Safe and Sound escrita por Aline Martins


Capítulo 18
Capítulo 18 - Haymitch


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo tá um pouco surpreendentemente tenso '-'
Mas espero que gostem :3
As coisas estão piorando um pouco, mas é assim mesmo
Nos vemos nas notas finais.



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Já era tarde da noite quando Haymitch voltou para casa. Ele havia tido um encontro muito produtivo, Haymitch passou todos os seus projetos que foram elaborados ao lado de Effie para a cúpula administrativa da Prefeitura, a principio todos foram aprovados e só faltava dar o encaminhamento para as obras e subdivisões da Prefeitura. Effie estava completamente feliz e Haymitch, em parte, também. Ainda não tinha se acostumado com tantas obrigações, mas só de pensar que ele poderia mudar toda a história da Cidade 12 e trazer benefícios para todos já era um peso que saíra de seus ombros. Talvez, Haymitch em parte se sentia um pouco culpado em relação a sociedade, porque durante o governo rígido de Snow, Haymitch simplesmente viveu em um mundo a parte de tudo aquilo. Não se preocupou com nenhum amigo que tinha, nem com sua família, aos poucos todos foram se afastando, alguns falecendo e Haymitch nem vira sua vida passar. Haymitch tinha um sentimento de dever para com todas as pessoas da Cidade 12. Se ele fizesse um trabalho bem feito e elaborado, talvez sua consciência fosse aliviada ao ver tanta gente sendo ajudada.

Effie havia deixado vários documentos para serem assinados e Haymitch, não pretendia fazer aquilo pela manhã, o ideal era concluir aquilo tudo durante a madrugada enquanto ainda não havia o sono para lhe atormentar. A verdade é que Haymitch estava tomando o remédio para desintoxicação de seu vício pelo álcool, e um dos seus efeitos colaterais era a insônia. Não que fosse algo que ele se importasse, já que a maioria de seus sonos vinham acompanhados de um terrível pesadelo. Não dormir era no mínimo uma válvula de escape para com o seu passado.

Enquanto Haymitch ia organizando suas coisas em casa, pensou primeiramente em um bom banho. Tanto trabalho pela frente, o mínimo que poderia fazer era aliviar o stress. Enquanto Haymitch se encaminhava para o banheiro, escutou o telefone tocar. “Eu definitivamente tenho que tirar esse negócio do gancho às vezes.”

– Fala. – disse Haymitch impaciente.

– Oi Haymitch é a Effie. – disse ela sorridente.

– Effie, eu acabei de me encontrar com você, por tudo o que é mais sagrado, o que foi agora?

– Eu queria dizer que cheguei ao hotel bem. – bufou Effie. – Ah e outra coisa, você não pode esquecer-se de me trazer os papeis assinados amanhã pelo início da tarde, ou final da manhã. Ok?

– Eu já sei Effie, eu só vou tomar um banho e já termino de organizar os papéis, ok?

– Sim, eu sei. Amanhã eu e você almoçaremos juntos. Montaram um pequeno restaurante e a inauguração dele será amanhã, é importante você aparecer lá para dar um oi.

– Tem certeza que é isso, Effie? – riu Haymitch. – Ou será que não é você me convidando pra almoçar?

– Não seja tolo. - disse envergonhada. - Amanhã as 13h00 eu passo aí na sua casa, não se esqueça de se vestir corretamente.

– Eu sei, Effie. Eu sei. – disse contrariado.

– Não se esqueça dos papéis, também.

– Tá bom. Boa noite, Effie.

– Boa noite, prefeito.

Effie poderia ser tudo, menos irresponsável. Em nenhum momento Effie deixou cair a peteca. Durante todas as reuniões, ela sempre esteve na retaguarda dele, apoiando, tirando dúvidas, orientando. Haymitch pensou claramente se aquele cargo não era para ser de Effie. Ela era totalmente profissional, responsável e pontual. A melhor decisão que pudera ter tomado foi coloca-la como seu braço direito.

Em questão de quarenta minutos, Haymitch já estava de banho tomado e de cabeça fresca, pronto para organizar seus papéis. Haviam várias licitações, pedidos para início de obras, orçamentos. Demoraria no mínimo uma hora para refazer todos os cálculos. O primeiro projeto de Haymitch era a reconstrução de mais escolas para a Cidade. Além disso, Haymitch tinha a preocupação de se reunir com vários docentes para definir quais matérias seriam estudadas. A Panem era focada somente no estudo que tinha como obrigação manter o velho regime. No caso da Cidade 12 o foco era a compreensão sobre carvão e a história da Panem, mas agora, o mundo era livre, as pessoas eram livres. Poderiam escolher se trabalhariam como médicos na Cidade 4, ou se juntariam ao Exército na Cidade 2, as crianças poderiam formar suas próprias opiniões e montar o seu futuro de acordo com o que gostassem. Tudo era possível, só bastava querer realizar. Esse pensamento fez Haymitch elevar um grande sorriso em seu rosto.

Mais horas do que o planejado se passaram até concluir a revisão dos documentos. Haymitch estava tão cansado que pensou não aguentar nem ir para sua cama, provavelmente iria se esticar no sofá e dormir ali mesmo. Apagou todas as luzes de casa, tirou algumas almofadas do sofá e finalmente fechou os olhos.

Após longos minutos, havia alguma coisa o impossibilitando de conseguir dormir, Haymitch estava tão cansado que não queria dar atenção a uma coisa tão inútil mas aquela sensação de que algo não estava certo o fez abrir os olhos. Neste exato instante, seu coração parou. Vários reflexos de luz passavam pelas suas janelas, como se alguém estivesse tentando ver se ele estava ou não em casa. “Lanternas” pensou consigo. Haymitch ficou na mesma posição, fingindo dormir até que as luzes pararam de correr por seus móveis.

Haymitch caminhou lentamente para a janela, abrindo somente um mini feixe da cortina quando viu cerca de cinco homens vestidos de preto, andando vagarosamente em direção a casa da frente. “Katniss e Peeta”. Todos caminhavam feito gatos, silenciosos e experientes. “Talvez eles vasculharam a minha casa da janela porque acharam que eu não estaria na sala a uma hora dessas. Tenho que ligar para o Gale”

Ao olhar em seu relógio, Haymitch se assustou com a hora. 4h58 da manhã, mas ele não podia hesitar, tinha que ligar para ele imediatamente.

– Alô? – disse Gale sonolento.

– Gale, é o Haymitch. – sussurrou.

– Haymitch, por que você está sussurrando, o que houve? – questionou apreensivo.

Gale, tem cinco homens fortemente armados indo em direção a casa da Katniss. Eles olharam minha casa pela janela para certificar que eu não estava na sala trabalhando como sempre faço até tarde. Acontece que eu estava tão cansado que acabei dormindo aqui mesmo e os vi.

– Haymitch, escuta bem, você não vai partir pra cima de ninguém, entendeu?

– Eu sei garoto, não sou louco, mas eu acho que eles não estão com o objetivo de pegar ela. – disse Haymitch enquanto puxava a cortina para ver a situação. – Eles estão parados, tirando fotos e falando com alguém por rádio.

– Você consegue ouvir o que estão dizendo?

– Não tenho como identificar o que o receptor do rádio está falando, mas talvez eu consiga entender o otário que está aqui com sua gangue.

– Tenta ou....

– Shiu! Espera! Estou tentando ouvir. – disse Haymitch o interrompendo.

“Estamos em frente a casa do tordo, Senhor. Por enquanto não temos contato visual com nenhum indivíduo.” Um chiado saiu do outro lado do rádio, Haymitch só pode entender a palavra “Bilhete”. O rapaz respondeu o chamado “Não. Peeta e Katniss não saíram de casa e ninguém também apareceu.” Outra vez o chiado do outro lado da linha e o rapaz prontamente respondeu. “Absoluta, senhor.”

– Droga Gale, a ameaça é real mesmo. – disse Haymitch incrédulo.

– Sim, infelizmente. Me conta o que você ouviu Haymitch. – disse Gale atento.

– Ouvi que estão a vigiando e que por enquanto nós não aparecemos na sua casa. Ouvi alguma coisa sobre um bilhete e o rapaz respondeu que nem Peeta e nem Katniss saíram de casa.

–Bilhete? Você acha que tentaram se comunicar com ela? – Gale parecia surpreso.

– Claramente, Gale. O cara vai fazer de tudo pra mexer com o psicológico dela. O que devemos fazer?

– Precisamos ligar para ela, Haymitch. Acho melhor você fazer isso. Você não pode falar para ela da ameaça, a não ser que a tenham ameaçado diretamente por essa droga de bilhete, aí não temos outra opção a não ser contar tudo. Agora, se você conseguir falar somente com o Peeta, seria o ideal.

– Você acha que a docinho é idiota, Gale? É claro que independente do que esteja escrito lá ela sabe que tem alguma coisa acontecendo.

– A minha única missão era proteger ela disso tudo e eu não estou conseguindo! – gritou Gale irritado.

– Calma aí Major isso não é o fim do mundo. Katniss pode ser o que for, mas frágil ela não é. Ela sabe se virar sozinha. – ponderou Haymitch.

– Tanto faz, Haymitch. Eu não queria que ela soubesse disso, não queria a ver sofrendo de novo. De qualquer forma, você vai ter que ligar para ela.

– E se o telefone dela estiver grampeado? – questionou Haymitch.

– Não vai estar porque eu instalei ao lado de fora da casa da Katniss um micro aparelho que me envia silenciosamente uma mensagem de qualquer interferência eletrônica.

– Pelo visto sua amizade com Beetee tem lá suas vantagens. – sorriu.

– É coisa do Exército, Haymitch. Paylor me deu carta branca pra usar qualquer meio necessário para proteger a Katniss. Ela não quer mais problemas e você sabe disso.

– Sim Major, eu sei. Então ótimo, eu posso ligar para ela, mas farei somente amanhã de manhã.

– Faça como bem entender, Haymitch. Se você perceber qualquer movimentação hostil da parte desses caras, você me liga imediatamente.

De qualquer forma eu não iria conseguir dormir mais mesmo.

E assim Haymitch ficou até o sol amanhecer, olhando aqueles homens que a vigiavam secretamente em meio a árvores. Se Haymitch não tivesse passado pelos Jogos provavelmente não perceberia qualquer movimentação, seria tão inocente que não ligaria para seu sexto sentido, mas depois de tudo o que viveu, as cicatrizes dos Jogos Vorazes não ficaram somente na sua pele, ficaram na sua personalidade, atitude e percepção para as coisas. Não que isso fosse algo ruim, mas Haymitch sentia falta de sua inocência, falta de não perceber quando o mal estava vindo.

Nenhuma mudança pelo lado de fora, a não ser os homens que a essa altura já tinham partido. Haymitch decidiu tomar uma ducha bem gelada para acordar de sua noite mal dormida. Sabia que tinha uma missão muito importante para fazer e falar com Katniss talvez não fosse a solução. Peeta era muito mais estável e pé no chão, então, decidiu que questionaria ele, somente ele.

– Alô? – disse Peeta, o que fez Haymitch respirar aliviado.

– Garoto, como você está?

– Haymitch, eu estou bem, mas creio que agora não seja uma boa hora...

– Peeta, escuta bem o que eu vou te falar. Você está perto da Katniss? – interrompeu Haymitch.

– Não, ela está no banho e eu estou na sala, por quê? – disse ele preocupado.

– Eu gostaria de te falar isso pessoalmente garoto, mas não posso. Então, terei que te explicar tudo por telefone, ok?

[...]

– MEU DEUS! Mas quem é a pessoa que está fazendo tudo isso? EU PENSEI QUE TERÍAMOS PAZ! POR QUE DIABOS VOCÊS NÃO ME CONTARAM ISSO ANTES? – gritou Peeta descrente após ouvir toda a explicação de Haymitch acerca dos acontecimentos.

– Garoto, nós ainda não temos muita certeza de quem seja por isso mantemos silencio. Gale me ligou para dizer que ele tem um suspeito só não me disse quem. – suspirou. - Tem alguma coisa nesse bilhete que possa nos levar a quem está fazendo tudo isso?

– Na verdade... a pessoa assinou com duas iniciais. E. S. – disse Peeta com a voz um pouco trêmula denunciando o estado de seus nervos.

– Ótimo isso deve ajudar na investigação do Gale.

– Haymitch, você está ciente que eu preciso contar para a Katniss o que está acontecendo, não está? – questionou Peeta.

– Eu sei garoto, ela precisa saber.

– Se esses caras aparecem aqui de novo...

– Você não vai fazer nada, Peeta.

– COMO VOCÊ QUER QUE EU NÃO FAÇA NADA? EU VOU PEGAR UM FILHA DA PUTA DESSES E TORTURA-LO ATÉ ELE ME DIZER ONDE ESTÁ O DESGRAÇADO QUE QUER A CABEÇA DA KATNISS. – urrou Peeta.

– Mas que merda, Peeta! Eu contei a você porque preciso de alguém pé no chão! Você não pode agir por impulso agora, você está me entendendo? – disse Haymitch preocupado.

– Por impulso, Haymitch? – riu Peeta. - Tem um cara tentando matar a Katniss e você quer que eu fique de braços cruzados enquanto Gale faz uma investigação? Tenho certeza que isso tem dedo da Paylor, se ela se preocupasse simplesmente com a Katniss estaria tentando mata-lo, não prende-lo.

– Você não sabe o que diz Peeta. Nós não sabemos quem está por trás disso, por isso precisamos fazer essa investigação! Até sabermos quantas pessoas estão infectadas por essa ideia não podemos fazer nada, você está me ouvindo? Precisamos deixar nas mãos de Gale, ele sabe o que faz. – ponderou Haymitch.

– Eu não vou deixar nas mãos do Gale uma coisa que é de minha responsabilidade. – afirmou Peeta.

– Larga o orgulho, Peeta. Gale está fazendo um ótimo trabalho custe você a admitir. Até agora ele tem se esforçado e está muito perto de conseguir um resultado.

Alguns minutos se passaram até Peeta finalmente dizer.

– Certo Haymitch, eu vou deixar Gale cuidar dessa investigação porque por mais absurdo que me pareça agora sei que é o mais sensato a se fazer. Confesso que estou vendo vermelho e não estou em mim no momento, mas que fique claro se alguma coisa acontecer com a Katniss por falha dele, eu não vou perdoar, você está me ouvindo? Eu não sou mais aquele cara que pisava em ovos, Haymitch. Espero que você saiba disso.

– Eu sei garoto, sei que mudou, mas só peço para dar uma chance para o Gale.- suspirou Haymitch. - Você sempre foi uma pessoa a favor de não praticar violência, se você pegar um desses caras que vigiam sua casa e tortura-lo até obter respostas você não vai conseguir conviver com isso. Acredite em mim, Peeta você é um rapaz de muito boa índole e coração. Entendo que esteja fora de si e tudo o que envolve a Katniss te faz menos racional mas pondere tudo o que te falei e mantenha o foco.

– Se você diz. – inspirou Peeta. - O que eu preciso fazer para ajudar?

– Primeiro você converse com a Katniss, explique pra ela da melhor forma possível. Você sabe que ela não tem mais psicológico pra isso Peeta e pelo visto nem você. Então, se já é difícil pra você digerir algo assim, imagine para ela. Então, por favor, esteja calmo. Você sabe que não pode se irritar porque a chance de voltar...

– Aquilo não vai voltar, Haymitch. – interrompeu Peeta.

– Sei que não, garoto. – disse Haymitch incerto. – Só tente ficar mais calmo, está bem?

– Farei isso. – disse secamente.

– Garoto? – chamou Haymitch.- Você não vai perdê-la, eu prometo a você.

– Espero que você cumpra essa promessa da mesma forma que cumpriu todas as anteriores, Haymitch. – suspirou Peeta dolorosamente. - Porque se eu perder a Katniss, eu vou me perder também.


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Notas finais do capítulo

Tenso né? Peeta perdeu um pouco a cabeça ali, quem não perderia?
Espero que tenham gostado :D
Não esqueçam de me mandar o feedback, ok?
Beijos,
Line.