Sem controle- A garota Meminger escrita por Zabe Ribeiro


Capítulo 6
O que acontece lá?




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esel Meminger. Sem mãe, pai ou irmãos. Havia sido adotada. E continuava sem mãe, pai e irmãos.

Não aceitava e nunca aceitaria chamar aqueles dois seres asquerosos de família. Mas ela achou Rudy e este sim, a seu modo, fazia parte do seu mundo.

– Então fugirá comigo, certo?

– Claro.

E, sem mais perguntas, ela sabia que era verdade. Ele a acompanharia. Estava implícito em sua voz e na luz que saia dos seus olhos. Estes eram tão firmes que, se em suas horas finais me passassem a certeza que vi naquele momento, com toda a certeza titubearia em colocar-lhe em meus braços se seu desejo fosse permanecer ali. Posso afirmar, aliás, que o seu olhar o entregava de bandeja. O pequeno garoto se fazia aberto e transparente através deles. Do tipo que não abriria mão de todos os segundos de vida os quais tinha direito, Rudy Steiner se agarraria a seu corpo físico e me daria um trabalho extra quando chegada a hora.

Peço atenção para o que digo. Se eu falo, é porque sou grande entendedora do comportamento humano. Conheço todos os tipos de olhos e olhares. Todos os gestos. Sei de todos os desejos já desejados. Sei de todas as emoções sentidas, até mesmo as quais não se pode nomear. Mas, se, nessa história específica, afirmo algo sobre qualquer assunto, é porque já a sei por inteira. Porque cheguei ao final das ramificações que a compõem. Cheguei até o fim de todas elas. Uma por uma. Carreguei essas histórias em meus braços, as pendurei em minhas costas e arrastei-as com minha foice. Confie em mim. Eu sei.

– Então, você viu?

– Vi sim...

– Fale logo, Saurkel!

O garoto ficou em silêncio e engoliu em seco. Falar era difícil. Presenciar aquilo também fora.

– Logo será a nossa vez. Eu ouvi a Hexe Gunter falar ao telefone: ‘’Dois acabaram de chegar. Estão quase prontos! Nada vem como queremos, ultimamente... “Dá muito trabalho alcançar o aceitável quando se trata da aparência desses porquinhos”. Se você não abrir a sua boca não vai ajudar em muita coisa! Precisamos saber o que eles fazem.

– Está bem, está bem... Eu vi a Abigail... Ela...

– Sim, a Abigail, a ruiva mais velha do quarto dois! O que houve com ela? Preciso te bater para tirar alguma coisa dessa sua boca suja?- Ela não queria ser grosseira, mas achou necessário.

– Não, calma! Então, tinha a Abigail e... E esse moço...

– Moço? Que moço?

– Não sei que moço, Liesel! Um moço! Apenas um moço! Não me atrapalhe enquanto falo!- suas bochechas ficaram rosa e Liesel fez um gesto para que continuasse.

– Então, esse moço QUE NÃO SEI QUEM É estava... – e antes que a garota o pudesse interromper, ele continuou – em cima dela. E acho que ela estava chorando. Não sei explicar. Acho que você entendeu.

Se a notícia não fosse tão ruim e nojenta, Liesel se permitiria rir da inocência acompanhada da cara vermelha de Rudy. Ela sabia o que ele quis dizer. O ódio por aquele casal de monstros apenas cresceu mais naquele instante. Agora sim ela tinha a certeza que precisava. Agora ela tinha a raiva necessária para continuar seu plano. Sempre fora movida pela raiva e ali não seria diferente.

Algo instantaneamente havia mudado em sua mente. As Ideias foram modificadas antes mesmo de serem pensadas de fato. Se a garota queria apenas fugir e enganar aquele casal de idiotas, agora seria diferente. Ela sairia de lá sim. Mas deixaria a sua marca. Todos ali saberiam quem fora Liesel Meminger.

– Rudy Steiner. O plano mudou.

– Mas você ainda não me contou nada sobre plano.

– Exatamente.


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