Voltamos a lutar com os soldados da SSUCOR assim que conseguimos enviar os outros para o LdR. Nós estávamos indo bem, mas não estávamos ali para massacrar ou sermos massacrados. Pelo menos não ainda.

Eu estava com o gosto metálico do sangue em minha boca e os nós dos meus dedos já começavam a doer de tanto socar algumas faces. Meu ombro estava doendo tanto que quando senti a primeira pontada de dor deu vontade de gritar.

Ouvi algumas vozes em minha cabeça e demorei para entender que era a Ligação com alguém. Tonta tente sair do caos para encontrar a pessoa que me chamava. Era uma Radioativa que estava lutando contra um dos soldados da SSUCOR. Não demorei muito para encontrá-la e fazer a Ligação com J-Hidden que havia encontrado outro rapaz.

Algum tempo depois acabamos por recuar e voltar para o LdR onde todos os outros se preparavam para enviar os Humanos ''normais'' para outros continentes. A bola de luz verde logo apareceu e eles foram, um por um, entrando e sendo engolidos por aquela claridade. Nem todos ficaram para assistir e aconselhá-los, alguns foram para o banho,cuidar de seus ferimentos. Eu simplesmente segurava meu ombro com a mão do braço esquerdo e aguardava todos irem embora.

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Os dias se passaram e todos continuavam treinando. Desta vez muito mais que antes, treinávamos dia após dias, hora após hora. Lutávamos uns com os outros como forma de treinamento e tentávamos expandir nossos poderes, principalmente eu.

Lia continuava conosco, assim como Thomas e Thiago. Não era a mesma coisa que antes, não havia mais aquela coisa de casal com nenhum de nós. Nem com Lia e Thomas que se mostraram tão encantados um com o outro quando se conheceram e nem comigo e Thiago que namorávamos há algumas semanas. Claro que de ambas as partes ainda havia aqueles olhares de admiração, eu percebia isso vindo de Lia e Thomas. Eu fazia isso com Thiago. Porém agora era muito mais nosso foque no treinamento do que em coisas de adolescentes.

Ambos crescemos nessas semanas. Thomas não era mais meu irmãozinho, Lia que eu conhecia há algumas semanas não era mais aquela Vigia divertida que chorou tanto quando seu amigo se foi, que gostava de festas e falava bastante de homens. Thiago não era mais o Instrutor com a voz incrivelmente firme e dura para nos dar sermões e que sempre fazia a coisa certa porque não podia errar em absolutamente nada.

E eu? Eu não sei no que mudei, só sei que eu mudei porque é o que eu sinto.

Nós treinamos porque sabemos que terá uma guerra Maior. A mãe de todas as ''lutas'' que tivemos e que não será nada parecido com as outras, que as outras não passaram de brincadeiras perto da que está por vir. E nós nos focamos porque não só queremos, mas precisamos vencer ela e é o que faríamos.

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Com o passar dos dias fui me acostumando com a ideia de ter mais gente do que antes no LdR. Fui me acostumando com a ideia de que muitas pessoas ali tinham uma ligação forte com Candy e me peguei acostumando-me com a ideia de deixar o que eu estava sentindo por ela guardado por mais um bom tempo até que tudo isso acabasse. Nossa guerra não tinha terminado, nós sabíamos disso. Todos estávamos treinando como loucos obcecados por isso, mas não era obsessão. Era necessidade.

Care, a meio anti-social do antigo trio que era apenas eu, J e ela estava se tornando uma pessoa legal com os outros e os ajudava sem que nós dois precisássemos pedir. Care costumava ser um pouco mais centrada do que todos e 'se divertir' nunca esteve no dicionário dela depois do que aconteceu, mas eu não a julgava. Eu teria ficado do mesmo jeito.

Por falar no trio foi admirável como viramos de uma hora para outra um Quarteto. Claro que não eramos apenas nós Quatro, nós contávamos com a ajuda de todos ali e não demorará muito até que viremos um Quinteto, sendo com Gatte ou não. Gatte foi muito útil nos últimas tempos, ele é um cara legal e ele provavelmente nunca usou tanto de seus poderes tão seguidamente para ajudar tantas pessoas. Ele também vem treinando cada vez mais o seu poder para ajudar bem mais do que ele já ajudou e o admiro bastante por isso.

Admiro o fato de que o LdR começou como um refúgio para meia dúzia de pessoas e agora é muito mais que isso, que um refúgio. É nosso Lar e não somos simplesmente refugiados, somos uma família.

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–Você está fazendo isso errado. -Disse Nimble enquanto me ajudava a expandir meu poder. Não era fácil e eu vinha trabalhando nisso ha dias e o máximo que consegui foi mostrar uma aura por volta de mim apenas uma vez.

–Então como eu... -Fiz uma pausa quando ouvi duas vozes fortes falando alto pelo corredor que dava entrada nesta sala sem porta onde não estávamos apenas eu e Nimble mas também outros Radioativos e Lia.

Três homens apareceram dentro da sala. J-Hidden, Thiago e Thomas, ambos estavam com expressões de surpresa e pavor.

–O Governo vai atacar.

–O... O quê? -Eu foco totalmente minha atenção nele enquanto eu sinto que todos os outros também pararam de fazer o que antes faziam.

–Vocês se esqueceram do Governo. Vigias, Crânios, Força. Radioativos. Governo. -Falou ele.

–A Província que antes era dos Radioativos acabou de ser destruída. -Anunciou Thiago.

–Completamente destruída, não sobrou nada além de muros derrubados. -J-Hidden comentou.

–E então só falta o Governo. É claro! -Exclamou Lia como se ela tivesse sido burra o bastante para nunca ter pensado nisso.

–Nós todos achamos que a sede da SSUCOR era na Força porque eles tem, obviamente, mais Força que todas as outras províncias e podem utilizar armas, mas nos esquecemos que o Governo também pode e é o mais forte que todas as Províncias. -Thomas continuou.

–É o centro de tudo. -Sussurrei.

–Então temos que atacar. -Falou Nimble ao meu lado.

–Não será tão fácil. O prefeito Dark gosta de um enigma e dessa vez não foi diferentes. -Thomas anunciava.

–Como assim? -Lia e eu falamos juntas.

–Vejam por si mesmas. -Thomas apertou algo que estava em sua mão e mostrou a holografia da província dos Radioativos. Um K estava escrito no chão. Logo a imagem muda e mostra os Crânios com uma Letra U no topo da escola. S na sede da Força e um D na torre dos vigias.

–O que isso significa? Perguntei. -K U S D. -Soletrei.

–Pode ser qualquer coisa. Thiago falou.

–Pode ser uma palavra. -Nimble deduziu.

–Um enigma. -Falei.

–K S D U... D S U K... Alguém tem um papel e uma caneta? -Perguntou Lia. -Sou boa com enigmas. Sou uma Vigia, lembram? -Ela revirou os olhos quando eles olharam para ela.

–Vou buscar. -Thomas falou e desapareceu. Todos fomos para a sala Maior onde havia poltronas para nos sentarmos. Thomas apareceu com um bloco de papel e uma caneta e sentou-se no sofá ao lado de Lia enquanto todos observávamos.

Lia ia escrevendo rapidamente e enquanto outros Radioativos vinham chegando nós íamos explicando o que aconteceu.

O tempo foi passando e passando.

–D U S K. -Thomas soletrou quando, aparentemente, Lia havia trocado a ordem das palavras.

–Isso lhe parece familiar? -Ela levantou a cabeça para olhá-lo. Thomas franziu a testa olhando para o papel.

–Anoitecer em grego. -Falou e depois olhou para nós. -Algo pode acontecer ao anoitecer.

Um burburinho se criou e só então percebi que todos já estavam em nossa volta.

Anoitecer.

–Então falta apenas quatro horas. -Pensei em voz alta.

–Não necessariamente. Lá escurece mais cedo, principalmente no Governo. -J-Hidden se pronunciou.

–Então quanto tempo temos? -Questionou Gatte.

–No máximo, uma hora. Minimo? Uma meia-hora. -Thiago falou enquanto J-Hidden concordava.