eu com aquela aparência de morto vivo de sempre:Olheiras fundas,barba por fazer,cabelo meio bagunçado,uma marca roxa gigante no meu pescoço...opa!Isso não estava aí antes,eu penso enquanto sorrio para a bela adormecida na minha cama.Acho que estou começando a me lembrar de alguns detalhes da noite de ontem,mas ainda não faço a mínima ideia de quem seja a mulher.De vez em quando eu acordava e encontrava uma mulher na minha cama,mas nunca na Capital,só no Distrito 12 mesmo.

Effie vai ficar muito puta se me encontrar com uma mulher aqui,é melhor eu me apressar.Falando nisso,aonde ela tinha se metido?Já passava do meio-dia,a essa hora ela já teria passado um trator pela porta para que eu acordasse.Não que ela não tivesse um pouco de razão,afinal de contas,Katniss e Peeta dependiam de mim na arena.

Enfiei meio tubo de pasta de dente na boca e escovei,depois engoli metade das pílulas pra ressaca.Guardo o resto pra minha nova amiga.Talvez ela vá precisar também.

Só então eu percebi que as minhas costas ardiam pra burro também.Virei as minhas costas para o espelho e olhei,só então eu percebi: dois arranhões,que iam dos meus ombros até a minha cintura,marcavam toda a extensão das minhas costas.Ainda doía se você tocasse.Wow,parece que as mulheres da Capital não são tão frígidas quanto parecem ser.

Gosto de deixar o meu quarto bagunçado – até porque o que a Capital mais odeia é desorganização – mas nessa hora não consigo achar uma mísera garrafa de bebida na bagunça. Aguardente seria ótimo pra me livrar dessa ressaca dos infernos.

Finalmente encontro uma garrafa enfiada em uma das gavetas do armário.Ouço a mulher na minha cama gemer alguma palavra que eu não entendo.Visto um calção qualquer que está no chão e me viro para o lado aonde fica a cama.

A tal mulher ainda estava deitada na cama,mas parecia estar acordando.Ótimo.

–Bom dia – me sento ao lado dela e começo a brincar com os seus cachos.O cabelo dela parecia seda na minha mão – Boa tarde,aliás.Já passou do meio-dia. – Ela tinha um cheiro muito bom,devia usar um daqueles perfumes da Capital que quase ninguém no meu distrito tinha condições de comprar.Afasto os seus cabelos do pescoço dela e dou um beijo na sua nuca,descendo até as suas costas.Ela suspira e eu sorrio – Eu não quero ser grosso,mas você precisa ir.A Effie,a acompanhante do meu distrito,vai ficar uma fera se te ver aqui e...

A tal mulher se sentou rapidamente,os olhos arregalados e a mão no lençol que cobria o seu corpo.

E eu a conhecia,é claro que a conhecia.Ela era a mesma mulher que me perturbava há onze anos.

– Effie?

– Hay..mitch? – Pela voz dela,parecia que estava morrendo.Eu acho que também estava.

E então ela berrou.

Eu berrei.

Nós dois ficamos apostando pra quem berrava mais.

– Como...como... – ela balbuciou alguma coisa quando ficou sem ar de tanto gritar – COMO ISSO ACONTECEU?

– E eu lá vou saber?

Puta que pariu,preciso me afogar num barril de vodca agora.Como é que eu pude transar com a EFFIE?Então foi a Effie,a princesa da Capital cheia de “mimimi não me toque,não toque no mogno é uma madeira cara vale mais que a sua vida”,que deixou um chupão no meu pescoço e uma porrada de arranhões nas minhas costas?

Pense pelo lado bom,Haymitch,pelo menos você não pegou um travesti.

– Eu...eu não me lembro de nada – Effie pôs uma das mãos na cabeça. – Nada!Oh,meu Deus,que dor de cabeça...

– É melhor ir se acostumando se quiser bancar a alcoólatra – eu não faço a menor ideia de porque eu disse aquilo.Acho que porque irritar Effie era um dos meus maiores prazeres.E ela ficava lindinha quando estava irritada,eu tinha que admitir.

Acho que eu deveria ter me lembrado de ter tirado a minha faca de debaixo do travesseiro,porque ela ficou realmente puta agora e podia me matar num momento de raiva.Até me afastei um pouco com medo daquele olhar gélido vindo dos seus olhos azuis.Ela estreitou os olhos mais ainda e disse:

– Você se aproveitou de mim.

– Eu me aproveitei de você? – Senti vontade de rir da cara dela. – Não me leve à mal princesinha,mas se eu fosse me aproveitar de alguém não seria de você.

Effie soltou um arfar de indignação e fechou a boca.E então ela me deu um forte empurrão e eu caí da cama. É lógico que a queda ressoou bem na minha cabeça cheia de ressaca. Legal,minha cabeça doía,minha bunda doía,tudo doía,tudo latejava.E eu ainda tinha que aturar Effie berrando no meu ouvido.Mas é pra isso,amigos,que existe um bom copo de aguardente.Pego o copo que eu tinha deixado em cima do criado mudo e dou um longo gole.Melhorou.

– Aonde estão minhas roupas? – Effie se levantou na cama e se enrolou no lençol,procurando pelo quarto inteiro.

– Eu não sei – balancei a cabeça e me levantei com dificuldade. – Olha,a gente precisa conversar com relação à...

– Não toca em mim! –Effie levantou uma garrafa vazia na minha direção quando eu encostei no braço dela.

– Olha... – Eu me apoiei no criado mudo,tentando me equilibrar. – Não vá querer piorar as coisas...

Quando eu vejo,a garrafa já estava voando bem em cima de mim.Dou um salto pra direita e consigo me desviar.Ainda continuo de pé.

Tem uma coisa que precisa ser dita:Quando eu e Effie nos conhecemos,a mira da Effie era uma merda. Ela não conseguia acertar nada nem que estivesse à só dois metros de distância.Tanto que quando eu dei um beijo nela daquela vez,a garrafa voou pra tudo quanto é lado menos pra cima de mim.Acontece que,depois de onze anos de prática,Effie virou quase uma expert em tacar garrafas em cima dos outros(quer dizer,só de mim).Eu aposto que ela tem uma foto minha grudada na parede e brinca bastante de “Mire no Haymitch”.

– Por que você fez isso?!Por que você se aproveitou de mim?! – E ela já estava com uma garrafa levantada.Ainda bem,ainda bem,que ela também estava com ressaca e não conseguia mirar direito.

– Eu não me aproveitei de você, merda! – Decido ficar no mesmo lugar, vai que ela me ataca de novo – Para de bancar a vítima!Você adorou tanto que deixou um monte de arranhão nas minhas costas!

– Arranhões? – Effie me olha confusa e então ela se lembra.Ela passa a mão pelo pescoço e vai até o espelho do outro lado do quarto,aonde vê um monte de marcas roxas enormes na pele branca do seu pescoço.Effie arregala os olhos de uma maneira tão engraçada que eu quase caio na risada. – Desgraçado!Como você acha que eu vou esconder isso? – Lá vem outra garrafa!Essa se quebra bem aos meus pés. – Como...como eu tive...coragem de...de...

– Ah,tá – debocho. – Como se você fosse inocente, né,queridinha?Pela seu desempenho deu pra ver que você não era pura...

– O que está insinuando?!Você se lembra de alguma coisa?!

– Hum... – Eu paro pra pensar. Lembro de ter acordado,de ter encontrado com Effie chorando na sala e de ela ter me falado que era a garotinha com quem eu conversei há vinte e cinco anos atrás.

Olho para Effie e me pergunto como eu pude ser tão imbecil. Ela ainda tinha aquele ar meio angelical, os cabelos loiros e os olhos azuis.Até o jeito como ela balançava a cabeça enquanto pensava continuava igual.Ela era muito diferente sem aquelas coisas todas,mas com toda certeza não passaria despercebida na parte da Costura do Distrito 12 se saísse na rua ao natural.

– O que você está olhando? – ela disse entre dentes. Acho que eu fiquei a encarando por muito tempo,olhando principalmente para a mão que segurava o lençol ao redor do seu corpo.Se ela afrouxasse o aperto só um pouquinho o lençol escorregaria por suas pernas lindas.É,isso seria um ótimo.Eu queria ter ficado menos bêbado ontem,assim eu podia me lembrar direito.

Mas é claro que se eu não estivesse bêbado eu não teria transado com ela.

– Nada. – tento parecer indiferente e me encosto na janela.

– Você por acaso está olhando para o meu corpo?

Não funcionou.

– Claro que não,Effie,você sabe o quanto eu respeito você e...

Outra garrafa voa na minha direção e eu me jogo no chão para não ser atingido.A garrafa sai voando pela janela e ouço o vidro se espatifando na calçada e alguém gritando alguma coisa do lado de fora.Isso já está ficando fora do controle.

– Seu nojento!Porco!Imundo! Você não percebe a gravidade do que aconteceu?!Eu sou uma dama e você é um bêbado nojento!

– Sinceramente,Effie,você não parecia uma dama ontem e... –Me arrependi de ter falado isso na hora que ela tacou outra garrafa em mim e eu tive que me jogar na cama para que ela não se quebrasse bem no meu peito.

– Seu nojento!Porco!Imundo!

– Dá pra parar com essa putaria,porra? – Eu mal tinha acordado e já tinha que desviar de garrafas que uma doida tacava em mim.Eu tinha o direito de ficar puto. – Do que adianta me xingar agora?O que foi feito não pode ser desfeito!Acorda pra vida,mulher!

Finalmente eu disse as palavras certas,porque ao invés de ela jogar uma próxima rodada de garrafas em cima de mim,ela olhou para o carpete cinza do meu quarto,pensativa.

– Você tem razão – a voz dela saíra num fiapo.

– É claro que eu tenho razão – Eu me levanto e quase tropeço num par de botas sujo. Às vezes,até eu fico assustado com a minha própria bagunça.–Agora a única que você tem que fazer é ficar de bico calado e eu farei o mesmo.Ninguém vai ficar sabendo do que aconteceu aqui e você pode voltar pra sua vidinha fútil de sempre. – Estiquei as costas. Ugh,estou ficando velho.E então eu olho para Effie. – Ah, menos,é claro,que você queira fazer um acordo.

– Acordo? – ela piscou várias vezes, acho que pra afastar os resquícios de sono – Que tipo de acordo?

– Bem, vamos admitir que mesmo brigando sempre trabalhamos muito bem juntos.E parece que a gente se divertiu muito ontem a noite. Quer dizer, eu e você podemos fazer uma parceria, o que acha,hein?Você é muito bonita e se a gente faz uma bela dupla fora da cama imagina em cima de uma...

Dessa vez não só uma, mas três garrafas voaram em cima de mim ao mesmo tempo.Eu só tive tempo de me jogar no chão antes que as garrafas se espatifassem e fossem jogadas em cima da cama.Quase me jogo em cima dos cacos de vidro de outra garrafa que ela jogou.

– VOCÊ ACHA QUE EU SOU UMA PROSTITUTA? – Mal me levantei e ela jogou outra coisa, dessa vez era um sapato que me atingiu em cheio no ombro. Ainda bem que era só um sapato, podia ser um piano,por exemplo. – Eu nunca ouvi tal barbaridade em toda a minha vida! – eu juro que ela estava tentando me matar. Eu,Haymitch Abernathy, que venceu um Massacre Quaternário, morto por uma mulher histérica num quarto da Capital. Que fim ótimo.

Effie começou a tacar o quarto inteiro em cima de mim. Ela jogou até uma cadeira(como ela conseguiu levantar uma cadeira com uma mão só?),que invariavelmente,voou pela janela.Ouvi o alarme de um carro sendo acionado.Acho que não existem seguros pra cadeiras que são jogadas por acompanhantes histéricas em cima do seus pobres colegas de trabalho.

– Seu canalha!Cafejeste!Nojento!Aproveitador! – ela disse enquanto jogava outra garrafa. Uma garrafa cheinha!

– Garrafa cheia não!Garrafa cheia não! – É claro que não adiantou e a vaca tacou os meus preciosos uísques na minha direção,desperdiçando tudo pelo quarto. - MAS QUE MERDA,EFFIE,PARA DE JOGAR AS MINHAS PRÓPRIAS GARRAFAS EM CIMA DE MIM!

– Eu tenho nojo de você,Haymitch!Eu nunca tive tanto nojo de alguém!

E então eu ouvi.Passos se aproximavam rapidamente e pessoas falavam uma com as outras.Effie nem percebeu e continuou a me xingar.Eu precisava fazer alguma coisa antes que eles chegassem mais perto e descobrissem que eu não estava sozinho no quarto.

Pulei em cima dela bem na hora que ela tentou tacar uma bota em cima de mim.Nós dois rolamos no chão até que eu fiquei em cima dela,prendendo as suas pernas.Antes que ela começasse a gritar,tapei a boca dela com a minha mão.Effie começou a socar o meu peito e eu tenho que admitir que isso doía.Ela tinha unhas gigantes!Prendi os dois braços dela em cima da sua cabeça com a outra mão.

– Shiiuu!Quietinha,quietinha!Você não quer que eles saibam que você tá aqui, não é? – sussurrei e isso fez com que ela parasse de lutar ,mas mantive a minha mão na boca dela por precação.

– Sr.Abernathy? – um cara, com aquele sotaque ridículo que só a Capital tem,me chamou.

– O que é? – falei com uma voz que parecesse que eu tinha acabado de acordar e bocejei.

– Está tudo bem?Ouvimos gritos... – uma mulher com o mesmo sotaque irritante pergunta.

– É claro que está tudo bem, por que não estaria? – resmungo, torcendo que o meu mau humor os fizessem me deixar em paz.

– Há um homem lá embaixo dizendo que viu uma cadeira e várias garrafas de vidro saindo pela sua janela...

– Porra nenhuma que é a minha janela. Esse prédio tem doze andares e vocês acham que eu joguei garrafas pela janela?Por que diabos eu faria isso?Deve ter sido a doida da Anne Cresta! – Coitada da Anne, mas eu precisava de alguém para jogar a culpa. E duvido que fossem perturbar a Anne como me perturbam.

Ouvi os murmúrios dos funcionários da Capital. Ótimo,eles tinham caído com um patinho.Essa gente da Capital nunca foi muito esperta,tanto que caíram na história de amor besta de Katniss e Peeta.

– Também temos um recado do Sr.Heavensbee.Ele solicitou o comparecimento do senhor na sala de controle imediatamente.

Effie franziu a testa. Merda,ela não vai deixar essa passar.Ao contrário dos seus vizinhos, Effie era bem esperta.Agora ela vai encher o meu saco até eu falar o que Plutarch quer comigo.

–Diz pra ele que estarei lá em dez minutos! – gritei pro funcionário e ouvi passos se afastando da porta.

Ufa,essa tinha sido por pouco.Mal suspiro de alívio quando Effie morde a minha mão,espalhando pontos de dor por todo o meu corpo.

–AI! – Consigo soltar a minha mão da mordida dela para avaliar os danos. Tinha várias marcas de dentes na minha mão.

– Me solta!Me solta! – ela começa a me dar uns tapas para que eu a largasse. – Me solta, seu bruto!Me... – pego cada um dos seus pulsos e os seguro contra o chão. – Seu ignorante!

– Você vai ficar aqui quietinha até se acalmar – eu digo com calma.

Effie se debate algumas vezes, mas finalmente para quieta no chão.Seu peito subia e descia com o esforço e ela me encarava com raiva nos olhos.Sim,eu podia dar um beijo nela ali mesmo.Eu gostava do jeito que ela se desmanchava nos meus braços quando eu a beijava,do modo de como ela suspirava.Será que se eu a beijasse ela retribuiria?

– O que Plutarch quer com você?

– Isso não é da sua conta. – Tento me esquivar,mas eu sei que Effie não iria me deixar escapar.

– É da minha conta assim que eu aceitei esse emprego. Eu tenho todo o direito de saber o que posso fazer pra ajudar Katniss e Peeta.

– Isso é entre mim e Plutarch,não tem nada a ver com Katniss e Peeta.

– Eu também tenho o direito de saber o que acontece com você também,já que sou a acompanhante de todos os tributos do Distrito 12.

– Mas não era você que estava gritando dizendo que eu me aproveitei de você e dizendo que tinha nojo de mim?O que te fez mudar de ideia,princesa? – Eu sorri sarcasticamente.

– Esse é o meu trabalho. Tenho que saber o que acontece com os vitoriosos do Distrito 12,mesmo um bêbado idiota aproveitador que nem você.

– Acha que eu queria estar aqui com você, é?Você é tão culpada nessa história quanto eu, admita.Talvez você até quisesse isso,não é?

Effie me olha irada comigo e faz uma coisa que eu nunca esperaria dela: cospe na minha cara.

Acho que não quero mais descobrir do que Effie Trinket é capaz.

Controlo a raiva para não cuspir na cara dela de volta e limpo o cuspe no meu ombro. Só então percebo uma gota de sangue escorrendo pelo meu braço,um caco de vidro deve ter me atingido.

– Continua cuspindo na minha cara, vai conseguir sair bem rápido daqui. – Eu fico puto ao ver o sangue pelo meu braço. Ela realmente queria me ferir por causa de uma coisa idiota que nem era totalmente a minha culpa.Ah,mas é claro,o que esperar de uma bonequinha da Capital? – E pode perguntar quantas vezes quiser.O assunto entre mim e Plutarch não é da sua conta. É melhor você voltar aos seus horários bestas, queridinha.

Effie me fuzila com o olhar e morde o lábio, soltando uma respiração pesada logo em seguida.

– É,Haymitch,você está certo.Não é da minha conta – Arregalo os olhos com a surpresa.Achei que ela fosse me mandar pra puta que pariu,se bem que uma dama da Capital não falaria uma coisa dessas,mas ela estava concordando comigo? – Não mais. Eu me demito.

Paro de sorrir imediatamente.

– Se demite?Você não pode se demitir!

Ela não podia fazer isso, podia?Ela podia ser chata, controladora, irritante, mas eu não queria que ninguém viesse tomar o lugar dela! Effie fazia parte da minha vida agora, eu não ia deixá-la ir embora!

– Eu posso e vou. Só ficarei aqui até o fim dos Jogos por causa de Peeta e Katniss,seja lá se algum deles saia vivo ou não.E quer saber?Eu cansei de você!Eu aturo você me insultar, vomitar em cima de mim, sua falta de responsabilidade e de higiene, mas não vou aturar você se aproveitando de mim enquanto eu estava bêbada!Chega, você passou dos limites!

– Você já estava bêbada quando eu te encontrei. – Uma bolha de desespero crescia no meu peito cada vez mais. Effie era uma teimosa, cabeça dura, mas eu tinha que convencê-la a ficar. – Eu não enfiei uma garrafa na sua boca e te obriguei a beber!E eu também tinha bebido, você acha mesmo que isso teria acontecido se nem eu e nem você estivéssemos bêbados?

– Você acabou de comprovar a sua teoria. – Ela riu,não o riso que ela costumar rir.Esse estava carregado de ódio e veneno. – Eu tenho nojo de você,Haymitch,todos têm nojo de um bêbado vagabundo que nem você. É por isso que você não tem família, ninguém ia suportar viver com um cretino que nem você!

Uau,essa tinha doído. Eu senti vontade de dar um tapa na cara dela, de verdade. Ela sabia o porquê de eu não ter uma família, mas é claro que ela não entenderia porque ela é só mais uma vadia da Capital que só pensa nela mesma. Eu não sei por que eu achei que ela era diferente dessa gente da Capital,ela tinha até mesmo orgulho da Capital – a mesma Capital que aplaude quando vê uma criança de doze anos morrer na arena – tanto que eu consigo ver o símbolo da cidade tatuado no seu ombro.

– Como assim um cretino igual a mim?Se acha muito digna pra trepar comigo? – Eu ri com desprezo. – Deixa eu te contar uma coisa, docinho: Eu pelo menos sirvo pra alguma coisa. Eles não podem me substituir. Já você não. Qualquer uma pode fazer o seu trabalho,aliás, qualquer uma pode te substituir. Sabe os teus amigos? Eles só são um bando de filhos da puta que estão loucos pra ver você cair. Sabe os teus pais? Bom, como você mesma disse quando era criança, eles não ligam pra você.E continuam não ligando. Ninguém liga. Você pode morrer que ninguém vai perceber. Nem eu, nem Katniss, nem Peeta te suportamos. Então foda-se se você vai se demitir, ninguém vai sentir a sua falta mesmo.

Effie arregalou os olhos e parecia que ia falar alguma coisa, mas calou a boca.

– Acho que eu já fiquei por tempo demais em cima de você. – Larguei os pulsos dela e me levantei.

Catei as roupas dela espalhadas pelo quarto todo e juntei tudo num bolo.Quando me virei,Effie ainda estava no chão,sentada e olhando para o outro lado do quarto,piscando várias e comprimindo os lábios.Ela estava chorando e eu não sentia a menor pena.

– Se levanta, eu não quero mais olhar pra sua cara.Sai do meu quarto.

Effie se levantou e tropeçou no lençol. Por puro reflexo, eu a segurei o seu braço a tempo de ela cair no chão. Effie me olhou com aqueles olhos azuis, gélidos, furiosos e magoados;arrancou as suas roupas da minha mão,apertou o lençol ainda mais contra o corpo e saiu do meu quarto.

Só então percebi que a minha canela doía pra cacete. Me joguei numa cadeira – a única parte do quarto que não estava cheia de cacos de vidro – e tirei o pedaço do que foi uma garrafa um dia,tentando ignorar a dor.Rasguei uma tira de uma camisa que estava jogada no chão e amarrei para estancar o sangue.

– Sr.Abernathy? – o funcionário chato de antes me chamou.

– O que você quer? – rosnei, sem paciência com aquele sotaque besta.

– O Sr.Heavensbee pediu que o senhor viesse imediatamente à sala de controle.

Ah, merda, então eu me lembrei.Enquanto eu brincava de bancar o alvo com Effie;Katniss e Peeta estavam numa arena cheio de carreiristas,um presidente estava pronto pra matar os dois lenta e dolorosamente e um país tinha levantes em cada esquina.Que ótimo.

E tinha Effie também, mas que merda!Eu tinha esquecido de falar com ela sobre o que aconteceria.Espera,não era ela mesma que dizia que eu era um bêbado nojento e que era por isso que eu não tinha família?Então porque ela ia querer a minha ajuda?Deixe que o tal do aerodeslizador venha mais tarde, não estou nem aí se não tem garantias, eu não quero olhar mais na cara dela nunca mais. Seria até bom se o aerodeslizador não viesse e ela se fodesse aqui, seria bem feito.

Visto alguma coisa que não tenha virado um abrigo pra cacos de vidro e saio do quarto. Vou até a sala de controle onde Plutarch Heavensbee me espera.

– O que houve? – me sento numa daquelas poltronas bacanas de couro ao lado de Plutarch.

– Está vendo isso? – Plutarch aponta para uma das telas que cobrem uma parede inteira. Nela,vejo Brutus e Enobaria conversando.

– São os carreiristas. E daí?

– Hoje mais cedo eles planejaram um ataque ao grupo da Katniss.Eles sabem que Beetee vai tentar energizar a arena. – Plutarch olha pra mim com uma expressão preocupada. – O plano terá que ser adiado.

– Mas eles não sabem disso! – Me ajeito na cadeira. – Droga, temos que dar algum jeito de avisá-los!

– Não dá!Qualquer movimento agora só iria provocar desconfiança no Snow e ele poderia mandar incendiar a arena toda ali mesmo!

– Então o que vamos fazer?

– Vamos ficar a postos desde já – Plutarch engole em seco. – Mandei um aerodeslizador ficar preparado. Teremos que invadir a arena em cima da hora para não sermos descobertos.

– Tudo bem – eu ainda estava meio tonto com o tanto de informações. E então eu me lembrei de Effie. – Eu...eu tenho que falar com Effie. – Me levantei.

– Ficou maluco?! – Plutarch se levantou junto comigo. – Se ela não conhece a existência do plano, já é tarde demais! – Ele aponta para uma outra tela.Katniss e Johanna Manson carregam o fio.

– Ainda tenho tempo. – Desgrudo os olhos da tela e vou para a saída.

– Não seja idiota – Plutarch agarra o meu braço. – Não sabemos onde ela está!

– Como assim você não sabe? – Começo a ficar puto e mais do que tudo, preocupado. Não importava o que ela tinha me dito, eu tinha certeza que ninguém teria tempo de levá-la até o Distrito 13.

– Effie Trinket saiu do prédio às pressas, pelo que vimos nas câmeras. Não sabemos para onde ela foi e nem quando vai voltar!

– VOCÊ NÃO SABE, SEU FILHO DA PUTA? – Seguro Plutarch pelo colarinho e bato a cabeça dele com tudo na parede. – Tudo o que você tinha que fazer era ver uma porra de uma tela e agora você me diz que não sabe aonde ela tá?! – Aperto o pescoço dele mais ainda.

– Ni...ninguém...nunca...iria....voltar pra...buscar ela. – Plutarch gagueja com os lábios roxos.

– Você me disse que eles podiam buscar ela, você disse!

– Não...Haymitch...eu...eu disse...que...não...não...tinha...garantias de que...de que...a-a Capital...pegaria...ela...se se...ela con-conseguisse...fugir...do...do... Centro de Treinamento.

Largo Plutarch como se ele estivesse pegando fogo e olho para a parede a minha frente,me lembrando da conversa.Ele estava certo.Estava certo.Eu quem tinha entendido errado.Eu quem estava bêbado demais pra não entender direito.E sou eu quem tenho que consertar isso.

– Eu não vou sair sem ela! – Plutarch estava com as mãos no pescoço e tossindo. Ele não iria me impedir.

– Seguranças! –Plutrach grita, quase sem voz, e dois brutamontes entram na sala rapidamente. Tento me esquivar,mas eles seguram os meus braços e bato com a cabeça na parede com força.Pontos pretos surgem na minha visão.Sinto uma picada no meu braço e um dos brutamontes injeta alguma coisa em mim.

A última coisa que consigo ver é que Katniss também levou uma pancada na cabeça, mas pelo carretel do fio que Johanna Manson segurava.


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Notas finais do capítulo

DRAMA DRAMA DRAMAAAAA
Comentem,leimores.



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