Gangster escrita por Carrie Salvatore Grey


Capítulo 2
Capítulo 2 - A garota


Notas iniciais do capítulo

Espero que apreciem... Nos vemos lá embaixo :)



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Brian apoiou os cotovelos na mesa e ergueu os olhos para Will. Examinou os arredores. Havia um homem de óculos escuros na porta do bar, talvez tentando se passar por segurança ou algo do tipo. Fazia o possível para não deixar transparecer que os observava. Novamente a voz de Will ecoou:

— Faça o que eu disser ou...

— Ou o que? — Brian Crawford não tinha medo de ninguém. Muito menos de Will, que fora seu parceiro de trabalho por algum tempo.

Se não tivesse enxergado o verdadeiro modo de ser um criminoso perfeito, talvez estivesse trabalhando com Frank Castellan até hoje. Além de matar sua primeira namorada e conquistar o coração da segunda, Frank um dia fora seu “chefe”. Brian era um de seus melhores capangas, o que estava sempre disposto a seguir com crimes perigosos, realizando todos com sucesso. Mas após ser traído por Frank, o jovem decidiu que deveria distanciar-se dele e de sua gangue, criando seu próprio “time” de criminosos, mil vezes melhores e mais perigosos que os dele.

— Ou esse brinquedinho vai cuspir fogo. — Will pôs uma pistola em cima da mesa, segurando-a na direção de Brian.

— Cuspir nunca é muito civilizado. — ironizou.

— Se não quiser que eu atire, vai seguir exatamente as minhas instruções. Vai se levantar devagar e sair pela porta dos fundos do bar. Se tentar pegar sua arma, estará morto. E nem pense em fazer nenhuma...

Foi então que Brian arremessou a mesa contra a cara do sujeito.

Desde que Will se sentara ali, o jovem vinha imaginando o que estaria acontecendo. Agora sabia: Frank o mandara, juntamente com o resto de seu pessoal, para capturá-lo de uma vez por todas. Se saísse pela porta dos fundos, estaria frito. Se a gangue de Frank o pegasse, as chances de alguém encontrá-lo com vida despencariam. Assim que se levantasse, elas começariam a diminuir. Will não esperava nenhuma reação imediata.

Ao mesmo tempo em que arremessou a mesa, Brian esquivou-se para o lado, para o caso de ele ter tido tempo para disparar a arma.

Que nada.

Se Will estivesse sozinho, sua cartada seguinte teria sido atirar na cabeça raspada dele ou pelo menos deixá-lo ferido. Mas havia pelos menos outros cinco homens dentro do bar. As pessoas gritavam e corriam assustadas. Brian jogou o corpo para o lado, pegou sua arma que guardava na parte de trás da calça e continuou a rolar. Apoiou-se sobre um dos joelhos e mirou o homem de óculos que estava na porta e que agora corria armado em sua direção. Ele não o alcançou, Brian atirou em seu peito, rolando mais uma vez e abrigando-se contra uma parede. Há àquela hora, Hunter já devia ter se livrado da mulher paintball e chamado o restante da turma.

Abaixado, Brian passou pela porta do bar. Vieram disparos, mas não de uma arma comum. Eram metralhadoras. Entrou em seu carro, ligando o mesmo e acelerando na velocidade da luz. Não demorou muito para estar sendo perseguido.

Sua BMW voava como um foguete e o jovem desviava velozmente dos outros carros. Cinco veículos pretos o seguiam. Uma van e quatro carros pequenos. Os homens da van seguravam as metralhadoras, com seus corpos para fora da janela e atirando sem parar. Brian pensou em um plano. E enquanto pensava, foi surpreendido por um outro carro que, em altíssima velocidade, surgiu ao seu lado. Hunter, que dirigia o veiculo, abriu sua porta e gritou, devido ao vento:

— Vou passar para seu carro!

Brian suspirou com a ideia arriscada, mas concordou, abrindo a porta do carona. Seu amigo largou o volante e pulou para dentro de sua BMW numa fração de segundo. O outro carro perdeu o controle e se chocou contra uma árvore. Hunter vibrou com o sucesso do plano e passou rapidamente para o banco de trás, revelando o esconderijo de armas embaixo dele. Carregou uma metralhadora e se postou novamente ao lado do amigo, abrindo a janela.

— Detona esses caras! Eles já estão me irritando. — disse Brian com os dentes cerrados, acelerando ainda mais o carro.

Hunter atirava contra eles, que revidavam. Acertou um dos que estavam na van, e o sujeito caiu na pista, sendo abandonado pelos demais. Com certeza estava morto, e se não estivesse, morreria atropelado em alguns instantes.

O tiroteio seguiu até Brian virar numa estrada de terra, que ia até uma clareira. Havia despistado os homens e Hunter gritou em comemoração.

— Isso sim é diversão!

Mas bastou chegar à clareira e Brian foi obrigado a frear bruscamente o carro. A van e os outros cinco o cercavam.

— Droga. — murmurou Hunter.

— Chama a galera. — Brian disse, fitando o carro a sua frente com Frank Castellan no volante.

Os armados com metralhadoras desceram da van e se postaram em frente a BMW. Como não havia nada a se fazer, Brian desceu do carro tranquilamente. Hunter, pasmo com a atitude do amigo, resolveu segui-lo. Acompanhando o jovem criminoso, Frank também desceu, juntamente com Meg Rowan.

A morena alta e magra sorria de lado e olhava para Brian como se fosse devorá-lo. Usava botas pretas, uma calça justa, blusa e jaqueta da mesma cor, como uma lady do crime. O primeiro a se aproximar foi Frank, encarando Brian friamente.

— Saudações amigo. — disse o homem. — É bom revê-lo.

— Digo o mesmo, aliás, você está ótimo. Hidratante novo?

Lembrando-se do senso de humor do jovem, Frank riu pelo nariz.

— Tenho uma surpresa que vai tirar todo esse seu humor.

Frank estalou os dedos, a porta traseira da van se abriu e um homem com o rosto ensanguentado desceu. Era Will. Brian provavelmente havia quebrado seu nariz. Ele saiu do veiculo segurando alguém pelo braço. Uma garota morena, que cambaleava com as mãos amarradas. Ela foi jogada no chão, próximo a seus pés. Brian a encarou. Olhou em seus olhos. Os mais belos olhos que já vira.

Era a garota do bar.

(...)

— Ela não tem nada haver com a história. Nem a conheço. — afirmou Brian.

— Então posso matá-la? — Frank perguntou, com um sorriso nos lábios.

O jovem deu de ombros.

— Por favor, não. Não me mate. — sussurrou a garota em meio ao choro incessante.

Brian a olhou novamente. Parecia que seu destino era apenas a dor e o sofrimento. Sabe-se lá o que ela estava sentindo no bar, chorando como se quisesse inundar o mundo com lágrimas, e agora estava ali, na mira de um revólver.

Mas o tiro que ecoou num instante não fora da arma de Frank. O primeiro disparo foi o que atingiu Will no braço esquerdo. Outros vieram, matando boa parte daqueles homens. Frank tentou se proteger, correu de volta para seu carro e Meg o seguiu. A galera havia chegado.

Brian ajudou a garota a levantar e, com a ajuda de Hunter, puseram-na no carro. Saíram dali em alta velocidade, fazendo subir quilos de poeira, e deixando sua turma acabar com os homens. Frank já estava longe, fugira com o rabo entre as pernas quando percebeu que não era páreo para o grupo de Brian. E esse era um dos motivos que Frank o queria morto: havia encontrado alguém superior a ele.

Já estavam longe. A perseguição acabara. E Brian dirigia numa velocidade normal na pista. Hunter gritava com alguém ao telefone; ele era um tipo de subchefe, mandava e desmandava quando Brian não estava ou quando estava ocupado. A garota morena estava quieta no banco de trás, tão quieta que Brian olhou-a pelo retrovisor, imaginando que ela poderia ter pulado a janela. Sabe-se lá.

Seu olhar estava distante, voltado para a janela.

Como ele imaginava, ela estava pensando. Pensando profundamente. Na verdade, já estava cansada de pensar.

Mesmo com a adrenalina de um sequestro ainda correndo nas veias, Jennifer Paterson não conseguia esquecer a angústia que sentia. O tempo passava, mesmo quando isso parecia impossível. Mesmo quando cada batida do ponteiro dos segundos dói como o sangue pulsando sob um hematoma. Como se cada batida do seu coração doesse. Como se às vezes ele se recusasse a bater em seu peito. Como uma ferida aberta que só o tempo poderia cicatrizar.

Saiu de seus devaneios quando encarou o estranho homem que lhe “salvara” da morte. A boca dele se movia, mas ela estava atordoada demais para entender.

— Eu estou pedindo seu celular. — Brian repetiu, vendo a expressão de interrogação no rosto da morena.

— Pra que?

— Anda logo gatinha. — Hunter estendeu a mão e ela entregou. O jovem digitou algo e poucos minutos depois, devolveu o aparelho.

— Onde você mora? — perguntou Brian, olhando mais uma vez pelo retrovisor.

— West Village. — respondeu.

— Qual parte de West Village?

— MacDougal Street.

Quando parou o carro em frente a uma bela casa marrom, a garota desceu apressadamente, como se quisesse livrar-se logo daquilo. Brian desceu também, e quando ela estava prestes a subir as escadas que davam para varanda, ele disse:

— Espera.

A morena olhou para trás, vendo-o se aproximar e por as mãos nos bolsos da calça, como um adolescente envergonhado.

— Ainda não sei seu nome.

— É Jennifer.

— Então, Jennifer, foi bom te conhecer. — balançou a cabeça e virou-se para seu carro.

— Estava pensando em te agradecer... — ela disse, com uma voz tão doce quanto as outras vezes que lhe dirigiu a palavra. — Mas também não sei seu nome.

— Brian.

— Então, Brian, obrigado por me salvar.

(...)

— Oh meu deus! Jenny querida, onde você esteve?

— Está tudo bem filha?

Jennifer não conseguia respondê-los. Estava cansada demais para falar. Então simplesmente ignorou seus pais e subiu para seu quarto, jogando-se na cama e cobrindo o rosto com o travesseiro. Queria sumir.

Já namorava sério com Derick Carson há oito meses. Estar com ele era o que lhe deixava feliz. Era o momento em que a palavra amor fazia sentido em sua vida. Tanto significado atribuído a essa única palavrinha... As pessoas falam nela livremente e a todo tempo, usando-a para descrever seu apego a bens materiais, bichos de estimação, destinos de férias e comidas preferidas. Às vezes, numa mesma frase, empregam essa palavra também para a pessoa que consideram mais importante em suas vidas. Isso não é absurdo? Não deveria haver outro termo para descrever uma emoção tão profunda? Todos estão sempre desesperados para formar um vínculo com uma pessoa a quem possam se referir como sua "alma gêmea".

De acordo com o que Jenny lia na literatura, parecia que estar apaixonado significava ser o mundo inteiro da pessoa amada. O resto do universo era insignificante comparado aos amantes. Quando estavam separados, cada um entrava num estado melancólico, e apenas quando se reuniam, seus corações tornavam a bater. Só estando juntos poderiam ver as cores do mundo. Uma vez separados, aquela cor sumia, deixando tudo cinzento e nebuloso.

E se a fisionomia de uma pessoa fosse tão sagrada para você a ponto de se inscrever permanentemente em sua memória? E se o cheiro e o toque dela tivessem mais valor que a sua própria vida? Muitas pessoas permitem que outra pessoa se apodere de seu coração e sua mente. É irônico como o amor conseguia despertá-los para os milagres do universo e, ao mesmo tempo, fazer com que toda a sua atenção se volte de um para o outro. E, como as muitas pessoas, Jenny permitiu que Derick se apoderasse de seu coração e sua mente. Deixou que ele invadisse seus pensamentos, que libertasse todos os tipos de sentimento. Amor, paixão, alegria e saudade, sentimentos que ela jamais sentira antes.

Mas agora viera a parte ruim de qualquer relacionamento. A raiva, o ódio, o desprezo e qualquer outro que fizesse parte desse grupo. Derick a usou descaradamente, enganando-a a cada dia, para enfim mostrar-lhe sua verdadeira face.

Jennifer já não suportava mais o cheiro de salsichas e aquela música que nunca acabava. Seu namorado havia lhe arrastado para aquela espelunca, sem a menor vergonha de levar uma garota para um lugar como aquele. Um homem jogava a fumaça de cigarro contra seu rosto, rindo sarcasticamente. Quando chegasse em casa, seus pais iriam pensar que ela fumou maconha. Derick, que deus o abençoe, apareceu em seu campo de visão. Segurava duas garrafas de cerveja e as ergueu enquanto se aproximava.

— Demorei muito? — sentou-se ao seu lado e beijou sua bochecha.

— Imagina, já estava criando raízes aqui.

— Bobinha. — Derick sorriu e virou seu rosto para beijá-la. Iniciou o beijo lentamente, sua língua explorando a boca dela de um jeito calmo, mas que logo se tornou um beijo selvagem e urgente. Derick sabia como agradá-la, sabia a forma certa de tratar uma garota. Jenny afastou-se e sorriu.

— Eu te amo, sabia?

Não, não sabia. — ele balançou a cabeça, fingindo-se de desentendido.

— Pois é bom que saiba. Eu te amo muito.

— Também te amo demais, Jenny. — ele beijou seu pescoço.

— Se realmente me ama, vamos embora daqui. Credo, esse lugar é horrível!

Derick gargalhou.

— Está bem, deixe-me apenas ir lá fora. Vou ligar para o motorista vir nos buscar.

E sumiu novamente de sua vista.

Jenny bebeu um gole de sua cerveja e esperou. Esperou por um bom tempo. E quando não mais aguentou a demora do namorado, levantou-se e foi procurá-lo. Derick não estava lá fora e nem em lugar nenhum. Ligou para seu celular enquanto caminhava pela perigosa Coldharbour, e ninguém atendia.

Em uma esquina qualquer podia-se ouvir gemidos femininos. Jennifer franziu a testa e continuou caminhando. Antes fosse algum casal bêbado agarrando-se ali, mas era simplesmente seu namorado, seu Derick, transando com uma mulher numa esquina.

Seus olhos não queriam acreditar na cena, mas estava claro, Derick estava a traindo da forma mais suja que se pode imaginar. Atordoada, a morena saiu dali aos prantos, voltando para o bar e sentando-se no mesmo lugar. Se sentia um lixo, se sentia mal por ter acreditado que o que Derick sentia por ela era verdadeiro. Ele a iludiu de tal forma, para depois amassar seu coração ingênuo como um copo descartável sem uso.

Debruçou-se sobre a mesa, apoiando a cabeça nos braços e chorou por minutos sem parar. Até ouvir a voz de alguém.

— Hey. — chamou sua atenção.

A jovem levantou a cabeça, olhou para os lados e finalmente encontrou o dono da voz. O encarou por alguns segundos e já ia voltar a sua posição antiga quando ele disse:

— Foi algum cara que fez isso com você?

— Eu nem te conheço. Porque está me perguntando isso? — ela franziu a testa.

— Porque sou o único com quem você pode desabafar.

Ele falava despreocupadamente, como se realmente quisesse ajudar. O estranho tomou um gole de sua bebida e não deixou de fitá-la por nenhum segundo. Seus olhos poderiam ser comparados ao oceano, e brilhavam lindamente quando as luzes do lugar passava por eles.

— Não preciso desabafar. Só estou com raiva. — balançou a cabeça num tom de irritação e pôs uma mecha de cabelo para trás da orelha.

— Por quê?

A garota revirou os olhos e voltou a abaixar a cabeça. Mas percebeu assim que ele sentou ao seu lado, pondo seu copo sobre a estrutura plana.

Novamente, e já com raiva, levantou a cabeça e encostou-se a cadeira.

— O que você quer?

— Conversar. — ele deu de ombros.

— Então é melhor procurar outra pessoa. — levantou-se, buscando uma bolsa pequena e vermelha, que jogou no ombro e caminhou em direção à saída.

Arrumaria uma forma de ir para casa, nem que fosse andando. Só que mal saiu do bar e sentiu uma mão pesada cobrir sua boca. Aquele com certeza não era seu dia de sorte.


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Notas finais do capítulo

Hello peoples! Quase morri para escrever esse capitulo. Não queria que a fofa da Jenny começasse a história sofrendo, mas foi preciso. Ela foi traída pelo namorado e chorará rios de lágrimas pelos próximos dez capítulos (brincadeira!). Nessa continuação também rolou um pouco de ação, que terá muito no decorrer da história. Digam-me o que acharam ou arrancarei suas cabeças.



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