How to survive escrita por Hayley Deschannell


Capítulo 15
Amnesia




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William.

Não podia me mexer. Eu estava com sede. Mas minha boca não estava seca. Eu sentia um gosto metálico. Sentia a neve cobrindo meu corpo, mas não sentia frio. O sol nascia, ofuscando meus olhos, eu só enxergava silhuetas estranhas. Eu percebia movimentos. Eu respirava pela boca, meu nariz estava tão ressecado que parecia poder se quebrar em pedaços a qualquer momento. Eu sentia algo me prendendo, tão forte que parecia dividir meu corpo ao meio. Eu respirava o mais rápido possível, mas o ar parecia não entrar no meu corpo. Os arrepios estavam ficando cada vez menores. Minhas mãos e pés adormeceram.

Depois de algumas horas, ou talvez minutos eu já não sentia mais meus braços. Não ouvia mais nada além das lentas batidas no meu peito. Lentas demais. Eu estava morrendo? Meu coração estava parando? O que eu estava fazendo ali afinal? Eu já não controlava minhas memorias.

Os movimentos chegaram mais perto. O que era aquilo? Um animal? Mais uma silhueta apareceu. Uma pessoa. Será que eu a conhecia? Quem eram as pessoas que eu conhecia? Como eu vim parar aqui?

Quem sou eu?

* * *

Ellie.

– Ellie! Mas o que... – Tommy parou no meio da frase. Ele viu o mesmo que eu

Se fosse qualquer outra pessoa, um infectado, sei lá. Eu já vi coisas piores e não gritei daquele jeito. Mas era algo inusitado. Não era como se eu não esperasse encontrar alguém nesse estado durante uma caçada. Eu só não esperava encontrar ele.

– É o Aid... William? – Tommy chegou perto do rapaz, que estava sem camisa, ensanguentado e amarrado em uma arvore. Ele parecia ter levado uma surra, e quem fez isso poupou a vida dele para fazê-lo sofrer. Ele parecia estar ali por horas, sendo torturado até a morte. Duque uivava do seu lado.

Mas ele ainda respirava. Lentamente. Ele estava horrível. Os olhos roxos e inchados impedindo ele de enxergar normalmente. Ele tinha cortes fundos nos ombros e nas pernas com uma mistura de cores roxas e amareladas assustadora. Mas o pior era uma perfuração na região das costelas, no lado esquerdo de seu tronco. Em volta do ferimento, além de sangue, havia uma coloração muito escura. De vez em quando ele tossia e sangue escorria entre os lábios roxeados.

– Tommy, a gente tem que fazer alguma coisa!

– Mas Ellie, ele...

– Não importa! Se ele... Sei lá, qualquer coisa vocês expulsam ele de novo! E...

– Não sei... – Ele coçava a cabeça.

– Por favor! E se todos nós estivermos errados? Eu nunca vou me perdoar, eu... – Eu não tinha argumentos para convencê-lo, mas eu tinha que salvar William. Não sei, mas eu tinha.

Tommy viu meus olhos encherem de lágrimas. Ele sabe o que eu sinto. Ele já sentiu e sabe que faria a mesma coisa. Ele parou de pensar e tirou a jaqueta.

– Vamos, cubra ele com isso. Temos que aquecê-lo.

– Temos que chamar ajuda!

– Tudo bem, fique aqui e mantenha ele aquecido, vou buscar ajuda.

Tommy saiu correndo. Na minha escola provisória, antes de viver com Joel, nós aprendíamos ações de primeiros socorros em várias situações. Não pensei duas vezes e abri minha jaqueta e me deitei sobre William. Calor corporal era o único recurso disponível no momento. O rapaz murmurava perguntas, como “quem é você?” ou “o que está fazendo?”. Por um momento fiquei aterrorizada com o fato de ele realmente não lembrar de mim. Minha aflição foi interrompida quando o grupo de ajuda chegou.

Não estávamos tão longe de Jackson Country, e quando chegamos, levamos William diretamente para a casa de Mable, que morava com seu avô, o médico Peter. Quando ela abriu a porta, pareceu assustada demais para lembrar o que tinha acontecido. Ela nos direcionou imediatamente para sala onde o avô trabalhava, um lugar que parecia uma sala de estar com uma lareira, mas com apetrechos médicos e uma maca no lugar de moveis. Colocamos Will na maca.

Em menos de um minuto, ele identificou os vários problemas, e acendeu a lareira.

– Temos que mantê-lo aquecido, a hipotermia piora a recuperação dos cortes, além de ser o problema mais crítico no momento.

– Coloque ele na frente da lareira. – Disse Tommy.

– Não, o reaquecimento rápido pode causar arritmia cardíaca... Tem que ser aos poucos. – Disse o doutor. – Ele estava consciente quando o encontraram?

– Sim, ele balbuciava algumas palavras... Parecia não se lembrar como foi parar ali, e nem quem nós éramos... – Eu disse com um nó na garganta.

– Hum... Isso é normal no estágio de hipotermia que ele se encontra, falha em algumas funções do organismo, causando perda de memória...

Ok. Só podia ser mentira. O único lado bom disso é que se ele realmente fosse o vilão na história, eu poderia mudar isso. Mas não seria a mesma coisa.

– Quer dizer que... Ele não lembra de mais nada? – Eu percebi o olhar triste de Mable para mim. Ela era a única que realmente sabia de tudo.

– É provável... Mas se for bem cuidado, isso pode se tornar uma amnesia global transitória, ou seja, uma perda temporária de memória. O que nos resta fazer é cuidar bem dele e esperar.

Então uma coisa estranha aconteceu. Estranha não. Talvez inesperada, e que eu gostei muito. Eu estava ali, durona, sem demonstrar meus sentimentos. Mas ali naquela sala tinha alguém que sabia de verdade o que eu estava sentindo. Mable se virou para mim e me abraçou.

Mais tarde a noticia foi repassada para todos, inclusive Joel, que permitiu tudo isso, mas mandou dois homens encarregados de vigiar William.

Seja lá qual o lado que ele esteja, Joel sabe que tem muita gente torcendo para que estejamos errados em relação ao cara dos olhos acinzentados.


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Notas finais do capítulo

UHUUUL! Acabou o mistério minha gente! OPA tem outro... SERÁ q o Will vai recuperar a memória? Será q ele vai mesmo estar do lado bom? MHHUEUEHEUEH não resisto!
Ah e a imagem do cap é o Tommy indo buscar ajuda hehe
Comentem, favoritem, acompanhem e RECOMENDEMM!!!!
thanks, bye.



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