Ele finalmente tirou os óculos e sorriu. Estava feito. Oficialmente ele era o dono da primeira e única C.I.C. – Criança de Inteligência Cibernética. Não, dono não, por Deus! Sou pai... Ainda faltavam detalhes como alguns programas de localização GPS no “cérebro” dela, mas isso era o de menos. Ela estava pronta! Agora a solidão e a sensação de abandono sumiriam, claro. Mas antes...

O jovem cientista ainda não atingira os 30 anos mas já era considerado uma referência no desenvolvimento de softwares de inteligência robótica. Perante a comunidade científica aquele era um projeto nada inovador, afinal robôs hiper-realistas eram uma realidade desde o meio do século 21. Mas havia mais... Algo que ele nunca revelou aos velhos conservadores da bancada de ética da universidade. Ele a fizera especial, e agora estava pronta.

Com um sorriso no rosto ele iniciou o processador central e se afastou prendendo a respiração. A pequena robô de 1,56m emitiu um baixo zumbido indicando que estava oficialmente viva. Ele olhou seu relógio de pulso e fez uma última anotação em seu caderno. Hora do Nascimento: 18:42h.

— Agora, abra os olhos.

A robô com aparência de criança então abriu seus grandes olhos azuis e piscou duas vezes clareando sua visão antes de olhar para o cientista parado bem perto dela.

— Boa noite.

— Boa noite.

— Sabe quem sou eu?

— Você é meu criador.

— O sistema está rodando direito?

— Nenhum problema encontrado.

O rapaz sorriu satisfeito pelo sucesso do programa, colocou uma das mãos no cabelo da recém nascida e falou em um tom de voz amoroso.

— Então seu nome será...