Na manhã seguinte, antes mesmo de o Sol raiar, Anne já estava de pé, ainda de pijama, e estava sacudindo Jully na parte de baixo do beliche :

– Jully acorde.

Jully abre os olhos, ainda estava sonolenta, sem saber de nada.

– O que que é ? Me deixa dormir.

– Vamos logo Jully, precisamos ir, vamos nos atrasar.

– Ir onde ? E a atrasar para que ? Hoje é sábado, não tem aula.

Anne cruza os braços e pensa em que fazer para que ela se levante. Depois de um tempo observando Jully ela tem uma ideia. Ela chama Rose e Figg e os colocam em cima de Jully. Figg vai até o rosto de Jully e o lambe. Já Rose a até os pé dela, e começa a se esfregar nele, fazendo cócegas.

Jully começa a rir freneticamente, então se levanta, com o cabelo todo desajeitado, com grandes olheiras ao redor dos lindos olhos azuis.

– Ah, o que você quer ?

– Vamos - diz Anne, com a expressão empolgante - é uma surpresa.

– Tá, agora me deixa tomar banho.

– OK, vou ir arrumando alumas coisas aqui.

Jully sai pelo corredor até chegar em uma porta toda azul com alguns adesivos de peixes presos nela. Ela entra direto, pois não tinha fila, o habitual de todas as manhãs, com todas as meninas se arrumando para ir para a escola, o que no caso não estava acontecendo, pois era sábado e o sol ainda não tinha raiado. Era um banheiro pequeno, como o de uma casa normal, tinha espaço para o vaso sanitário, a pia e um pequeno quadrado onde estava o chuveiro, separado do resto do banheiro por apenas um box de vidro.

Enquanto a água caia sobre o seu corpo, suas energia se revigoravam, era como se a água lhe desse mais disposição. Ela sempre tomava banhos quentes, que deixavam o banheiro cheio de vapor, e os banhos geralmente levavam uns 10 minutos.

Quando ela saiu do banheiro viu ao lado da porta Anne esperando impaciente mente.

– Como você pode demorar tanto para tomar banho ? - diz Anne puxando Jully para o quarto - Mesmo sabendo que estávamos atrasadas.

– É obre isso mesmo que quero falar, onde nós vamos ?

– Bem, primeiro preciso saber se você quer ir. Você vai ir ?

– Só se você disser onde vamos - diz Jully - ai talvez eu até concorde com a ideia.

– Está bem, nós vamos viajar.

– Viajar para onde ?

– Isso vai ser surpresa, mas tenho certeza que você vai adorar.

Nesse instante a diretora chega ao quarto, e como a porta estava aberta ela entra.

– Anne acho melhor você contar. Estava passando por aqui e não pude deixar de ouvir a conversa.

Anne então diz em um tom mais ríspido :

– Agora todo mundo vai ficar ouvindo as minhas conversas.

– Me desculpe, mas isso não vem ao caso agora. Vamos logo diga a ela para onde vocês vão.

Anne então suspira e diz :

– Nós vamos para o Hawaii.

– Ah que legal, faremos o que lá ?

Anne fica em silêncio por um tempo e depois responde :

– Bem, temos uma pequena chance de ter achado sua família.

– Uma família adotiva ? - pergunta Jully, já mais interessada .

– Não Jully ... sua família real, sua família biológica.

Ao ouvir essas palavras Jully fica como se estivesse paralisada. Como poderiam ter achado a família dela, mesmo depois desse tempo todo ? Ela ao mesmo tempo estava feliz, pois ia rever sua família, mas também triste, lembrar que foi abandonada não era nada bom.

– Mas ... mas … - Jully não conseguia falar, apenas gaguejava.

– Fique calma e me responda : você quer ir para o Havaí ?

Anne mal terminou de falar e Jully saiu gritando :

– SIM, SIM, SIM. Vamos logo, venha Figg, tenho que arrumar antes de irmos.

A diretora agora sorria em direção as duas garotas, felizes da vida, correndo para arrumar os animais. Ela então sai da sala e deixa as duas meninas lá, sozinhas.

– Não vejo a hora de conhecer minha família.

– Vai ser muito legal mesmo.

– Eles moram no Havaí, sempre quis ir para lá, para nadar com os golfinhos.

– Bem, vamos aproveitar o máximo essa viagem. Mas falaremos mais no caminho. É hora de irmos - Anne diz pegando suas malas e a coleira de Rose - talvez você nem volte mais para este orfanato.

– Espero não voltar mesmo - diz Jully também pegando suas malas e Figg.

Enquanto desciam as escadas Jully ela olhava para as paredes, como se estivesse se despedindo delas.

Ao chegarem ao pátio elas viram a diretora, que foi logo abraçar a s duas.

– Espero que você ache sua família Jully, deve ser algo importante para você.

– É, com certeza é muito importante.

Anne interrompe a conversa e pergunta :

– Vamos de que até a estação de trem ?

– Vocês podem pegar um ônibus - sugere a diretora.

– Okay, e então, vamos Jully ?

– Vamos - diz Jully num tom triste

Elas vão até o portão, e num triste adeus ela se despede, com lágrimas que escorriam pelo seu rosto.

Jully limpa as lágrimas e então seguem para a rodoviária mais próxima.