Vida Adulta - A nova geração escrita por Júlia França


Capítulo 5
Embarcando para longe




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Meu malão estava pronto. As coisas dentro dele quase transbordavam, uma vez que não estava deixando nada para trás, pensando em pegar no retorno. Eu tentava me convencer que não era bem assim, mas sabia que estava errada. Não teria volta. Não teria retorno.

Naquela manhã, tão parecida com as outras, Hogwarts estava nublada e um temporal estava prestes a desabar, mas hoje, em especial, parecia triste, cinzenta demais.

Deixei uma lágrima solitária escorrer pelo meu rosto, mas não me importei muito com isso. Eu sabia desde o começo que aquela hora chegaria, mas não imaginei que seria tão doentiamente triste.

_ Tudo bem Rose. Você vai voltar um dia.

Não me convenci. Subi as escadas e meio que disse adeus a tudo enquanto olhava se não tinha esquecido alguma coisa nos cômodos. Deixei uma carta sobre a lareira, tentando fazer com que o novo usuário daquele quarto se importasse o suficiente para deixar tudo em vermelho.

Querido novo usuário do quarto (diria o seu nome se soubesse),

Despeço-me agora com lágrimas nos olhos. Nunca pensei que esse dia seria tão malévolo a ponto de me fazer chorar. Neste lugar, muitas coisas aconteceram que mudaram a minha vida para sempre. Seja quem for que esteja lendo esta carta agora, não pense que uma adolescente não possa ter a vida mudada por causa de um quarto de monitora. Isso é inexplicavelmente adulta e não gostaria de saber que meu antigo quarto está sendo abitado por um ser estranho com uma alma envelhecida.

As paredes desse castelo ouvem vozes. Vou saber se começar a dizer que sou louca. Não vou me importar nem um pouco. Sei do que estou falando quando digo que vai chorar quando tiver que deixar Hogwarts, e então se lembrará dessa carta e seus olhos vão se encher mais ainda com lágrimas quentes. Pessoas tiveram viveram nesse lugar. Choraram nesse lugar. Cresceram e aprenderam muito nesse lugar. Como uma Grifinória nata, pediria que você deixasse tudo em vermelho, com as cores da minha casa, mas esse pensamento é egoísta demais para ser levado a sério, então ignore a ultima frase.

Use esse quarto como se fosse sua verdadeira casa. Ele vai ser doentiamente necessário quando precisar chorar e não queira que ninguém veja. Já testei essa hipótese, e acredite, ela é real. Caso você seja trouxa, não fique colocando problemas no nosso mundo. Existem pessoas que dariam sua vida para vê-lo de perto (a autora é uma dessas pessoas) e eu tenho certeza que estudar DCAT é muito mais divertido do que qualquer coisa que já tenha aprendido em qualquer escola trouxa (se você for naturalmente bruxo, novamente ignora as duas ultimas frases).

Não tenho mais coisas a dizer. Hagrid gosta que tomem chá com ele. É. Não é um gigante tão assustador quanto parece. Só não morda os biscoitos com tanta força (pode quebrar os dentes) e não espere muita coisa do chá, mas é melhor tomar todo o lanche para não fazer desfeita (Hagrid é muito emotivo) e o pobre gigante não vai ter com quem conviver já que estamos todos indo para longe (Madame Maxime não pode vir aqui o tempo todo, você sabe) . Lily e Hugo são os únicos que vão ficar mais um ano em Hogwarts. Se encontra-los na cabana, diga um oi por mim.

Com todo o carinho que se possa ter,

Rose Weasley.

P.S. As paredes ouvem vozes.

Fechei o envelope e fui me encontrar com Scorpius, que com certeza estava me esperando do lado de fora, imaginando que eu estava me despedindo de tudo.

_ Oi. – Cumprimentei sem muito ânimo. Ele me abraçou enquanto dava uma ultima olhada no quarto e fechava a porta. Entreguei Mortje e Pedrita para ele e sai com Moxie (Scorpius não tem cuidado o suficiente para cuidar de uma gata que sofreu um parto a poucos dias) e Bartolomeu, que ainda dormia tranquilamente.

Mortje

Moxie

Bartolomeu

Pedrita

_ Adoro te ver com essa coisa brilhante no dedo, sabia? – Scorpius perguntou baixinho enquanto eu ninava Bartolomeu Moxie, Mortje e Pedrita estavam no meu carrinho de malas que era levado por Scorpius. Sorri.

_ Bartolomeu? – Brinquei.

_ Não. A aliança. – Sorriu.

_ Também adoro te ver com essa coisa brilhante no dedo. - Vi seu sorriso aumentar mais ainda.

_ Meu pai quer que eu vá para a França. O treinamento de aurores lá é bem mais eficaz. – Ele disse com a cabeça baixa, sem sorrir agora.

_ Quanto tempo dura isso?

_ Quatro anos e meio. Depois eu posso continuar o treinamento em Londres.

_ Podemos ficar separados quatro anos e meio. Eu acho. – Tentei disfarçar a voz embargada mas ele percebeu.

_ Não vou aguentar ficar longe de você.

_ Nós dois somos adultos. Podemos aparatar a noite e ficaremos juntos. – Ele olhou para mim e sorriu.

_ Adoro as suas ideias malucas que sempre funcionam. – Piscou.

_ Não vão conseguir separar a gente assim amor. – Sussurrei e ele me abraçou.

4 ANOS DEPOIS

Eu e Scorpius não nos falamos há algum tempo. A faculdade de aurores da França não permite que os alunos aparatem sem “necessidade” e os aparelhos trouxas não são permitidos. As cartas, antes trocadas todos os dias, já não passavam de mensagens rápidas uma vez por semana.

O rosto infantil e adolescente tinha sumido do meu rosto, e agora eu esboçava uma expressão mais adulta, mais centrada. O cabelo, antes na cintura, agora estava mais ou menos na altura dos ombros. O ano na academia tinha feito bem a mim. Minhas curvas estavam mais acentuadas do que nunca, e não tinha um grama fora do lugar. As roupas e sapatos não eram mais tão infantis.

Minha formatura seria no dia seguinte e eu não sabia se podia contar com a presença do meu namorado. Olhei para o porta retrato no criado mudo – o sol poente do Rio de Janeiro atrás de nós enquanto eu rodava incessantemente e Scorpius sorria, tentando me segurar, mas sempre que quase conseguia eu jogava a água do mar nele. – Sorri. Tentava me lembrar das risadas, mas não era tão fácil assim.

Separei a roupa branca que eu usaria na formatura. Escrevi uma carta rápida e mandei para a França com Pó de Flu (sempre usávamos esse método porque a carta chegava mais rápido).

Scorpius,

Só queria te falar de novo que amanhã é a minha formatura, e eu ficaria muito feliz se você desse um jeito de aparecer.

Da sempre sua,

Rose Weasley.

Não obtive resposta.

1 DIA DEPOIS

_ Você vai ficar linda. – Julie murmurou. Ela agora estava escrevendo livros de aventuras e desenhando quadrinhos. Ela sempre tinha sido muito boa nessa prática. Alvo estava trabalhando no Ministério.

Ashley e James estavam viajando para comemorar o aniversário de namoro mas voltaria até a noite. Os dois estavam tomando conta da Gemialidades Weasley e o meu tio estava em casa, aposentado. Mary ia se formar em medibruxia comigo.

_ Ele não me respondeu.

_ Provavelmente ficou muito emotivo para responder qualquer coisa. – Deu de ombros. – Você sabe que que some e aparece quando bem entende.

_ Talvez. – Concordei. Vesti a roupa rapidamente e fiz cachos no meu cabelo.

Vestido

Sapato

_ Vamos lá. Não deve ser tão difícil. – Mary murmurou enquanto entrávamos no salão do baile. A chuva caía forte do lado de fora, e eu procurei pelo meu loiro em todos os cantos do salão, mas não encontrei nem sinal dele.

_ Talvez ainda não tenha chegado.

_ Acho que ele não vem mesmo. – Tentei me mostrar indiferente.

O baile teria sido muito divertido se não estivesse tão triste. Me sentei em uma das mesas do lado da janela e esperei que ele aparecesse, olhando para a porta o tempo todo. Quando olhei para a chuva no jardim, vi uma figura negra, olhando para mim enquanto o terno ficava ensopado. Imediatamente a reconheci.

Corri para o lado de fora e me joguei no loiro. Ele retirou flores de detrás das costas e me entregou. Nesse ponto eu já estava completamente ensopada.

_ Você está muito linda. – A voz dele tinha mudado. Tudo nele tinha mudado, mas eu sabia que ainda era o loiro de sempre.

_ Você também. – Ele pegou na minha cintura e beijou a minha boca com cuidado.

_ Senti tanto a sua falta. – Murmurou risonho, enquanto tocava o meu cabelo, como se ansiasse por isso todos os segundos dos últimos quatro anos.

_ Também senti a sua. – Lágrimas desciam a todo o momento e ele as limpava sem reclamar. – Porque não respondeu a minha carta? – Perguntei agora odiando a pessoa na minha frente.

_ Queria fazer uma surpresa. Quer saber mais uma coisa? Eu me formei ontem. Só que não te disse por que fazia parte da surpresa. Não vou mais precisar voltar para a França.

_ Mas...

_ Eles pularam alguns métodos de sobrevivência que nós já sabíamos e isso adiantou a formatura em seis meses. – Deu de ombros. – Casa comigo?

_ Caso. – Respondi sorrindo e pulando nos seus braços fortes.


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