Thalia V

You can't have him
No way he's taken, ladies

Acordei com uma baita (pra ser educada) ressaca naquela manhã. Sentei em minha cama, enquanto passava a mão pelo meu cabelo.

– Certo... – murmurei. – Recapitulando a noite passada. Eu... Cheguei na festa, encontrei um garoto muito lindo mesmo, com um beijo melhor ainda. Até ai ok. Enchemos a cara. Ok. - cocei a cabeça - E as memórias param por ai.

Eu to cada vez melhor nessa de lembrar as coisas da noite anterior.

Vamos à lista. Look? Ok. Maquiagem? Ok. Touca? Ok. Mochila? Desnecessária, mas ok.
As músicas bombavam a todo volume nas minhas caixas de som, e dona Hera ainda não apareceu. Estranho.

Desci preguiçosamente até o andar de baixo, me encaminhando para a cozinha.

Em cima da mesa estava o meu café da manha, e acima do prato havia um bilhete:

Hera me deu o dia de folga, foi viajar, volta em três dias. Juízo.
P.S.: Apolo está atrás de você como louco.
XOXO Art.

Comi qualquer coisa e me encaminhei para a escola. Só de pensar que o pessoal ia ficar fofocando sobre ter aparecido na festa da noite passada me dá ânsias. Será que eles não têm nada melhor para fazer?

Estacionei meu bebê na primeira vaga que encontrei, desci do carro e fui andando em direção as portas da escola quando um ponto branco e azul pula na minha frente do nada.

– Porra Piper, que foi isso?

– Nada não – ela disse risonha – só queria saber como você tá.

– Bem. – continuei andando.

– Então... Quais as novas?

Parei e a encarei. Serio mesmo?

– Piper, escuta, eu não sei o que você ta tramando mas não vai adiantar. Nem tente.

– Eu? Não estou tramando nadinha de nada.

– Ta bom então, pode ir passear com o seu bando vai.

– Tudo bem, mas a metade das meninas do “meu bando” estão muito ocupadas dando em cima de certo garoto de cabelos negros, então, até mais.

Garoto de cabelos negros? De quem ela falava? Rainha da beleza olhou de uma forma nada discreta para o outro lado do pátio.

Ah, ele é o garoto de cabelos negros. Foi ai que me lembrei do restante da noite anterior.

Flash back mode on

Quando estávamos no carro, a bonequinha olhava para mim e sorria maldosa.
– Que foi? – perguntei.
– Não achei que o di Ângelo fazia o seu tipo.
Mas quem não gosta do tipo gostoso? Pensei comigo mesma.
– Poisé. Você já o conhece?
– Claro você também devia. Ele que deu a festa. – abri meus olhos com força.
– Di Ângelo? Ele é o aluno novo?
– Você não sabia?

Flash back mode off

Nico di Ângelo. Bem ali, cercado de lideres de torcida esqueléticas. Ele parecia entediado. Até que olhou em minha direção e pude reconhecer o espanto em seus olhos, espanto que o mesmo tratou de esconder rapidinho. Estava prestes a dar meia volta para entrar na escola quando uma das palitinhos se aproximou ainda mais dele colocando uma mão sobre o peito e foi se aproximando.

Não mesmo. Ela não ia beijar aquela boquinha deliciosa, ele tampouco parecia animado com aquilo. Com uma velocidade que eu não sei de onde veio cheguei até lá, sobrando tempo apenas de afasta-la com um braço.

– Bem vindo à Goode.

Então lhe dei um beijo, mas não qualquer beijo, um beijo de boas vindas. Ou seja, quente. Só parei quando ambos precisamos de ar. Ele sorria de lado.

– Não sabia que você estudava aqui.

– Agora sabe – lhe dei outro beijo para mostrar para elas que quem mandava naquele pedaço de mau caminho ali era eu e então sai.

Enquanto andava até a porta novamente fui revendo o que havia feito. Que merda foi aquela? Mostrar que eu era dona? Porra, nós só ficamos uma noite. Apenas uma. E desde quando eu quero algo com alguém? Certo, respire, isso não se repetirá.

Até o intervalo foi tudo calmo, Piper me olhava com um sorriso malicioso durante toda a aula, e aquela altura eu já nem ligava. Annabeth não apareceu à manhã toda. Nem o aluno novo. O tal do Jackson. Não que eu ligasse, mas não a vi depois que saiu do nada da festa. Será que ela e o Jackson...?

Sorri com esse pensamento, talvez a santinha não fosse tão santa assim.

Enquanto andava um braço surgiu em minha cintura.

– E ai Chris?

– Grace, reconheceu rapidinho.

– Só você faz isso. Cadê a Clarisse?

– Está falando com o irmão dela. – ele apontou para outro canto do refeitório, onde o pessoal mais novo ficava. – Bem, eu vim aqui para lhe entregar uma coisinha. – então colocou a mão dentro de um dos meus bolsos, e piscou – É de presente pra você.

Coloquei a mão no bolso vendo-o andar em direção à namorada. Passei os olhos pelo refeitório e vi certos olhos negros me encarando. Certo, apertei o presente, isso veio numa hora muito boa.

Fui em direção à saída da escola, sai pelas portas laterais e fui até as mesas e cadeiras que ficavam no lado de fora. Passei por elas e andei um pouco mais, até chegar às arvores da Goode. Elas me esconderiam bem.

Puxei o cigarro do meu bolso, acendi com meu isqueiro e traguei.

A minha paz durou só uns 40 segundos pra ser honesta.

Ouvi alguém vindo e olhei de canto. Era ele. O dito cujo se sentou ao meu lado tirou o meu cigarro da minha mão, jogou longe e empurrou uma balinha de menta na minha boca.

– Mas que porra é...

– Quietinha. Se quiser se drogar faça isso em outro lugar, onde Afrodite não esteja de olho. – ele apontou para um lugar entre duas arvores onde se via perfeitamente um ponto rosa em cima de saltos. – Se bem que eu prefiro que você não faça isso nunca.

– E pra que a porra da bala de menta?

– Odeio beijo com gosto de cigarro.

Então meu cérebro pareceu derreter, eu estava de olhos fechados, havia uma mão na minha nuca e outra na cintura. Ele parou quando faltou ar.

– Ãn... Eu... é... – não consegui formar uma única frase coerente enquanto ele apenas ria, ele havia me beijado? Sério mesmo? Não que estivesse reclamando, claro.

– Certo, quer mais bala?

Olhei para ele, e sorri maliciosamente, enquanto meus pensamentos voltavam ao lugar.

– Quero algo melhor. – então me virei para ele, sentei sobre suas pernas e lhe dei um beijo. Comecei calma e fui aprofundando, cada vez mais, não parei nem quando faltou o ar, ele desceu os beijos para o meu pescoço enquanto eu arranhava sua nuca, começou a dar leves mordidas, seus dedos curiosos foram para a barra da minha blusa e encostaram na minha pele, um choque percorreu meu corpo.

Alguém pigarrou. Paramos e nos olhamos. Não fui eu, e pelo jeito nem ele. Olhei para o lado e Dite estava bem ali, olhando para nós.

– Grace, di Ângelo, acho melhor que isso não se repita, não quero ter que leva-los para a direção! – então ela olhou para os lados, se aproximou e sussurrou – Na verdade, só não façam isso na minha frente porque eu serei obrigada a levar, vocês são uns fofos juntos.

Então ela saiu toda saltitante igual à filha.

– Certo. Que foi isso?

– Afrodite querido, - beijei seu maxilar – ela é assim. Uma figura, igual à filha - Lhe dei outro beijo e levantei. - Acho melhor irmos para outro lugar.

Voltamos para o refeitório e não nos falamos mais até o fim do dia.

Isso nunca me incomodou, mas dessa vez a última coisa que queria era ficar sem falar com ele.

Que porra está acontecendo aqui?