P.O.V Stephannie.
– Quem aqui odeia a Stephannie ergue a mão! – a garota loira disse auto e todos no refeitório ergueram a mão. Eu olhei para todos aqueles ali e senti vontade de sair correndo. – Você é feia Stephannie, você é gorda. – a menina dizia com a voz maldosa e todos riam de mim.
As lagrimas começaram a encher meus olhos e eu tentei sair correndo, mas tinha uma corda no caminho que me fez cair, e quando eu cai, imediatamente um balde de tinta roxa caiu sobre mim, encharcando-me e fazendo meus óculos voarem longe. Passei a mão pelo meu rosto já chorando e tentando retirar um pouco daquela tinta, mas parecia não parar de escorrer. Tateei o chão a procura de meus óculos, mas a loira veio e pisou sobre eles esmagando-os.
– QUATRO OLHOS! FEIA! GORDA! – a garota gritava e todos, todos riam, ou melhor, gargalhavam. Eu fechei meus olhos chorando.

– Não! – gritei acordando daquele terrível sonho.
– O que foi Phannie, o que ouve? – meu pai chegou ao quarto imediatamente.
– Pai, eu... Eu... – eu não conseguia falar. As lagrimas inundaram meus olhos e eu comecei a chorar instantaneamente. Meu pai sentou-se na minha cama e me abraçou forte.
Pois é, uma garota de quase dezessete anos sendo abraçada pelo pai. Lindo.
– Você sonhou com aquilo de novo não foi? – meu pai perguntou e eu assenti. – Oh minha pequena, se eu pudesse eu tirava isso da sua memória, todas essas coisas ruins. – ele disse e eu o empurrei. Uma coisa que eu comecei a odiar com o tempo foi que tivessem dó de mim.
– Mas você não pode fazer isso, então me deixa. – falei ríspida e pulei da cama e sequei as lagrimas dos meus olhos.
– Stephannie, você não pode me tratar assim. – ele disse, mas eu ignorei. – Você é linda filha, você tem que esquecer isso e... O que é isso no seu braço? – ele perguntou olhando para as marcas ainda bem vermelhas. Droga. Esqueci-me que estava sem mangas compridas. – Stephannie, você se automutilou de novo? – ele perguntou gritando extremamente bravo. – Phannie, por quê? Por quê? – ele disse gritando comigo e segurando meu braço forte.
– Pai, você esta me machucando! – tentei falar, mas ele me ignorou.
– Você tem uma vida de princesa Phannie, você tem tudo, você é uma linda atriz e cantora, você tem milhões de fãs e você fica ai, fazendo isso? Por que Stephannie Damn Diamond? Por quê? – ele perguntou e eu pude ver os olhos verdes de meu pai se encher d’água.
Eu apenas ignorei sua pergunta e sai do quarto indo direto para o estúdio que tinha em casa. Não era um estúdio de musica e sim uma sala de dança.
Entrei nele com a roupa que dormi mesmo e liguei o radio que estava ali. Coloquei uma musica agitada, chamada Pom Poms – Jonas Brothers e comecei a dançar.
Sim, eu cantava, atuava e dançava. A minha vida era perfeita? NÃO. Para mais informações veja meu histórico:
Filha de James Diamond – Ator lindo e cantor de uma boyband famosa.
Filha de Luiza Bittencourt – Atriz de Hollywood linda que já ganhou Oscar.
Atriz da Disney.
Escola primária: Bullying, bullying, bullying.
Escola secundaria: MAIS BULLYING AINDA.
Gorda, que usava óculos e aparelho ortodôntico.
Conhecida por atuar em uma serie infanto juvenil.
Cantora desde que começou a serie, dois CDs lançados.
Automutilação, bulimia nervosa e transtorno bipolar.
Cabelo na cor azul.

Sacaram como sou perfeita? Pois é. Perfeição, EU. Só que não.
Sabe qual é o problema mundial? Achar que só por que você é atriz ou cantora tem que ser perfeita e leva uma vida perfeita e tem que ser exemplo. Agora me diga: Alguém nessa porra de mundo pensa que nossa vida é estressante e não tão perfeita assim? Não. Eles não se importam se você sofre ou se tem problemas, mas se verem você com um copo na mão...
“NOTICIA EXTRA: FULANO FOI FLAGRADO BEBENDO, FUMANDO E DANDO EM PRAÇA PUBLICA!!!!!”
Sabe às vezes me pergunto por que tive que nascer nessa droga de mundo.
Dançar talvez seja a melhor forma de descontar a minha raiva, já que automutilação não é legal. Não pelo fato de que dói e ficam marcas. Mas isso não me importa.
Olhava no espelho e continuava me mexendo com a música, até que um infeliz entra no estúdio.
Aliás, o infeliz era gatinho, mas isso não vem ao caso.
– Quem é você e por que me interrompeu? – perguntei parando a música e tentando, a medida do possível, melhorar minha aparência.
– Olá Stephannie, desculpa ter-te interrompido eu só vim me apresentar. Sou Vitor, seu novo guarda-costas. – minha boca ficou aberta quando ele disse ‘guarda-costas’.
Isso só podia ser brincadeira.
– Você é o meu o que? – perguntei, achei que não tinha entendido direito.
– Guarda costas. Eu já te conhecia Stephannie, sou Vitor Dobrev, irmão de Elise Dobrev, e eu me lembro de você quando era bem bebezinha e eu ainda chamava seu pai de tio. – ele falou e ficou um pouco vermelho.
QUE PORRA ERA ESSA DE GUARDA COSTAS?
– PAAAAAIIIII! – gritei de dentro do estúdio que tinha isolamento acústico.
– O que foi Stephannie? – meu pai perguntou.
– Você me contratou um guarda costas? Serio mesmo? – perguntei ainda chocada de mais com a informação.
– Ah sim, o Vitor. Ele é irmão da Elise, eles voltaram para cá agora. Ele vai cursar a escola de teatro com você e eu resolvi contrata-lo para ser seu guarda-costas. – meu pai disse com um sorriso de orelha a orelha.
– Você ta zuando né? Diz pai, diz que isso é uma pegadinha... – pedi.
– Não, não é pegadinha. A partir de agora, aonde você for, ele vai junto. Ele ira te proteger e cuidar de você. Qualquer coisa de muita importância ele ira me avisar. Você andou se comportando muito mal ultimamente e por isso agora será monitorada. – meu pai falou ficando sério.
– HAHAHA – gargalhei. – Papai, você acha que ele vai cuidar de mim? Ele? Ai meu Deus. Na boa, eu sou a Stephannie ou Phannie, e você sabe que eu não sou mais tão ingênua não é? E outra papai, você não tem medo não? Ele é bonito. Se ele for ficar o tempo todo comigo posso me apaixonar. – falei dando um sorriso irônico e passando meus dedos pelo rosto do menino que tinha a barba por fazer.
– Se você se apaixonar por ele, isso não será problema. Ele é desempedido e o eu o conheço desde bebê. Eu caso os dois. – meu pai devolveu na minha ironia.
– A sim, então vamos ver quanto tempo ele vai ficar perto de mim. – Falei e pulei a janela do estúdio, e sim, o estúdio era no térreo. Não, não sou tão louca assim para pular de andares.
Sai correndo pelo quintal e me escondi perto da piscina, dentro do armário de toalhas. Fechei a porta e fiquei lá, quietinha.
O problema é que o espaço lá era bem pequeno. Então depois de um tempinho eu sai de dentro do armário porque já estava morrendo sufocada.
Mas, quando eu sai, Vitor já estava ali do lado.
– BU! – ele disse e eu me assustei caindo na piscina. Mas ai é que mora o perigo: EU NÃO SEI NADAR! ME julgem.
Eu comecei a bater minhas mãos e pés na piscina, mas eu não conseguia ficar na superfície. Aquilo era fundo e geralmente eu ‘nadava’ com Carter, então eu não me preocupava. Mas agora, a coisa estava ficando desesperadora.
– VITOR! VITOOOOOOR! – tentava gritar, mas eu já estava afundando.
Vitor pulou na piscina com a roupa que estava mesmo e me pegou no colo.
Das duas uma: ou Vitor era forte ou eu estava emagrecendo. E eu adoraria que fosse a segunda opção.
– Stephannie?! Phannie?! – Vitor me chamava e eu não conseguia responder. Ele começou a apertar meu peito, e ELE ESTAVA ME BULLINDO! SOCORRO!!, eu cuspi a água fora. – Phannie, você esta bem? – ele perguntou quando eu abri os olhos.
Eu estava morrendo de frio.
Ele estava bem próximo a mim, e seus olhos castanhos esverdeados, eram tão lindos... Sua pele morena, seu cabelo curto, meio raspado dos lados.
– Estou... – respondi com a voz fraca.
– Vou te levar pro quarto. – ele disse me pegando no colo de novo.
Ele me levou escada acima da nossa casa e me deixou no meu quarto.
– Você quer alguma coisa? – ele perguntou após me colocar sentada sobre a cama.
– Você assinou algum contrato? – perguntei.
– Sim, um contrato que diz claramente que devo proteger e cuidar de você. – ele disse serio.
– Tanto faz. – respondi seca e fui pro meu banheiro tomar um banho quente.
Onde estaria Carter agora para me salvar desse cara?