Destinos Interligados escrita por Risurn


Capítulo 22
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

E aii galera?
Eu consegui, bate aqui o/ postei antes do finds :3
Aiii gente, que felicidade, nem sabem. To fazendo uma surpresa ^^
Entonces, esse capítulo é especial por dois motivos. Temos um P.O.V. com participação especial eeeee eu recebi uma recomendação linda da Mylla Grace, sério, vem cá, me dá um abraço *hug* sério mesmo, obrigada, amei.
Enfim, enfim, espero que curtam o cap. ^^



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Nico

Just close your eyes / The sun is going down
You'll be alright / No one can hurt you now
Come morning light / You and I'll be safe and sound

Eu só sei fazer merda. Sério. Não me deixem comandar nada, nunca, caso eu faça isso, desconfie. Tenha um plano extra. E eu já devia ter aprendido isso. Veja bem... Tudo ia às mil maravilhas...

Flashback Mode On

Havíamos descido do carro e entrado na mata há quase vinte minutos. Eu já ofegava, por mais que estivesse habituado àquele lugar. Ela não diminuía o ritmo. Estava curiosa. E, eu percebi que ela lembrava alguém. Mas quem?

– Nico... Que lugar é esse?

Thalia olhava para todos os lados, tentando reconhecer o lugar. Ela andava à minha frente, estávamos caminhando entre árvores e logo logo chegaríamos. Ela estava tão bonita. Usava uma calça preta extremamente justa (até demais), coturnos e um blusão preto e vermelho. As mechas em seu cabelo tinham outra cor essa semana. Vermelho. Cor do desejo.

Sacudi a cabeça. Pare de pensar merda.

Assim que ela empurrou o ultimo galho, deu dois passos e pude vê-la abrir a boca em um O perfeito. O vento batia nos cabelos curtos dela, os fazendo voar e ela olhava tudo ao redor. Por um instante perdeu a pose de durona e sorriu, e eu sabia que isso aconteceria, ali até mesmo eu me sentia feliz.

Estávamos no topo de uma colina, dali víamos uma enorme plantação de morangos, a praia, e as ruinas de um vilarejo. Thalia deu dois passos e colocou as mãos em um pinheiro enorme.

– Isso é...

– Uau?

– É! – ri, ela tinha uma expressão de maravilhada.

– Também acho.

– Que... Lugar é esse?

– Bem vinda à colina de Sangue. – disse esticando os braços.

– Colina de Sangue? Não é um nome apropriado.

– Porque acha isso?

– Porque aqui é tão... tão bonito.

– E como explica as ruinas?

– Talvez... Talvez o povo tenha cansado de viver aqui e foi embora.

– É uma versão mais alegre que a original.

– E qual é a original senhor sei-tudo-sobre-história-local?

– Eu não sei tudo sobre história!

– Eu falei história local.

– Dá no mesmo.

– Nico, dá pra parar de enrolar?

– Tá bom, tá bom. Deixa eu ver... – sentei-me na grama e fui seguido por Thalia, que se recostou ao pinheiro – Há muito tempo, muito mesmo, pessoas moravam naquele vilarejo lá – apontei – mas os vilarejos em volta queriam os campos de morango, pelo que me lembro faltava comida e o vilarejo não estava sofrendo tanto... Mas os adultos se preparavam para um ataque eminente. Todos os cidadãos ficavam armados dia e noite. Mas existia um grupo de crianças, um grupo bem pequeno, aliás, liderados por Brenda, uma menina de 13 ou 14 anos se me lembro bem. Ela era rebelde, achava que não deviam ficarem parados esperando atacarem, deviam se proteger. Talvez se adultos tivessem feito aquilo... Eles se sairiam bem sucedidos. Ela, Corey e Bradley haviam formado um grupo de proteção em segredo.

– Eram corajosos, mas eram crianças... O que podiam fazer? – ela parecia interessada na história. Não estava nos meus planos conta-la.

– Eram espertas sabe? Até mais que alguns adultos da aldeia. Eles roubaram um arco do pai de Corey para Brenda. Ela subia no alto desse pinheiro ai, que você está apoiada, e lá do alto ficava vigiando o vilarejo. Quando via algum espião ou soldado inimigo, não hesitava em soltar uma flecha. Quando o espião morria os meninos buscavam o corpo e enterravam, para não levantar suspeitas. Fizeram isso por meses. Mas os inimigos descobriram, e foram... Cruéis. Fizeram uma armadilha. As crianças estavam distraídas, comendo, eu acho. Eles chegaram por trás. Mas Brenda viu, e gritou com os meninos para correrem em busca de ajuda. Eles não queriam deixa-la, mas ela apontou uma flecha em suas direções e disse que atiraria se eles não fossem. Contra vontade eles foram em direção aos soldados da vila, deixando... Deixando Brenda sozinha. Ali. Mas ela não desistiu fácil. Correu para o pinheiro e começou a atirar flechas nos agressores. Mas eles eram muitos, e uma hora as flechas acabaram. Eles escalaram o pinheiro e... E... Ela se sacrificou pelos amigos, entende? Depois disso o vilarejo foi atacado, e destruíram tudo. Mas os amigos que ela ajudou... Que ela salvou... Conseguiram escapar a tempo, então rebatizaram a colina, e passaram a chamar a árvore de Pinheiro de Brenda. A pessoa que se sacrificou por eles.

– Nossa. E... Nossa. Eu nunca ouvi falar disso.

– Poucos ouviram – dei de ombros – mas sempre acho que ela merecia mais reconhecimento.

– Eu... Não sei se conseguiria. Fazer isso que ela fez. Me sacrificar dessa forma. Acho difícil.

Sorri de lado.

– Deixa disso. Vem... Esquece a história por enquanto. Vamos dar uma volta.

Andamos colina a baixo, e caminhamos entre as ruínas. Era triste até para eu andar ali. Ver os restos de uma vida inteira. Pertences. Os brinquedos de uma criança. Doía em mim. Meu bisavô contava a história de Brenda para meu avô, que contou para meu pai e que contou para mim. Acho que era quase uma tradição de família aquilo. Sempre que precisava pensar vinha até ali. O ar da montanha me fazia bem. Lembrar do sacrifício de Brenda me dava forças para continuar. Mas... Ver Thalia ali? Era algo que eu não conseguia descrever. Eu nem ao menos sabia o porquê de tê-la trazido até ali. Mas agora vejo que foi o certo a se fazer, ela olhava para tudo fascinada, tocava nas paredes, pegava objetos, girava. Estava encantada. Por fim chegamos a praia.

Do nada, tive uma ideia meio louca. Peguei a morena e a joguei sobre meus ombros. Corri em direção ao mar. A água estava de congelar. Mesmo assim não liguei e entrei ainda mais. Quando estava consideravelmente fundo, joguei Thalia longe. Ela havia se debatido o caminho todo, me xingando de todo tipo de coisa. Assim que ela atingiu a água comecei a rir. Mas, depois de uns 30 segundos parei. Porque ela não emergiu?

– Thalia! – nadei um pouco, ali já não dava pé. Vi bolhas subirem. – Merda Thalia... – então mergulhei, após alguns segundos eu a vi. Ela estava quase tocando no fundo. E estava parada. Afogada. A trouxe para cima o mais rápido que pude. Fomos para a areia e a deitei ali. Ela não respirava.

Flashback mode off

Agora, todos estão cientes da merda que fiz? Ela NÃO RESPIRAVA. Comecei a fazer massagem cardíaca, não estava funcionando. Apelei para o boca a boca. Não deu. Então, decidi fazer os dois ao mesmo tempo, um ritmo. Depois de poucos minutos algo deu certo. Ela cuspiu água.

– Thalia? Thalia! - a puxei e a abracei, ela tremia muito.

– Seu... Babaca! Eu não sei nadar idiota! – seus lábios estavam roxos e seu queixo tremia.

– Como eu ia saber!?

– Eu tentei avisar, mas você estava... – ela ficou sem ar – Estava ocupado de mais rindo para me ouvir.

– Me desculpe!

– Desculpas? Seu idio... – não resisti. Não foi intencional. Foi automático. Eu a beijei. E ela correspondeu na mesma hora, algo que me surpreendeu. Não pude aprofundar muito, ela ainda não respirava muito bem. Tirei minha jaqueta e a coloquei em seus ombros.

– Pega, assim você se esquenta um pouco. – então sem avisar, a peguei no colo e comecei a caminhar em direção ao vilarejo para subir a colina e chegar ao carro.

Permanecemos em silêncio por um tempinho, a respiração dela começou a normalizar.

– Como... Como você descobriu esse lugar?

– Eu cresci aqui. Quer dizer... Venho aqui desde que nasci praticamente. Coisa de família.

– Ah – ela fechou a cara ante a palavra “família”.

– Thalia. – ela me olhou - Como é a sua família?

– Minha família? – assenti – Eu não tenho família.

– Como não?

– Bem, dona Hera, a mulher que tenho legalmente de chamar de mãe simplesmente não liga para minha existência. Tenho Art. Nossa empregada. Mas ela é quase uma irmã.

– E seu pai?

– Eu... Não cheguei a conhecê-lo.

– Nunca o viu? – ela negou – Nem por foto?

– Não. Bem... Eu... Tenho uma foto. Uma só. Achei nas coisas da minha mãe. Está no meu quarto. Escondido.

Assenti. Achei melhor não fazer mais perguntas. Ela estava fraca.

Coloquei-a no banco do carona e entrei pelo outro lado. Liguei o aquecedor e logo ela se sentiu melhor.

– Vou te levar até seu carro.


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Notas finais do capítulo

E ai?
Gostaram da história da Brenda? Eu preciso sabeer!
E do P.O.V. do Nico? O que acharam?
Mereço reviews? Outra recomendação? (Obrigada novamente Mylla).
Lembrando: Capítulo novo só no próximo fim de semana, mas reviews eu sempre posso responder :3