POV GABRIEL

– Você digo eu. O quê está fazendo aqui? - Respondi.

– Querido, eu não te devo explicações. - Ela disse fechando a porta e sentando-se na poltrona que havia do lado da cama.

– Ah, então você chega desse jeito no quarto dos outros? Garota se enxerga.

– Acha que eu queria estar aqui? Só estou porque meu pai mandou, e trabalho como voluntária neste hospital nas horas vagas.

– Por quê não falou isso pra ninguém na escola?

– Porque isto não é da conta de ninguém! - Não respondi nada, apenas me virei na cama.

POV VICTORIA

Não é fácil pra mim tratar Gabriel desse jeito. Tenho pena dele, mas acho que tem um ódio imenso por mim.

Liguei a TV, procurei no guia algum filme bom. E estava começando "Um amor para recordar" na Telecine Pipoca. Já vi este filme milhares de vezes, mas sempre choro no final.

...Um tempo depois...

Estava quase no final do filme, olhei para Gabriel, estava dormindo, como um anjo. Lindo! Voltei a prestar atenção no filme.

[...]

"Jamie salvou a minha vida. Ela me ensinou tudo... sobre a vida, esperança, e a longa jornada adiante. Sempre terei saudade dela. Mas o nosso amor, é como o vento, não posso ver, mas posso sentir."

Chorava tanto, era a primeira vez que " chorei rios " assistindo este filme. Olhei pro lado e Gabriel me fitava com uma expressão não muito comum. Seu olhar era acolhedor.

–Por quê está chorando? - Ele me perguntou.

–Não é nada.

–"De repente, eu sabia que nunca havia sentido algo tão forte por outra pessoa como acontecia naquele momento. Ao retribuir o olhar dela, aquela percepção simples me fez desejar pela milionésima vez que eu pudesse fazer tudo aquilo desaparecer. Se fosse possível, teria trocado a minha vida pela dela." - Ele disse uma das frases mais marcantes do filme, olhei pra ele assustada.

–Gosta desse filme?

–Muito. - Ele se levantou da cama e seguiu em minha direção, parou na minha frente e me abraçou, SIM, ELE ME ABRAÇOU. - "Descubra quem você é, e faça disso um propósito."

–Do quê você está falando? - Disse saindo do abraço.

–Eu sei que você não é assim Victoria, eu sinto. - Ele respondeu secando minhas lágrimas com seu polegar direito. Não respondi nada, apenas o abracei novamente.

[...]

Eu e Gabriel ficamos conversando pelo resto do dia, era tão bom poder falar com ele sendo EU de verdade... Ele é tão fofo!

Ouvimos umas batidas leves na porta, me levantei da poltrona e abri.

–Filha, como está indo com o Gabriel? - Meu pai disse entrando no quarto.

–Bem.

–Que ótimo! Bom... Gabriel, amanhã logo de manhã, iremos iniciar seus exames. Por isso descanse bastante, estes exames são bem chatinhos de fazer.

–Tudo bem, doutor!

–Filha, está liberada para ir pra casa. Fred está te esperando no estacionamento.

–Tá, pai. Tchau Gabriel, até amanhã.

–Tchau Victoria. - Disse abrindo o sorriso mais lindo que já vi.

[...]

Já tinha chegado em casa, tomado um banho refrescante, colocado uma roupa confortável, e feito um lanche que Cida, nossa cozinheira, tinha preparado pra mim.

–Cida, minha mãe não chegou ainda?

–Não, ela ligou dizendo que ia chegar junto com seu pai hoje.

–Ah tá...

–Como foi no hospital hoje, Vicky?

–Bem, Cidinha, muito bem. - Respondi sorridente.

–Huuuum... Se deu bem com o garoto da sua escola?

–COMO VOCÊ SABE? - ela riu

–Querida, aqui os empregados sabem de tudo.

–Tô vendo, né dona Cida.

–Vicky, posso te dar uma dica?

–Pode, claro.

–Seja você, minha linda. Sua mãe quer que você seje uma garota fútil e rude para ser mais respeitada. É claro que você deve fazer tudo aquilo que sua mãe mandar. Mas pra ser sincera, ela só não pode decidir quem você é. Todos nós sabemos que você é uma garota legal, amiga, amorosa... enfim... então, essa é minha dica!

–Muito obrigada, Cidinha. Vou pensar no que você me falou. - pisquei.

[...] continua no próximo capítulo.