Closed your Eyes escrita por Noona


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Depois de muitos e muitos meses, consegui voltar a escrever a fanfic, peço perdão pela demora, mas com tantos compromissos, estudos e todo o resto, a minha criatividade resolveu tirar férias. Espero agora poder escrever com mais regularidade. Obrigada a todos que acompanharam essa história até o momento. sz



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A respiração levemente ofegante de Eun Jae soprou docemente contra o rosto de Ma-Ru, tão descompassada quanto a dele. A delicadeza daquele momento tão especial havia mexido com as emoções de ambos, entrelaçando-as em uma só sensação. Foi irresistível e inevitável quando sentimentos novos e desconhecidos explodiram, aproximando-os ainda mais. Nenhum dos dois saberia dizer quem havia feito o primeiro movimento, mas o leve roçar de seus lábios jamais seria esquecido por qualquer um deles. Lentamente, a descoberta do toque os deixou paralisados.

O coração de Choi Ma-Ru se descompassou batendo terrivelmente acelerado. Considerando sua criação americana, aquele nem de longe era seu primeiro beijo. Mas diante daquele momento, era impossível recordar qualquer outro. Tudo a seu redor pareceu ficar muito distante, como se pertencesse a uma outra vida, talvez um outro mundo.

Todos os seus sentidos estavam concentrados naquele momento especial. Ela cabia perfeitamente em seu abraço, mesmo sendo tão pequena e delicada. Seus lábios eram doces e suaves, o toque leve dos lábios de Eun Jae contra os seus foram leves como um roçar de asas de borboleta, lento e infinitamente carinhoso, mas intenso o bastante para que seu coração disparasse, parecendo explodir em seu peito. Por um breve momento de lucidez, perguntou a si mesmo se ela podia ouvir as batidas aceleradas de seu coração.

Sim.

Encaixada entre seus braços, Eun Jae sentiu o exato momento em que as batidas do coração dele explodiram descompassadas contra a palma de sua mão, combinando com suas próprias emoções. Talvez por ser privada de um dos seus mais importantes sentidos, seus sentidos estavam preenchidos pelo calor dos lábios dele colados aos seus... O toque firme e cuidadoso ao mesmo tempo e aquele cheiro que só ele tinha, tão característico.

Seu importante primeiro beijo havia acontecido sem que sequer se desse conta do que acontecia naquele momento. Eun Jae estava tão próxima de Ma-Ru como jamais estivera com outra pessoa em toda sua vida e talvez por que seu coração batesse ritmadamente em compasso com o dele, pode sentir cada pequena emoção como um reflexo de suas próprias.

Um ruido leve, brevemente ritmado quebrou aquele momento, fazendo com que abrisse seus olhos de repente, assustada. Recuando o corpo rigidamente, afastou-se alguns poucos centímetros dele, sua respiração ofegante abafou o ruido que havia ouvido.

Demorou um momento para que ele se desse conta de que algo errado havia acontecido, assim que os lábios dela se afastaram dos seus, obrigando-o a voltar para seus sentidos. Por um instante Ma-Ru pareceu confuso, sem entender como a havia assustado.

A resposta veio um momento depois, quando o deslizar da porta se fez ouvir, indicando que alguém da família estava por perto. Ma-Ru se xingou mentalmente. A situação já era ruim o bastante sem que ele piorasse daquela forma, abusando da confiança dos tios de Eun Jae.

Reunindo o pouco de boa vontade que ainda lhe restava, Ma-Ru encolheu os ombros, sem muita escolha. Antes que alguém da casa pudesse identificar onde ambos estavam na semi-escuridão do jardim, estendeu sua mão uma ultima vez na direção do rosto de Eun Jae e deslizou os dedos por sua face macia, sentindo a calidez de sua pele delicada.

Aquele seria um de seus últimos momentos junto a ela, era uma chance que não se permitiria perder. Logo ela seria operada e seus olhos recuperariam o brilho, e então, ele não poderia mais estar ali diante dela, tão perto. Havia tanta coisa que ele queria lhe dizer, coisas essas que mal havia se dado conta antes de visitá-la naquele momento, uma vez que naquele momento, era tarde demais.

O nó apertado em sua garganta fez com que necessitasse de toda sua força para que desse as costas a ela e fosse embora de uma vez, deixando-a parada e sozinha. Seus passos firmes nem de longe expressavam qualquer atitude ou uma das palavras que ele adoraria poder dizer a ela.

Saindo pela lateral da Hanok por onde havia entrado antes, encontrou a tia de Eun Jae olhando nervosamente para todos os lados, procurando pela sobrinha.

Parando a alguns passos de distância daquela ahjumma, Ma-Ru fez uma respeitosa reverencia, curvando sua cabeça e aceitando o olhar de desprezo que ela lhe dirigia. Anormalmente calado e informal, o rapaz só estendeu sua mão na direção do jardim, indicando a localização da garota.

***

Rabiscando em vermelho mais um dia no calendário que havia colado na parede de seu quarto, Choi Ma-Ru olhou detalhadamente para os outros dias que havia marcado ali, contando os dias para a operação de Eun Jae. O círculo em vermelho com o dia indicado lhe dizia que amanhã tudo estaria terminado, o que nem de longe lhe era um alívio.

Assinalando mais uma vez o círculo, como se desejasse apagar aquele dia da face da Terra, se perguntou mais uma vez como ela estaria naquele momento. Por mais preocupado e aflito que estivesse, se recusou a atender qualquer um daqueles pensamentos obsessivos de saber como ela estava.

Desde aquela noite no jardim, havia se obrigado terminantemente a não procurá-la novamente. Era um fato consumado que precisava se acostumar a não vê-la mais e nem saber qualquer coisa sobre ela, mesmo que aquilo custasse toda sua sanidade.

Ma-Ru começou então a pensar em se mudar de escola, mais uma vez. Daquela vez conversaria com sua avó e seu pai, prometendo se comportar corretamente caso pudesse sair daquela escola e deixar para trás todas as lembranças e tudo que havia lhe acontecido de melhor ao retornar para a Coreia do Sul.

Na escola, passou a evitar Min-Ki Sumbae e seu séquito de fãs alucinadas. Se o ídolo notou algo, não se importou muito, limitando-se a entregar a ele um papel que continha o endereço do hospital onde Eun Jae estaria. Ainda o olhava com uma clara censura no olhar a cada vez que Ma-Ru se esquivava de sua presença, claramente condenando seu comportamento esquisito.

A verdade, era que tinha medo de si mesmo, de ouvir de Min-Ki Sumbae algo horrível em relação a Eun Jae, que o fizesse correr de novo e montar guarda novamente em frente a casa onde ela morava... Talvez até mesmo implorar ao casal que gentilmente cuidava da sobrinha, e que a última coisa que desejariam, era sua presença inoportuna perto de Eun Jae.

Seu olhar se desviou novamente da tinta vermelha que havia riscado no papel, notando agora o quanto parecia amassado, aparentando ser manuseado constantemente. Olhou mais uma vez o maldito pedaço de papel antes de desistir de tudo que havia pensado nos últimos dias. Usando toda força que pode, amassou-o com as duas mãos, até que aquele maldito pedaço de papel deixasse de representar sua distância de Eun Jae, que naquele momento além de dolorosa, parecia completamente inútil.

Mais uma vez se perguntou o por que estava mantendo aquela distancia dela, por mais que tivesse se mantido longe, trancafiando-se em seu próprio quarto, sua mente nem por um momento, havia se distanciado de Eun Jae. Era inútil continuar se martirizando daquele jeito.

Ma-Ru demorou tempo o bastante para pegar um grosso casaco e sair em disparada pela porta do quarto, como se alguém o perseguisse. Havia ficado trancado em casa por tempo demais, remoendo a situação. Ao sair do aposento, olhou pela janela e perguntou a si mesmo se estaria anoitecendo ou amanhecendo. No final, não fazia diferença, pois felizmente, a aquela hora todos dormiam na casa e o rapaz pôde sair depressa, sem dar explicações. O ar frio da noite soprou com força assim que saiu porta afora, mas nem de longe o impediu de continuar.

A rua estava anormalmente silenciosa, a aquela hora ônibus algum circularia pela cidade, e mesmo que fosse, não sabia qual deles devia tomar para ir ao hospital onde ela estaria naquele momento. Tampouco poderia apanhar um táxi com aquela aparência de gangster, o que certamente faria com que o motorista chamasse a polícia.

Sem outra alternativa, seus passos se transformaram na corrida mais rápida de toda sua vida, mal sabia o motivo, porém algo dentro de si lhe dizia que ela precisava muito dele naquele momento. Os quarteirões se sucederam quase em um borrão que o deixou ofegante, mas não parou até se aproximar de seu destino.

O hospital parecia muito calmo e comum, seu cheiro característico e estéril parecendo impregnar o ar. Por um breve momento olhou em volta, sem saber o que fazer ou como achá-la ali dentro daquele hospital, que por seu tamanho extenso, deveria ter muitas salas.

Respirando fundo, procurou se acalmar, embora aquilo lhe parecesse cada vez mais difícil. Seu olhar quase transtornado deu com a placa que indicava a recepção do hospital, e foi para lá que Ma-Ru se dirigiu depressa, mais uma vez.

— Por favor, eu preciso...

A jovem vestida de branco exibiu um ar assustado com a chegada repentina do rapaz, parecendo uma assombração, quando não havia mais ninguém ali por perto.

— W-weo?! — A voz tremida da jovem pareceu trêmula e meio hesitante, sua mão procurando ostensivamente pelo telefone, na certa procurando chamar reforços.

— Anyio... Por favor, não. Eu não vou fazer nada, eu prometo. — Praticamente pulando contra o balcão, Ma-Ru estendendo sua mão e a colocou por cima das teclas do telefone, impedindo-a de usá-lo.

Aquilo pareceu ser seu maior erro. Seus olhos se arregalaram e a jovem atendente mal pareceu respirar. Parecia que ela fosse desmaiar a cada momento, o que causaria um alvoroço desnecessário que o atrasaria ainda mais.

Ajeitando sua postura, o rapaz juntou as mãos e as esfregou, implorando como sabia que os coreanos faziam, rezando e desejando que ela enfim se acalmasse.

— Por favor... Minha namorada... Ela está aqui, e eu preciso encontrá-la... Por favor, me ajude! Park Eun Jae.

Por um momento, a jovem piscou como se não entendesse, mas pareceu relaxar um pouco em seguida. Assim como a jovem atendente, Ma-Ru também se surpreendeu ao ver que tinha se referido a Eun Jae como se fosse sua namorada. Talvez algo em sua postura um tanto desesperada tivesse tocado os sentimentos da recepcionista, fazendo com que se compadecesse dele.

Em seguida, a atendente pareceu assumir sua postura profissional e tomou seu lugar em frente ao computador. Seus dedos voaram pelas teclas até que ela tivesse a informação que ele tanto desejava. Assim que ela lhe indicou a direção correta, Ma-Ru voou novamente na direção do elevador, apertando seus botões com força.

Pareceu uma eternidade quando enfim o elevador abriu suas portas, e ele enfim pode subir até o oitavo andar, onde poderia encontrar Eun Jae. Com cautela, deu uma olhada cuidadosa e então saiu o mais silenciosamente que pode. Seus olhos passearam pelo corredor, olhando detalhadamente cada pequena placa de identificação, até enfim encontrar a porta que procurava.

Não pode evitar de engolir em seco ao ver o nome dela gravado na porta. Depois de tanta angústia, tanta espera, finalmente ela estava ali, a poucos passos de distância. Em um movimento automático, estendeu a mão e a encaixou na fechadura da porta, parecendo incerto ao girá-la.

A realidade pareceu atingi-lo completamente naquele instante. Que diabos ele fazia ali? Havia passado tanto tempo lutando contra si mesmo, para fraquejar e por tudo a perder naquele momento? Irritado consigo mesmo, respirou fundo e retirou a mão da fechadura, afastando-se em alguns passos.

Não havia nada que ele pudesse fazer ali. De cabeça baixa, o rapaz suspirou e começou a refazer o caminho que havia percorrido anteriormente, rumando para a saída. O elevador ainda se encontrava no mesmo andar quando retornou, apenas parecendo recordá-lo do quão patético ele devia parecer naquele momento.

Que sentido tinha toda aquela correria da noite, se nem ao menos conseguisse saber se ela realmente estava bem? Novamente ignorou os comandos de seu cérebro e retrocedeu seus passos. Daquela vez não se deteve um segundo sequer diante da porta dela, apenas girou a maçaneta e empurrou a porta, entrando em seguida.

O quarto se encontrava na semi-escuridão, mas pelas luzes que vinham do corredor, pode claramente enxergar o quarto todo. Seu olhar vasculhou o local, aparentemente vazio. Naquele mesmo momento, seu coração pareceu paralisar-se em seu peito, para então explodir com batidas que fizeram seu peito doer, em pura angústia e preocupação. Ela deveria estar ali!

Passos vindos do corredor fizeram com que o jovem entrasse depressa no quarto e se recostasse contra a porta, torcendo para que eles não parassem ali, diante do quarto da garota. Seria extremamente difícil explicar sua presença naquele quarto, além de complicar o trabalho da jovem que o ajudara mesmo parecendo morrer de medo.

Os passos continuaram corredor afora se afastando numa lentidão inquietante, fazendo com que Ma-Ru suspirasse ruidosamente. Por aquele momento, o perigo havia passado. Estranhamente, outro ruido pareceu responder o seu. Em alerta, o rapaz olhou em volta depressa, procurando a origem daquele barulho.

Dando a volta na cama hospitalar alta, seus olhos se abriram em espanto ao ver Eun Jae encolhida, abraçando os próprios joelhos, parecendo estar escondida ao lado da cama onde deveria estar deitada.

Parecia tristemente assustada, num misto de pavor e medo que haviam-na deixado paralisada. Estendendo a mão, Ma-Ru tocou-a com cuidado, notando a pele pálida e fria sob seus dedos.


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Notas finais do capítulo

Hanok - Tradicionais casas coreanas, características de Joseon.
Ahjumma - Senhora
Sumbae - Veterano
Weo - (Mueos) Sonoridade "Weo", significa "O que?"
Anyio - Não



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