Ellie.

– Alcatraz Island, huh? Ouvi dizer que só dá pra chegar de barco lá...

– Se for pra salvar o Joel eu até aprendo a nadar... – Pensei em voz alta.

– Você não sabe nadar?! Como tá viva ainda?

– Cala a boca, Brandon. – Willy entrou na conversa. Parou de andar de repente.

– Mas é serio... É quase... – Foi interrompido pela mão de William tampando sua boca.

Tinha algo se mexendo atrás de alguns arbustos. Nos escondemos atrás de um táxi parcialmente desmontado. O sol ainda estava nascendo mas não havia clareado todo o caminho. Já estávamos andando por um bom tempo. Faziam apenas alguns minutos quando chegamos na rodovia. Nenhum dos carros ali parados tinham condições de funcionar. A maioria nem motor tinha. A vegetação invadia partes da estrada, limitando nossa visão.

– O que você acha que é? – Mable segurava o taco de baseball com força.

– Não sei. – Willy olhou pro cachorro – Se fosse algo que ele não conhece, Duque estaria alerta.

– Deve ser só um animal...

– Tomara que sim, Ellie... Vamos ver o que é.

Todos alertas, demos a volta no taxi. Eu vi um par de pés, mais especificadamente, alguém usando coturnos velhos. Eu já estava pronta para atirar quando Duque correu na direção do dono dos coturnos. Ou melhor, dona.

O cachorro pareceu assustar seja lá quem for, porque ouvimos um gemido. Provavelmente de uma garota. William se levantou.

– Quem está aí? Duque?

– Duque?! – A dona voz parecia surpresa. Ela se levantou lentamente com um pedaço de madeira na mão. Segundos depois, arregalou os olhos.

Sua pele era branca como neve, e os olhos e cabelos mais escuros que eu já vi.

– Essa garota... É ela... A da foto...– Brandon ficou tão branco como a garota que vimos.

– Vicky! – William correu na direção da garota.

Ela estava fraca, magra, coberta de sangue. Parecia muito assustada. Ajudamos ela a se endireitar, já que nem conseguia ficar em pé direito.

– L-Luke enlouqueceu! Por favor me ajudem! Eu...

– Calma. Me fala o que esse cretino fez com você.

Ela nos contou tudo o que aconteceu com ela e com o resto da gangue. Ela e William pareciam ser próximos quando ele ainda fazia parte do grupo. Ele a ouvia com atenção enquanto segurava suas mãos para acalma-la. Esse Luke parecia mesmo um monstro.

Estávamos sentados na sombra de uma arvore ouvindo as atrocidades que ela sofreu. Ela não seria amarrada em uma arvore, como Willy pensou. Simplesmente seria um mascote do monstro. Sendo escrava antes para ser alimento depois.

Quando eu ouvi isso minhas pernas amoleceram, e segundos depois quase quebrei meus dedos de tão forte que fechei os punhos.

– Para minha sorte eu consegui fugir antes que ele me cortasse em pedaços. Mas eu preferiria isso ao invés de... – Lágrimas escorreram do rosto dela. Ela foi abusada e depois seria como uma caça.

– Eu... Eu vou matar esse filho da puta. – Mable parecia com mais raiva do que a própria Vicky.

– Morte pra ele é pouco. – Eu disse. Eu quase sofri tudo que ela sofreu com 14 anos de idade. Meu psicológico ficou deplorável. Toda vez que mato alguém, seja humano ou animal, lembro daquela risada. Ainda tenho pesadelos. Morte para ele foi pouco. Mable sabia muito bem o porquê.

William pareceu perceber minha expressão estranha, mas continuou a ouvir a explicação de Vicky de como foi parar ali. Luke estava caçando por perto. E ela era a caça.

– Ele fez tudo isso...

– Porque eu tentei te ajudar, William.

– Nossa... Eu...

– Você também já se arriscou por mim. E mesmo se eu não tentasse te ajudar, eu não aguentava mais fingir para viver. Ele está louco de verdade.

Willy olhou para mim. Eu entendi. Precisávamos ajuda-la.

– Vicky. – Eu chamei – Vem com a gente. Vamos tirar você daqui.