A Chance to Change [HIATUS] escrita por Brioche


Capítulo 8
Doninha


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado as três chicosas: sayjulia, Baby Doll e wtfdrew por terem favoritado a fic e a Nikki por ter sido a única a comentar no capítulo anterior. Sim, é pra vocês se sentirem mal mesmo fsjafjawfjklfjafjal
Brincadeirinha, não precisam tentar me estuporar!
O título em sim é bastante criativo de bem sugestivo né?



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Embora a tempestade tivesse passado, o céu continuava cinza, tenebroso... Harry, Hermione, Rony e eu analisávamos os novos horários; na mesa ao lado, Fred e Jorge ainda batiam a cabeça com Lino para descobrir uma maneira de burlar as regras... Malucos.

– Vamos passar a manhã inteira lá fora pelo menos. – os olhos de Rony corriam pela tabela de horários – Herbologia com Lufa-Lufa e Trato das Criaturas Mágicas... Droga! – praguejou – Ainda com a Sonserina.

Bufei. Quem não ficaria assim também? Já tivemos essa experiência no ano anterior. Segunda-feira combinada com a Cara-de-Buldogue; haja bom humor.

– Dois períodos de Adivinhação seguidos...

– Não. – choraminguei – Isso é horrível!

– Vocês deviam ter desistido assim como eu. – Mione dizia com desdém ao mesmo tempo em que seus olhos estavam fixos na torrada que recebia manteiga de sua outra mão.

Hermione tinha optado por Aritmancia, que na realidade não era uma matéria de todo mal, a meu ver. Bastante tentadora a oferta, mas agora já era tarde demais. Eu só não esperava que Adivinhação fosse essa decepção toda. As aulas eram uma perca de tempo sem igual. Não escolhi frequentar estas aulas para ouvir uma profecia de morte diferente a Harry a cada aula.

Granger voltara a comer.

Ainda bem que a cabeça-dura entendeu que aquela não era a melhor forma de protestar contra a “escravidão” pela qual os elfos domésticos estavam sujeitos. Conhecendo ela como conheço, tem algo que ela não nos contou; esse conformismo todo não me desce.

Sons estranhos despertaram a atenção de todos que estavam no Salão, obrigando-nos a olhar pra cima. Era o correio. Dezenas de corujas entravam pelas grandes janelas com a correspondência. Uma pousou perto de Neville e depositou para ele um embrulho. Certamente, esquecera-se de colocar algo no malão, de novo.

Para minha surpresa, Cotton trazia algo também.

Uma carta.

Virei-me para frente, endireitando minha postura e vi Harry apreensivo, olhando para um ponto um pouco acima do meu ombro. Sigo seu olhar e paro em Draco Malfoy com sua coruja no ombro, abrindo a remessa de doces que sempre era lhe enviado.

Reviro os olhos, exibido.

– O que foi, Harry? – direcionei-me a ele.

Potter nada respondeu. Limitou-se a mexer o seu mingau de aveia.

Não sabia se ele não havia me escutado ou se não queria conversar mesmo.

Abri a carta com ansiedade e cautela ao mesmo tempo.

Mamãe e papai não mandavam coisas com muita frequência, porque mesmo com quatro anos de testes bem sucedidos, eles ainda consideravam a coisa toda estilo “pombo-correio” um tanto que bizarra e meio impossível. Vai entender eles...

Harriet querida,

Como vão as aulas? Difíceis? E as provas? Nada que nossa filha genial não consiga dar conta, confere?

Sua mãe e eu estamos com saudades. Esperamos que tudo esteja correndo bem aí na escola.

Gostaríamos apenas de repassar algumas mensagens que não conseguimos devido à sua partida antecipada para a tal Copa... Bem, aí vai: juízo, foco nos estudos – eles vão ser importantes para o seu futuro —, nada de namoradinhos também – você ainda é um bebê, meu bebê, minha querida.

Pequena pausa para o meu estômago devolver o mingau. Meu pai sabe como exagerar. Se um dia me perguntarem de onde vem o meu lado dramático, já sabem.

Sua mãe manda muitos beijos.

Um bom ano letivo, filhota. Te amamos muito.

Anthony e Maribel Cattleford, seus pais.

Pais...

Às vezes, eles me dão náuseas com tanta frescura. Eca. Que vergonha... Filhota? Isso é sério? Anotação mental: lembrar-me de responder a carta quando as aulas terminarem.

As aulas de Herbologia que geralmente eram tranquilas e bastante agradáveis nas estufas, contudo acredito que essa ideia havia ficado no terceiro ano.

Na estufa três, com certeza se encontravam as plantas mais feias que alguém poderia encontrar; estas a nossa frente aparentam ser mais bicho do que planta. Elas se contorciam como se estivessem com espasmos... Eca! Sem contar que tinham bolhas, muitas bolhas com líquido dentro.

Bubotúberas. – a professora Sprout começou – Elas precisam ser espremidas, precisamos do pus delas.

– Eca! Eca! – fiz expressão de nojo.

– O quê? – Simas pareceu não ficar contente.

– Pus, Sr. Finnigan. – Sprout repetiu como se Simas não estivesse escutado, fingindo não ter captado o descontentamento dele – Ele é preciosíssimo a nós. Coloquem o pus nestas garrafas com as luvas de dragão. A substância pode causar reações engraçadas à pele se não diluídas.

Passamos um período assim. Era estranho, um arrepio percorria meu corpo todo a cada nova espremida, era como se em algum momento eu temesse que o pus viesse ao meu encontro. Entretanto, a cada bolha estourada, mais sentia vontade de estourar o resto.

Sensação bastante semelhante ao plástico-bolha: você espreme uma, contudo, nunca fica satisfeito, tem eliminar tudo.

Ok, isso foi uma analogia bem besta.

O pus exalava um cheiro de gasolina, estranho.

– Isso vai deixar Madame Pomfrey feliz. – a professora dizia, tampando a última garrafa com uma rolha – Um ótimo remédio para até os mais complicados casos de acne.

Interessante e bem útil.

– A coitada da Heloisa Midgen tentou acabar com as dela com um feitiço... – Ana Abott da Lufa-Lufa contou – Mas no final, Madame Pomfrey teve que colocar o nariz dela no lugar.

O sinal tocou, anunciando o fim de Herbologia. Despedimos-nos da Lufa-Lufa que caminhava para a aula de Transfiguração enquanto caminhávamos para a orla da Floresta Proibida.

Hagrid estava lá, parado, segurando a coleira que prendia Canino, esse bastante inquieto; apenas constando. Ao seu lado, no chão, estavam vários caixotes. Canino estava tentando ver o que tinha lá.

Podem me chamar de maluca, mas à medida que nos aproximávamos ainda mais de Hagrid, mais um som de pequenas explosões parecia ficar em evidência.

– Bom dia! – sorriu para nós – Vamos esperar pela Sonserina, sim? Eles não vão querer perder isso... Explosivins! – exclamou empolgado.

– Arrrrre! – Lilá gritou agudamente, pulando para trás.

O quê?

Os explosivins eram brancos, deformados, como uma lagosta sem casca e toda mastigada e babada; pelo menos aos meus olhos eles tinham esses aspectos. Patinhas saíam de todo lugar possível, logo, não dá pra saber onde fica a cabeça ao certo.

Os barulhos de pequenas explosões não eram devaneios meus. A cauda delas realmente explodia, soltando leves faíscas, que vez ou outra, impulsionava-as centímetros à frente.

– Acabaram de sair da casca. – casca de lagosta você está querendo dizer, Hagrid – Achei que nós poderíamos cuidar deles e fazer pesquisas.

– E por que nós íamos querer criar esses bichos? – uma voz inconveniente perguntou.

Viramos para trás e nos deparamos com nada mais que Draco Malfoy, que novidade...

Os sonserinos chegaram. Atrás de Malfoy estavam Crabble e Goyle, só para variar, de novo, com as habituais risadinhas de mulas. Qual é? Essas duas muralhas burras não sabiam fazer nada mais que isso, não?

Revirei os olhos, cruzando os braços e os olhando feio.

– Digo, pra que é que eles servem? – completou o grande imbecil.

Se não sabe fica calado, não fique dizendo abobrinhas para alimentar as muralhas — que mais parecem sacos de riso — que você conhece como amigos, trouxa.

– Isso é na próxima aula, Malfoy. Preocupe-se em alimentá-los. A propósito, vamos ter que experimentar várias coisas... Nunca criei explosivins antes, não tenho certeza do que gostariam... Vejamos: fígados de sapo, ovos de formiga e um pedaço de cobra. Vamos, experimentem!

– Primeiro pus e agora isso. – Simas resmungou baixinho.

O que era verdade. O que mais faltava para completar este dia de criaturas bizarras? Só uma irmã da Parkinson mesmo. Merlin! Eu estava brincando com o destino. Pansy nem aparecera para perturbar hoje. Se eu continuasse com essa minha boca gorda, a boa sorte poderia acabar.

No entanto, não disse isso em voz alta em nenhum momento; deveria, portanto, corrigir o “boca gorda” por “pensamento gordo”?

Tratei de deixar os meus pensamentos sem sentidos de lado. Agarrei um fígado de sapo – melado, pegajoso e andei até um dos caixotes.

Hagrid, se não gostasse tanto de você, estaria dando uma de Draco Malfoy, agora, para criticar esses bichos.

– Isso não parece ter muita finalidade... Olhem só, eles nem parecem ter boca! – exasperou Harry.

– Ai! – Dino gritou, fazendo-nos fitá-lo – A cauda dele explodiu! – dizia zangado revelando a mão queimada.

– Isso pode acontecer. – Hagrid concordava com a cabeça.

– Arrrre! – dessa vez foi Lilá – Arrre! Que coisinha pontuda é esta?

– Ah! – Hagrid parecia ter se lembrado – Alguns têm espinhos. – vi Brown tirar a mão, na hora, do caixote – Acredito que sejam machos. As fêmeas possuem uma espécie de sugador na barriga... Para sugar sangue talvez...

– Agora entendo por que estamos tentando manter esses bichos vivos. – Malfoy abrira a boca de novo – Quem não iria querer um animalzinho de estimação que pode queimar, picar e morder, tudo ao mesmo tempo? – foi sarcástico.

Ok, talvez dessa vez eu concorde só um pouquinho com você, loira oxigenada. Só dessa vez... E mentalmente! Ninguém precisa saber disso.

Os explosivins já dão trabalho assim, não quero nem imaginar quando eles crescerem.

– Só porque eles não são muito bonitos, não quer dizer que eles não são muito úteis. – Hermione partiu em defesa de Hagrid – Sangue de Dragão é algo assombrosamente mágico, mas você não iria querer um Dragão de estimação, iria?

Touché!

Hagrid sorriu. Minha suspeita era de que ele havia se lembrado de Norberto.

Segui a mesma linha de raciocínio de Hermione e não me aguentei:

— Só porque você não é bonito, não quer dizer que você não é muito útil, Malfoy. Espera... — coloquei a mão no queixo, fazendo cara de pensativa — No seu caso, é isso mesmo.

Minha fala não saíra alta. Não queria problemas. Harry e Rony prenderam o riso.

– Pelo menos são pequenos. – Rony falava conformado enquanto andávamos para o almoço.

– Por enquanto, Rony. — lamentei.

– Depois que Hagrid descobrir o que eles comem, vão atingir aproximadamente um metro e meio. — Hermione explicou.

– Isso não vai fazer diferença se descobrirem que eles fazem algo para ajudar a curar ou coisa assim não é? – Rony sorria insinuante, jogando-a contra as próprias palavras ditas a pouco na aula.

Em matéria de briguinhas de casal eles superam até mesmo as novelas trouxas.

– Você sabe que eu disse aquilo só para calar a boca do Malfoy. Mas o melhor que poderíamos fazer era acabar com esses explosivins antes que nos ataquem.

Quando nos sentamos à mesa da Grifinória para comer, uma cena estranha que nunca passaria em minha mente aconteceu: Hermione comendo feito ogro.

– Pelas gárgulas, Mione! Come mais devagar ou vai engasgar. – alertei-a.

– Essa é a sua nova tática para defender os elfos? Comer depressa e vomitar depois? – debochou.

Lá vem Rony alfinetar novamente... Vocês se amam mesmo. Se beijem, se casem e sejam felizes com vinte e sete filhos.

– Eu só quero chegar à biblioteca.

Por que isso me diz que tem algo a ver com certos elfos domésticos?

Hermione comeu como se saísse de um longo jejum e saiu em disparada logo depois.

– Vejo vocês no jantar! – gritou de certa distância.

– Se não tivéssemos dois períodos com a Trelawney daqui a pouco, não me importaria nada em acompanhar Mione. – cruzei os braços, enfezada.

– Vocês são malucas. – Rony dizia em meio às mastigadas das costeletas – É só o primeiro dia e nem nos passaram dever!

A cada passo mais próximo que dava, a cada degrau ultrapassado na torre norte, eu sentia minha querida liberdade se esvair. Era essa a sensação que a sala de Trelawney me trazia: sufoco.

Esse clima esquisito, o perfume doce e exótico que escapava da lareira, a decoração bizarra de lenços para todo o lado, o ar abafado devido às janelas fechadas eram um conjunto para acabar com qualquer boa vontade. Era como se fosse um falso aconchego.

– Bom dia! – apareceu repentinamente, com sua voz aérea.

Enquanto andava entre as mesas redondas com os alunos, seus colares, nada discretos, de miçangas grandes se chocavam uns com os outros, fazendo um barulhinho irritante.

– Você está preocupado, meu querido. – agarrou a palma da mão de Harry.

Pronto, começou...

– Vejo tempos dificílimos em seu futuro. Receio que a coisa que sua alma perturbada mais receia... Aconteça. Mais cedo do que você pensa.

Seus olhos, por baixo dos grandes óculos redondos de lentes garrafais, que até então miravam o vazio fixaram-se em mim.

Droga...

– E você minha querida... – sua voz transparecia pena – Minha Visão Interior diz que seu futuro está repleto de caos, sua pobre alma ficará enlouquecida de confusa. – e assim saiu deslizando pela sala.

– Enlouquecida de confusa é você sua maluca! – murmurei para que apenas Harry e Rony escutassem.

Esses apenas concordaram com a cabeça.

Sibila caminhou até o centro da sala e depois para a sua mesa, sentando-se.

– Acredito que está na hora de estudarmos as estrelas, meus queridos. Os movimentos dos planetas podem nos revelar o destino humano, se decifrados pelos raios planetários que se fundem...

Mal sentara e já levantava, vindo até a nós, ou melhor, até Harry.

– Você meu querido! Nasceu sob influência do planeta Saturno...

Porém Harry parecia disperso demais e nem percebera que a professora falava consigo. Rony e eu nos entreolhamos e dei os ombros.

– Harry. – ouvi Rony chamá-lo baixinho, na tentativa de despertá-lo. Funcionou.

– Que? – olhou para os lados de sobressalto.

– Estava dizendo que você nasceu sob influência nefasta do Saturno. – repetiu magoada pela clara falta de atenção de seu aluno.

– Nasci sob o quê? – Harry ainda parecia estar meio lesado.

– Saturno, criança. – irritou-se – Estava dizendo que Saturno devia estar em evidência no momento em que você nasceu. Cabelos escuros, baixa estatura, perdas trágicas na infância... Certamente estou correta ao afirmar que você nasceu em pleno inverno?

– Não, nasci no verão. – Harry respondeu com desdém.

Crispei meus lábios para segurar o riso, Rony transformou as risadas em um acesso de tosse.

Recebemos um mapa circular para tentarmos desenhar a posição dos planetas na hora em que nascemos.

Isso é um saco. Digo: as incontáveis consultas que tínhamos que fazer e os cálculos eram verdadeiramente irritantes. Isso porque eu sempre errava tudo por errar um dos cálculos. Já se tornou costume.

– Eu tenho dois Netunos aqui. – Harry dizia insatisfeito, olhando para o seu pedaço de pergaminho – Isso não pode estar certo...

Larguei minha pena e me debrucei discretamente na mesa para tentar olhar o que ele havia feito para ter dois Netunos.

– Ahhh! – Rony copiou um dos surtos místicos da professora – Quando dois Netunos aparecem no céu é um sinal certo de que um anão de óculos está nascendo, Harry...

– O quê?

Essa foi demais para os meus ouvidos. Tentei reprimir as gargalhadas invadiram mordendo o lábio inferior, mas sem sucesso. Dino e Simas, que estavam logo atrás, me acompanharam com o escândalo.

Podia sentir os filetes de lágrimas escorrendo no canto dos meus olhos. Talvez a coisa não tivesse sido tão engraçada assim... A quem quero enganar, foi sim, foi demais. Contorcia-me na cadeira, segurando minha barriga que agora chegava a doer.

– Ai... Socorro... Um anão de óculos... Me ajudem, cadê o ar... – arfava entre as palavras.

Sorte minha que Lilá gritava alto e agudo o bastante para abafar minha crise de risos.

– Isso com certeza fez a aula valer a pena. – disse baixo, recompondo-me.

– Veja professora Sibila! Acho que tenho um planeta oculto, qual seria esse? – Lilá berrava irritante e incessantemente até obter a atenção desejada da mulher.

Isso me fez voltar ao foco do meu mapa.

– Quero uma análise detalhada do modo em que os planetas irão afetá-los no próximo mês – disse rigidamente.

Rony começou a insultá-la no momento em que pisamos fora da sala.

Definitivamente, eu não era uma das mais contentes.

– Você quer calar a boca, Rony? – pedi irritada – Por culpa sua ela nos passou esse maldito dever já no primeiro dia!

– Minha culpa? – apontou-se ofendido.

– E não é? Aposto que se você não tivesse tentando espiar o Urano da Lilá, ela não estaria nessa fúria toda. – pisquei pesarosa.

– Não tenho culpa que ela tenha escutado.

– Aham, é... – disse como desdém.

– Muito dever de casa? – perguntou Hermione animada, surgindo de repente – Professora Vector não nos passou nada.

– Graças ao Rony... – deixei a frase no ar, para que tivesse ciente de que a culpa era dele.

– Palmas para a professora Vector. – retrucou mal-humorado.

Entramos no fim da fila que se formava para o jantar, ainda com o humor oscilando.

– Weasley!

Viramo-nos juntos e ao mesmo tempo, deparando-nos mais uma vez com a mesma assombração.

– Que é? – Rony questionou impaciente.

– Seu pai está no jornal! – dizia alto.

Por que tenho impressão que esse tom elevado é proposital? Para atrair atenção?

Leu o artigo em voz alta, aparentemente bastante satisfeito.

– Escreveram o nome dele errado, Weasley. Creio que ele não seja importante... É como se fosse inexistente, não é?

As mãos de Rony se fecharam em punhos e suas orelhas começaram a ficar vermelhas, assim como seu rosto.

– E tem uma foto! – virou as páginas do jornal, mostrando-nos – Uma foto de seus pais à porta de casa, se é que isso pode ser chamado de casa. Sua mãe bem que podia perder uns quilinhos não acha?

Meu queixo despencou na hora.

– Como ousa? – indaguei furiosa, berrando num tom extraordinariamente alto – Malfoy seu patético e grande imbecil! Cale essa sua boca, seu mesquinho e filhinho de papai!

Se eu tinha saído de mim, não queria nem ver Rony, não tinha essa coragem.

– Você e o Potter andaram visitando eles no verão não foi, Cattleford? Conte-me, a mãe dele parece uma barrica de tão gorda ou é efeito da foto? – caçoou.

Suas palavras me atingiram feito um tapa bem dado.

Gritei agudo em desaprovação, só não indo pra cima do rostinho lindo que ele tanto preserva, porque Hermione me puxava pelas vestes pesadas.

– Você já olhou bem para a sua mãe, Malfoy? – respondeu Harry com dificuldades, por conter Rony.

– Me solta, Hermione! Eu tenho que dar o que ele merece! – sentia meu corpo inteiro em chamas, tamanha fúria.

A Sra. Weasley era a doçura em pessoa. Acolheu-me neste verão como ninguém poderia. O sorriso sempre tão meigo... Não podia permitir que um imbecil desse tamanho a insultasse assim e saísse ileso.

– Aquela expressão na cara dela...

– Você quis dizer: aquela falta de expressão na cara dela né, Harry? – comentei com minha boca tremendo.

– Expressão de quem tem bosta no nariz... Ela sempre teve essa cara ou era porque você estava por perto mesmo?

É... Harry sabia brigar de uma forma que eu não conseguia: com elegância. Ainda que não seja do meu feitio envolver a família dos outros em discussões, ele mereceu dessa vez.

– Não se atreva a falar da minha mãe, Potter.

– Então cala essa boca. – deu-lhe as costas.

Em um movimento rápido, Malfoy alcançou a varinha e um raio saiu de sua varinha, arranhando a bochecha de Harry. Algumas pessoas ao nosso redor gritaram de terror.

Antes que Malfoy pudesse atingir Harry em cheio, Moody surgiu na escadaria.

– AH, NÃO VAI NÃO GAROTO!

Sua varinha estava apontada para uma doninha branca que se remexia no chão, no mesmo lugar que Malfoy estava.

Todo mundo ficou chocado. Ninguém se atreveu a dizer nada, tampouco se mover.

– Ele te mordeu?

– Não, por pouco.

– Deixe-o! – Moody berrou, deixando Harry sem entender.

– O quê?

– Não é você, é ele! – apontou para Crabble, que tentava recolher a doninha.

Moody mancou até eles, mas a doninha soltou um guincho de medo e fugiu pelas masmorras.

– Acho que não! – vociferou o homem.

E então o Malfoy... Digo: a doninha... Nem eu sei mais, começou a levitar do chão, caindo no chão em um baque – que deve ter machucado um pouco —, quicando no ar em seguida.

– Nunca mais ataque um adversário pelas costas. – a doninha alva apenas guinchava de dor, aterrorizada – É nojento, covarde... Nunca... – batia a doninha no chão – Mais... – jogou-a para o ar – Torne... – chão – A fazer... – ar – Isso. – chão.

– Professor Moody! – Minerva apareceu nas escadas com as mãos atadas de livros – O que o senhor pensa que está fazendo?

– Ensinando. – Moody respondeu como se não fosse nada demais.

– Ensin... Isso é um aluno? – gritou assustada, derrubando todos os livros para tirar a varinha.

Num instante, Draco voltou a sua original forma, com os cabelos desgrenhados e muito vermelho, caído de cara no chão.

– Não usamos transformações como forma de castigo. Certamente, Dumbledore lhe disse isso.

– Algo assim, mas achei necessário...

– Damos detenções, Moody! Ou falamos com o diretor da casa!

– Vamos fazer isso então... – virou-se para o Malfoy que já estava de pé.

– Meu pai vai ficar sabendo disso...

– Ah é? Diga ao seu pai que Moody está de olho no filho dele. O diretor da sua casa é o Snape?

– É. – respondeu curto e rancoroso.

– Outro velho amigo, vamos... – puxou Draco pelas vestes em direção às masmorras.

Minerva em um ato fez os livros voltarem as suas mãos e com os olhos, acompanhou os passos dos dois, ansiosa.

– Não falem comigo. – Rony disse baixo em meio ao burburinho que se formava devido ao acontecido.

– Por que não? – Hermione não esperava por isso.

– Porque quero gravar essa cena na minha cabeça para sempre. – dizia com os olhos fechados e um sorriso.

– Ele poderia realmente ter se machucado.

– Mione! Você está estragando o meu momento! – repreendeu-a.

– Mas é verdade Rony. – concordei – Ficar jogando ele no chão, freneticamente... Deve ter doído. – fiz careta só de imaginar.

– Harriet, você só diz isso, porque não foi você que estava tendo esse prazer de torturar o Malfoy.

– Quem sabe? – dei os ombros, pensativa.

Hermione gemeu em desaprovação, voltando a comer depressa.

– Não me diga que vai voltar à biblioteca hoje?

– Preciso! Muito que fazer. – vendo que Harry abriu a boca novamente – Não é dever.

Isso me lembrou de uma coisa... A resposta à carta dos meus pais!

– Ah, eu quase esqueci! Preciso ir!

– Harriet, espera...

– Aonde vai?

Não dei ouvidos, se não fosse agora, não daria mais. Não quero Filch pegando no meu pé por estar fora da cama e se for esperar até amanhã, é mais provável que eu esqueça.

A resposta não teve muito mais que uma página de pergaminho, já que não tinha muito assunto.

Fui para o corujal com muito cuidado para não ser vista. Subi até Cotton – minha coruja mais branca e chamativa do que qualquer outra coisa – e amarrei a carta.

– Mandei isso para mamãe e papai. Não demore. Vá!

Fiquei olhando Cotton voar pelo céu até sumir pelo horizonte.

Desci as escadas com calma e na saída acabei esbarrando com alguém que adentrava o local com presa.

– Opa! – ri – Calma aí! Ei, espera... Você não é o pequeno Dênis? – agachei-me para ficar à sua altura.

– Me chamo Dênis Creevey, mas não sou pequeno! – amarrou a cara.

– Oh, perdão. – sorri achando graça.

Dênis era a criança mais fofa que já havia visto em Hogwarts. Queria o guardar em um potinho.

– Já sou bem – abriu os braços – grande, moça!

– Harriet. – estendi minha mão e ele a apertou – O que faz aqui, Dênis?

– Não é óbvio? – seu tom me dava vontade de apertar as bochechas – Mandar carta, ué! Mamãe e papai precisam saber como foi incrível o meu primeiro dia em Hogwarts.

– Ah é? E o que foi que...

Novamente, sofri um esbarrão; dessa vez, por estar agachada, minha bunda sexy foi de encontro ao chão. Olhei quem era a figura impaciente que nem ao menos teve a decência de pedir desculpas e rolei os olhos.

– Educação mandou lembranças, Malfoy. – provoquei, pondo-me de pé.

Pude vê-lo parar no meio do caminho, mas logo balançou a cabeça e voltou a subir os degraus.

– Não enche, Cattleford! Não abra essa sua boca, porque está poluindo o meu ar. – retrucou com arrogância.

Abri a boca, pronta para falar algumas palavras feias até lembrar que Dênis ainda estava ali. Ele parecia não entender nada.

– Ei moço! – certamente chamava por Draco – Moço!

Contudo, não obteve respostas.

– Deixa ele... Ele é um chato!

– Mamãe disse que não devo pensar assim das pessoas.

Essas palavras atingiram bem lá no fundo do meu coração. Tão ingênuo. Acho que vou passar mal depois dessa. Estava corrompendo uma criança!

– Desculpa, sua mãe está certa, mas é que ele é exceção.

– Moço! Moço! – continuou sendo impertinente.

– O quê foi, garoto? – apareceu em nossa frente, com uma expressão antipática.

– Você não pediu desculpas para a Harriet!

Awn! Mas que menino fofo! Estou definitivamente apaixonada por ele.

– Ah, é? – arqueou as sobrancelhas – E por que deveria mesmo?

– Você a derrubou sem querer! Mamãe me disse que sempre devemos pedir desculpas se machucamos alguém.

Não foi tão sem querer assim, Dênis.

– De que mundo você veio, grifonório estúpido? – seu tom foi um frio tão cortante.

– Hey, não fale assim com ele! – apontei-lhe o dedo – E você Dênis, não liga pra ele, vai mandar a sua carta para voltarmos para o jantar juntos.

Vi ele assentir, correndo para a escada.

– Namoradinho novo? – balançou a cabeça com o sorrisinho cafajeste de sempre – Como fica o Potter ao saber que foi trocado por uma criança? Por alguém que não dá nem a metade dele?

– Não pira, Malfoy. – cruzei os braços – Voltou rápido. Como foi a conversa com o Moody? – sorri triunfante ao ver que sua cara fechou – Não me diga que a carta que estava mandando era para o seu querido paizinho?

– Não te interessa, Sangue-Ruim!

Ok, agora ele ficou puto de verdade.

– Devia parar com isso, não tem graça brigar com você se tudo que você faz para rebater é colocar o seu pai no meio. – ele deu um passo para o lado, para tentar me passar e ir embora, mas não deixei – Foi merecido o que Moody fez com você hoje. Espero que assim aprenda.

– Não tem nada que eu deva aprender. Aquele professorzinho ralé é apenas mais um velho caduco que Dumbledore colocou aqui dentro para ocupar cadeira. Se tudo der certo, logo ele não estará mais aqui.

– O que você fez? – descruzei os braços, colocando-os na cintura – Vai tentar conseguir uma ordem para que o matem, assim como Bicuço? Não espera... – ri – Bicuço não foi morto não é mesmo? Ele fugiu. Que pena, doninha – sorri.

– Saia da minha frente, sujeitinha de Sangue-Ruim! – seu rosto tornou a ficar vermelho.

Dei espaço para que ele saísse e caí numa crise de risos pela segunda vez no dia.

– O que é tão engraçado, Harriet?

– Nada, vamos?


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Notas finais do capítulo

E então? E então? hfjsafjaksfjasfhja O que acharam seus xerosos? Contem-me, venham conversar comigo!
Desculpem pelo capítulo enorme, eu JURO que estou tentando diminuir - sem sucesso - a minha faladeira toda. Acabei me empolgando com esse haha'
Vocês tem twitter? Passem-me ;3
Até o próximo capítulo!



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