Incondicionalmente escrita por FrozenUnicorn


Capítulo 6
You May Love Me


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é um pouco dramático, mas eu o fiz com muito carinho e ele é um dos meus preferidos *_* Algumas cenas são fortes, mas nada que te deixe traumatizado ou sem dormir essa noite kkk (a não ser que você seja uma criancinha u.u).



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POV Stefani

Eu acabo de despertar. Puxa vida, a minha cabeça está doendo mais do que nunca. Dá até a impressão de que tocou um heavy metal dentro da minha cabeça a noite toda porque a minha dor não me deixa fazer nada, nem ao menos processar um pensamento, um raciocínio sequer.

_O que será que eu fiz ontem? – pergunto-me, em voz alta, já percebendo que a minha memória estava toda zoada – Eu só me lembro de ter tomado uns drinques e de ter beijado o... – naquele momento o meu rosto se ruborizou.

Merda! Será que além do beijo, eu também me declarei para ele? Se sim, eu estou ferrada! Não era para ele saber disso... Ainda! Se bem que os meus sentimentos já estavam tão na cara que ele já deveria ter percebido há milênios e milênios... E o que eu posso ter dito ontem apenas confirmaria o que ele já sabia...

Droga! Isso que dá ficar bebendo... Eu só espero que a ressaca passe logo... Eu, então, resolvo me levantar da cama e dar um bom dia ao Breu. Na certa ele iria querer explicações pelo fato de eu ter tomado todas... Ou quem sabe ele já teria esquecido essa história, porque provavelmente foi se esfregar na tosca da Cristal ou alguma coisa assim e nem está se importando mais com a minha bebedeira...

Quando eu abro a porta do meu quarto, não me deparo com o clássico esconderijo do Breu de sempre. Seria isso algum tipo alucinação? As paredes alaranjadas? Várias flores de todos os tipos em vasinhos de planta? Samambaias? Por favor, Breu, samambaias? Ah não, eu não posso acreditar... Eu estou mesmo vendo aquelas cortinas de seda? E aquele tapete azul de veludo? Ah não, Breu, por favor, eu vou te matar! Você profanou o nosso antro secreto!

De repente eu o vi andando pelo nosso “ex-esconderijo macabro”, enquanto assoviava uma canção idiota.

_Breu, você pode me explicar, por acaso, que merda está acontecendo aqui?

_Pois é você que me deve explicações! Que ideia foi essa de tomar todas?

_Ah, qual é... Eu bebia socialmente quando eu era viva... Só ontem que eu exagerei... Essa é a primeira vez que eu extrapolo os meus limites, eu juro!

_Você poderia ter morrido! Você tomou uma garrafa de vodca inteirinha de uma vez só!

_Não esquenta não, cara... Eu já tive amigos que tomaram duas garrafas e não morreram!

_E onde você conseguiu essa garrafa de vodca?

_Eu roubei de um bar, ora essa! O barman nem me viu, porque eu sou um espírito, dããã... – falei, fazendo uma careta – E digamos que aquela vodca é realmente a melhor que eu já tomei, apesar da ressaca...

_Para, Stefani! – disse ele, raivoso – O álcool te destrói!

_Ah, Breu, vai tomar no cu! Você não é o meu pai! – falei, alterada – Agora, me explica! Porque você transformou o nosso antro secreto num... Num... Num... Aff, eu nem sei que porcaria é essa! Eu sinto um enjoo terrível só de olhar para essas paredes alaranjadas!

_Bom... Digamos que a Cristal e eu resolvemos dar uma reformada nesse lugar! E não é que ele ficou legal?

_Não...

_Não o quê?

_Ela está te mudando...

_Para melhor – disse ele.

Eu fiquei furiosa.

_Como assim para melhor? – falei, segurando o seu braço esquerdo com força, chegando a machucá-lo – Ela está te mudando para pior! Eu nem te reconheço mais! Onde está aquele Breu inconsequente que age por impulso? Aquele Breu que faz o possível e o impossível para derrotar os seus inimigos? Aquele Breu por quem eu... Aquele Breu por quem eu me apaixonei... – àquele ponto eu já estava chorando freneticamente.

_Mas, Stefani... Eu... Eu... – ele estava praticamente sem palavras.

_Você o quê? – falei, apertando o braço dele com ainda mais força. Uma ventania começou. Os meus poderes sempre foram assim, meio descontrolados.

_Eu só estou tentando me iluminar... As trevas estavam me corrompendo... E agora a Cristal está me ajudando a sair delas! E isso é bom, certo?

_Não! Isso não é bom! – gritei, enquanto fincava as minhas unhas em seu braço com toda a minha força. A ventania parecia que não acabava nunca!

_Stefani... Você... Você...

_Eu o quê? – berrei.

_Você... Você... Você está me machucando! Para de apertar o meu braço! Isso está doendo!

_Essa é a minha intenção! Eu quero que você sofra! Eu quero que você morra! - falei, chorando cada vez mais, enquanto o vento que vinha do me corpo ficava cada vez mais forte.

_Não seja sádica, por favor, Stefani... Você não é assim...

Eu soltei o seu braço.

A ventania cessou.

_Você tem razão... – falei afundando o meu rosto em minhas mãos – Mas eu não consigo evitar isso... Isso vem lá de dentro de mim... Desculpe-me...

_Tudo bem... Pelo menos o seu “ventinho” não quebrou nada... Só tirou algumas coisas do lugar... Uma arrumaçãozinha aqui pode dar um jeito nessa bagunça toda...

_É só pra isso que você liga?

_E para o que mais eu ligaria?

_Girassóis!

_O quê? Você acha que eu devo ligar para os girassóis? Mas eles nem saíram do lugar, então eu nem preciso me preocupar com eles. Não se preocupe com isso, ok?

_Eu não estou falando disso, seu filho da puta!

_Mais desbocada, impossível, certo? – disse ele, com um olhar reprovador.

_Escuta aqui, Breu... Deixe os seus comentários idiotas para depois, ok? – falei, nervosa – O que eu estou dizendo é que esses girassóis que estão aqui me fazem lembrar de algo... De algo que marcou muito mesmo em mim...

_Vá direto ao ponto! – resmungou ele.

_Cala a boca! A partir de agora você será só um ouvinte! Afinal, você nunca quis saber como foi o meu passado? Pois agora eu vou te contar!

_Hum, isso sim é interessante! Vamos lá, me conte!

Ah... Há tempos que eu queria ser o centro das atenções do Breu...

_Bom... – falei, enxugando uma lágrima de sangue que insistia em escorrer pelo meu rosto – Essa história é um pouco triste...

_Eu tenho quase certeza de que essa história não é tão triste quanto a minha... – respondeu ele, sorrindo levemente. O Breu sorrindo? Mas que estranho!

Eu apenas sorri de volta e prossegui o meu relato:

_Eu era uma garota comum. Eu não tinha muitas condições financeiras... Eu morava numa casa perto de lugar nenhum, um pouco afastada da cidade, onde havia muito mato, muitos bichos...

_Uma roça? – indagou o Breu.

_Quase isso... – ponderei – Eu era muito feliz com a minha mãe e a minha cachorrinha vira-lata que se chamava Birosca...

_Birosca? – ele não pôde conter uma risada – Que nome mais idiota!

_Você vai me deixar continuar ou não?

_Está bem, está bem, sua nervosinha... – disse ele – Continua...

_Bom, eu não cheguei a conhecer o meu pai, porque a minha mãe... Ela... Acontece que ela era mãe solteira...

_Hum... Crescer sem um pai... – ele parecia realmente triste – A presença dele deve ter feito muita falta para você...

_Sim... Muito... Contudo isso não é o foco do assunto... Apesar de não ter um pai, eu era uma garota feliz! Claro que eu não era nenhum doce que nem uma Cristal... Eu já era bem nervosinha naquela época, porém, eu não era nem um pouco revoltada com a vida! Eu adorava passear, conversar com a minha mãe, brincar com a Birosca...

Ele riu de novo.

_Breu... Você não me respeita?

_Desculpa... Mas esse nome... Eu me cago de rir!

_Hunf... – resmunguei – Seja gentil e pare de abrir essa boca de latrina para dizer abobrinhas ou rir feito um retardado! O que eu vou contar agora é muito sério! Eu nunca contei isso para ninguém!

Ele ficou preocupado:

_Tudo bem, eu prometo não zombar de você mais!

_Ótimo. Continuando... Eu tinha uma vida muito alegre, até que um dia, apareceu um divisor de águas na minha vida, algo que me mudaria para todo o sempre! Naquele dia, alguém bateu à nossa porta à noite, durante uma tempestade. Eu, ingênua, abri, sem nem ao menos perguntar quem era. Assim, entraram dois caras. Eles eram enormes! Monstruosos! E a minha mãe estava no trabalho. Não tinha ninguém para me ajudar naquela situação! Eu, então, tremendo de medo, perguntei o que eles queriam comigo. Eles disseram que ouviram falar que na minha casa havia objetos de prata e que queriam levá-los a todo custo porque aquilo era um assalto. Eu, gaguejando, disse que eles haviam se enganado e que a gente não tinha nada de prata em casa. Apesar de eu estar falando a verdade, eles não acreditaram em mim e... E... E...

Eu travei naquela hora.

_E o quê, Stefani? – disse o Breu, já um pouco impressionado – O que aconteceu? Diga-me, eu quero te ajudar!

_E eles como vingança por eu não ter lhes mostrado os supostos objetos de prata, me deram várias facadas...

O Breu parecia ainda mais pálido do que de costume. Ele ficou simplesmente horrorizado:

_Stefani... – essa era a única coisa que ele conseguia dizer naquele momento.

_A minha cachorra, assim, começou a latir. Eles, então, mataram-na. Eu comecei a chorar mais ainda quando eu vi toda a vida daquela cachorrinha sendo levada pela lâmina de uma faca! Naquela época as minhas lágrimas ainda não eram de sangue, mas mesmo assim doíam muito em mim! Muito mesmo!

O Breu estava simplesmente sem palavras.

_Eles, assim, foram embora. A minha mãe, então, que havia chegado do seu trabalho, viu-me lá, estirada no chão e desacordada, com muito sangue escorrendo pelo meu corpo. Em pleno desespero, ela correu comigo no colo para o hospital... Mas eu... Eu acabei morrendo antes mesmo de chegar lá! – eu não parava de chorar enquanto revelava pela primeira vez aquela situação a alguém – Assim a minha mãe, às lágrimas, todos os dias colocava girassóis no meu túmulo... Ela sabia muito bem que aquelas eram as minhas flores preferidas... E eu, como um espírito, sempre podia ver quando ela colocava aquelas flores lá... Porém, ela não me via mais... E aquilo era muito pior do que a facada que eu tinha levado... Muito pior mesmo... E quando eu chorava, percebia que as minhas lágrimas não eram mais as de sempre. Elas eram de sangue. De sangue.

_Eu... Eu sinto muito mesmo... Mas que... Mas que trauma horrível...

_Eu, então, comecei a vagar sozinha pelo mundo... Eu me sentei na beira de um rio e foi aí que você apareceu...

_Sim... Eu me lembro disso... Eu te vi lá... Perdida... Chorando... Você começou a dizer que era um espírito sem rumo pelo mundo... E eu, querendo te ajudar, resolvi te chamar para me seguir...

_E eu me lembro muito bem disso! Você me abraçou e disse que eu ia ficar bem... Que eu não iria mais sofrer porque você estava ali comigo... Eu nem te conhecia, mas eu simplesmente adorei ter um apoio... Estando na sua companhia, você me reergueu! Eu me senti mais forte! E, agora, apesar de ser um pouco revoltada com a vida, eu posso dizer que eu estou conseguindo me encontrar! Por sua causa! Obrigada, Breu!

Ele parecia meio sem jeito:

_De nada... Mas porque você só me contou isso agora?

_Era um pouco difícil confiar totalmente em você para contar algo tão delicado quanto essa minha lembrança... Mas hoje eu reuni forças e falei de coração aberto para você. De agora em diante, nós não teremos mais segredos!

Ele apenas sorriu de um jeito meio sem graça. Ele não sabia muito bem o que dizer.

_Agora você entende, Breu? – perguntei.

_Se eu entendo o quê?

_Agora você entende porque eu te amo?

Eu, assim, beijei-o de repente. Ele pareceu corresponder. O beijo durou bastante tempo. Bem profundo, daqueles de tirar o fôlego.

_Você também me ama? – perguntei, um pouco ansiosa pela resposta, mesmo sabendo que ele diria um belo “não” para variar.

_An... – ele pareceu hesitar sobre a resposta – Eu ando meio confuso, sabe? Você e a Cristal são realmente muito belas... E cada uma com o seu jeito especial de ser... E eu não sei muito bem como me decidir...

_Tudo bem, Breu... Você pode escolher a garota que você quiser... Desde que essa garota seja eu! – falei, fazendo uma careta.

Ele riu.

E eu também.

Ah, um dia, Breu, um dia...


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Notas finais do capítulo

O início do capítulo foi normal, o meio foi dramático e o final foi emocionante (principalmente para os fãs do casal Stefani X Breu). Eu tentei equilibrar para esse capítulo não ficar um dramalhão total D: Se você acha que esse capítulo ficou muito dramático, avise-me, por favor!



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