Capitão Steve Rogers, o famigerado Capitão América, observou as imagens na pequena tela que tinha diante de si.

Propaganda. Era isso que ele fora.

Acordar 70 anos no futuro não fora uma experiência agradável. Descobrir que tudo que ele conhecera e tudo pelo que ele lutara havia se perdido foi... Na verdade, não havia palavras que descrevessem o que estava sentindo agora.

Porém, saber que fora uma inspiração de qualquer forma teria sido um consolo. Mas não. Muitas pessoas nem sabiam que ele existira de verdade, achavam que tudo fora apenas propaganda do governo americano.

Steve se sentia mais perdido do que nunca. E ver aqueles documentos...

As fichas de todos os seus amigos, com as datas de suas mortes, foram o maior baque que tivera. Alguns deles haviam morrido há tão pouco tempo, mas tão velhos. E Peggy... Peggy ainda estava viva. Aposentada, numa casa de repouso. Ele podia pegar o telefone tentar ligar para ela. Mas o que falaria?

Até Howard - que parecia invulnerável, maior que a morte - estava morto. Acidente de carro era o que constava no arquivo dele. Howard tivera apenas uma filha: Toni Stark, conhecida como a Dama de Ferro. Ela estava listada como consultora da SHIELD, mas a avaliação do seu perfil não era muito favorável. Até a foto que tinham dela escorria arrogância. Lembrava muito Howard.

Andar na rua não ajudava muito. Nova York era tão familiar e ao mesmo tempo tão estranha para ele. Os psicólogos da SHIELD achavam que ver como as coisas mudaram faria com que ele deixasse “pra lá” o passado.

Como ele podia simplesmente deixar “pra lá”? Essas pessoas não entendiam que, o que para elas acontecera há 70 anos, para ele foram apenas alguns meses. Ele não tinha consciência de que todo esse tempo passara. Para Steve era como se tivesse tirado um cochilo e acordado uma vida inteira depois.

–Você está aqui para ver a Dama?

–Senhorita? –Steve levantou a cabeça, tirando os olhos do desenho que fazia, para encarar a garçonete que falara com ele.

Beth. Era o que estava escrito no uniforme dela. Não era exatamente bonita, mas havia algo tão natural e limpo nela que chamava a atenção.

–A Dama. – ela apontou para o enorme prédio que estava logo atrás dela. O que tinha Stark escrito em letras garrafais - Várias pessoas vêm aqui para ter a chance de vê-la passar voando.

–Deve ser uma visão e tanto. – Steve falou, porque não sabia o que mais falar.

–Ela é incrível. – Beth concordou com um sorriso – E tão linda, sempre bem vestida...

Não era a única coisa que Steve tinha ouvido da socialite, mas achou melhor não acrescentar a conversa.

–Quem sabe uma outra vez. – ele falou, puxando dinheiro da carteira.

–Você pode ficar o quanto quiser. – Beth falou, colocando mais café na xicara dele – Não tem ninguém esperando por essa mesa e o wi-fi é de graça.

Steve não fazia a mínima ideia do que era o wi-fi, mas estava surpreso por ser de graça. Tudo nesse tempo tinha preço e era caro.

Beth deu mais um sorriso e se afastou.

–Pede o número dela, seu lerdo. – o senhor da mesa de trás resmungou para Steve.

Melhor não. Steve nunca teve muito jeito com mulheres e aparentemente a que estava para entrar em sua vida dava um novo significado a palavra “louca”.