Eveline acordou com alguém lhe empurrando. Ela ouvia a pessoa falando algo, mas não conseguia entender. Ela abriu os olhos e os coçou para desembaciá-los. Debruçada sobre a cama estava sua irmã Eloise.

_Evy!_ Suplicava ela. _Acorda temos que ir tomar o café da manhã!

Evy riu. Espreguiçou-se e bagunçou os cabelos de Lizie.

_Está bem já acordei.

Ela levantou e se arrumou. Aquele era o segundo dia da estadia dos familiares ali. No dia seguinte, quarta, iria ser o baile, e na quinta, os familiares iriam embora. A rainha havia avisado que hoje o programa era aproveitar um dia no jardim. Pensando nisso as empregadas haviam escolhido um vestido mais fresco, sem mangas.

_Vamos Lizie._ Chamou Eveline pela irmã que estava maravilhada com a maquiagem que as empregadas de Eveline lhe haviam feito._ Obrigada._ Disse Eveline para elas._ E desculpe pelo trabalho extra...

_Que nada_ Disse Frein, a empregada chefe, sorrindo._ Agora a senhorita Eloise é a bailarina mais bonita do castelo.

_Eba!_ E assim ela saiu saltitando do quarto. Eveline a seguiu.

***

O Salão de jantar estava cheio. O café da manhã era farto e já havia algumas pessoas comendo. O resto da família de Eveline já havia se chegado e os três já estavam comendo. Havia duas cadeiras vazias perto da família. Eloise correu e pegou a cadeira ao lado de Philip. A Eveline sobrou a do lado da mãe. Quem sentava-se no meio dos cinco era o seu pai.

_Bom dia._ Cumprimentou Eveline.

_Bom dia._Respondeu seus pais e seu irmão.

Ela pegou um croissant que estava em uma travessa no centro da mesa. Serviu-se de suco e começou a comer.

_Bom dia._ Cumprimentou alguém ao lado de Eveline.

Ela virou-se e viu que era um dos irmãos de Mellanny. Ao perceber a confusão de Eveline, o rapaz virou o queixo e mostrou uma cicatriz.

_Drew_ Disse ele sorrindo.

Ela soltou o ar.

_Ah, oi.

_Olha ali o meu irmão._ Ele indicou com os olhos um menino que podia ser uma cópia perfeita de Drew, tirando o cabelo que era maior.

_Ah, realmente o cabelo é diferente._ Disse Eveline.

Ele sorriu.

_Agora você já pode reconhecer.

Ela assentiu. Já tinha terminado de comer seus dois croissants e ainda estava com fome. Mas maioria da comida já havia acabado. Ela acordara realmente tarde. Suspirou.

_Aqui, pode ficar com o meu._ Disse Drew passando-lhe um croissant e um pedaço de bolo.

_Ah, não._ Dispensou Evy._ E você?

_Eu já comi bastante. Além do mais eu não como muito de manhã...

Pouco a pouco as pessoas terminavam o café e iam para o jardim aproveitar o sol. Mesmo depois de tomar o café, Eveline e Drew continuaram conversando até que o salão estivesse quase vazio. Até que por fim ela olhou ao redor e percebeu que além deles havia apenas duas pessoas.

_Acho melhor a gente ir._ Disse ela para Drew.

Ele olhou ao redor e assentiu.

_Vamos, a gente continua conversando lá fora._ disse Drew.

Os dois se levantaram e sem interromper a conversa eles foram até o Jardim.

***

A noite caiu rápido no palácio, interrompendo o dia de sol. Após o jantar as pessoas se recolheram para os quartos, inclusive a família de Eveline. Ela havia passado um tempo da manhã conversando com Drew, mas ela logo tivera que se juntar a sua família, e ele a dele.

O almoço havia sido servido no próprio jardim e havia sido bem animado. A tarde, os irmãos e parentes de Selecionadas foram autorizados a nadar no lago. As selecionadas não foram, porque não iria cair muito bem as candidatas futuras esposas do príncipe, ficasse por aí só de biquíni. Mas de qualquer forma depois do jantar todos já estavam bastante cansados.

A família de Evy havia toda se recolhido logo após o jantar. Cloe até convidara as Selecionadas para uma reunião no quarto dela, mas Evy recusou. Estava a fim de descansar. Enquanto estava deitada na cama, ela lembrou-se de Drew. Ele era realmente um cara legal. Eveline sorriu. Será que era possível gostar de alguém assim tão rápido. Ela não achava que ele era o amor da vida dela, nem nada assim, apenas achava que ele era um cara legal. Namorável...

Eveline riu. É namorável. Era assim que ela o descreveria.

Alguém bateu na porta. Interrompendo seus pensamentos. Ela levantou-se e atendeu. Era um empregado.

_Bilhete da senhorita Mellanny Francis. _ Disse ele e entregou o papelzinho.

Ela sorriu e agradeceu. O empregado fez uma vênia e se retirou.

Eveline olhou para o bilhete intrigada. Por que a Mellanny lhe enviaria um bilhete? Ela abriu e leu:

Eveline,

Me encontre na fonte do jardim às oito e quinze.

Drew.

“Isso explica muita coisa...” Pensou Eveline sorrindo. Ela olhou para o relógio. Eram oito horas.

***

Eveline sentiu o ar fresco da noite em seu rosto. Ela quase nunca saia do palácio a noite. Os horários ali eram bem rigorosos. Ela havia trocado os saltos por sapatilhas. Era muito mais confortável assim. Ela atravessou o canteiro de rosas e chegou à fonte principal. Ali Drew estava de costas para ela observando a água cair cadenciada.

_Oi._ Cumprimentou Eveline.

Drew virou-se e sorriu.

_Oi. Você recebeu meu bilhete.

_Ah, é. O empregado que entregou disse que era da sua irmã. Só depois que eu li que eu percebi que era seu.

Ele sorriu.

_Eu que pedi para a Mell entregar como se fosse dela.

_E ela não achou estranho o pedido?_ perguntou Evy imaginando a cena.

_É, um pouco. Mas também não fez perguntas.

Eveline assentiu. Ela se sentou no banco e Drew a seguiu.

_Mas então por que me chamou?_ Perguntou ela.

_Ah, é porque eu achei que a nossa conversa ficou incompleta hoje de manhã e então, sei lá, achei...

_Eu também achei._ Disse Eveline sorrindo._ inclusive queria perguntar como você conseguiu essa ciatriz.

_Ah, isso foi quando eu era criança. Eu gostava de jogar futebol. A minha rua era de terra então um dia quando choveu, eu tomei um escorregão e bati com o queixo numa pedra. Tiveram que dar ponto.

_Aut!_ disse Eveline imaginando a cena. _ Eu também já levei ponto. Mas foi na mão. Eu era realmente muito pequena então só lembro-me do que minha mãe me contou. A janela do meu quarto quebrou um dia. Minha mãe me disse que eu gostava de ficar empurrando e olhando de lá de cima. Um dia eu coloquei muito peso e um pedaço dela se estilhaçou. Eu cortei feio a mão. A cicatriz quase não dá para ver.

Ela mostrou a palma da mão esquerda. Perto do polegar havia uma cicatriz quase imperceptível.

_Bom pelo menos você teve sorte da sua desaparecer.

_E você teve sorte da sua não desaparecer. Como eu iria diferenciar você?

Ambos riram

_Ah logo você vai conseguir nos diferenciar sem recorrer a coisas físicas._ disse ele.

_Não acho que vou ter tempo para isso._ disse ela com pesar.

_E quem disse que temos que parar de nos ver? Se você voltar para casa, eu vou te esperar. Aí eu prometo que te ensino mais truques para me diferenciar de meu irmão._ Disse ele sorrindo.

Evy pensou um pouco.

_Trato feito _ Disse ela, e apertou a mão de Drew._ Olha lá, não vai quebrar sua promessa.

Ele revirou os olhos.

_É claro que não._ E depois com uma pompa exagerada disse:_ Eu sou um homem de palavra...

Evy riu.

Os dois continuaram conversando até ficar muito tarde e ambos terem que ir dormir. Mas nem assim foi suficiente para conversar tudo o que queriam. Nunca seria.