Nervosa.

Era assim que eu me sentia. Era como se minha mente estivesse se dividido e ambas as partes estivessem entrando em um duelo só delas.

Não que eu não confiasse na capacidade de cada um ali.

Eu confiava.

Mas não era o suficiente.

Eu não confiava mais na minha capacidade.

Por diversas vezes eu tentei ser durona e estar sempre à frente na batalha, mas percebi que eu não sou esse tipo de pessoa. Não ainda.

Estava trabalhando para ser.

Anoitecer.

Todos repetiam para si mesmos e tentavam descobrir o que ocorreria ao anoitecer, nós estávamos pensando em atacar, em ir para o Governo. Em juntar todos os Radioativos para levá-los e lutar enquanto os outros ficariam aqui caso eles resolvessem nos atacar.

—E se não for um ataque? —Foi a primeira vez que eu falei em minutos de discussão.

—Tem que ser. —Respondeu alguém que eu não fiz questão de descobrir.

—Pode ser qualquer coisa, estamos pensando em apenas uma possibilidade. —Nimble defende minha opinião.

Gosto disso.

Não gosto disso.

Nós já estávamos neste assunto há meia-hora, a noite já estava chegando, o clima ia ficando tenso e as pessoas nervosas.

—No Governo anoitece mais cedo. —J-Hidden sussurrou enquanto via o crepúsculo lá fora.

—Então lá já anoiteceu. —Sussurrei com Thomas ao meu lado ecoando meus pensamentos um pouco mais alto.

—Não temos mais um plano, não temos o que fazer. —Uma garota falou.

—Só nos resta esperar e ficar no ataque. —Respondeu outro.

Mas não ouve tempo para eu escutar uma resposta.

Ouço só explosões e mais explosões e vejo uma claridade.

Vejo cores laranja, vermelho e um pouco de azul.

Vejo fogo e pessoas gritando.

Mas estou em choque, estou parada enquanto Thomas grita meu nome e me puxa pelo pulso.

E me esforço a correr.

Meus pés batem no chão em um ritmo rápido que eu mal percebo. Minha mente está distante como se aquilo tudo não passasse de um pesadelo.

Mas não era.

O som finalmente me atinge com tudo.

Ouço as pessoas gritando claramente.

Ouço as explosões com toda sua forma.

Vejo tudo sendo queimado e vejo pessoas sendo atingidas pelo fogo.

Sinto algo separando minha mão de a de Thomas. Não o vejo mais por perto e só o que consigo é gritar seu nome e virar-me para procurá-lo.

Mas é tarde demais.

Sinto-me sendo puxada e algo é colocado sobre minha boca e meu nariz de forma que eu não sinto mais o cheiro de queimado. Mas logo perco a consciência.
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Estávamos todos esperando por uma decisão e um plano, Candy falou sua primeira frase após minutos de silêncio. Nimble como sempre concordou com ela.

Ele me irrita.

Enquanto outros dos Radioativos colocam suas opiniões para fora começo a ouvir sons de aviões ou helicópteros. Mas não consigo gritar para avisá-los antes de ouvir bombas e me jogar no chão assim como muitos.

O chão é duro e machuca meu ombro, mas não me deixo ficar preso enquanto o fogo se alastra como uma cobra se arrastando.

Levanto e corro. De longe ouço Thomas gritando para Candy e tento ir de encontro à sua voz.

A fumaça está forte e não consigo ver nada, nenhum palmo à frente.

Sinto que vou desmaiar, mas não posso.

Não posso.
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Eu estava com fome.

Com sede.

Confusa.

Estava em uma sala branca e pequena com espaço apenas para uma cama desde que houve aquela batalha na Força. Ninguém sabia o que estava acontecendo, ouvi boatos de que Candy e Thiago estavam por lá. Que havia seres com poderes.

Coisas impossíveis para dar esperanças às pessoas na beira da morte.

Mas não para mim.

Eu estava trancada em um local limpo, pelo menos. Mas até quando?

Quem estava comigo?

Levantei ouvindo um barulho e olhei pela janela redonda de vidro que havia na minha porta. Alguém havia aberto a porta de frente à minha e colocado alguém lá dentro.

Ouvia gritos.

Mas não eram gritos de pavor.

Ouvia uma voz.

E era uma voz conhecida.

Agucei meus ouvidos para compreender.

Então a pessoa se levanta e olha para mim.

Fico espantada e congelo.
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—Candicce! -Continuava gritando. Ela não poderia ter sumido. Não poderia ter me deixado sozinho.

Eu havia conseguido sair de dentro do LdR e nem sabia como, nunca havia visto uma saída daquele local antes.

Agora eu podia ver de onde estava caindo todas aquelas bolas de fogo.

Estavam sendo atiradas de um helicóptero.

REVOG estava escrito.

Metade de GOVERNO se ler de trás para frente.

Então era isso.

Esse era o fim?
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Recuperei a consciência depois de ser jogada com brutalidade no chão.

Senti uma dor no ombro, mas isso era o que menos importava agora.

Estava em uma sala pequena. Tinha espaço para apenas uma cama. E era clara.

Muitas perguntas se formavam em minha cabeça.

Onde eu estava?

Quem havia me levado ali? Por quê?

O que acontecera com o LdR?

Meus amigos estavam bem?

Onde estava Thomas?

Havia alguém ali comigo?

Levantei meio atordoada e ao mesmo tempo em alerta.

Havia uma janela redonda na porta.

Olho para ela.

E dou de cara com um rosto conhecido.

Não demoro muito para sentir o chão tremendo abaixo de meus pés, mas não era ali. Não era real.

Olhei para trás e a parede branca que eu vira segundos atrás não estava mais ali.

Eu via destruição, fogo e caos.

Então esse era o nosso fim.