Elenina

Depois daquele dia, o pior dia de todo do verão, tudo mudou.

Andrew e Josh andavam mais juntos do que nunca. Desfilavam pra lá e pra cá com garotas novas todos os dias, bebiam ao ar livre abertamente, se chapavam e estavam direto na sede do camping na detenção ajudando a Quarter. Enquanto isso eu, Chloe e Diamond começamos a passar ainda mais tempo dentro da cabana. Ás vezes pedíamos para alguns zeladores irem buscar filmes em uma locadora perto para nós, pegávamos comida na cantina e víamos os filmes.

Ver Diário da Paixão foi horrível. Diamond ficou séria e fazendo piada, mas eu e Chloe desabamos. Faltou lenço.

E hoje o dia não começou diferente, estávamos vendo algum filme com uma criança com uma doença terminal quando Quarter abriu a porta.

— Olá meninas. — ela sorriu simpática, e a brecha de luz do sol que passou pela porta me fez piscar os olhos diversas vezes. — Que cheiro é esse? — ela perguntou caminhando para mais perto.

— Deve ser a pizza podre que a Diamond não quer ir levar pro lixo. — Chloe disse.

— Ou talvez nossas roupas que estão naquele cesto á mais de dias. — disse, dando de ombros. — Porque? O cheiro tá ruim?

— Desculpem-me a indelicadeza, mas está horrível. — ela disse sem graça. — Mas eu vim aqui, em nome dos professores e de alguns amigos de vocês, saber porque não aparecem mais nas aulas? E na festa de ontem?

— Amigos? Não temos ninguém que preste aqui além de nós. — disse pegando pipoca.

— Teve uma festa ontem? — Diamond disse desligada.

— Sim. Uma grande festa, comandada pelo seu irmão Chloe e pelo Andrew. Eles botaram todo mundo pra dançar. Foi ótimo!

— Deve ter sido um centro de drogas e bebidas alcoólicas. — Chloe disse olhando pra tela do computador. — Desculpe.

— Meninas, entrem no chuveiro agora e vamos dar uma volta! — ela puxou a coberta que nos cobria.

— Ai, graças a deus! Alguém que pode obrigar elas a saíram daí. — Diamond se levantou aliviada e saiu. — Estou na cantina. Esperando por vocês. — fechou a porta e eu e Nina nos olhamos surpresas.

— Andem! O café da manhã não ficará lá a manhã inteira. — corri pro banho. Fiquei lá um tempo e acabei percebendo que minha unha estava ruída. Argh. Saí de lá e Chloe entrou. Botei a roupa mais confortável que eu achei e esperei Chloe pra sair. Quarter já havia ido embora.

— Eu realmente não quero ir. — ela disse prendendo o cabelo.

— Também não. Mas vamos ir socializar um pouco. — sorri fraco e abri a porta saindo na frente, com ela logo atrás. Passamos por Kaila e Melanie, que me deram um sorriso fraco. E também por Simon, que teve a inteligência de não me dar nenhum tipo de oi.

Chloe apenas olhava pra frente centrada, com um olhar de raiva. Segui a direção do olhar e encontrei Josh. Parei imediatamente, mas já era tarde, estávamos perto o suficiente pra começar uma conversa.

— Maninha. — ele estava bêbado. — Nina. — sorriu debochado. — Quanto tempo.

— Joshua. — Chloe disse séria. — São nove horas da manhã e você já está bêbado.

— Se não sabe, no tempo em que estiveram presas na sua gaiola, mudamos um pouco os costumes! — ele suspirou. — Não aguentava mais acordar e comer maçã.

— Interessante. Mas eu realmente não quero conversar com você. — ela foi e eu a segui, mas ele botou o braço na frente me fazendo parar.

— Perdeu a língua, Nininha? — o olhei com nojo.

— Não encoste em mim. — empurrei seu braço.

— Não disse isso quando a gente tava no meio do mato. Na cachoeira. Na cama. Na rede. Afinal, fizemos isso um monte.

— Por favor, garoto.

— Por favor não me bata de novo? Porque é isso que deveria pedir a partir de agora.

— Isso, me bate. E você vai parar em um lugar bem longe de mim, o ano inteiro. — voltei a andar, na frente de Chloe.

— Está muito atrevida. — ele me puxou e eu parei bruscamente o empurrando.

— VAI A MERDA. — berrei me virando e fui puxada de novo.

— Melhor se acalmar e falar comigo direito. — ele disse mantendo o olhar de bêbado e louco dele em mim.

— Falo do jeito que eu quiser.

— Não. Não comigo. — sorriu sádico.

— Aé? O que vai fazer? Me bater de novo?

— Não duvide.

— E eu não duvido. — dei de ombros. — Porque você é um filho da puta. — clap! lá veio o estalo maldito bem na minha cara, e dessa vez eu não me encolhi e chorei eu dei socos e mais socos na cara dele, até ser puxada por alguém e ver um menino ir pra cima dele, que já estava no chão e o chutando. O menino chutava com tanta força que acho que ele quebrou pelo menos um osso. Fiquei olhando assustada aquilo, até ver o Andrew chegar e separar junto de Marco.

— Porra, Thomas! — Andrew disse estressado o empurrando e levantando Josh.

— Eu vou te pegar ainda desgraçado. — Josh apontava pra ele cheio de raiva.

— Tu deu um tapa na cara dela, filho da mãe. E acha que não merece apanhar? Se quiser pode vir, não tenho medo de ti não. — ele se virou ignorando Andrew e chegou perto de mim, tocando com a mão na minha bochecha. — Você tá bem? — sorri, assentindo com a cabeça. — Não saia mais com otários. — afagou minha bochecha com tanto carinho que por um momento senti bastante atração. Ainda mais pelos olhos verdes.

— Dica anotada. — sorri fraco e ele se virou mas eu o interrompi. — Qual seu nome?

— Thomas. — sorriu e se dirigiu a sede do camping.

Engraçado nunca tinha o visto por aqui e não é comum chegarem campistas no último mês de verão. Manti o olhar nele até ele entrar e fechar a porta. Depois só segui reto pra cantina, sem dar a mínima atenção a Josh.

Josh

— Esse desgraçado acha que pode chegar e bater nos outros. — disse irritado. — E mais, ele não tinha que se meter aquilo era entre mim e a Elenina!

— Hei, hei, hei. — Andrew veio de dentro do banheiro com um pano molhado. — Tu tava errado. E eu que devia te dar aquela surra pra ti aprender a nunca mais tocar em mulher nenhuma, inclusive na Nina. Acalma o coração campeão. — ele riu irônico.

— Tá debochando? Só não quebrei ele por pena.

— Sim, eu sei. — riu.

— Filho da mãe. — ri. — Ele é filho da Quarter né?

— Sim. — Andrew assentiu.

— Veio fazer o que aqui agora?

— Ele tava com o pai em Londres. Veio pra cá, porque ele mora com a Quarter e como ela tá aqui, ele deve ter preferido ficar aqui do que na cidade.

— Pirado.

— É diferente. Ele gosta da mãe.

— É. Gosta.

— Alguns, diferentes de você, gostam delas, Josh.

— Eu gosto da minha.

— Sei.