A Chance to Change [HIATUS] escrita por Brioche


Capítulo 15
Loucuras do Baile de Inverno - pt. 01


Notas iniciais do capítulo

Aloha gafanhotos! Capítulo dedicado a Julia e a Roro



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Vejam: o Baile nem havia acontecido e as pessoas estavam trocando de par como de meias.

Vitor Krum vai com Hermione;

Hermione queria ir com Rony;

Rony queria ir com Fleur, mas vai com Padma;

Fleur queria ir com Cedrico;

Cedrico vai com Cho;

Harry queria ir com Cho, mas vai comigo;

Eu fui convidada por Rogério, mas disse não;

Rogério agora vai com Fleur;

Fred ia com a Angelina;

Julia de Beauxbatons queria ir com Fred;

Fred vai com Julia;

Angelina ficou pro Jorge.

É um ciclo vicioso! Loucura! Falando em loucura...

– Ainda pretendem colocar a invenção de vocês nas bebidas do baile? – aproximei-me de Fred, ao vê-lo só, o que é estranho já que ele quase nunca está desgrudado da sua outra cara metade... Cara metade, entenderam? Péssimo.

– Você não queria saber disso, lembra? – ergueu as sobrancelhas – Então Jorge e eu decidimos que não vamos te contar mais nada!

– Por que vocês estão fazendo isso comigo? – choraminguei – Só quero saber como vão conseguir essa proeza de misturar as bebidas sem que ninguém suspeite ou descubra. Estou preocupada com vocês... – cruzei os braços, emburrada – Minerva disse que...

– Se pegar algum aluno baixando o nível do que se espera de um aluno em Hogwarts, ainda mais a Grifinória, vai ficar chateada – revirou os olhos – A gente ouviu. Que graça... Harriet está preocupada! – caçoou, passando seu braço pelos meus ombros, depositando seu peso em mim.

Nota mental: lembrar-me de não beber qualquer tipo de líquido no Baile de Inverno.

– Vai ser realmente uma graça quando vocês forem chamados para a sala do Dumbledore, vai mesmo... – devaneei rabugenta – Mudando de assunto... Que idiotice foi essa de convidar a Angelina para o baile e depois dar um toco nela?

– Você não entende – balançou a cabeça.

– Desembucha Weasley!

– Eu queria ir com a Angelina de verdade. Ela é legal... Aí veio uma garota mais nova de Beauxbatons me convidar e eu aceitei, esquecendo que já tinha um par.

– Como é que alguém consegue fazer isso? – estava incrédula – Você podia ter voltado atrás e ter dado um toco na Beauxbatons também.

– Você não entende! – elevou um pouco do tom, fazendo-me arquear as sobrancelhas.

– Eu não entendo o quê, Frederico?

– A garota... – tirou o braço de cima de mim e começou a gesticular coisas sem sentido – Ela... – atrapalhou-se com as palavras – Não dava para dizer não... O brilhinho nos olhos dela... Eu não queria partir o coração dela. Ela é muito bonita também!

Ok, pausa para Harriet pensar...

Foi impressão minha ou Fred foi bem modesto com essa fala? “Não queria partir o coração dela”. E o: “Ela é muito bonita também”, então?

– Fred – coloquei a minha mão em seu ombro – A Beauxbatons só te convidou para o baile, não é como se ela estivesse apaixonada e não preparada para ter o coração destroçado por você – debochei – Ela bonita também! – imitei-o – Bom, ela pode não estar apaixonada, mas você parece estar... – zoei, cutucando sua barriga com os dedos indicadores.

– Não...

– FRED ESTÁ APAIXONADO! FRED ESTÁ APAIXONADO! – cantarolava, saltitante à caminho do salão comunal.

– FÊDH IST EPÃFUADO! – foi o que saiu quando ele tapou minha boca – FÊDH IST EPÃFUADO! – continuava a berrar, debatendo-me.

– Fica quieta, Harriet!

– FÊDH IST EPÃFUADO! FÊDH IST EPÃFUADO!

Alguns alunos paravam para olhar e me escutar, porém nenhum desgraçado vinha me ajudar.

– Vai ficar quieta? Prometa e eu te solto – assenti desajeitadamente.

– E a Angelina?

– O que tem ela? – dei um tapa em minha testa.

– Como ela reagiu bobão?

– Ela não ficou muito contente a início, mas ela foi aceitando depois. Não vai fazer muita diferença eu ir com ela ou não, não é? Jorge é a minha cara!

Ha. Ha. Ha. Que comédia, Fred!

– E quando vai apresentar a namorada à família? – brinquei.

– A Julia não é a minha namorada!

– Julia, é? Presumo que seja a garota de Beauxbatons... Mas quem disse que eu estava me referindo a ela? – sorri vitoriosa – É meu caro Fred, se a carapuça serviu... Você está gamado na Julia!

– Você está impossível hoje! – fez um estalo com a boca de irritação – Tchau, Harriet! – acelerou os passos me deixando para trás.

– Meu incrível humor e pertinência deve se ao fato de ser véspera de natal – fui falando mais alto à medida que via ele se afastar – Aonde você vai?

Fred virou-se com uma coloração vermelha, quase que imperceptível, nas bochechas.

– Ver a Julia! – gritou de volta, fazendo-me gargalhar com louvor.

Esses apaixonados, viu?

Nunca fui muito boa com presentes de natal e ter uma varinha não me ajudou a ser melhor com isso. Presentei Gina com dois pôsteres das Harpias de Holyhead; Luna ficou encantada com o par de brincos de feijõezinhos que consegui encontrar em Hogsmeade; Mione ganhou uma presilha que achei que combinava com o seu vestido para o baile; A Harry, dei uma caixa de artigos de logro da Zonko’s e alguns sapos de chocolates e por fim, Rony recebeu uma caixa minha também, só que da Dedosdemel.

Fred e Jorge ficam sem presentes este ano, porque eles estragaram a brincadeirinha ao revelarem que estavam por trás das Gemialidades Weasley. O presente genial para dois marotos seria algo da Zonko’s, certo? Como é que vou dar algo que eles mesmos conseguem fazer melhor?

– Lembre-se, Harriet! Marcamos às 5h no dormitório de vocês para nos arrumarmos! – Gina relembrou ao passar por mim pelos corredores com pressa enquanto descia para o almoço.

Fiquei distraída, observando seus passos apressados que esqueci que estava descendo uma escadaria e isso resultou em um esbarrão com alguém. Uma garota de Beauxbatons.

– Perdão, estava distraída.

– Tudo bem. Sem problemas! – sorriu amigável e continuou a subir.

– Espera! – ela parou – O que uma aluna de Beauxbatons faz na Torre da Grifinória? – franzi o cenho – Você não devia estar aqui – subi até o degrau onde ela estava.

– Ah... – fitou o degrau, constrangida – Eu estava procurando por uma pessoa.

– É mesmo? – sorri com uma ideia perturbando minha mente – Quem é? – ela abriu a boca, contudo, tornei a lhe interromper – Ah! Não me diga... Sou ótima em Legilimência. Vejamos... – fechei os olhos e coloquei uma mão na cabeça, fingindo – Ele é ruivo... Tem uma cópia bem fiel e é muito chato – cerrei os olhos – Aceitei?

– Talvez – ela riu – Você não usou Legilimência, não é mesmo? Prazer, eu sou Julia, de Beauxbatons, mas acho que você já sabe disso – riu novamente.

– Harriet! Fred não está no momento, gostaria de deixar algum recado? – brinquei.

– Não! Não! É particular... Um assunto que interessa apenas a nós dois, sem querer ofender.

Foi a minha vez de rir.

– Não está ofendendo. Fred me falou de você! – e ela tornou a fazer a cara de constrangida – Ele me disse – aproximei-me de seu ouvido e sussurrei: que você é muito bonita! – meu sorriso se alagou ao ver que ela finalmente tinha ficado vermelha.

– Ele também é muito bonito. Posso te confessar uma coisa? – podia não ver, mas meus olhos cintilaram... – Senti vontade de ir correndo abraçar e apertar ele na primeira vez que eu o vi – mordeu o lábio.

Desta vez, gargalhei e coloquei a mão na barriga.

– Você é maluca!

– Não ria! Ele é maravilhoso! O ventre da mãe dele é abençoado! Como se não bastasse um, vieram dois!

A cada exclamação de Julia, mais o ar parecia desaparecer.

– Ai... Meu Merlin... – debatia-me em risadas – É hora do almoço, vamos. Quem sabe você não o encontra no Salão Principal?

Ela pareceu relutante, por fim acabou aceitando.

– Me diga: como conheceu o Fred?

– Vi a cabecinha dele no alto do corujal com o irmão quando estava passeando aos redores da carruagem de Beauxbatons. Ele é muito engraçado! Ainda não superei o dia em que ele envelheceu para chegar ao Cálice de Fogo.

Se ela visse o quão boboca fica quando fala dele; garanto que nunca mais falaria... O mesmo vale para o Fred-Eu-Não-Queria-Partir-O-Coração-Dela.

Lá vai Harriet, ter que dar uma de cupido.

– Você tomou a iniciativa... Agora fiquei confusa para saber que é o homem da relação – Julia abriu a boca para contestar – É brincadeirinha! – levantei minhas mãos em sinal de rendição.

– Fred e eu não temos nada... – sorriu – Ainda – murmurou – Ele é um garoto interessante, só.

Acho que eu não devia ter ouvido a segunda parte, mas...

– Então a gente se vê no baile? – perguntei quando chegamos à porta do Salão Principal.

Ela balançou a cabeça em sim e foi para a mesa da Corvinal, onde Beauxbatons havia se instalado desde o início.

Mirei a longa mesa da Grifinória e não encontrei Fred, nem Jorge e nem Lino... O que eles estão aprontando? Esqueça Harriet! Os babuínos bobocas não quiseram lhe contar, agora você também não quer saber!

– Vai demorar muito pra sair da frente, fedelha de sangue-ruim? – a voz tão conhecida surgiu em minhas costas

– Tem muito espaço no meu lado direito para você passar, Malfoy – virei-me – Não sabia que tinha ficado tão gordo assim para precisar da porta inteira – debochei.

– A questão é que você é gorda da história que está atrapalhando o meu caminho. Eu ando aonde eu quiser e eu decidi que quero passar deste lado – foi pertinente.

– ‘Tá, ‘tá... Onde está o seu bando todo? Não te aguentaram, foi? – fiz bico, na tentativa de fazer uma cara de cachorrinho triste... Era só fazer cara de Pansy Parkinson, contudo, quem disse que ficar igual à Pansy é um trabalho fácil?

– Crabble e Goyle estão tentando encontrar um par ainda – revirou os olhos, com um sorriso de lado, como se estivesse segurando a risada também.

Arregalei meus olhos e tampei minha boca com as mãos.

– Sem chance! Quem iria com aquelas duas muralhas do riso? A missão se torna ainda mais impossível quando suponho que eles tenham reduzido as opções do sexo feminino para apenas Sonserina – fiz careta.

Draco riu e seu riso me arrepiou inteira.

Ok. Isso que acabou de acontecer foi muito estranho. Malfoy e eu tenho uma conversa civilizada. Malfoy me dando explicações sem rebater. Malfoy rindo verdadeiramente da minha colocação.

Meus orbes ficaram esbugalhados e meu queixo caído, meu semblante de choque bastou para que ele entendesse o que havia acabado de acontecer. Recuperou sua compostura e suas feições tornaram a ser o que usualmente são: inexpressivas.

– Pansy resolveu que vai ficar o dia inteiro se arrumando com as amigas até eu aparecer – rolou os olhos, como se achasse desnecessário.

– Eu sou garota também, entendo parte das necessidades... Mas o dia inteiro? – cuspi – E como fica a maravilhosa comida dos elf... De Hogwarts?

Nota mental: nem todos sabem como funciona a cozinha, então: segurar a língua.

– Não exagera, Cattleford. Essa comida é de quinta, nem se compara com a que servem em casa...

– Mimimimimi. Se é tão ruim, você não comeria feito um ogro em todos os primeiros dias de ano letivo – cruzei os braços, deixando o peso sobre uma das pernas.

– Então você me observa? – agora tinha um sorriso sacana no rosto.

– Eu observo TODO mundo pra sua informação, até mesmo você – disse, tentando não parecer desconcertada.

E ficamos nos encarando fulminantemente.

– Você vai com a Pansy no baile? – indaguei, sem quebrar o contato visual, depositando todo o peso na outra perna.

– Ainda tem dúvida, sangue-ruim?

– Bom, então... Meus pêsames! – puis-me a caminhar para a mesa – Ah, Malfoy!

– O quê foi?

– Feliz natal – arrisquei um pequeno sorriso.

Agora estava mais confusa. Não sei quem ficou mais surpreso, ele ou eu. Palmas Harriet! Você acabou de desejar um feliz natal para o cara que te odeia com todas as forças e aparentemente vive para te lembrar de que você não se passa de uma mera sangue-ruim.

No final, fiz o que tinha vontade de fazer. Independente de tudo, nunca vai ser ruim desejar felicidades a alguém, acho, espero.

– Não pense que é só porque é natal que eu vou te retribuir. Uma data não muda o seu sangue imundo, Cattleford. Então não vá esperando nenhuma gentileza da minha parte e nem que eu pegue mais leve com você por um simples: “Feliz natal”.

Meu coração pareceu falhar; como se acabasse de levar um corte e sangrasse demasiadamente. É isso que dá ser gentil com quem não deve. De súbito, meus orbes começaram a arder, parecia que havia uma bola em minha traqueia que me impedia de respirar direito.

– Eu não esperava nada, de verdade – minha voz estava vacilante – Mas um: “obrigado” não matava, né? – e a sensação de sufoco foi aumentando – Não precisava de isso, justo hoje, seu estúpido de emocional semelhante a uma pedra!

– Que seja – continuava em sua costumeira posição de indiferente.

– Morra, Malfoy...

– Ué, não era feliz natal há minutos atrás?

– Adeus, Malfoy.

– Vai tarde, sangue-ruim.

Minhas mãos se fecharam em punhos com uma força tão grande que os dedos começaram a ficar brancos e as mãos a tremer.

Por que ele sempre tem que ter a última palavra?

Passei as costas das minhas mãos em meu rosto, eliminando qualquer indício que denunciasse que estava prestes a cair no choro.

Harry e Rony decidiram que queriam passar a tarde brincando com a neve e assim se sucedeu. Fred e Jorge apareceram depois e resolveram entrar no jogo também.

– Conheci sua namorada, Fred. Uma graça! E ela não tem o érre puxado como as outras. Enfim, Harriet aprova o namoro de vocês... Já podem se agarrar na minha frente.

– Engraçadinha – fez cara de enfezado.

– Quem é a menina, Fred?

– Não te interessa Rony!

– É a Julia! – Jorge dedurou – Julia de Beauxbatons, prazer! – fez uma voz afetada, fazendo-me rir.

– É bem assim mesmo!

– Ah, calem a boca! Viemos para jogar... Vão ficar aí parados?

– Não se exalte jovem... Vai que você sofre de uma parada cardíaca agora? O que vai ser da sua Julia?

Fred nada respondeu, apenas mostrou o dedo nada educado. Jorge ria comigo enquanto os outros três não entendiam nada.

Hermione ficou sentada comigo, apenas observando e de vez enquanto, dando alguns gritos como incentivo para a pequena guerra de bolas de neve.

– Harriet, está tudo bem? – Hermione sussurrou e segurou a minha mão.

– Por que não estaria? – questionei, olhando-a pelo canto dos olhos.

– Ah, não sei... – passou a mão pelos cabelos armados – Você está diferente. Tensa. Desanimada seria a palavra. Está rindo e gritando menos que o normal... O que houve?

– Nada, Mione – sorri fraco.

– Awn, Harriet! – envolveu-me em um abraço apertado – Seja lá o que for, pode me contar quando se sentir segura, tudo bem?

– Não tenho nada a revelar, mas tudo bem – e ela continuou a me fitar com suspeita.

– Hey! O que está acontecendo? – Rony chegou mais perto com uma bola de neve em mãos.

– Nada – respondemos em uníssono no mesmo instante em que o vimos levar uma bolada de Harry, na cabeça.

– Toma essa, Harry! – arremessou com vontade, logo depois de grunhir – Está tudo bem mesmo? – perguntou de costas para nós.

– Está sim, Ronald! A propósito: que horas são?

– Umas cinco, por quê?

– Temos que nos arrumar para o baile – comentei, levantando-me.

– Vocês precisam de três horas? – berrou incrédulo, saindo de sua posição de defesa.

– É a vida, né? – dei os ombros – Va... – outra bolada em Rony, desta vez de Jorge – Até mais, garotos! – gritei, acenando.

A Mulher Gorda estava sentada em seu banquinho, entupindo-se de bombons de licor ao mesmo tempo em que trocava meias palavras com a mulher do quadro ao lado, Violeta... Tsc, que vergonha! Tanto licor a essa hora do dia?

Lutas de Corvil.

– É isso aí!

Gina já nos aguardava lá em cima com os vestidos devidamente estendidos sobre a minha cama.

– Vocês demoraram... – Gina disse se levantando do parapeito da janela – Não importa – balançou os braços freneticamente – Vamos começar? – apressou, excitada.

Hermione e eu concordamos com a cabeça.

– Mione, você tem certeza de que a poção vai funcionar, não vai? Digo: você já a testou antes, não é? Não preciso me preocupar com possibilidades de ficar careca, certo?

– Há poucas e pequenas, mas prováveis possibilidades... – tinha uma mão no queixo e os olhos semicerrados, como se estivesse avaliando as chances.

– O quê? – levei minhas mãos aos meus cabelos, num ato automático – Sai pra lá com essa coisa, Gina! – afastei-me aos tropeços.

A ruiva carregava o pequeno caldeirão com a Poção Capilar Alisante, enquanto Hermione arregaçava as mangas, se preparando para fazer a aplicação nos meus queridos fios.

– É brincadeira, Harriet! Não seja boba! Eu sempre sei o que estou fazendo!

– Não sabe não! Você está dizendo isso para me acalmar... Mas como Harriet fica se perder todos os fios? Já não sou a “pegável” número um, imagina com uma ilustre careca? Ao invés de lustrarem os troféus, os alunos começaram a lustrar a minha cabeça como detenção! – despejei exasperada.

O dormitório que até então estava preenchido pelo meu timbre, encheu-se de gargalhadas e nenhuma delas eram minhas.

– Ex... Exc... Excelente piada, Harriet!

– Como você é exagerada! – Hermione comentava entre risos – Podemos fazer no meu cabelo antes, se isso te tranquilizar. No final das contas, podem ser duas carecas para eles lustrarem.

Bastou isso para as duas explodirem em risadas novamente. Gina mal se segurava em pé, quanto à poção que no momento balançava de lá pra cá, respingando algumas gotas no chão.

– Mas isso é muito complicado! – resmungava à medida que puxavam mais mechas de cabelo para alisar – Em casa, uma chapinha bastaria e nada mais!

– Você está muito chata, Cattleford. Reclama de tudo! Está parecendo o Rony de barriga vazia.

– Muito engraçado, Grangerzinha – dei a língua e ela puxou os meus fios capilares com força – Hey!

– É verdade, Harriet! Você está reclamando de tudo desde que pisou no quarto.

– Até tu, Gina? – fiz-me de ofendida, dando uma risadinha logo em seguida.

– E o que é essa... “Chapinha”? – a Weasley indagou com uma careta esquisita.

– É um aparelho trouxa onde você liga e desliza pelo cabelo para alisar... Muito mais fácil – reclamei – Mas como em Hogwarts não se pode usar tecnologia, segundo Hogwarts: Uma História e bem... Aqui estou eu – rolei os olhos, fazendo bico.

– Harriet! – repreenderam-me.

– Ok, ok... Calando a boca! – levantei os braços em sinal de rendição. Elas riram em resposta.

Se já não se mentia confortável antes só de arrumar o cabelo, imagina vestindo O vestido? Definitivamente não nasci pra essas coisas. Podiam ter feito só um jantarzinho para os mais íntimos! Facilitaria, bastante, as coisas.

Estava tentando enganar a mim mesma, entretanto, um ponto quase que microscópico, porém perceptível, insistia em piscar incessantemente em minha mente, lembrando que aparecer em público enfeitada como uma árvore de natal não seria o mais constrangedor nesta incrível noite de natal. Ainda tinha a dança de abertura dos campeões e bem... Adivinhem? Harry é um campeão e é o meu par!

Apesar de tudo, estava um pouco satisfeita. O vestido era menos escandaloso do que a minha cabeça se recordava. Admitiria até que estou bonitinha!

– Estou adorável, não? – ironizei em frente ao espelho enquanto as outras duas me imitavam – Vocês me garantem que não está exagerado?

– Não está! – Hermione dava os últimos retoques no cabelo.

– De verdade, Harriet! Está linda! Não tem com o que se preocupar! – exclamou Gina em meio à um rodopio.

– Não estou lembrando uma árvore de natal?

– Não – ambas negaram impacientes.

– Vocês têm...

– Harriet... – censuraram em uníssono.

– Harriet faz essa cena toda, mas no fundo está adorando o vestido e se sentindo maravilhosa.

– Verdade...

– Alô! Ainda estou aqui e ouvindo! Porém tenho que confessar... Adorei o efeito da barra do meu vestido... Olhem – balancei meu quadril de um lado para o outro – Parece que eu tenho uma cauda e que ela se move no ritmo que eu ditar!

– Já entendemos Harriet – Gina me alertou, entre risos – Agora para de balançar as suas nádegas de um lado para o outro, porque está estranho.

No final das contas, Gina acabou do lado de fora do banheiro comigo, aguardando Mione.

Meus cabelos estavam normais, apesar de estarem mais lisos. A mecha de cabelos da parte de cima da cabeça estava presa com um laço da mesma cor que o vestido.

Movia-me, mesmo que minimamente, sem parar, na tentativa de segurar a ansiedade quando na realidade a minha vontade era de sair dando cambalhotas, assim como meu estômago estava fazendo no interior do meu corpinho. Gina me acompanhava na tremedeira.

– Agora já não parece mais tão ruim estar indo com o Neville – confessou.

– Ele é legal, apesar de ser lerdo. Ele que me ensinou a dançar... – contei desdenhosa – Grata ao Longbottom, pela primeira vez na vida... Quem diria. Tome cuidado mesmo assim, os pés dele são assassinos de dedinhos do pé das garotas – fiz careta ao lembrar todas as vezes que seu pé enorme pisoteou o meu.

– Pode deixar!

– Ah, Gina...

– O que foi?

– Eu sei que você queria mesmo ir com o Harry... Desculpa, não foi a minha intenção...

– Não se preocupe – sorriu terna – Vou ter outras chances e Harry te convidou muito depois de já terem me convidado, lembra? – assenti – Sem problemas, Cattleford! Se acalma, porque você vai ficar horrível se continuar assim.

– Não dá! – choraminguei – Vamos abrir o baile. Hogwarts olhando. Durmstrang e Beauxbatons também. Eu caindo. Todo mundo rindo.

– Doida! – a vi rolar os olhos – Você e o Neville ensaiaram bastante, não foi? Vai dar tudo certo – tranquilizou-me.

Que Merlin te ouça, Ginevra.

– Mione, vai demorar muito? – Gina bateu na porta – Harriet está quase subindo pelas paredes, se demorar um pouco mais acho que ela explode – brincou.

– Vão descendo, garotas! Vou demorar mais um pouco! – sua fala saiu abafada pela porta.

– Vamos! – Gina me puxou porta a fora.

O salão comunal estava vazio. Todos já deveriam estar lá ou pelo menos, aguardando seus pares nos respectivos locais de encontro marcados. Quando atravessamos o buraco do retrato, demos de cara com Fred – alegre e sorridente demais.

– Fred!

– Maninha e Harriet! Vocês estão lindas!

– Uma vez maravilhosa: sempre! – dei os ombros, com falso desdém ao mesmo tempo em que encarava minhas unhas – Esse privilégio é pra poucos. Você também está muito pomposo Fred. Esperando alguém? – o fitei divertida.

– Ah, vão embora! – expulsou-nos.

– O que deu em nele? – Gina sussurrou por cima do meu ombro.

– Nada – balancei a cabeça enquanto nos afastávamos.

– E Gina... – viramo-nos – Só não te passo um sermão de regras, porque sei que é o Longbottom que está te levando, ainda assim: não baixe o nível.

Prendi o riso ao ver a cara de indignada que a mais nova fez.

Lilá e Parvati não apareceram o dia inteiro no dormitório, presumo que tenham encontrado a sua própria maneira de se aprontar.

– Gina... – ela parou – Acho que vou vomitar...

– Para de drama sua maluca! Quase chegando.

E não era mentira. Mais alguns metros à frente e encontraríamos a escadaria que dava de cara para o Salão Principal.

– Eu vou dar meia volta! – afirmei determinada.

– Não vai não! – agarrou o meu pulso firmemente e me arrastou até o início da escada – Agora vamos!

Soltou-me e começou a descer as escadas, com a barra do vestido em mãos. Segui seu exemplo, tentando passar naturalidade apesar de achar que a temperatura no salão aparentemente aumentou de uma hora para outra.

– Vou procurar o Neville, boa sorte com a abertura.

E me deixou só.

Seria a temperatura mesmo ou os olhares curiosos e furtivos das pessoas? Encontrei Harry e Rony de costas, cochichando misteriosamente. Aproximei-me com passos sutis.

– BOO! – dei um aperto forte no ombro dos dois para que notassem minha presença.

Rony arfou primeiramente e depois choramingou.

Uma vez medroso: sempre medroso.

– Credo! Você se assusta muito fácil, Rony! – caçoei.

– Harriet? – vi seus olhos, assim como os de Harry, quase pularem de órbita – É você? – revirei os olhos – Não parece.

Obrigada pela parte que me toca Ronald.

– Devia tomar isso como um elogio? – perguntei.

– Você está bonita – Harry elogiou.

– Assim está melhor – sorri convencida – Obrigada Harry, você está ótimo também e Rony – torci minha boca – cadê todos aqueles babados e rendinhas?

– Eu as cortei – contou enfezado – Os babados se foram, mas o cheiro da tia-avó Muriel continuam – cruzou os braços – Onde está Hermione?

– Lá em cima – dei os ombros, deixando meus olhos vagarem pelo local – Ah, as portas estão fechadas!

– Entendi! – Rony estalou os dedos, atraindo a minha atenção – Hermione não vem, não é? Está lá em cima chorando, porque não tem par...

– Ela tem um par sim, Ronald! – exclamei, rolando os olhos.

Ele mal perde por esperar; quando ver quem é, primeiro: vai se tocar que estava errado esse tempo todo e segundo: vai ter um ataque de menininha.

– Ah, é? Quem é então? – possuía um sorriso presunçoso nos lábios – Engraçado é que vocês não querem falar, não é?

– Surpresa – lancei-lhe um olhar de desafio – Já vai descobrir... Enquanto isso olha quem vem chegando – indiquei a direção com o queixo.

Parvati se aproximava. Trajava vestes em um tom de rosa chamativo, com os cabelos longos presos em uma trança e pulseiras reluzindo em seus braços; animação zero.

– Oi – Rony cumprimentou-a sem ao menos se dar ao gosto de olhá-la.

Ronald Weasley: o garoto com a capacidade de surpreender mais a todos a cada dia que passa com sua grosseria imensurável.

– Tudo bem, Parvati? – tentei ser agradável, puxando assunto.

Ela me fitou por incontáveis segundos com os olhos esbugalhados e a boca levemente entreaberta. Desceu o olhar pelas minhas vestes de maneira lenta, como se me avaliasse e por fim voltou aos meus olhos.

– Harriet? – tinha um tom surpreso.

– O quê foi? – sorri com vontade, quase cínica.

Sabia exatamente o que se passava em sua mente e sim, Harriet, A Desengonçada, como ela e Lilá me chamavam pelas costas estava decente pela primeira vez diante de seus olhos.

Espera até ver Hermione, sorri perversa.

– Você está magnífica! – eu sei querida.

– Obrigada, você também está.

Show de interpretação e atuação: a gente vê por aqui.

– Ah, não! – Rony virou o rosto para uma direção oposta da que vinha Fleur Delacour e Rogério Davies.

Sentia-me menos mal e tola em ter recusado o convite do Rogério vendo a situação patética em que se encontrava agora. Ele mal parecia piscar os olhos quanto respirar, ainda que eu ache que é apenas o efeito Veela da Delacour. Um verdadeiro boboca.

– Fleur é quem devia se esconder depois do que você fez com ela – murmurei para que apenas o ruivo escutasse e ele respondeu com uma cara zangada.

– Cadê a Hermione? – tornou a procurar pelas cabecinhas que ocupavam o recinto.

– Preocupe-se em entreter o seu par, Ronald! – esbravejei – Hermione vai aparecer quando... – minha fala foi morrendo a medida que um grupo de alunos da Sonserina vinha das masmorras causando um certo rebuliço.

Malfoy, com vestes negras e uma gola estranhamente alta, vinha na linha de frente tendo o braço preso à da Parkinson que usava um vestido – de criança em minha humilde opinião – rosa bebê com babados.

Neste momento, tive uma súbita vontade de dizer à Cara-de-Buldogue que o vestido dela era babado. Babado, entenderam?

As Muralhas, vulgo Crabble e Goyle vinham logo atrás, ambos de verde e, como previ: sem pares. Sorri maldosa.

Meus orbes traidores se voltaram à figura loira de novo. Oh Merlin! Acho que estou ficando louca, nunca pensei que diria, ou melhor, pensaria isto um dia, porém Draco Malfoy estava irresistível esta noite. Se eu, Harriet Cattleford, não estivesse totalmente no controle dos meus hormônios, agarraria a Doninha-Quicante na primeira oportunidade que tivesse, ou na primeira vez que Pansy ousasse virar o rosto. Contudo, sou uma bruxa de escrúpulos, logo, meus pensamentos insanos morrem aqui, agora.

Os sonserinos nem se deram ao trabalho de olhar ao redor, apenas seguiram em frente com postura elegante e os habituais semblantes superiores.

A grande porta de carvalho da entrada se abriu, revelando Karkaroff e seus alunos da delegação de Durmstrang adentrando o castelo. Alguns passos atrás se encontravam Krum e Hermione com o seu perfeito vestido azul. Acenei empolgada, mandando um positivo com o dedo enquanto ela correspondeu com um sorriso nervoso, entretanto, os garotos não repararam e nem ao menos pareceram reconhecer Mione.

– Campeões aqui, por favor! – o timbre de McGonagall invadiu os meus ouvidos, fazendo-me tremer.

– Vemos vocês daqui a pouco – despedimos-nos.

A professora pediu para que aguardássemos de um lado da porta enquanto os demais entravam pelo outro. Fleur e Rogério se postaram o mais próximo que conseguiram da porta. Cho e Cedrico se alinharam ao nosso lado, no entanto, Harry virou a cara, discretamente, ainda assim: virou.

Acho que o Potter ainda não havia superado a recusa e estava magoado. Por Merlim! Despois ainda dizem que nós garotas é quem somos rancorosas. Quem inventou isso não viu Harry em relação à Chodrico (Cho+Cedrico); o máximo esse nome que acabo de inventar, não é?

– Oi Harry! Oi de novo, Harriet!

E o nosso tempo para papear acabou. As portas do Salão se abriram. O fã-clube de Krum lançou olhares de desprezo à Mione; algumas garotas me olharam feio, afinal: O-Menino-Que-Sobreviveu estava ao meu lado, o mesmo que elas só faltaram enfeitiçar com a Maldição Imperius ou implorar para que aceitasse o convite. O queixo de Pansy foi ao chão, Malfoy pareceu não conseguir encontrar palavras para diminuí-la.

É, está noite seria o máximo!


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Notas finais do capítulo

Fiquei duas semanas sem postar, porque tive muitos contratempos chatos, mas estou aqui compensando com um capítulo 3/4 vezes maior e o dividi em dois.
Quero me explicar, então vamos começar: eu tinha levado bomba e inglês, zerado uma prova de matemática e outra de biologia, então fiquei focada nas últimas provas e que graças a Merlin, consegui recuperar tudo! Depois vieram uns problemas pessoais que não cabe a mim expô-los aqui e até hoje estou tentando dar um jeito neles.
Agora voltando ao capítulo... O que acharam? Não sejam ingratos e comentem. Acho que no final das contas o capítulo saiu comprido demais e desgastante, por isso cortei ele pela metade; para que vocês não se cansem da minha beleza ou do meu talento - não. Sejam boas pessoas e comentem, aí eu penso quando posto a segunda parte.
Conversem comigo, por favor! Obrigada, de nada.
Até a próxima!



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