Entre Vivos e Mortos escrita por TheBlackWings


Capítulo 3
Capítulo 3 - Imobilidade


Notas iniciais do capítulo

Novamente a demora se deveu a um problema no meu computador.



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Silencio total. Todos os rostos na sala demonstravam a mesma expressão, menos o estranho visitante. O único som audível no local era a chuva batendo nas telhas da mansão. O visitante que tinha um sorriso curto nos lábios ficou um tanto incomodado com os olhares dos presentes no local. Já esperava que ficassem surpresos, mas estavam pálidos, como se tivessem visto um fantasma. Saori gaguejava algo em tom baixíssimo. Ikki estava estático, de todos parecia o mais pálido e apavorado. Estava posicionado passos atrás de Saori, só não estava mais perto do que Seiya.

 

- Eu...  Cheguei em uma má hora? – O jovem estava extremamente desconfortável.

-S... Shun?! – Saori finalmente conseguiu dizer algo concreto e em tom suficiente para ser ouvido. – É... Você??

- Acho que sou sim... - Ironizou tentando amenizar o clima pesado. Finalmente entendeu por que Tatsumi havia praticamente saído correndo dali quando abriu a porta para ele.

- Ahm... Perdoe-nos pelo nosso espanto. É que não tínhamos noticias de você e achamos que...

- Que eu tinha morrido? – Todos os presentes estavam voltando ao pouco ao estado normal. Menos Ikki.  – Eu havia cogitado essa hipótese.

- Bom... Eu não sei o que dizer... – Agora Saori que estava desconfortável. – Eu fui muito mal educada com você, me perdoe. Seja bem vindo Shun!

- Eu que deveria me desculpar, deveria ter avisado a fundação de minha chegada. – O sorriso voltou aos lábios de Shun – Eu farei questão de explicar tudo a vocês sobre o que aconteceu, mas se não se importa gostaria de descansar essa noite.

-Mas é claro Shun. Vou pedir a Tatsumi que leve você ate um de nossos quartos de hospedes. – Saori se retira um pouco e os cavaleiros se aproximam de Shun, Menos Ikki.

- Puxa Shun é bom te ver de novo! – Seiya foi o primeiro a falar com o recém chegado. – Faz muito tempo, lembra de mim??

- Claro que lembro Seiya! Você parece ótimo para alguém que treinou no santuário. – Shun falava com Seiya enquanto botava a caixa de sua armadura nas costas e sua mochila no ombro. Saori estava perto da porta chamando tatsumi, observava enquanto um a um os cavaleiros se aproximavam do rapaz, rodeando-o. Achou curioso o fato de Ikki não ter se movido. Ela realmente esperava uma reação diferente de ambos.

 

-Eae Shun, quanto tempo!!- Jabu deu um tapa nas costas de Shun, O recém-chegado cavaleiro não tirava suas mãos dos bolsos. – Pena que você não deu noticias, ai ficou de fora do torneio.

- Torneio? – O cavaleiro parecia não estar sabendo do que o colega falava. – Que torneio?

- Outro desavisado! A fundação deveria investir mais na divulgação do torneio...

- Eu explicarei tudo pessoalmente ao Shun, mas não agora. É tarde e todos precisamos descansar, principalmente o Shun. – Saori se intrometeu – Tatsumi vai levá-lo ao quarto de hospedes Shun.

- Obrigado Srt. Kido. – Shun esboçou um sorriso e seguiu tatsumi pela porta. Ao passar por Ikki não esboçou reação, sequer virou os olhos ate ele. Ikki o segui com o olhar mas não se moveu. Todos se dirigiram a mesma porta para irem aos seus quartos.

- Ikki, o que ouve?? – Seiya parou para interrogar Ikki que continuava imóvel observando Shun ate ele sumir na escuridão do local. – Por que não falou com ele??

- Eu... Não consegui me mexer. Nem falar. – Ikki estava atônito. Seiya também.

- Mas como? –Seiya não entendia nada. – Você esperou tanto tempo e agora não conseguiu falar nada?

- Rapazes é melhor irmos, amanha será um longo dia! – Saori chamou ambos, que eram os únicos ainda presentes no local. – Seiya, sua casa fica um tanto longe e esta chovendo muito, por que não fica aqui essa noite?

- Esta certa Saori. – Seiya estava preocupado com Ikki.

- Então vamos, amanha será um dia agitado!

 

Ambos se olharam e seguiram a garota. Essa noite seria longa, muito longa.

 

 

O quarto era grande, bonito e muito confortável. As luzes estavam acesas e fortes, era possível ver tudo perfeitamente. Ele diminuiu a intensidade da luz. Agora estava perfeito. Largou a mochila encima da cama, e a urna em um canto qualquer. Tirou o sobretudo, deixando a mostra uma camiseta branca com mangas longas de aparência usada. Caminhou ate a janela e olhou a vista : Chuva e mais chuva. No meio de toda aquela água havia um ponto branco, sentado em um lugar protegido da chuva em um anexo da mansão. Um cão branco, bastante limpo considerando a chuva que caia. O jovem ficou observando o cão, que também parecia olhar fixamente para a janela de seu quarto.

 Depois de alguns minutos parado ali ouviu passos e uma conversa animada, provavelmente de alguns cavaleiros de bronze que passavam pelo corredor para irem aos seus quartos. Foi ate a cama que ficava no centro do quarto, com a cabeceira encostada na parede. Sentou se na cama e logo depois deixou seu corpo cair sobre ela como se pesa se uma tonelada.

- Aaaahh.. Ele tinha razão, não deveria ter viajado tão cedo... Estou muito cansado... – Acabou dormindo.

 

 

 

Alguns quartos adiante, Ikki estava sentado numa poltrona que havia arrastado antes até a janela, inclinado para frente, pensava no que havia acontecido algum tempo antes. “ Por que eu fiquei daquele jeito? Eu não conseguia me mexer...”. Não entendia por que não foi ate o irmão... Talvez fosse pelas pessoas presentes. Seja o que for, estava convencido a falar amanhã com ele. Agora estava tarde, já não se ouvia ruídos na mansão. A chuva estava acalmando, e o dia de amanha será bastante esclarecedor. No fundo estava feliz, muito feliz por saber que ainda tem chance.

 

...

 

De manhã nem parecia que estava chovendo no dia anterior. O sol brilhava intensamente, fazendo a temperatura subir bastante na grande cidade. Os cavaleiros acordaram bastante animados e fizeram uma barulheira na mansão.  Os que não haviam acordado ainda foram acordados pela bagunça. Foi o caso de Ikki, acordando de um péssimo humor. O sol invadiu seu quarto e o calor secou todo o grande pátio da mansão rapidamente. A temperatura não incomodava Fênix, afinal nem se comparava a ilha da rainha da morte, onde foi treinado. Depois de se vestir, saiu no corredor vendo a folia dos cavaleiros. Jabu estava perseguindo Seiya enquanto os outros gritavam “Pega! Pega!”. “ora, o que um sol não faz”? Seguiu o corredor até o salão de festas, não gostava da confraternização dos típicos “cafés-da-manhã Kido” e costumava fugir deles, mas hoje tinha uma motivação especial. Tirando o fato de Pégaso ja ter parado com a brincadeira e estar agora puxando ele.

 - E então Seiya, como esta? Hoje é o dia da sua luta contra Shiryu, como se sente?- Jabu estava bastante animado. Ikki se encostou a uma parede próxima as janelas, Seiya se sentou de um lado de Saori. Logicamente Jabu sentou do outro. O local era enorme. A grande mesa de centro, que no dia anterior era o palco da briga de Seiya e Jabu agora estava lotada de comida.

 

Alguns minutos se passaram e logo as atenções se voltaram ao Visitante chegado recentemente. Shun chegava no salão. Usava seu sobretudo, agora seco, e continuava com suas mãos nos bolsos. Ikki percebeu e ficou observando o irmão.

 

-Bom dia Shun!! Sente se aqui conosco!! – Saori logo o cumprimentou e indicou uma cadeira ao lado de Seiya. – Era pra ser de Ikki, mas ele nunca come conosco.

- Obrigado Srt. Kido. – Shun se dirigiu ate a cadeira indicada.

- Hey Shun, não precisa ficar chamando a Saori sempre de Senhorita! Ela deixa a gente chamada pelo nome! – Seiya adorou conversar com Shun. “Adorava quando alguém prestava atenção nas suas besteiras.”

- Eu sei Seiya. – Sentou-se ao seu lado – Mas acho que como ela é uma dama merece respeito, não é? – Deu um sorriso sincero.

- Que cavalheiro! Mas eu acho isso tão formal. Saori, diz pra ele que não precisa falar assim!

- Quieto Seiya, ele é o único aqui que ainda me respeita, eu gosto disso! – Saori rebateu Seiya, todos começaram a rir. Ikki continuava imóvel, parece que quando o irmão estava presente algo o prendia e não o deixava falar ou se mexer.

 

- Shun, coma algo, por favor! Você é nosso convidado! – Saori era a anfitriã e fazia questão de mostrar isso.

- Obrigado Senhorita, mas não tenho fome de manhã. – Respondeu com tom educado. – Acho que eu fiquei de explicar o que ouve não é mesmo?

- É isso ai!! – Jabu se intrometeu – afinal o que ouve? Foi erro da fundação?

- Não, não foi. Na verdade ouve mesmo um naufrágio, foi onde a fundação perdeu contato comigo. – Todos pararam de comer e ficaram ouvindo Shun. Menos Seiya, ele estava próximo suficiente para comer e ouvir ao mesmo tempo. – Isso aconteceu um dia depois de eu embarcar nele. Não sei direito o que aconteceu, eu costumava ficar no interior do barco. Eu estava dormindo quando ouvi os gritos do capitão. Foi quando percebi que o chão estava cheio de água. Todos no barco estavam desesperados e tentando tirar a água que estava dentro do barco. Era uma tempestade muito forte. Então deu uma onda muito alta e ai eu apaguei. Só lembro de ter acordado em um barco de pescadores que me tiraram da água e depois me levaram para uma vila que não faço a mínima idéia de onde ficava. De lá consegui um barco com o mesmo destino do outro.

- Puxa – Saori começou a falar, todos estavam escutando, ate Seiya parou de comer. – Que horror Shun, mesmo assim você conseguiu chegar lá e se tornar um cavaleiro.

- É uma historia e tanto – Hyoga de cisne comentou. Ikki estava ouvindo também.

- Shun, e quanto a historia de que seu barco desviou da sua rota original horas antes de afundar? – Nachi se lembrou na hora. Shun ficou encarando ele, pensou um pouco.

- Eu não sabia nada sobre ele ter se desviado. -

-Serio?? – Seiya tinha ficado muito tempo em silencio.

-Sim, eu não conhecia a rota e quase não saia do meu quarto.

- Bom, agora que já sabemos o que  aconteceu vamos deixar o pobre Shun em paz! – Saori interrompeu o murmúrio.

 - Tudo bem Sra.! Eu não me importo. - Shun deu um leve sorriso. Todos estavam comendo e conversando em paz. Ikki continuava igual. Seiya já havia dado um olhar pra ele como se disse-se  “vai lá, fala com ele”  mas mesmo assim ele não se mexeu. “ Tem algo errado.

- Hey Shun que tal dar uma volta na cidade mais tarde? – Seiya convidou Shun.

- Claro, vai ser ótimo, faz muito tempo que não a vejo.

 

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Logo após o café, cada cavaleiro tomou seu rumo. Shiryu voltou para seu quarto se preparar para a luta contra Seiya; Hyoga saiu sozinho pela cidade; Jabu e seu grupinho foram ver os preparativos no coliseu, e Ikki ninguém sabia onde estava. O que não era surpresa. Seiya e Shun saíram para dar uma volta na cidade.

 

- Nossa! Isso que é dia! Não como aquela chuvarada de ontem! – Seiya admirava o sol enquanto andava pela calçada. Shun não parecia muito confortável com tal iluminação. E Seiya percebeu. – O que foi Shun?

-Ahn? Não, nada, é que não estou muito acostumado a um Sol tão forte. - Falava enquanto protegia os olhos do sol com a mão. Seiya fez uma cara de confusão.

- Eu, ouvi dizer que a ilha de Andrômeda era muito ensolarada e quente. – Seiya olhou pra Shun que parecia olhar pro nada.

- Sim claro, mas meu mestre costumava nos treinar sob umas rochas para evitar o sol. Passavamos a maior parte do tempo lá, e quando voltávamos pra casa já havia escurecido.

- A tah – Seiya ficou meio desconfiado, mas com a resposta de Shun ficou tranqüilo novamente. - Ei você se lembra daquela praia pra onde nos órfãos fugíamos?  Que tal a gente ir La?

- Ótima idéia! – Os dois seguiram a caminho do porto.

 

 

Ikki estava andando pela cidade. Ele sabia que como haveria lutas hoje, o coliseu estaria lotado mesmo antes de começar o torneio. Havia uma estrada deserta onde ele ficava em paz. Precisava pensar. Por que mão conseguia se mover na presença do seu irmão? Quando chegou por um caminho alternativo na estrada deserta que ficava em frente à praia percebeu que não estava sozinho. Seiya e Shun andavam pela areia, Seiya estava quase dentro da água e Shun mais perto da cerca.

- Não pode ser... – Ikki percebeu que não estava imóvel. Na verdade podia se mexer livremente. Os dois não tinham percebido ele por que estava escondido sob umas arvores do outro lado da rua. – por que posso me mover agora?


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