O Misterioso Mundo de Julia escrita por Perugia


Capítulo 12
A Queda do Homem sem Rosto


Notas iniciais do capítulo

É isso aí o misterioso mundo de Julia está de volta, foi um longo hiato eu sei, mas foi necessário, estive muito ocupado em 2014 com a reta final da minha faculdade, mas voltei e com um aviso. Todos os capítulos foram reescritos, mas não tiveram seu contexto significantemente alterados, mas vale a pena dar uma conferida novamente. É isso, estou de volta, e agora farei de tudo para levar essa jornada até o fim, espero que aproveitem.



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O clima estava pesado e o tempo parecia não passar. De um lado estava a pequena Julia e do outro o homem sem rosto, entre eles apenas uma farta mesa de comida e um clima fúnebre que teimava em pairar sobre suas cabeças. Mas de uma coisa a pequena Julia estava certa, ela não estava mais encurralada, não dessa vez, agora era ela quem dava as ordens e o estranho homem teria de dançar conforme a música.

– Vamos! Tic tac o tempo corre homem sem face.

O estranho homem estava encostado em sua cadeira e aparentava estar nervoso, gotas de suor escorriam de sua lisa face, toda sua confiança havia desaparecido e julgando pelo seu comportamento ele não esperava ser encurralado por uma simples garotinha.

– Ora, você não pensou que eu não soubesse a resposta não é mesmo garotinha? – respondeu tentando demonstrar confiança.

– Então responda, o tempo está se acabando – rebateu Julia a altura.

O homem sem rosto pegou um garfo, enrolou um pouco de macarrão nele e comeu com voracidade.

– Olha garotinha, não pense que não sei a resposta e não me trate com desdém ou você poderá se arrepender amargamente, tragam-me algo forte esse jogo está me entediando.

Quase que imediatamente um garçom apareceu trazendo-lhe um copo de uísque com gelo, Ausência o olhou com aprovação apesar dele não ter olhos.

– Ah, uísque isso sim é bebida – disse dando uma bebericada no copo – onde estávamos mesmo garotinha?

– Na minha pergunta, você ainda não respondeu, você só me enrola e não me chame mais de garotinha eu tenho nome sabia.

– Garotinha, Julia ou chorona que diferença faz? – falou dando de ombros.

– Você está me irritando, agora responda minha pergunta como era o rosto de meu pai? – a contagem dos cinco minutos chegou ao fim – o tempo acabou! Vamos responda.

Ausência deu mais uma bebericada em seu copo de uísque e soltou uma longa baforada para demonstrar o quanto aquele líquido era forte.

– Bem suponho que você esteja esperando minha resposta não é mesmo?

– Estou ansiosa pela sua resposta, você não sabe como.

– Bem por onde eu devo começar, vejamos por aqui ou quem sabe por ali? – falou em tom de deboche – seu pai tinha cabelos ruivos se bem me lembro e uma barba ruiva também, um maxilar forte se estou me recordando, um nariz convexo e não se esqueça dos olhos verdes.

Julia se sentiu incrédula com aquela resposta, como ele poderia saber tal coisa se nem ela recordava-se ao certo do rosto do pai, aquilo não podia estar acontecendo.

– Você roubou, roubou, não tinha como saber! – falou em desespero.

– Eu não roubei nada, eu te disse tolinha, não há nada que eu não possa saber – terminou gargalhando.

– Não pode ser, eu não posso perder assim – disse abaixando a cabeça e sentindo as lágrimas retornarem aos seus olhos.

Nesse momento o cachorrinho começou a agitar-se em suas pernas, mas Julia não lhe deu atenção. Ele começou a ficar cada vez mais inquieto e mais agitado, começou a latir desesperadamente para a garota como que se tivesse tentando alerta-la de algo.

– Acalme esse vira-lata garotinha ou irei mandar fazer churrasco dele, não me tente a fazer isso.

Julia se inclinou para baixo da mesa e começou a acariciar o animal na tentativa de acalmá-lo, estava perdida sabia disso, só não queria acreditar. O animal a fitou com seus enormes olhos negros e Julia retribuía seu olhar, pobre cachorrinho nem se conheciam e ali estava ele a lhe ajudar sem pedir nada em troca.

– É uma pena que eu tenha perdido esse jogo cachorrinho – disse em voz baixa – já não há nada que eu possa perguntar ou possa fazer para vencer esse estúpido jogo, acho que isso é uma despedida – falou deixando cair uma lágrima sobre o focinho do animal.

O cachorrinho começou a lamber sua mão desesperadamente e de forma quase que espontânea soltou um latido esganiçado que percorreu a audição de Julia e se entranhou nas profundezas de sua mente lhe dando uma interessante ideia do que poderia fazer.

– É isso! Valeu amiguinho, se você não estivesse aqui talvez eu nunca venceria, agora eu sei exatamente o que fazer – retribui lhe acariciando com mais força.

Julia voltou a encarar o ser desfigurado, só que dessa vez a confiança havia retornado aos seus olhos.

– Olha aqui coisa bizarra eu não queria falar isso mas creio que você esqueceu de um detalhe importante no rosto do meu pai.

Ausência que estava tomando um longo gole de seu uísque cuspiu tudo em cima da mesa fazendo uma enorme bagunça.

– Como é que é? – disse se recompondo – Eu tenho certeza de que não esqueci nada, agora pare de tentar me enrolar, eu não sou tão tolo pra cair nessa.

– Eu acho que você é tolo sim, meu pai tem um detalhe peculiar em seu rosto e você esqueceu de mencioná-lo, regras são regras ou responde corretamente ou irá perder, agora responda.

Ausência parou para pensar por um instante mais foi logo interrompido por Julia que se demonstrava impaciente.

– Você já teve seu tempo para pensar, responda agora!

– Eu já respondi, você está tentando me enganar com seus joguinhos baratos, eu não vou cair nessa e já dei minha resposta final, se é tão esperta assim me fale que detalhe seria esse.

Julia sorriu triunfante, não estava acreditando que iria vencer.

– Meu pai tinha uma pinta de destaque em baixo de seu olho direito, sinto muito Ausência, você esqueceu, você perdeu. Regras são regras – disse Julia sorrindo.

O homem sem face estava incrédulo com a resposta, ele havia mesmo se esquecido de tal detalhe e isso significava que havia sido derrotado, não havia como contestar afinal regras são regras.

– Muito bem pequena Julia você venceu – disse batendo palmas – regras são regras, foi um prazer jogar com você, agora pegue seu prêmio.

Todos no salão se juntaram no aplauso à Julia e ela ficou tão corada que nem sabia como se comportar.

– Isso é um adeus Julia Monteiro Brandenburg – disse o homem sem face se levantando e fazendo-lhe uma reverência – mas não pense que será fácil daqui para frente, sua jornada está apenas começando.

– Adeus homem sem face – disse Julia se levantando também.

Como num passe de mágica o homem sem rosto se desintegrou em uma nuvem de pó negra e espessa, o mesmo aconteceu com todas as pessoas no salão. De repente todo o mundo de Julia começou a se estilhaçar e a desmoronar em milhares de pedaços que iam caindo lentamente no chão deixando as trevas tomarem conta de tudo mais uma vez, o que a estaria esperando agora?


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